- Referia-me a, bem, outra pessoa... - virou-se para analisar a minha expressão facial – Já te despediste da Verónica?

- Eu, ah... não, mãe – suspirei, desanimado. Evitara pensar nela desde que chegara ali, só que era tão complicado, já que em breve estaria a milhares de quilómetros da lisboeta.

A dona Anabela fechou a torneira do lava-loiça e fez sinal para que me sentasse com ela. Assim fiz, entregando-lhe o pano que tinha para que pudesse secar as mãos. Olhou-me, visivelmente preocupada, perguntando:

- O que é que aconteceu, filho? Parecias tão feliz e vocês pareciam tão apaixonados. Só vos vi uma vez, juntos, mas pareciam tão conectados.

- Eu magoei a Verónica, sem querer. Houve um mau entendido. Não importa desenvolver o tema – comecei por contar – Só que, quando me fui desculpar, ela decidiu que deveríamos ficar apenas amigos, principalmente por eu estar longe, na maioria do tempo.

- Ela tem medo da distância? Mas, não têm todas aquelas tecnologias? Skype, mensagens? – confirmou.

- Sim, mas a Verónica tem receio que, estarmos afastados, possa alterar o que sentimos um pelo outro. Só que eu não acredito em nada disso! Eu viria a Portugal todos os dias que pudesse, por ela, mãe!

- Oh querido... - ela pegou a minha mão – Ela sabe que vais para fora, no domingo?

- Sabe, sim. Eu estava com ela, quando me ligaram sobre a contratação. Acho que ficou feliz por mim. Apoiou-me e disse-me que tinha a certeza que tudo ia correr bem – recordei.

- De certeza que ela não tem dúvidas em relação ao que sente por ti, filho. Tem medo é das dificuldades que possam vir a ter por não estarem perto um do outro. Talvez, também sinta que te estaria a prender. Estarias numa "obrigação" para com ela, quando quer que sejas bem-sucedido e focado nos teus objetivos profissionalmente.

- Sou tudo isso! – concordei – Mas, sou alguém diferente e melhor com a Verónica por perto! – suspirei, frustrado – Não sei o que fazer, mãe!

- Porque não vais ter com ela, amanhã, André? Não perdes nada! Passas o dia com ela. De certeza, que vai gostar que tenhas o cuidado de te despedires dela. Quem sabe se não mude de ideias e dê uma oportunidade ao que sentem. Nós, mulheres, às vezes, também somos um bocadinho casmurras! Não são só vocês! – riu, com a sua última afirmação.

- Eu nem sei se ela me quer ver...

- É claro que quer, filho! – insistiu – Amanhã, vais ter com ela!

- Quem é que vai ter com quem? – nesse mesmo instante, o Afonso apareceu na cozinha. Notando a seriedade das nossas expressões e o meu ar desanimado, rapidamente constatou qual seria o tema da conversa – Vais ter com a Verónica?

- Sim, ele vai! Amanhã, cedo! – a minha mãe afirmou, procurando analisar no meu olhar se eu concordava com o que dizia.

- Eu vou, sim! – repeti, encarando-a. Olhei para o Afonso – Emprestas-me o teu telemóvel para falar com a Margarida? Vou lhe pedir que acorde a Verónica cedo com uma desculpa qualquer.

- É bem, puto! É isso mesmo, maninho! – exclamou ele, empolgado.

Passou-me o seu smartphone para as mãos com a página aberta no contacto da namorada. Cliquei no ícone para efetuar a chamada e vim para o quintal para podermos conversar à vontade.

- Estou? Olá, coração! – ouvi a rapariga exclamar, assim que atendeu, assumindo que era o meu irmão que lhe telefonava.

- Margarida, olá. Tudo bem? Daqui fala o André – cumprimentei-a.

Easier • { A.S. André Silva Fanfic }Onde histórias criam vida. Descubra agora