𝐀𝐦𝐛𝐫𝐨𝐬𝐢𝐚 𝐝𝐚 𝐕𝐢𝐧𝐜𝐢 não aguentava olhar seu próprio reflexo nas águas que jorravam da fonte. Era repugnante o quanto a jovem artista conseguia se odiar.
A jovem não cresceu na sombra de seu irmão, Leonardo da Vinci. Por mais que sempre...
— Isso tudo deve ser mentira — negou Bianca, séria. — Mamãe me disse que Ambrosia é uma moça muito educada e inteligente. Ela estudou com grandes mestres, tanto de pintores como escultores, além de escritores e filósofos. Passou a vida toda estudando.
— A vida inteira? — debochou Lorenzo. — Quantos anos ela deve ter? Trinta e seis, por aí?
— Na verdade, ela tem a mesma idade que Giuliano — contradisse sua irmã. — Bem mais inteligente do que vocês quatro juntos.
— Dizem que ela se parece com uma bruxa — mal terminou de fazer Poliziano, e Bianca já esbofeteava seu braço. Ele resmungando de dor. — Não diga o que não sabe. Ambrosia, ao contrário do que dizem, é linda.
— E você já a viu de perto? — perguntou Sandro, tentando imaginar como a garota deveria ser.
— Não, mas mamãe me mostrou um desenho feito por seu irmão, Leonardo, um dos últimos que foram encontrados intactos — disse Bianca. — Aparentemente, os Pazzi ofereceram mais da metade do banco em troca de um matrimônio entre um deles e Ambrosia. Isso deve valer muito, não concordam?
Bianca não esperou que respondessem, beijando rapidamente a bochecha de Lorenzo e saindo da sala de jantar, indo aos próprios aposentos ver se seus pertences já estavam todos guardados para irem embora dali.
Sandro foi rápido a falar para Poliziano que se um dia chegasse a conhecer a garota da Vinci, pintaria quadros e mais quadros, considerando tamanha beleza que ela deveria possuir.
A aparência misteriosa daquela chamada Ambrosia deixou Lorenzo intrigado. Ele não acreditava que alguém tão belo assim poderia existir. E caso realmente existisse, não deveria valer nada, visto que ela teria somente aparência. Mas com a da Vinci seria diferente, já que pelo o que Bianca dissera, ela deveria ser muito inteligente.
Poucas horas depois, todos os empregados já se prontificavam em levar as bagagens dos Medici até a carruagem que levaria as mulheres e outra menos para Piero que já andava com dificuldade. Os cavalos dos homens estavam sendo alimentado com feno e água.
Lorenzo de longe avistou seu pai, Piero, carregando seus queridos livros com certa dificuldade, visto que carregava uma bengala de apoio em uma das mãos.
— Deixe-me ajudá-lo, pai — disse Lorenzo, tirando os livros pesados das mãos de Piero.
— É uma maravilha que você possa caminhar, levando em conta todo o vinho que andou bebendo.
— Me perdoe — pediu Lorenzo, sorrindo nervosamente. — Nós ficamos até um pouco mais tarde do que deveríamos.
— Não se preocupe — mandou. — Eu teria me juntado a vocês se eu tivesse 20 anos a menos do que tenho.
Lorenzo acompanhou seu pai pacientemente até ele ter subido na carruagem, só então o filho mais velho lhe entregou os livros que carregava para ele.
— Aproveite o vinho da juventude, Lorenzo — aconselhou Piero. — É um como da qual você pode beber apenas uma vez.
— Bianca me disse que queria falar comigo — disse Lorenzo, não aguentando manter somente para si. — Algo relacionado aos da Vinci.
Piero encarou o filho por vários segundos, pensando em como falar algo tão delicado, visto que conhecia bem o temperamento forte de Lorenzo.
— Eu esperava falar sobre isto quando já estivéssemos em Florença, Lorenzo, com todos reunidos.
— É algo sério? — perguntou ele, pensando em inúmeras coisas que poderiam ser sobre.
— Fiz um acordo com Piero Fruosino para unirmos os bancos — revelou. — É uma dívida antiga que tenho com ele. Veja bem, sua filha mais velha deveria assumir a liderança da família, visto de Leonardo é ilegítimo.
— Irá casar um de nós? — exclamou Lorenzo. — Procure outro jeito de pagar essa dívida, pai, mas não nos obrigue a casar.
— Você, Lorenzo, como meu sucessor, sabe que essa união seria muito boa para as duas famílias — afirmou Piero. — Ambrosia é uma boa garota, fará bem a você.
— Ela é louca — exclamou, com raiva. — Alguns acham que ela é uma bruxa.
— Deveria conhecê-la melhor antes de afirmar qualquer coisa — alertou Piero. — Ambrosia chegará em alguns dias. Quero que você e seus irmãos a recebam de braços abertos.
— Não pode me obrigar a casar com uma doente mental — afirmou Lorenzo, se afastando.
Piero nada mais disse, assim talvez seu filho conseguisse pensar sozinho e perceber que aquilo era o melhor para as duas famílias.
Lorenzo caminhou em passos firmes e rígidos até o próprio cavalo negro, abrindo os compartimentos da cela, em busca do que precisaria para montar. Giuliano logo apareceu ao seu lado, preparando sua montaria igual ao irmão.
— O que falou com o nosso pai? — perguntou Giuliano, curiosos. — Você parece irritado.
— Ele vai me casar com uma louca — respondeu. — Ambrosia da Vinci, conhece?
— As histórias envolvendo ela são macabras — assentiu o mais novo. — Mas a beleza de Ambrosia compensa qualquer detalhe. Por que o pai vai casá-los?
— Parece que temos uma dívida com o Messer Fruosino — disse Lorenzo. — E juntar os bancos seria bom para todos nós. Isso se ela não arruinar nossa reputação.
Giuliano assentiu várias vezes, pensando no desenho dela que vira com sua mãe antes. Ah, se Lorenzo soubesse como era sortudo.
— Se não quiser, eu aceito me casar com ela — propôs Giuliano, fazendo Lorenzo rir. — É verdade, eu não vejo problema nenhum.
— Pode ficar com ela toda para você, irmão — disse Lorenzo. — Eu, com certeza, não a quero.
— Se soubesse o que está perdendo, irmão, não teria tanta certeza.
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𝐍𝐎𝐓𝐀𝐒 𝐅𝐈𝐍𝐀𝐈𝐒: E como prometido, bem-vindos a minha mais nova fanfic de Medici, Masters of Florence.
Como escrito no resumo da obra, essa história se passa a partir da segunda temporada. Eu decidi escrevê-la já que não existem muitas fanfics de Medici em português, e mesmo as em inglês ou italiano são poucas.
Como sabem, cada episódio da série tem entorno de uma hora, por isso os capítulos serão divididos em partes, sendo elas, geralmente, em parte 1, 2 e 3. Entretanto, ainda não tenho uma dada de atualização de capítulos.
