O casal se beijou e todos em volta aplaudiram e assoviaram.
Eu sorri e acabei aplaudindo também, sentindo-me mais leve naquele momento, como se um enorme peso tivesse saído de mim. Ayla e Felipe pareciam ser mesmo somente amigos.
Não consegui desviar os olhos da delegada, seguindo cada um dos seus movimentos. Ela estava linda e sorria enquanto tirava fotos do casal de amigos que dividiam a fatia de bolo.
Mesmo concentrado em Ayla, não me passou despercebido muitos outros homens a fitando, babando por ela.
— E aí, superintendente, como vão as coisas? — Carlos Maia encostou do meu lado.
— Tudo bem — respondi sem tirar o foco do meu objetivo, a intrigante delegada Amorim.
— Ela é linda, não é? Pena que é marrenta.
— De quem está falando? — Desviei meus olhos para ele, o encarando de cima, já que eu era uns bons centímetros mais alto, fingindo não entender o que falava.
— Sei que também está olhando, não precisa disfarçar. — Notei que ele estava um pouco alcoolizado, com a fala começando a enrolar.
— Estou olhando a comemoração do aniversariante.
— Eu não estou nem aí para esse babaca do Felipe. Estou prestando atenção nela, na delegada Amorim. — Senti o sangue correr mais rápido, ódio se infiltrar nas entranhas, ao ouvir aquilo, por tê-lo cobiçando o que eu queria. — A conheço desde garota, minha tia Amélia é vizinha dela. Sempre foi metidinha a mandona.
— A conhece há tanto tempo assim? — indaguei curioso, querendo saber mais sobre a mulher que estava tirando o meu sono.
— Sim. Quando a mãe dela morreu fui eu que resolvi tudo. Liberação do corpo, enterro, essas coisas chatas. Ela tinha só dezoito anos, sozinha, desamparada, e eu quis ser solícito. Mas quando fui tirar uma casquinha, recebi uma joelhada no saco.
— Foi bem feito, quis se aproveitar de uma garota — falei alterado, sentindo vontade de fazer o mesmo, dar uma boa de uma joelhada no meio das pernas do idiota, por ter tentado se aproveitar de uma jovem vulnerável, sozinha e desamparada. — Você devia ter vergonha de tal ato. O que fez foi asqueroso.
Lembrei do que Ayla tinha falado sobre Maia, o quanto foi enérgica ao dizer que não o queria na sua equipe. Agora eu a entendia melhor.
— Ei, ela era maior de idade, não uma garota. Eu nunca tinha tentado nada antes, conheço a lei. No entanto, quando ficou maior, não vi motivos para me segurar.
— Pelo visto as coisas não aconteceram como imaginou — comentei entredentes.
— Não mesmo. Ela fez um escândalo, começou a gritar ofensas, me chamando de safado, imoral, canalha. O prédio todo ficou sabendo e, claro, a minha esposa. Porra, a Marcinha estava grávida, foi uma tremenda confusão.
— Foi bem feito.
— Ainda vou fazê-la engolir aquelas palavras. Disse que preferia morrer solteirona do que se envolver com um homem como eu.
— É um direito dela.
— É pose, isso sim. Quis dar uma de boa moça. Sabe como é, né?
— Não. Eu não sei como é.
Eu estava morrendo de raiva dele, mas engoli o sentimento e deixei que continuasse falando. Era um jeito de conhecer um pouco sua índole e caráter e descobrir mais da delegada.
— Ela quis bancar a boa moça a minha custa, mas não me engana.
Ayla tinha razão, não dava para confiar em alguém como Carlos Maia, capaz de agir de forma vergonhosa com pessoas vulneráveis, se aproveitando de seus momentos de fragilidades. Agora eu me arrependia pelo jeito como a confrontei, querendo impor aquele merda a sua equipe, mesmo tendo agido corretamente como chefe, sem saber o que havia por trás de sua resistência.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Delegada (Degustação)
RomanceAyla Amorim, tem como prioridade de vida, o trabalho que desempenha como delegada de uma das instituições mais respeitadas do país, a Polícia Federal. Seu maior objetivo é exercer sua função com eficiência e provar que uma mulher pode estar onde de...
Capítulo 8 - Murilo
Começar do início