𝑪𝒂𝒑𝒊́𝒕𝒖𝒍𝒐 25

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___ Tenho um assunto em mãos que talvez te interesse.

Agora as coisas ficaram interessantes...

___ Alguns fazendeiros viram uma espécie de monge vestido com uma capa vermelha andando por seus campos.

Um monge com uma capa vermelha? Como o Juiz de Ávila?

___ Soa familiar para você? ___ Ele pergunta.

Eu o encaro sorrindo, como se tudo fosse óbvio. Não era o inspetor que estava trabalhando no caso do juiz? Como ele não sabe sobre?

Talvez ele saiba sobre o Juiz de Ávila, mas nunca o viu.

___ Sim, quando enfrentamos o Juiz de Ávila ele vestia o mesmo.

___ No entanto, esse monge deve estar sobre as ordens desse Juiz. ___ Ele diz pensativo. ___ Estaria interessada em investigar esse assunto e me manter informado?

Por que ele decidiu de repente confiar em mim?

___ Não entendo o que quer com isso.

___ Não quero mais estragos nesse mundo. Não posso me encarregar de todos os casos, preciso da ajuda de alguém... que entende do assunto.

___ Por ora, sim.

Estou confusa com tudo isso, mas ao mesmo tempo, se um acólito do Juiz de Ávila está solto, isso me preocupa.

Entro na minha caminhonete, pronta para voltar para casa.

Pronta para voltar para o lugar no quão eu chamo de "lar".

---ꕥ---

Ao entrar em casa eu não vejo ninguém.

O silêncio é surreal.

Pego meu celular e vejo que a Addison acabou de me dizer que está no bar.
Não me surpreende, nesses últimos dias aquele lugar se transformou em uma casa para ela.

Entro na cozinha e vejo um papel em cima da mesa. É a escrita do meu pai.

"Estou no boliche, precisava esfriar minha cabeça. Te vejo ao anoitecer".

Já está verificado: esta noite eu estou sozinha.

Me sinto desanimada. Não tem muito o que fazer aqui. Prefiro quando tem alguma atividade em casa.

Suspiro fundo e solto meu cabelo.
Olho ao redor e vejo essa casa de estrutura grande. Era mais bonita antigamente, quando ainda tinha cor nas paredes.

Me assusto com o barulho da porta. Tem alguém batendo na mesma.

Droga! Quem será?

Com passos lentos eu passo pela sala principal e paro em frente à porta. E se for o monge da capa vermelha?

Respiro fundo várias vezes e olho para trás, a procura de algum lugar para mim me esconder se necessário.

Abro a porta em um único movimento e meu coração quase sai pela boca ao vê o Dylan Harper parado em minha porta.
Meu coração da cambalhotas e a única coisa que me vem à mente é o acontecimento de hoje de manhã, que parece que aconteceu somente a alguns minutos atrás.

Deus...

___ O que você está fazendo aqui? Não te dei permissão para vim até a minha casa.

___ Admiro seus dotes para improvisação, mas não me engana.

Eu reviro os olhos e ameaço a fechar à porta.
Ele segura a porta e sorrir.

___ Eu quero conversar, Lizzie.

Não sei o que pode acontecer se eu ficar sozinha com ele dentro dessa cabana.
Eu apenas me afasto e deixo ele entrar.
Ele entra e observa o local, principalmente a decoração.

___ Da última vez que vim aqui eu não tinha reparado na decoração.

___ Você gosta?

___ Não. Parece decoração de casa de gente velha.

É claro... Dylan Harper e seus gostos peculiares.

___ Meu pai gosta. Essa cabana é especial para ele.

Eu me sento no sofá e o Dylan se senta ao meu lado.

Imaginei que a situação entre nós estaria complicada, mas seu sarcasmo não deixa que isso aconteça.
Ela faz com que o momento não seja constrangedor.

___ Acredito que queira conversa sobre o que aconteceu hoje mais cedo. ___ Ele diz sem me olhar, apenas olhando para frente.

Eu confirmo com a cabeça e tento gaguejar algo.

___ Eu não sei o que você está pensando, mas, ter uma relação assim nesse mundo caótico não é nada cativante. ___ Ele diz.

Claro, brincar comigo e me iludir também não é muito cativante.

"Droga, eu não posso ser só sua amiga, Dylan".

___ Sim, eu pensei a mesma coisa. As coisas estão... complexas demais para pensar nisso. ___ Confirmo com dificuldade.

Ele então me olha de forma diferente, com mais satisfação.

___ Foi bom, mas isso não pode acontecer. Amigos?

Ele estende a mão em minha direção. Olho para a mesma, disfarçando meu incômodo.

___ Amigos!

Encaro bem os seus olhos e vejo sinceridade em seu olhar.
Não sei se estou chateada, mas bola pra frente. Tem uma vida me esperando.

Permanecemos nos encarando e tudo parece estar em câmera lenta.
Engulo um seco e me levanto, passando a mão na minha roupa de um jeito bem duvidoso.

___ Você nem imagina quem eu vi hoje de tarde. ___ Comento.

___ O papai noel?

___ Quase. ___ Brinco. ___ O inspetor Lark.

O Dylan ergue as sobrancelhas, animado pela conversa.

___ Ele jogou suas lições de moral em cima de você?

___ Não. Eu não baixei a guarda, não sou idiota. Ele me disse que alguns fazendeiros viu um dos acólitos do Juiz de Ávila perambulando por essas zonas.

___ Entendi. E por que ele mesmo não vai investigar?

___ Pelo que entendi, ele vai passar a semana fora.

___ Folgado ele, não acha?

Eu sorrio e olho para a janela.
Espero que o meu pai chegue logo. Não gosto da ideia dele ficar fora durante a noite.

___ Amanhã podemos verificar a região e perguntar se algum fazendeiro viu algo de diferente pelas redondezas.

E lá vou eu... em mais uma missão com o Dylan.
A última não terminou muito bem, ou sim, terminou bem sim.

___ Vamos sim. Te vejo amanhã. ___ Digo baixo.

O Dylan se levanta e estende a mão para mim.
Eu o comprimento e ele caminha até a porta.

___ Boa noite, Lizzie.

___ Boa noite, Dylan

Suspiro enquanto vejo ele entrando em seu carro e acelerando.

Que coração de merda que eu tenho!

Não sei de onde veio a minha fraqueza, mas aposto que não é de família.

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