- Pai, sei que está tarde, mas tem tempo? - Henry pergunta sentado próximo a janela do quarto do hotel que estava escuro.
O rapaz usava apenas uma calça de moletom preta e alisava o peitoral depois de tirar a camiseta apertada do entregador que roubou para poder entrar no apartamento de Avril.
- Parece que você sabia que eu ainda estaria acordado...- Jackie comenta deixando os arquivos de lado, se levanta e vai para a porta do gabinete e admira o poste que quebrava a escuridão da noite.
- Eu tenho uma pergunta... Alguma vez, teve que escolher entre sua carreira e a minha mãe?
Jackie sorri sutilmente, a vendo apagar as luzes do centro médico e espreguiçar
- Já sim.
- E como você fez para ter os dois?
- Não precisei. Sua mãe sabia o quanto minha carreira era importante para mim. Por mais que os ideais dela fossem contra os meus naquele momento, ela deu um jeito na situação. - Jackie acena para Beatrice e pisca para ela. - Ja chegamos ao ponto de terminar por causa disso... mas ela me fez perceber que a luta dela estava mais certa que a minha.
- Parece difícil...
- Eu poderia perguntar o motivo dessas perguntas, mas você diria que é o caso de um amigo seu. - Jackie comenta humorado. - A decisão é sua. Meus motivos e os seus são completamente diferentes. Apenas não faça nada no impulso, pode doer ver a outra pessoa se machucar por causa disso.
Jackie olhou para Beatrice olhando para as estrelas. Sua memória o levou em uma noite turbulenta cheia de descobertas. Ele se sentiu o homem mais idiota do mundo quando a viu ir embora na garupa de Apollo e do que aquilo acarretou depois.
Henry fica em silêncio, se tivesse ouvido aquele conselho antes talvez tivesse pensando antes de falar. Avril sempre conversava o olhando nos olhos, mas ela não o fez da última vez. O rapaz toca a dog tag e encara a paisagem do lado de fora da janela.
***
Avril dormia pesadamente agarrada aos cobertores. O cansaço de dois dias já tinha se tornado insuportável para seus olhos. Uma bomba poderia explodir a casa que, provavelmente ela não acordaria. Não havia sonhos ou sons, apenas o repouso que seu corpo necessitava.
A brecha da porta do quarto se abre lentamente temendo pelo barulho.
Dedos deslizam por seu rosto sereno, os hematomas estavam ali para estragar a bela figura angelical da moça.
Henry senta em cima dos tornozelos, olhando tranquilo para Avril.
- Se estiver acordada por favor olhe para mim agora...- Ele sussurra a esperando acordar. A espera pendura por mais alguns minutos.
O rapaz senta em um canto do quarto e continua a olhando sem pressa.
- Se sabia que se relacionar comigo te traria problemas, por quê o fez? - Ele abaixa a cabeça e alisa os cabelos para pensar antes de falar. - Eu percebi que por cima de tudo, eu gosto de você por quem é, mesmo sendo da máfia. Eu gostei de você desde o momento em que te vi pela primeira vez, mas foi diferente depois de passar a conviver cada vez mais. Acho que me apaixonei por você, Avril. Por isso fiquei com raiva. Eu sabia que nós nunca poderiamos ficar juntos... enquanto tivéssemos nossas profissões, nunca poderíamos compartilhar dos mesmos ideais. Eu fiquei com raiva de mim mesmo, por me apaixonar justamente pela princesa da máfia. E parece loucura isso acontecer em tão pouco tempo, mas é necessário apenas um olhar seu para desinquietar todo o meu mundo, um sorriso para faze-lo parar...
Henry ergue a cabeça e a encara ainda dormindo. Ele solta uma risada nasal e se levanta.
- Eu nunca séria capaz de dizer isso você acordada, porque quando estou perto de você... as palavras fogem, princesa. Eu não sou capaz de mata-la _ Se levanta e acaricia os cabelos da garota e lhe deixa um beijo cuidadosamente na cabeça. Ele retira a dog tag e deixa no criado mudo ao lado do telefone dela.
Ele pega o eletrônico, digita a senha que a viu digitar algumas vezes e grava o telefone dele na agenda dos contatos. E salva o dela no seu.
Ajeita os cobertores um pouco mais alto até a altura dos ombros e se afasta, fecha aporta e sai do apartamento, tranca a porta e joga a chave por baixo.
***
Pela manhã, Avril acorda já quase na hora do almoço, ela espreguiça o corpo todo e encara o teto.
- Que sensação estranha... - ela sussurra jogando o cobertor para o lado e sentando na cama.
Seus pés tocam o piso gelado, esfrega os olhos e boceja. Olha em direção ao telefone para conferir as horas, mas seus olhos pousaram no objeto metálico ao lado. Ela pega, o avalia na palma da mão, levando alguns segundos para processar as informações.
- Por que veio aqui para deixar isso? O que você quer me dizer com isso?
Avril levanta levando a identificação consigo, olhando para o objeto desconfiada. Ela sai do quarto, olha ao redor esperando por algum tipo de movimentação. Na sala, próximo a porta, suas chaves estavam no chão.
Volta para o quarto pensativa. Pega seu telefone vendo uma mensagem do rapaz. Ela arqueou a sobrancelha, não se lembrava de ter o número de Henry.
- " Você realmente tem o sono pesado, princesa. " - Avril lê em voz baixa e revira os olhos. - O que veio fazer aqui? - Ela manda uma mensagem de volta.
- Olhar para você enquanto dormia. Você fica bonita dormindo, princesa. - Henry sussurra e Avril se assusta o olhando por cima do ombro, na porta do quarto.
- Você tem que parar com isso, ou ainda vai me matar do coração! - Avril murmura se virando para encara-lo de frente.
Henry estende a mão pedindo algo, Avril olha para a dog tag em suas mãos e lança no ar.
- Não entendi seu recado...
- Era apenas para saber que eu estive aqui.
- Esteve ou está? - Ela resmunga arrumando a cama.
- Estive, mas voltei. Você estava demorando acordar. Fiquei preocupado.
- Precisa ensinar os meus homens como não deixar um maníaco passar pela segurança.
- Eu nunca fui barrado, Avril. - Henry diz sério.
Avril o encara desconcertada e solta uma risada nasal.
- Maldito velho. O que adianta eu ser a chefe se ele não obedece minhas ordens... - Avril resmunga indo para o banheiro enquanto amarrava os cabelos em um coque mal feito.
Henry sorri ladino e vai para a cozinha.
Avril vem atrás minutos depois, escovando os dentes com uma mão, e a outra na cintura.
- Ainda não entendi o que veio fazer aqui a noite.
Henry liga o fogo e coloca a chaleira para esquentar.
- Eu tive que ir embora ontem sem me despedir. Iriam desconfiar se um entregador demorasse. Mas acabei descobrindo que eu podia ter ficado e ninguém ia se importar.
- Eu ia! - Avril protesta voltando para o quarto. Ela volta e senta na banqueta esperando o café. - Isso não foi convincente!
- Eu apenas quis vir. Só isso...- Henry a encara e Avril arqueia uma sobrancelha mantendo uma expressão desconfiada. Ela o encara nos olhos, o fazendo sorri singelamente.
- Hey! O que foi esse sorriso?
- Nada. - ele se concentra pegando algumas coisas no armário. - Quer panquecas?
- Quero. - Avril pula da banqueta e vai até a geladeira, ela pega algumas coisas e monta a mesa para o café da manhã. - Estou com uma sensação estranha. Você falou alguma coisa quando eu estava dormindo?
- Não. - Henry nega prontamente quebrando um ovo. - Você ronca.
- Mentira! Eu não ronco! - Avril o belisca no braço o fazendo rir. Ela para ao lado dele o observando preparar a massa. - Mas você deve ter dormido com urso de pelúcia. Aquela noite tentou me abraçar várias vezes.
- Que nada. Eu só queria tirar proveito da situação mesmo. - Henry diz humorado e Avril estreita os olhos. - Foi você que se aninhou perto do meu corpinho, princesa.
- Eu sou friorenta. Tenho maior sensibilidade ao frio... E você é estranhamente quentinho...
Henry para de mexer a massa e encara Avril que segurou o riso. Ele sorri e balança a cabeça em negativa e volta a mexer.
- Parece que eu não fui o único aproveitador.
- Estou longe de ser inocente! - Avril enfia o dedo indicador na massa e experimenta, saindo tranquila para o interior do apartamento.
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Aquele capítulo mais quentinho que o Henry. Meu coração está derretendo..
🥰❤
Boa leitura!
❤