A Rebelião do Oceano | DEGUST...

By Cla_Coral

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LIVRO EM DEGUSTAÇÃO NO WATTPAD. DISPONÍVEL COMPLETO E REVISADO NA AMAZON. Para conter o avanço de um poderoso... More

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Book Trailer
Presente adiantado: Livro novo!
PARTE I - ÁGUAS DESCONHECIDAS
1 - Olhos de fogo
2 - Emboscada
3 - Som das ondas
4 - Legado
5 - Despertar
7 - Canção distante
Notas da autora & Agradecimentos
AVISO DE RETIRADA - 14/07/2021
A REBELIÃO DO OCEANO NA AMAZON!
LIVRO GRATUITO NA AMAZON - Só hoje (04/02)!!!!
Livro físico

6 - Barganha

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By Cla_Coral

Tudo o que Kiera pôde fazer foi piscar, forçando o ar em seus pulmões através do aperto que crescia no peito. Ela se forçou a engolir, a buscar por palavras para confrontá-lo, mas sua garganta reclamava de secura.

O pirata esticou os braços sobre a cabeça enquanto se levantava e se aproximava da cama. Kiera o encarou, acompanhando cada sonar do passo dele, cadenciando pelo vai-e-vem do oceano, desejando ter alguma coisa além dos braços doloridos para se defender.

Ela notou que havia um jarro e uma concha ao lado da cama. Com cuidado, o pirata os pegou e se acomodou na beira do colchão.

— Aqui — ele ofereceu, mergulhando a concha na água.

Ainda receosa, mas com uma sede aterradora, Kiera aceitou a água. Levou a concha aos lábios, batalhando com a dor surda na cabeça e o embrulho no estômago.

Assim que o líquido fresco umedeceu seu paladar, Kiera percebeu que nunca havia dado valor verdadeiro à água. A primeira concha acabou antes que ela pudesse se sentir saciada. O segundo gole foi de puro alívio. Cada vez que ela esvaziava o recipiente, o pirata o enchia pacientemente. Um pensamento lhe ocorreu sobre venenos e sedativos; mas, se ele a quisesse morta ou inconsciente, já teria feito aquilo antes.

Kiera perdeu a conta de quantas conchas bebeu. Pode ter sido todo o recipiente; ela não se importava. E, pelos deuses, queria se banhar e trocar as vestes sujas de terra.

Quando o pirata colocou o jarro de lado, a concha bateu no fundo, tilintando em ecos pela cabine.

— Quem é você? — Kiera mais bradou do que perguntou. As batidas do seu coração latejavam nos ouvidos. — Onde estou?

Ele abriu um sorriso enigmático, fazendo uma mesura teatral.

— Para sua primeira pergunta, amor, sou o Capitão Derek Morgan. E, para sua segunda pergunta, lhe informo que você tem a honra de estar a bordo do meu navio, o Tempestade da Caveira, Vossa Alteza.

Não passou despercebido, aos ouvidos de Kiera, a ironia que ele empregou ao título real.

— E o que estou fazendo a bordo do seu navio, capitão? — ela devolveu o título com a mesma ironia.

— Foi você quem se jogou desesperada nos meus braços, princesa. Lá na floresta. Recorda-se, amor?

Involuntariamente, as bochechas de Kiera coraram.

Suas mãos comprimiram os lençóis da cama, e ela tentou contabilizar a respiração. Um, dois, três. Precisava se acalmar. Um, dois, três. Precisava raciocinar com clareza. Edward, seu irmão mais velho, sempre lhe dizia que ele se metia em problemas por conta do temperamento impetuoso e explosivo. E, por mais que odiasse admitir, sabia que, naquele momento, estava em uma posição vulnerável.

— O que aconteceu com os soldados do brasão de salamandra? — ela perguntou. — Suponho que eles não façam parte do seu grupo.

— Eles fugiram durante nossa tentativa de saque. E, quando você se jogou nos meus braços...

— Não me joguei nos seus braços. Eu caí. Estava ferida.

— ...Você acabou me atrapalhando, e tive que optar entre persegui-los ou retornar para o meu navio, antes que mais soldados aparecessem.

Kiera ponderou as palavras do pirata, buscando por algum alívio; nada encontrou além de um eco frio nos ossos.

— Sabe por que os soldados estavam atrás de você, amor?

— Não me chame de "amor" — ela ralhou, a língua afiada mais rápida do que o senso de racionalidade. — E não, não sei. Eu estava a caminho do palácio de Áquila, na carruagem do meu noivo, o príncipe Leopoldeison e...

— Que merda de nome — Derek riu, comprimindo os olhos.

— ...E então fomos atacados. O príncipe correu comigo pela floresta, os soldados nos perseguiram, acabamos nos separando, continuei fugindo... O resto é um borrão para mim. — Kiera tocou o ombro, onde a flecha a acertara, notando que o ferimento não era nada mais além de uma pálida cicatriz em sua pele. — Você conhece aqueles homens que me atacaram?

Aye, são caçadores, rastreadores. Meu caminho já cruzou com o caminho deles algumas vezes, e o fato de estarem no Reino de Áquila é estranho. Eles estão longe de sua terra natal.

Saber daquilo não lhe promoveu nenhum alívio.

— E por que você disse que eu atraí um problema para mim e, ao mesmo tempo, para você?

O rosto de Derek era uma mistura de enigmas e ironia.

— Digamos que não gosto de chamar a atenção daqueles homens. E agora estou com algo que eles querem.

O coração de Kiera acelerou.

— Você não vai me entregar para eles, vai?

Maldição. Piratas gostavam de barganhar. Maldição. Será que ele planejava vendê-la para os homens do brasão de salamandra, em troca de fortunas e joias?

Derek riu baixo.

— Se eu quisesse, amor, já poderia ter feito isso lá na floresta.

Então, um pensamento desesperador a golpeou no estômago. Kiera se revirou na cama, apoiando-se no colchão para espiar através da pequena janela. Do lado de fora, tudo o que enxergava era a vastidão infinita de um oceano azul beijado pelo sol.

— Há quantos dias estamos em alto-mar?

— Três dias.

Três dias.

Três dias!

Os cabelos longos e emaranhados de Kiera se agitaram quando ela virou o rosto bruscamente para Derek.

— Leve-me de volta para Áquila!

— Que noiva ansiosa para correr de volta para o casamento com príncipe tão corajoso e valente. — A língua dele estalou, provocativa.

Kiera controlou a respiração.

— Tenho um dever com a minha família — disse. Mesmo que eu odeie o destino que escolheram para mim, ela complementou em um pensamento desgostoso. Mirou o pirata. Por via das dúvidas, era melhor se comportar com graça e educação. — Agradeço sua, hã, hospitalidade e tudo o que fez por mim, mas há pessoas que devem estar preocupadas comigo nesse momento. Leve-me de volta para Áquila, capitão, por favor.

— Já estamos distantes da costa do seu futuro reino, princesa.

— Então me deixe em qualquer outro porto!

— Acho que não. Ainda estou decidindo o que vou fazer com você.

— O quê?! — Kiera agitou a cabeça, controlando os tremores que subiam pelos pulsos. — Então sou uma prisioneira?!

Derek tocou o próprio queixo, fingindo estar pensativo. Ele se levantou da cama e caminhou pela cabine de forma despreocupada.

— Não sei se "prisioneira" é o melhor termo para você. Digamos que, hum... Você me deve um favor. Você atrapalhou o meu saque. E minha tripulação e eu ainda precisamos de dobrões e joias.

— Está me chantageando? — Ela arqueou as sobrancelhas.

— Digamos que estou apenas avaliando a sua generosidade com o seu salvador. Acredito que sua família ficaria muito grata em me pagar, depois de tudo o que eu fiz por você.

Atingida por uma onda de fúria, Kiera também se levantou da cama, meio cambaleante, andando na direção do pirata.

— Cuidado para não cair, amor.

— Eu já lhe agradeci. — Kiera ergueu um dedo, cutucando o peito dele. — Você não possui senso de honra?!

Sem que esperasse, a mão de Derek envolveu seu pulso.

— Ficaria desapontada se eu dissesse que o código de honra pirata é muito diferente do código de honra dos nobres?

Ele continuou segurando a mão dela. O calor do toque se espalhou por sua pele, feito um bálsamo temporário que eliminava qualquer dor. Ela fitou o rosto de Derek. Havia algo no perigo e na cor dos olhos dele que capturavam sua atenção desde o primeiro instante em que o vira.

Kiera puxou a mão de volta, atônita, sem deixar de encará-lo.

— Se você me machucar, saiba que tenho três irmãos mais velhos.

— Oh. — Os lábios dele se curvaram em um sorriso provocativo; estavam tão próximos que ela podia sentir a respiração dele acariciando seu rosto. — E eu achando que minha maior ameaça era seu olhar, amor, pronto para arrancar meu coração e minhas vísceras antes que eu pudesse pisar em terra firme outra vez.

Kiera deu um passo para trás.

Seu olhar desafiador continuava preso ao dele.

Com um suspiro resignado, Derek deu de ombros.

— Navegaremos por alguns dias. Quando desembarcarmos, enviarei um mensageiro para sua família ou para seu noivo. Em troca de um bom pagamento de agradecimento, você voltará para eles.

Kiera precisou se controlar para não esmurrá-lo diversas vezes no peito, chamando-o de nomes que não deveriam sair da boca de uma princesa como ela.

Mas, afinal, quais eram suas opções? Gritar e espernear até que chegassem em terra firme? No máximo, conseguiria ser jogada em alto mar. Seus pais, seus irmãos ou até mesmo o príncipe Leopoldeison pagariam a barganha do infame pirata, e ela poderia voltar para casa.

Foi a vez da princesa suspirar.

— E enquanto isso, ficarei aqui? À mercê de tudo?

— Não há necessidade em se preocupar com a minha tripulação — ele disse. — As ordens são para que ninguém a toque ou a perturbe enquanto estiver aqui, Vossa Alteza. Se você desejar se juntar à tripulação enquanto estiver a bordo, fique à vontade. Você não deve esperar nada menos do que respeito absoluto dos rapazes e, caso eles a ofendam, me avise. Talvez você escute reclamações de alguns deles, já que te dei uma das melhores cabines do navio. Receio que nada possa ser feito sobre isso.

Ela assentiu, reavaliando mentalmente suas opções. Ou se atirava no oceano, ou aguentava aquela situação por mais alguns dias. E então, voltaria para a casa. Para o seu casamento. Seus pais ainda precisavam da aliança com o Reino de Áquila para conter o avanço do misterioso Lorde do Oeste. E, apesar de ser contra o arranjo e a venda da sua liberdade, Kiera não queria colocar a vida e o reinado da família em perigo.

— Há uma bacia com água e roupas limpas logo atrás daquela divisória. — Derek apontou para um canto. — Vou deixá-la à vontade e pedir para alguém lhe trazer um pouco de comida mais tarde.

Derek se virou, rumando para a saída da cabine.

— Espere — Kiera o chamou.

Aye, amor?

Engolindo seu orgulho, ela o fitou.

— Obrigada por me ajudar na floresta.

Derek anuiu, um sorriso de canto insurgindo em sua boca.

— Não é todo dia que um tesouro valioso se joga nos seus braços.

— Ora, seu porco!...

Num acesso de raiva, ela apanhou a concha de dentro do jarro e a lançou na direção do pirata; antes que o objeto acertasse o alvo, Derek pulou para fora da cabine, fechando a porta.

A concha acertou a madeira, caiu no chão e ali ficou.

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