Os opostos não se atraem, se...

By DudaSalvatore8

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Dois mundos completamente diferentes, dois caminhos distintos e dois jovens de extremos opostos. Os dois unid... More

Prólogo
Capítulo um
Capítulo dois
Capítulo três
Capítulo quatro
Capítulo cinco
Capítulo seis
Capítulo sete
Capítulo oito
Capítulo nove
Capítulo dez
Capítulo onze
Capítulo doze
Capítulo treze
Capítulo quatorze
Capítulo quinze
Capítulo dezesseis
Capítulo dezessete
Capítulo dezoito
Capítulo dezenove
Capítulo vinte
Capítulo vinte e um
Capítulo vinte e dois
Capítulo vinte e três
Capítulo vinte e quatro
Capítulo vinte e cinco
Capítulo vinte e seis
Capítulo vinte e sete
Capítulo vinte e oito
Capítulo vinte e nove
Capítulo trinta
Capítulo trinta e um
Capítulo trinta e dois
Capítulo trinta e três
Capítulo trinta e cinco
Capítulo trinta e seis
Capítulo trinta e sete
Capítulo trinta e oito
Capítulo trinta e nove
Capítulo quarenta
Capítulo quarenta e um
Capítulo quarenta e dois
Capítulo quarenta e três
Capítulo quarenta e quatro
Capítulo quarenta e cinco
Capítulo quarenta e seis
Capítulo quarenta e sete
Capítulo quarenta e oito
Capítulo quarenta e nove
Capítulo cinquenta
Capítulo cinquenta e um
Capítulo cinquenta e dois
Capítulo cinquenta e três
Capítulo cinquenta e quatro
Capítulo cinquenta e cinco
Capítulo cinquenta e seis
Capítulo cinquenta e sete
Capítulo cinquenta e oito
Capítulo cinquenta e nove
Capítulo sessenta
Capítulo sessenta e um
Capítulo sessenta e dois
Capítulo sessenta e três
Capítulo sessenta e quatro
Capítulo sessenta e cinco
Capítulo sessenta e seis
NOTA - Alguém aí ainda??
Capítulo sessenta e sete
Capítulo sessenta e oito
Capítulo sessenta e nove
Capítulo setenta
Capítulo setenta e um
Capítulo setenta e dois
Capítulo setenta e três
Capítulo setenta e quatro
Capítulo setenta e cinco
Capítulo setenta e seis
Capítulo setenta e sete

Capítulo trinta e quatro

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By DudaSalvatore8

Eu nem sei exatamente quanto durou o percurso até o nosso destino final.

Não faço ideia de quantos sinais vermelhos Oliver passou ou se perguntou alguma coisa pelo caminho.

Nem sei ao menos se meus dentes continuavam intactos de tanto que eu os pressionei uns contra os outros, tenso.

Todos os músculos do meu corpo doíam pelo nervosismo, e assim que Oliver estacionou o carro, eu saltei dele num pulo sentindo meu coração quase sair pela boca.

Não tenho certeza se meu amigo chegou a me dizer algo, mal estava ouvindo os meus próprios passos. Apenas parei, por um milésimo de segundo, e observei a fachada do hospital com desespero, e então entrei praticamente derrubando as portas automáticas para que elas abrissem mais rápido.

— Jackson!

Lia estava sentada ao lado de Benjamin na sala de espera quando me viu entrar e então saltou do banco e correu até mim, como se sua vida dependesse daquele abraço. Eu a segurei nos meus braços com força, esperando que se acalmasse.

— Estou aqui, meu amor. — Sussurro, dando-lhe um beijo rápido na bochecha antes de afastá-la e segurar seu rosto tristonho entre minhas mãos. — Respira, ok? Está tudo bem.

— Ok... — A voz da minha irmã estava trêmula.

Dei um ultimo abraço nela antes de me virar para Benjamin, que ainda estava sentado no banco olhando para nós.

— Tá tudo bem? — Me aproximo e me abaixo ao seu lado, segurando a nuca dele com a minha mão. — Seu tornozelo está legal?

— Sim, está... — Observo meu irmão soltar um suspiro doloroso e afastar o olhar de mim por alguns segundos. — Mas só o meu tornozelo está legal.

Comprimo os lábios, impedindo um grunhindo de desespero sair da minha garganta e me levanto, me virando para Mason em pé no canto da sala de braços cruzados.

— Lia, vem cá. — Chamo minha irmã, que obedece no mesmo instante. — Fique aqui com o Ben, ok? Oliver já está subindo.

A mais nova assenti e se acomoda novamente ao lado do irmão, então eu me aproximo de Mason e sussurro:

— Vem comigo.

Ele concorda com um olhar e me segue para fora da sala, onde encontramos Oliver.

— E aí, cara? — Meu amigo se dirige ao meu irmão. — Você está bem?

— Acho que sim. — Resmunga.

— Oli... — Chamo sua atenção. — Lia e Ben estão lá dentro, você poderia...

— Claro. — Me interrompe, assentindo e já indo para a sala de espera.

Observo-o sumir atrás das portas e respiro fundo antes de voltar a atenção para Mason:

— Ok, agora você pode me explicar o que não conseguiu pelo celular. — Digo.

Mason me olha por alguns instantes e suspira.

— Tinha acabado de chegar do trabalho, Ben e Lia estavam vendo tv. — Ele dá uma pausa, parecendo ficar desconfortável com a lembrança. — Lia me avisou que mamãe tinha tido febre e que estava dormindo, então eu decidi ir olhá-la. A febre tinha voltado e estava mais forte, nós tentamos controlar, mas nada deu certo e então...

Engulo em seco.

— Ela começou a ficar sonolenta demais e fraca. — Mason dá outra pausa para respirar fundo. — Eu não sabia o que fazer, ela estava começando a enxarcar os lençóis por causa da febre. Aí eu liguei para um amigo e nós trouxemos ela pra cá. — Então ele começou a tremer os ombros, inquieto. — Eu não sabia mais o que fazer, você sabe que eu não sei lidar com essas coisas...

— Ei, ei. — Me aproximo dele e pouso uma mão em seu ombro, como forma de acalma-lo. — Você fez bem, eu estou orgulhoso.

Mason me olha firme, segurando algumas lágrimas que ameaçavam surgir e tentando manter a postura na minha frente.

— Onde ela está? — Pergunto por fim.

— O médico disse que fariam alguns exames pra saber se é só uma febre normal ou sintoma de algo pior. — Encolhe os ombros. — Devem estar voltando para dar notícias.

— Ok, ok. — Respiro fundo e tento parecer o mais confiante possível para não apavorá-lo mais. — Nós vamos entrar e esperar juntos, ok? Vamos manter a calma.

May me olha em silêncio, inquieto, e depois assenti. Voltamos para sala de espera e nos sentamos sem dizer uma palavra. Por sorte, Oliver manteve os mais novos distraídos e ocupados com joguinhos e piadas, já que eu mal conseguia raciocinar direito.

Odiava hospitais. Há dois anos aquele lugar tinha se tornado uma constante na minha vida e na vida da minha família. Há dois anos ele me causava pesadelos, pesadelos que eu tremia só de lembrar ou imaginar. Há dois anos ele traçou dois destinos para a mulher que eu mais amava no mundo: Morrer ou viver lutando. E há dois anos eu não dormia, comia ou vivia em paz...

Eu odiava hospitais.

De repente, Oliver fez um barulho estranho como se estivesse limpando a garganta alto demais e me obrigou a olhá-lo. Então ele fez um gesto com a cabeça cuidadoso — já que Lia estava adormecida apoiada com a cabeça em seu ombro — para a porta e eu o segui...

Rangi os dentes ao ver quem era e me levantei de imediato.

— Jackson... — Elizabeth chama, parada na porta da sala de espera como uma criança de sete anos que fez algo errado.

— Aqui não. — Resmungo, puxando-a pelo braço para fora da sala.

Dei mais alguns passos pelo corredor até ter certeza que estávamos longe o suficiente para que, no caso de alguma discussão, não acordássemos Lia e alertássemos meus outros irmãos ainda mais, então a soltei sem nem um pouco de delicadeza e cruzei os braços, encarando aqueles grandes e assustados olhos azuis.

— O que faz aqui? — Questiono, mas antes que ela pudesse responder, balanço a cabeça e faço um sinal para que se cale. — Melhor! — Corrijo. — Como sabia que eu estava aqui?

— Bo-bom... Eu... Eu... — Gagueja, e eu luto contra a vontade imensa que tive de rosnar para ela e manda-la embora. — Imaginei que pela forma como você saiu, tinha algo haver com a sua mãe, e uma vez você me disse que o seu plano de saúde era aqui. Então, liguei para um amigo da minha mãe aqui no hospital e pedi para que ele verificasse se a sua mãe tinha dado entrada...

— Ok, ok. — Mordo o lábio inferior para conter um palavrão. — Continue calada, é melhor.

— Mas, Jackson...

— Não, não! Já disse não. — Gesticulo e dou alguns passos para trás. — Hoje não, por favor, hoje, justamente hoje, não!

O desespero e raiva no meu tom de voz devem ter deixado claro que eu não estava para brincadeiras e conversas desnecessárias, porque Elizabeth se calou e assentiu como uma garotinha.

— Ótimo. — Respiro fundo, tentando me auto controlar. — Vá embora.

Digo isso dando um passo para me virar, mas Elizabeth me segura pelo braço e me obriga a olhá-la nos olhos.

— O que foi que eu diss...

— Para que eu fique calada, eu entendi. — Diz firme e confiante. — Não quer minhas explicações? Desculpas? Pelo menos por agora? É claro, vou atender seu pedido com todo o gosto. Está cansado e assustado? Eu entendo e sinto muito. Mas eu não vou embora. — Declara e eu arqueio as sobrancelhas. — Não vou embora, porque você não pode me impedir de ficar e eu não quero ir.

Cerro os dentes, os punhos e estremeço dos pés à cabeça.

Que garota teimosa do caralho!

— Não precisa conversar comigo, nem mesmo precisa olhar para mim. — Ela solta meu braço e levanta a cabeça. — Mas eu não vou a lugar algum.

Continuo em silêncio, encarando-a sem mal piscar e decidindo se tentar enganá-la seria pior do que aturá-la por algum tempo.

Irmãos, Jackson. Você tem irmãos para cuidar e uma mãe internada também!

Rosno baixinho e suspiro pesadamente, olhando-a com desdém. Então me viro e saio andando até a sala de espera, ouvindo o som de seus saltos me seguirem pelo caminho todo. Quando passei pelas portas e Elizabeth veio logo atrás, pude ouvir claramente o suspiro de desprezo e desaprovação de Mason, e o olhar de curiosidade de Oliver.

Eu apenas sentei ao lado de Ben, afundei o rosto entre minhas mãos e não voltei a olha-la, nem sabia ao certo onde ela teria se sentado também. Pelos meus cálculos mentais, nós ficamos assim, em total silencio e apreensão, por mais meia hora até que o médio da minha mãe entrou na sala de espera e todos levantaram juntos.

— Doutor Carter, como está a minha mãe? Podemos vê-la? — Disparo.

— Olá, Jackson. — Ele sorri de canto. — Devo pedir para que se acalme e respire fundo, não quero te internar por ter um ataque do coração, ok?

Deixo um sorriso sincero se formar no meu rosto e balanço a cabeça.

— Sua mãe está melhor e vocês já podem sim vê-la. — Explica, depois ouço meus irmãos respirarem aliviados atrás de mim. — Vou pedir para que uma enfermeira os acompanhe até o quarto dela.

Todos concordamos em silêncio e nos preparamos para sair, mas doutor Carter me segura pelo braço.

— Devo pedir para que fique e me acompanhe até a minha sala, Jackson. — Diz baixinho. — Estou com os exames dela e precisamos conversar.

Engulo em seco e sinto meu coração parar, voltar a bater rápido e quase pular do peito.

— Eu fico com você. — Oliver se aproxima.

— Não, você tem que ir com as crianças. — Rebato. — Mason não tem paciência com elas e você, com certeza, sabe distrair a elas e a minha mãe.

— E você vai sozinho? — Arqueia as sobrancelhas. — Não mesmo.

— Eu vou com ele.

Pisco algumas vezes e me viro, dando de frente com Elizabeth. Eu já havia esquecido que ela estava ali.

— Prefiro ser atropelado por um caminhão. — Digo, me virando para o doutor novamente. — Vamos?

— Clar...

— Espere um minuto só, doutor. — Elizabeth o interrompe e me puxa pelo braço.

— Eu nem queria você aqui, então, com certeza, não quero te ver com o nariz nos assuntos da minha família. — Resmungo baixo. — Vá embora antes que eu perca a paciência, por favor.

Observo-a revirar os olhos e cruzar os braços, como se tivesse algum tipo de superioridade e razão.

— Jackson, com certeza o médico tem algo sério para falar com você e, com certeza, você não pode passar por isso sozinho. — Declara. — Eu sei que me odeia...

— Puff... — Resmungo, virando os olhos.

Eu sei. — Rosna. — Mas, no momento, você pode deixar tudo de lado e apenas confiar que eu quero te ajudar de verdade? Eu não vou falar nada, não vou nem pensar nada. Eu só quero te mostrar que eu não sou esse monstro que você pintou e que eu me importo com você. Me deixe segurar a sua mão só por hoje e, amanhã, pode voltar a me desprezar.

Eu estava cansado. Exausto, para ser mais exato. Minha cabeça doía de preocupação, minha ansiedade parecia ter atingido seu auge e eu não tinha disposição nenhuma para discutir, o que parecia que iria acontecer caso abrisse a boca para rebatar os argumentos de Elizabeth. Eu não a queria ali, mas sabia que não poderia passar por isso sozinho, seja lá o que o médico tivesse para dizer, e precisava que Oliver distraísse meus irmãos e minha mãe, ele sempre fora bom nisso.

Se eu tivesse que aturar apenas sua presença por mais alguns minutos, que fosse. Não mudaria nada entre nós.

— Doutor? Podemos ir? — Me vira para o médico que nos observava curioso, ignorando a presença dela ali como um sinal de aprovação.

— Claro, me acompanhem.

O homem nos levou pelo corredor em silêncio, Elizabeth batia os saltos logo atrás de mim, mas eu só conseguia pensar no que ele diria... O que ele diria? Céus, e se fosse grave? E se... Não, não! Pensamentos negativos agora não!

Doutor Carter parou em frente a uma porta com o seu nome escrito nela e abriu para nós, fui o primeiro a entrar e me instalei em uma das cadeiras em frente a sua mesa, Elizabeth entrou em seguida e ficou de pé, calada e imóvel no canto da sala. Observei o médico fechar a porta e seguir para o seu lugar atrás da mesa, sem nenhum tipo de expressão no rosto.

Merda, aquilo não podia ser bom... Podia?

— Jackson, como sabe, sua mãe vem passando em dois anos por um longo e cansativo tratamento para tentar diminuir as metástases, após a retirada parcial do tumor nela no estomago. — Explica ele, sério e firme. Mas eu sinto um enorme nó na minha garganta se formar. — Também sabe que o tratamento não vem dando o resultado esperado.

— Si-sim. — Gaguejo, então tusso para limpar a garganta. — Sim, eu sei.

O doutor Carter fica em silêncio de repente, me olhando fixamente. Ele parecia estar ponderando sobre suas próximas palavras, o que, com certeza, não era um bom sinal. Mas eu ainda tinha esperanças, esperanças que tudo daria certo.

Então ele respirou fundo e disse:

— Sinto em dizer que as metástases voltaram, Jackson. — Diz, então me entrega alguns papéis com exames da minha mãe neles. — Elas se expandiram e chegaram ao peritônio, ao fígado e ao ovário da sua mãe.

De repente, sinto minhas mãos vacilarem e deixo os exames caírem sobre a mesa de volta, sem ao menos olhá-los. Eu não era nenhum estudante de medicina e muito menos entendia sobre, mas passei tanto tempo dos últimos anos em hospitais ouvindo sobre tratamentos e sintomas que eu sabia exatamente o que aquilo significava.

De repente, o chão parecia não existir mais, como se meu corpo estivesse flutuando em alguma dimensão distante dali. Eu poderia jurar que, se tentasse levantar, não conseguiria. Meus pulmões pareciam ter perdido totalmente o ar, meu estomago deu uma cambalhota que me deixou enjoado e minha mente ferveu.

Aquilo não podia ser real. Não podia.

— Eu sinto muito, Jackson. — Ele quebra o silêncio na expectativa de me fazer voltar a realidade. — Teremos que internar sua mãe aqui e dar inicio ao tratamento mais agressivo, se assim desejarem.

Eu não conseguia responder, nem sei se ainda sabia falar. As palavras pareciam soltas para mim, como se não se conectassem mais de nenhuma maneira. Estava perdido nos meus próprios devaneios.

— E quais... — A voz de Elizabeth soa hesitante atrás de mim. — Quais as chances dela?

Ela prometeu ficar quieta, mas, naquele momento, eu a agradeci mentalmente por fazer a pergunta que eu queria ter feito e não tinha forças para fazer.

Observei o médico tossir discretamente e se remexer na cadeira.

— Sendo bem realista, baixas. — Disse calmo. — Mas isso não significa que seja impossível. Daremos inicio ao tratamento o quanto antes, manteremos ela aqui no hospital para ser examinada e vigiada vinte e quatro horas. Se a dona Laura corresponder ao novo tratamento, as chances serão positivas.

Ele se esforçou para sorrir, mas aquilo não me convenceu. Eu só pensava nela, na minha mãe, e no quanto ela tinha lutado nos últimos dois anos para nada, porque, agora, ela teria que lutar talvez o dobro, ou até o triplo, para sobreviver. Mas ela tinha que lutar. Tinha que vencer. O que seria dos meus irmãos sem ela?

O que seria de mim sem ela?

Eu não podia perde-la. Nem hoje, nem amanhã e nem nunca. Ela era um pedaço de mim, era minha base, a pessoa para quem eu corria quando não estava mais suportando.

Droga, ela era minha mãe! Eu não poderia perde-la!

De repente, meu corpo religou sozinho e eu me levantei em silêncio, meus pés se moveram automaticamente para fora da sala e depois me levaram o mais longe possível dali. Quando me dei conta, estava perto das escadas de incêndio, que ficavam isoladas do resto do hospital, um local solitário e calmo para que eu pudesse desabar.

Me sentei nos últimos degraus, sentindo minhas pernas começarem a falhar, e então afundei o rosto entre as minhas mãos, deixando que as lágrimas — que segurava há tempo — caíssem de vez. E, quando a primeira caiu, uma onda de desespero me tomou e eu senti como se meu peito fosse explodir a qualquer momento.

Estava completamente desamparado, não sabia como aceitar aquela situação, como lidar com aquela situação e, muito menos, como contaria aquilo para os meus irmãos. Como eu diria a eles que nossa mãe estava piorando? Que as chances dela eram baixas? Que deveriam se preparar para o pior? COMO?! Ben e Lia eram apenas crianças quando nosso pai nos abandonou, eles nunca sentiram a perda de não tê-lo mais conosco. Eles aguentariam perder a mãe?!

E Mason... Céus, Mason! Ele se fechou tanto depois da partida do nosso pai que eu não fazia ideia de qual seria sua reação caso mamãe partisse também.

Ela não podia morrer, ela tinha que lutar e viver. Viver por ela e por nós. Por todos nós...

— Jack?

De repente, senti algo pousar sobre meu ombro carinhosamente e então ergui a cabeça, dando de frente com o azul intenso e profundo dos olhos de Elizabeth, que me analisavam com pena e compaixão, sentimentos que eu nunca pensei em receber da parte dela.

Eu poderia gritar para que ela saísse dali e me deixasse em paz, que não queria olhar na cara dela tão cedo, talvez nunca, mas não fiz. Não tinha forças para fazer.

Elizabeth parecia ter compreendido meu conflito interno, porque mexeu a cabeça para o lado e franziu as sobrancelhas levemente, me observando minuciosamente. Então ela me puxou para um abraço, passando as mãos ao redor do meu pescoço e me apertando contra o próprio corpo com força.

No inicio eu não retribui, ainda em conflito em manda-la embora dali o mais rápido possível, mas depois, quando senti novas lagrimas voltarem, eu me deixei desabar sobre ela. Chorei baixinho, com o rosto afundando na curva delicada de seu pescoço, e me permiti esquecer tudo que havia descoberto horas atrás sobre ela. Elizabeth não se moveu em nenhum momento, apenas acariciou minhas costas com carinho e me segurou até que eu me afastasse, secando as lágrimas e abaixando o olhar.

Permanecemos em silêncio por longos e tortuosos minutos. Eu sentado de cabeça baixa nos degraus da escada de incêndio e ela de joelhos na minha frente, me olhando quase sem piscar.

Estava na hora de levantar e ir ver meus irmãos, e eu não a queria naquele momento intimo e delicado com a minha família. Me permiti esquecer e chorar em seus braços por alguns instantes, mas já passara, eu já estava melhor e precisava assumir meu papel de irmão responsável. Então ergui meus olhos para ela e suspirei pesadamente.

— Vá embora. — Disse simplesmente, me surpreendendo com a força que minha voz saiu depois de tanto chorar. — Não a quero aqui.

Elizabeth arqueou as sobrancelhas discretamente, tentando conter sua frustração, e entreabriu os lábios, mas não conseguiu dizer nada. Ela não parecia disposta a sair, então eu levantei e sequei o rosto, e, sem olhar para ela, sai andando de volta pelo caminho que havia feito minutos antes.

Minha família precisava de mim, e era só com isso que eu me importava. Elizabeth e suas mentiras poderiam ir para o inferno, eu não ligava. 

___________________________________________

Oi meus amores, tudo bem com vocês? Espero que tenham gostado do novo capítulo.

Tia Laura está doente e o nosso Jackson está de coração partido. Eu vou chorar. :(

Parece que a Liz finalmente conseguiu o impulso que precisava para mudar, será?!

Vejo vocês na quinta (ou antes, dependendo da minha criatividade haha)! BEIJOS!

Obs: Esqueci de avisar que criei um Instagram literário, me sigam lá! O user é "autora_edu"

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