-Joalin- virei a cabeça em sua direção, quando ouvi a voz de Bailey me chamando mais uma vez. Dei um sorriso safado e continuei andando para fora do elevador, em direção a piscina.
-Isso é lindo- falei, assim que entrei no ambiente. As paredes de vidro davam uma vista incrível da cidade, do alto de um arranha-céu com tantos andares, parecia um privilégio experimentar daquela visão, que era sonho de tantos.
-Eu não sei, conheço mais bonitas- ele me puxou pelo braço, em direção ao seu corpo- Tipo essa na minha frente, nesse exato momento- olhou em meus olhos.
-Ops- escapou da minha boca, quando reparei em uma morena no meio da piscina. Bailey seguiu o meu olhar e na mesma hora um celular tocou- Ótimo.
-É o seu- o filipino tirou do bolso e eu vi o nome de Noah.
-Pode ir entrando, se quiser- eu falei, me jogando em uma das espreguiçadeiras e atendendo a chamada de vídeo.
-Eu espero- ele disse, sentando próximo aos meus pés.
-Amores da minha vida- falei, ao atender e ver Sina e Noah.
-Não fale assim que eu acredito- ouvi a voz da alemã.
-Você não para mais em casa, Lin. Está andando mais com o May do que com a gente- Noah começou e instantaneamente meu olhar correu para o filipino- Ele está aí, não é?
-É- virei a câmera para ele, com um sorriso no rosto.
-Oi gente- ele acenou sem graça- Viagem de trabalho, vocês sabem como é.
-Sei bem... Johanna e Vanessa fazendo um esforço enorme para não poderem viajar e terem que mandar dois adolescentes irresponsáveis no lugar delas. Devem estar querendo netos antes da hora, só pode.
-Irresponsáveis não, Urrea- respondi, dando língua- Além do mais, você sabe que minha mãe é doida por um neto, principalmente quando falando de um cara aí com Jacob no nome do meio, ela torcia para que ele comprasse uma camisinha furada algum dia.
-Só estou zoando com a cara de vocês, mas sabemos que elas shippam, assim como qualquer outro ser humano no planeta Terra. E é melhor a Tia Jo tirar essa hipótese da cabeça, se eu tivesse que ter filhos com um dos três irmãos Loukamaa, com certeza seria com Josh, você seria nossa barriga de aluguel- ele seguiu brincando com a minha cara.
-Deixe meu irmão saber disso, para ver se ele vai gostar- revirei os olhos- Aí eu iria engravidar de "métodos naturais" e meu irmão seria tio do próprio filho? Não, obrigada. Deixaria esse cargo para Sofya.
-Se você aceitasse dar seu filho para nós, eu não veria problemas. Ele é seu gêmeo mesmo. E eu não poderia engravidar Sofya de métodos naturais, então em nossa situação hipotética, você é a escolhida.
-Olha Noah, ainda bem que Josh é hetero, porque se não eu teria absolutamente certeza que você já teria levado ele para cama. Seria muito constrangedor para mim e para ele, sério.
-Que bom que não duvida do meu potencial, Lin.
Eu e Noah já tínhamos conversado sobre gravidez pelo menos uma dúzia de vezes. Quando decidimos deixar a camisinha de lado e confiar em outro método contraceptivo por uma noite, foi tendo a certeza que se algo não saísse como o planejado, sempre estaríamos ali apoiando um ao outro e, quem sabe, criando um filho juntos.
Mas ainda bem que nada fugiu de nosso controle e, como a ginecologista mesmo falou, tínhamos feito escolhas seguras. Eu não queria um filho nos próximos anos, não até estar formada na faculdade.
-Nós estamos atrapalhando você e Bailey?- Sina perguntou sugestiva, se referindo à ligação.
-Claro que não, o que atrapalhariam?- dei um sorriso falso.
-Joalin, Joalin... Te conheço e não é de hoje- meu melhor amigo parecia tentar identificar minhas expressões.
-Mas então- me ajeitei na cadeira- A que devo a honra dessa ligação?
-Nós queríamos saber se você não quer fazer alguma coisa com a gente, quando voltar para Los Angeles- Noah tinha um tom malicioso.
-Você sabe... Uma festa, um quarto, uma cama- Deinert exemplificou.
-Vocês dois já estão nessa fase de precisarem de outra pessoa para o negócio ter fogo?
-Precisar não, você sabe muito bem que ninguém precisa de outra pessoa quando se tem Noah Urrea- revirei os olhos com seu convencimento.
-Seria só um remember. O que acha?
-Uhmm, não sei não, gente. Não quero estar no meio de vocês dois ou do relacionamento, quando aconteceu antes estávamos os três solteiros e ficando entre si. Acho que eu não ficaria muito confortável.
-Se você diz...
-Mas podemos ir no estúdio de tatuagem na quinta ou na sexta, o que acham? Quero colocar um piercing e Shiv e Sina querem fazer suas primeiras tatuagens- dei de ombros.
-Os May's estão convidados para nosso passeio?
-Claro, por que não?- respondi a pergunta do americano.
-Nada me tira da cabeça que vocês estão transando- Sina falou.
-E apaixonados, porque você acabou de negar o nosso corpo nu.
-Noah!- repreendi e revirei os olhos, ele estava demais naquele dia- Vai ver se eu estou na esquina. Eu só... Não acho que esse negócio seja para mim, ok? Um de cada vez está bom e além do mais, entendo que seja difícil superar alguém tão inesquecível como eu, mas não vai rolar. Quero que vocês se casem e tenham bebezinhos de olhos verdes, então não meto meu dedo nessa história.
-E dentro de mim?
-Meu Deus, quem ensinou essa garota a ser assim?- perguntei assustada.
-Você- Noah e Bailey responderam, simultaneamente.
Mostrei o dedo do meio para os dois.
-Pode ser cedo aí na Califórnia, mas eu preciso ir. Nosso voo para Vancouver sai de manhazinha- voltei a falar com os dois- Rezem para que eu não acabe esbarrando com o meu doador de esperma por lá.
-Seria um azar gigante encontrar o seu pai abandonador de filhos, estarei com os dedos cruzados daqui.
-Vejo vocês na quinta ou na sexta- acenei.
-Usem camisinha- o meu melhor amigo gritou.
-Acho que eu que deveria estar dizendo isso, ninguém precisa de camisinha para dormir, seu idiota.
-Boa noite Jojo, nós amamos você- ele falou, por fim.
-Também amo vocês, crianças- mandei um beijo, antes de desligar a chamada- Não me olha com essa cara e esse sorrisinho esperançoso- falei com Bailey, me levantando e tirando meus saltos- Eu te falei que ir para a cama com os dois ao mesmo tempo não era minha praia. Na verdade muito antes da gente pensar em ter alguma coisa, naquele dia do jantar.
-Não falei nada- ele deu de ombros e eu vi a garota desconhecida nadando em direção a borda da piscina- Apenas fiquei surpreso com a sua recusa, mesmo já sabendo que aquela noite não foi das suas preferidas.
Não gostava nada nada da forma como ela praticamente comia Bailey com o olhar.
-Você é bonito demais para ficar implorando pela cama de alguém. Se quiser, pode aparecer no meu quarto mais tarde, eu iria adorar a sua companhia.
Abri minha boca indignada, ela estava mesmo falando isso na minha frente? Se naquele dia no bar nós tivemos uma pequena discussão sobre flertar com outras pessoas um na frente do outro, nós teríamos que ter os mesmos direitos.
Tudo bem, Joalin. Paciencia. Minha mente me gritou e minha reação foi arrancar o vestido do corpo, pouco me fodendo se por baixo dele a única coisa que eu usava era uma pequena calcinha vinho.
-Não, obrigado. Eu gosto de implorar- Bailey falou, me olhando um pouco indignado pela nudez pública e apontando com a cabeça para a câmera instalada próximo a piscina.
Dei de ombros e apenas me joguei na água.
-Ainda tem muito o que aprender, querido- ela insistiu.
-Estou feliz desse jeito.
-Uma hora a gente cansa de implorar, aí você vai ver que foi tempo perdido. Correr atrás de alguém que é burro o bastante para não te querer, não vale a pena.
-Olha aqui, querida- comecei a falar, com toda a minha ironia- Não se mete com gente que você nem conhece. Quem disse que ele precisa implorar para ir para a cama comigo? Porque isso eu te asseguro que ele só precisa estalar os dedos para conseguir.
-Não é o que parece- ela me desafiou.
-Se no acordo que fizemos, que por acaso não te diz respeito, nós prometemos sexo sem compromisso e envolvimento, é isso que teremos. Agora você pode parar de ser mal educada e insistente? Está fazendo a mesma coisa que disse para ele não fazer, implorando. Agora se pode nos dar licença, a sua presença está sendo bem incômoda.
-Mal educada- ela bufou.
-Além do mais, ele é menor de idade e posso enxergar bem de longe que você já deve estar na casa dos trinta. Pedofilia é crime- foi a última carta na minha manga, mesmo que eu tenha feito algo que não gosto: falar da aparência dos outros.
Mas era só sobre idade, então eu ia me passar esse pano.
Encarei Bailey, que disfarçava tirando fotos da paisagem através do vidro da piscina. Se eu roubaria as imagens para o meu feed depois? Com certeza.
Agora voltando ao importante, a morena deu um sorriso gigante e saiu da piscina rebolando com aquele biquini tipicamente americano que parecia uma frauda geriátrica, de tão grande.
Revirei os olhos com a cena e esperei, satisfatoriamente, ela sair da área da piscina e entrar no elevador.
-Sabe de uma coisa?- o filipino se virou em minha direção- Isso pareceu muito com uma crise de ciúmes.
-Não seja idiota, por muito pouco você não fez a mesma coisa com o garçom, naquele bar- falei, relembrando do tal dia- Além do mais, eu detesto precisar disputar atenção.
-E quem disse que eu estava prestando atenção nela?- ele guardou o celular no bolso, caminhando em direção a borda- Ah, e sobre aquele dia, eu estava com ciúmes.
-Sério, May?- revirei os olhos.
-Vem, vamos para o quarto- esticou a mão na minha direção.
-Não- cruzei os braços em volta da cintura.
-Vamos logo, Joalin. Eu sei que é o que você quer.
Ainda de cara feia, deixei que ele me puxasse para a superfície e grudasse meu corpo no seu. Bailey encarou meus lábios e os atacou, de forma rápida e bruta.
Segurei em seus cabelos e o puxei ainda mais para mim, mas infelizmente não demorou para que o ar me faltasse e suas mãos soltassem o meu corpo.
Ele tirou o paletó e entregou em meus braços, me vesti com a peça que ficava bem comprida em mim e segurei meus saltos, enquanto o filipino fazia a mesma coisa com meu vestido. Saí em sua frente, pisando firme.
Esperei o elevador abrir e me enfiei no mesmo, assim que o casal que estava lá dentro saiu. Ou esse andar era feito de motel, ou tínhamos dado uma puta sorte e escolhido a hora certa para deixar a piscina antes de sermos flagrados em uma situação constrangedora.
As portas de metal se fecharam e eu olhei para Bailey rapidamente, dei um passo em sua direção e sussurrei no seu ouvido:
-Hoje eu quero que você me foda.