Tsunade acordou, suspirou ansiosamente, os olhos temiam a se abrir e encarar as paredes cor de gelo de seu quarto, que aquele homem grisalho fosse apenas tolos delírios provindos de seu consciente afetado. Aos poucos ela abriu os olhos, podendo encarar paredes de madeira.
Conteu uma risada alegre e vagou os olhos pelo cômodo, não se lembrara como havia ido dormir, apenas sabia que pairou sob os mais singelos sonhos, considerados tais como utópicos considerando seu histórico de pesadelos macabros e sem nexo.
- Bom dia Tsuna. - O grisalho se fez presente. Ele trajava pesadas vestes e carregava pequenas toras de lenha, seu corpo se encontrava acomodado a porta.
- Tsuna.. ? - Os olhos de Tsunade vagaram em um ponto singular no teto. Suas orbes contemplaram um vislumbre de luz, um fino feixe que se dobrava.
- O que é aquilo ? - A loira encarou brevemente o grisalho, que ansiosamente alisou os longos fios esbranquiçados para detrás de suas orelhas, seu sorriso gentil pareceu aumentar e os olhos se dirigiram para si de maneira cálida.
- Elas estão retornando.
Em uma fração de segundos suas orbes decaíram sob um véu negro de escuridão, e então ela ouviu.
Os sussurros, os gritos, sentia as flechas lhe raspando a carne e os olhos transbordando em sangue escuro, o corpo enfermo que se contraía em espasmos contínuos.
As vozes se uniam em sentido uníssono enquanto lhe despejavam injúrias, corrompendo seu âmago, a dor lancinante se espelhava por cada fragmento de sua alma.
- Faça parar. - Ela pediu em súplica, as lágrimas ensanguentadas rolavam para todas as direções de sua face. Ela sentia a escuridão lhe ferindo, as vozes sussurantes dilapidando seu íntimo e convulsionava sentindo seu corpo fenecer.
Aquela tortura contínua era massante e apenas um nome lhe veio a mente.
- Jiraiya, não me deixe cair. - A voz saiu em seu fio de resistência, e o corpo abatido foi de encontro com o chão.
Gaara alisou a testa suada enquanto manuseava algumas pequenas tesouras, podando as mudas de sua estufa, seu trabalho consumia demais de si, e aqueles poucos momentos em que ele podia passar tratando de suas plantas significavam muito.
O celular vibrou algumas vezes e as notificações apareceram na tela. Gaara encarou o celular por algum tempo antes de se dar por vencido, retirando as luvas de jardinagem.
Kankurou
Bom dia Gaara, como está a Temari ?
O ruivo manteve - se em silêncio pairando sobre a última vez em que havia visto a loira.
Gaara
Bem.
Kankurou
Penso em vir visitá - la, fazer uma surpresa, soube que o marido dela está enfermo.
Gaara
O Shikamaru ?
Kankurou
Sim. Então nos falamos no decorrer da semana
Gaara
Certo.
Tsunade viu o ambiente se transformando á medida que as palavras de desespero inconscientes escorriam de seus lábios.
E então se encontrou em um quarto esbranquiçado com um bebê deitado sob um tapete de algodão macio.
A criança aparentava ter em torno de um ano, os cabelos eram loiros e lisos e haviam lágrimas escorrendo pela face triste da garotinha, que brincava com os dedos roliços enquanto as gotas salgadas contornavam suas bochechas.
Tsunade correu para o encontro da pequenina e a abraçou, tentando aninhá - la daquele aparente mal silencioso. A garotinha nada disse, apenas correspondeu ao abraço pendendo entre o colo da loira. Os olhos cansados se fecharam e seu pequeno corpo caiu vagarosamente sobre os braços de Tsunade.
- Vejo que já a conheceu. - O grisalho se fez presente, suas vestes estavam leves e pareciam flutuar com a brisa amena.
- A garotinha ? - Tsunade perguntou acariciando a face da criança.
- Sim, Mahina é um verdadeiro anjo. - Ele disse se aproximando a passos firmes e lentos.
Tsunade fechou os olhos sentindo uma energia calma lhe acariciar, era quase como se sentisse seu próprio eflúvio, e sua presença lhe acalhientasse lhe trazendo abrigo, e consequente felicidade.
Quando sentiu o peso da garotinha sendo retirado de si, os olhos se abriram repentinamente, saindo de seu estado inebriado. O homem grisalho a segurava singelamente contornando o braço pequeno e roliço da menina por sobre seu ombro.
- Ela é sua filha ? - Tsunade indagou - lhe curiosa. Ambos pareciam carregar da mesma positividade.
- Não. É apenas alguém que foi muito importante para mim. - Sorriu enquanto retirava algumas lágrimas que ainda jaziam no rosto da pequena.
- Foi muito importante ? Não é mais ? - Ela perguntou confusa. O alvo riu, meneando a cabeça negativamente.
- Ela sempre foi e sempre será muito importante.
Um silêncio calmo reverberou pelo ambiente. Tsunade se mantia pensativa, tinha muitas perguntas, e não compreendia as respostas que eram lhe dadas.
- Quem são os pais da garotinha ? - Ela perguntou.
- Os céus, eles a criaram. - Tsunade franziu o cenho.
- Não entendo.. - Ela diz vagando as orbes amendoadas.
- Talvez você entenda, talvez você não entenda. Isso, entretanto, é apenas uma memória. - Tsunade arregalou os olhos e levantou rapidamente.
- Então quer dizer que estou na memória de alguém ? - Ela disse exasperada.
- Não se assuste, não há nada que temer. - O grisalho disse calmamente em tom amigável. Seu rosto se mantia sereno e olhava ternamente para a menina, que o abraçava saudosamente.
- Jiraiya.. - Tsunade falou.
- O que ? - O alvo perguntou arqueando uma sombrancelha.
- O seu nome, você disse que eu descobriria. Eu sinto isso, seu nome é Jiraiya.