Eu me lembrava vagamente de Lauren da noite em que nos conhecemos.
Hoje ela estava mais simples, como se estivesse foragida, toda de preto, de capuz, sem chamar atenção.
Mas seus olhos denunciavam suas intenções e eu nem precisava ser sensitiva para saber. Existia uma força brutal que ela carregava ao olhar pra mim.
–Eu até acreditei que você fosse humana por um tempo - ela disse me encarando de cima a baixo - Conseguiram me enganar direitinho. E olha só pra você agora, com esses olhos vermelhos.
—Não enganamos você Lauren. Não esta ouvindo meu coração bater? – Perguntei. Ela me olhou sem expressão. - Algo lá no fundo me diz que há vinda dos Volturi até Hanover, tem algo haver com você. Será que estou errada?
—Por que acha isso?
—Sinto cheiro de desespero. E ele vem de você.
—Desespero? – Pergunto rindo e se aproximando mais de mim. A essa altura eu só queria que ela falasse qualquer coisa pra mim, pra eu meter a mão na cara dela. – Porque eu estaria desesperada?
—Porque você quer algo que não é seu. Já tentou de todas as formas e obviamente fracassou, como sempre faz. Seu desespero esta falando tão alto que pensou que os Volturi te ajudariam. – falei e passei a mão no colar em meu pescoço – Está vendo? Ele é meu. Ele me escolheu. Supera isso.
Ela cerrou os punhos e eu pude ouvir seus dedos estralarem com a força que ela fez isso.
—Você não sabe o que está falando - rosnou trincando os dentes. - Eu vou te-lo de volta. Nem que eu tenha que matá-la e ter meus irmãos me odiando para o resto da vida..
—De volta? - a interrompi - Ele nunca foi seu para te-lo de volta. Ele não te escolheu, ele não quis você. E mesmo que eu morra, ele vai continuar não te escolhendo. E tudo isso pra que? Para ter um colar que não fecha no seu pescoço? E o que mais você vai ter? Nada. A única pessoa que aturava você, até onde eu sei, está morto. E depois, o que pretende fazer?
—Não é da sua conta. Não tenho tempo para mi mi mi com você...
-Mas foi você que veio até mim. E escolheu um dia bem ruim para isso. Veio me ameaçar? Me deixar um recado? - perguntei agora me aproximando dela, vendo seu rosto mudar a expressão. - Você não me assusta Lauren. Se quer me matar, tenta a sorte, não fica me cozinhando que eu to sem tempo pra você também.
Eu queria que ela entendesse que eu podia não ser uma Filha da Lua, mas eu não tinha medo dela.
—Você pode assustar qualquer um querida, mas a mim não. - ela riu - Vou ter esse colar de volta. Custe o que custar.
—Boa sorte - dei de ombros - Quando quiser tira-lo do meu pescoço fique a vontade.
—Chega! – Nícolas apareceu do nada entre as árvores e se colocou no pequeno espaço entre nós duas – Lauren, quer o que aqui?
—Só estava conhecendo melhor minha cunhadinha – disse irônica.
—Na verdade ela veio tentar me ameaçar e me pegou em um péssimo dia - disse irritada. - A ameaça não deu certo. Estou esperando ela ter coragem para tentar fazer o que quer de verdade.
Eu e Lauren nos encaramos medindo uma a outra.
Eu queria tanto que ela tomasse uma atitude pra eu mata-la, e por a culpa nela mesma por ter tomado a iniciativa.
-Não - Nícolas me afastou pra longe - Vai embora. Ta ficando doida? Quer morrer?
—Claro você ajudaria ela a me matar, não é? – Disse olhando pra ele com desgosto. - Vocês se merecem.
Lauren deu as costas a ele e sumiu na floresta.
Eu e Nícolas nos encaramos por um segundo antes de eu entrar em desespero total por dentro.
Algo me dizia que meus dias de paz tinham chegado ao fim. Se é que um dia eu tive alguma paz.
[...]
Pov. Aro
Depois daquela visita nem um pouco agradável as Cullen, voltamos a nossa base. Havia se passado alguns dias e estávamos à espera de Lauren, por novas notícias.
—Ela chegou – Avisou Jane entrando no salão.
Minutos depois, ela adentrou em nossa sala com um olhar nada agradável. Lauren Roller era uma mulher difícil de lidar, com quem tínhamos que ter paciência e cautela.
—Como está querida? – Perguntei me levantando e indo em sua direção. Ela deu um passo para trás se afastando.
—E isso importa pra você? – respondeu ríspida.
Eu olhei seu rosto duro e tenso, e pulei a ladainha. Isso não funcionava com ela.
—Novidades?
—Nenhuma, só a confirmação do que eu já sabia. Eles ainda estão juntos. – Contou.
—Isso não está certo. - Caius disse olhando fixamente para o chão, como um lunático. - Temos que fazer algo, eles não podem ficar juntos. Ele não pode ficar com ela...
-Não podemos fazer nada - Lauren disse a ele - Ele teve um Elo por ela. Você não entende o que é isso, não temos o que fazer.
-Mas precisamos! - ele gritou de repente fazendo ecoar pela sala.
Todos ficaram quietos, inclusive eu. A garota o olhou erguendo as sobrancelhas e se dirigiu a mim.
—Esse não é o meu objetivo. Vocês sabem muito bem o que eu quero. Só me juntei a vocês pelo colar, sabem disso...
—E você sabe do nosso acordo. Sabe o que precisa fazer.
—Eu sei e por mim já tinha feito. Aquela garota me desafia. Mas eu não posso mata-la.
Eu a encarei perdido na informação.
—Está brincando conosco? – Perguntei sem entender. – Como não assim não pode?
—Não que seja da conta de vocês, mas eu não gosto dela particularmente, porque ela tem algo que é meu. Mas acima de tudo, eu sou uma Filha da Lua. Vocês não tem noção do que é ter um Elo por alguém. Ela e meu irmão estão ligados para o resto da vida de uma maneira que vocês nunca vão entender. Eu não quero ser responsável por faze-lo sofrer pela eternidade. Ele ainda é sangue do meu sangue.
—Se Elizabeth Cullen não for minha, ela não será de mais ninguém. – Caius disse deixando seu recado.
Quando ele queria algo, ele matava por isso.
—Eu não sigo suas ordens. Não sigo ordens de ninguém – respondeu irada. - Se quer ela morta, mate você mesmo.
—Sabe, eu acho vocês duas parecidas. - disse a olhando pensativo. - Na verdade bastante parecidas. Corajosas, petulantes, intimidadoras e me tiram do sério do mesmo jeito. Só que tem uma pequena diferença entre você e ela. Que a propósito é muito significante para mim – disse sorrindo largamente – Elizabeth não é idiota como você! – gritei a assustando.
—Como é? – Perguntou irônica.
Como eu já estava vendo onde aquilo ia dar, optei por trazê-la de volta a nossa realidade.
—Deixe-me explicar novamente. Você precisa do colar, nós precisamos dela em duas hipóteses: Ou ela conosco ou ela morta. Como aceitamos a sua ajuda, optamos pela hipótese na qual ela morre. Você fica com o colar, que é o nosso acordo. Então vamos pensar juntos, você só conseguira usar o colar depois que ela morrer, se deixa-la viva, ele não funciona em você. Então trate de matá-la. Te darei mais dois dias, porque pelo contrario matamos você e daremos outro jeito de trazê-la para nós.
Lauren não se abalou com nada do que eu disse, assim como Elizabeth também fazia. Ela deu um longo suspiro me analisando como um quadro na parede.
—Você tem medo deles, não tem? – Perguntou sarcástica.
—Nos Volturi não temos medo de nada. – respondi.
Um sorriso foi surgindo em seu rosto enquanto ela balançava a cabeça
-Eu não preciso ser sensitiva para saber que vocês morrem de medo dos Cullen, e de como eles estão passando de vocês. Da importância que Carlisle está passando a ter. - ela sorriu mais ainda quando viu a cara que eu fiz - Por isso quer a garota morta? Porque fica mais feliz em ver o clã deles com menos um vampiro especial, do que ela não estar com vocês? Isso é triste.
-Você não sabe de nada! - eu gritei.
-Ah eu sei bem mais do que você imagina. Além de terem medo dos Cullen, vocês também tem medo dos Headkros.
Eu cerrei o punho quando ela disse esse nome.
—Quem são? – Josh perguntou se intrometendo – Headkros? Quem são eles?
—Não se intrometa Josh. – repreendeu Marcus.
-Josh, não é? Eu te explico. – Lauren falou sorridente – Os Headkros são o conselho dos vampiros Filhos da Lua. São os segundos da nossa linhagem e na linha de sucessão. Hoje eles só carregam esse cargo porque meu irmão renunciou. Um ponto a se ressaltar, é que quanto mais velho um Filho da Lua é, mais forte ele fica com o passar dos anos. Isso significa, que eles são o clã mais forte e poderoso em nosso mundo. Séculos atrás os Volturi e os Headkros travaram uma guerra para decidir quem comandaria o mundo dos vampiros. Claro que naquela época eles não eram tão fortes, então fizeram um acordo. Eles se responsabilizariam pelos Filhos da Lua e os Volturi pelos vampiros criados, aqueles que são transformados. Agora que já se passou séculos, eles devem estar muito mais fortes do qualquer clã que a gente conheça. Inclusive, fiquei sabendo que eles deram as caras por ai dizendo que estão de volta. - Lauren voltou seu olhar áspero para mim. Ela sorriu ao continuar. - É por isso que Aro esta tão desesperado para aumentar seu clã. Ele não quer perder seu trono e nem as mordomias de ser respeitado. Ele sabe que se houver outra briga, os Headkros vão ganhar deles e comandar o mundo dos vampiros. É por isso que Aro precisa de vampiros especiais. É por isso que ele sempre quis Alice Cullen e Edward Cullen. É por isso que ele quer Elizabeth. Ela é um radar, uma bússola, uma proteção a mais. Fora que ela costuma ficar mais forte quando atingida por fortes emoções, ficando com força igual a de um recém criado. Entendeu a gravidade da situação Josh? Aro quer um exército, porque ele sabe que está chegando o dia em que vai perder o trono dele.
A sala ficou em total silêncio. Todos que não sabiam sobre isso nos encaravam.
—Nunca me contaram sobre eles. – Josh disse surpreso.
—Não é tão ruim quanto ela esta fazendo parecer. Nos ganhamos a guerra! – falei orgulhoso.
—Não, vocês ganharam o acordo - ela me corrigiu - E agora que Ícaro sabe a quantidade de vampiros especiais andando por ai, ele está de volta. – Disse rindo animada.
—Ele não ousaria. – disse cerrando o punho só de pensar nessa possibilidade.
—Na verdade ele já ousou – ela abriu um sorriso sarcástico para mim e deu de ombros. - Eu sinto muito, mas eles me ofereçam um acordo melhor. Estou aqui a mando dele, vou me juntar aos Headkros. Ele manda te dizer que há sua hora está chegando e a de todos vocês. – disse se retirando. - Se preparem, o exército dele vai acaba com todos!
Ficamos minutos em silêncio assim que ela se foi.
Ninguém esperava por essa reviravolta.
Sem saber o que fazer, ou como agir, todos estavam simplesmente mergulhados no silêncio do desespero.
—Acho que dessa vez teremos que pedir ajuda a quem mais odiamos – Sussurrou Marcus.
Ah!
Os Cullen.
[...]
Pov. Liza
Tinha se passado mais ou menos uma semana desde todo o ocorrido. Contei aos meus pais sobre a aparição dos Volturi e eles já sabiam por Alice, que tentou falar comigo no dia, mas não conseguiu.
Eu estava no quarto sozinha, pela primeira vez desde o meu aniversário. Nícolas dormia comigo todos as noites, passávamos o dia todo juntos, e Ness dormia no quarto do Jacob.
Estava indo me deitar quando meu celular tocou.
Era tia Ali.
—Oi – atendi.
—Liza, tudo bem? – Perguntou com a voz trêmula. Já fiquei desconfiada.
—Tudo, aconteceu alguma coisa? Você não me ligaria essa hora se não tivesse acontecido. – disse observando o relógio.
—Sim é que... – começou a dizer, mas alguém tomou o telefone de suas mãos e logo pude ouvir a voz do meu pai.
—Filha?
—Pai? Já voltou do Brasil? – Disse confusa. - O que aconteceu?
—Não sabemos ao certo, mas vocês precisam voltar para Forks. O mais rápido possível.