Apesar de conhecer Sakura há mais tempo do que Sasuke eu não poderia deixá-lo morrer também. Talvez minha amiga fosse mais um espírito, sei que ela entenderia se tivesse que aguentar por mais tempo para salvar outra pessoa.
Comecei a correr em círculos em volta da criatura, eu era conhecido na faculdade por ser um dos alunos mais rápidos, então se eu corresse rápido o suficiente para a criatura não saber quando irei atacá-lo poderia pegá-lo de surpresa.
Dei a primeira volta e ele nem se quer olhava para onde eu estava indo como se soubesse qual seria meu próximo passo.
Na quarta volta enquanto ele estava de costas para mim tentei dar a primeira investida em direção ao seu pescoço.
Estiquei uma das mãos para agarrar o cordão e aumentei a velocidade nos meus pés deixando pegadas ainda mais fundas na areia da arena.
Minha mão estava a centímetros de distância do alvo quando, em menos de um segundo, ele se virou e pude ver seu largo sorriso, agarrou com força meu pulso puxando-o com tudo para baixo até me fazer cair no chão. Faltavam 7 minutos.
Para minha sorte, o tempo parecia passar muito mais devagar a cada minuto, é como se ele estivesse parando aos poucos.
Passei um de meus pés em uma rasteira o fazendo cair também e o cronômetro caiu com um baque surdo no chão, mas continuava funcionando. Imediatamente ajoelhei bem no seu estômago e agarrei a mão que segurava a faca, batendo-a diversas vezes contra o solo fazendo com que ele a largasse.
Enquanto segurava o seus braços, com a minha mão livre arranquei o cordão de seu pescoço e a chave voou até cair há alguns metros de distância.
Ia levantar para pegá-la quando ele me puxou, me pressionando contra o chão. Faltavam 4 minutos.
O puxei pelas pernas quando ele tentou alcançar a chave. Me levantei rapidamente e corri em direção ao pequeno pedaço de metal sem lhe dar chances de me impedir. Dois minutos.
Corri em direção ao Sasuke o mais rápido que pude para desligar a máquina antes que as correntes o soltassem. Olhei de relance para a Sakura ela parecia entender e aceitar minha decisão. Aquilo quebrou meu coração. Mas, sabendo que ela não morreria ali, voltaria para salvá-la.
Comecei a fazer a contagem regressiva em minha mente.
Abri o cadeado da tampa prestes a apertar um grande botão vermelho, onde havia escrito "desligar". Faltavam 30 segundos. Assim que meus dedos roçaram o botão fui puxado com tanta força para trás que a gola da minha camisa parecia me enforcar.
Sem perder mais tempo, agarrei o outro pelas pernas e com muita dificuldade o levantei e pondo um fim nisso o joguei em meio as hélices do moedor. Criando uma mistura nojenta de órgãos, ossos e sangue.
Olhei para o cronômetro vendo que só faltavam 10 segundos. Desesperado apertei o enorme botão várias vezes vendo que as correntes já se abriam aos poucos. Respirei aliviado por saber que tinha conseguido.
Mas não era motivo para comemoração, não era uma vitória. Olhei para Sakura e em resposta ela sorriu, um sorriso triste e ao mesmo tempo feliz por eu ter feito a escolha certa. Voltei a olhar para o cronômetro que marcava apenas 1 segundo.
As correntes se abriram e fechei os olhos para não vê-la sofrer mais, se ela realmente fosse um espírito então ela poderia voltar para que eu pudesse salvá-la também.
Meu rosto ardia em lágrimas e voltei meu olhar para Sasuke que havia conseguido descer se balançando nas correntes e saltando em direção ao chão.
O ajudei a se levantar e andei em direção a saída.
- Hiroshi - voltei a olhá-lo - eu sinto muito e obrigado por me salvar - suas palavras pareciam ser sinceras - eu sei que deve ser muito difícil fazer uma escolha assim - ele tinha razão, para qualquer pessoa séria impossível.
- espero que Sakura me perdoe - sequei minhas lágrimas e ele não disse mais nada - vamos, temos que sair daqui logo -
Passamos pela saída e o que vimos não me surpreendeu, nada mais me surpreenderia naquele inferno.
Um enorme lago se estendia até onde a vista alcançava cercado por montanhas e florestas ao seu redor.
- eu já estive aqui - disse Sasuke - esse lugar - e começou a chorar - foi aonde ele me salvou da morte - sabia muito bem do que ele estava falando.
Caminhei em direção ao lago.
- se for o mesmo lugar em que você esteve então a saída deve ser em algum lugar por aqui - ele concordou com a cabeça ainda com os olhos vermelhos e inchados.
Andei pela beirada do lago procurando por algo que possa parecer com uma saída, mas a única coisa que encontrei foi um garoto escondido entre as árvores.