Harumi
Abruptamente, o homem desceu do veículo e eu ganhei consciência de quem estava comigo: Naruto. Os punhos que ergui caíram e minha visão foi embaçada pelas lágrimas de alívio que soltei ao vê-lo. Eu pulei em seus braços sem pensar duas vezes e ele me acolheu, seu aperto era firme enquanto acariciava o meu cabelo para me confortar.
- Ei, eu tô aqui...o que aconteceu?- a preocupação era evidente em sua entonação.
Eu separei o abraço e o loiro limpou meu rosto molhado com seus dedos, ansiando por uma explicação decente.
- Longa história.- torci o lábio para o lado e franzi minhas sobrancelhas, eu estava exausta.
- E eu tenho tempo- sorriu sereno e eu suavizei o semblante- Vem, vamos sair da rua.- pegou meu braço cuidadosamente e me guiou até o carro.
Uzumaki abriu a porta para mim e afivelou o meu cinto, em outras ocasiões eu estranharia o tratamento infantil que estava recebendo. Hoje, entretanto, parecia um tanto quanto adequada a condição em que me encontrava e eu agradeci mentalmente por ele ter sido tão perceptivo.
- Aonde vamos?- indaguei assim que ele virou as chaves e iniciou o motor.
- Pra faculdade, você deve estar cansada.- ligou o rádio e ajustou o volume para som ambiente.
O "não" estava estampado em minha expressão quando o cinto me impediu de inclinar em protesto, Naruto assentiu em entendimento.
- Ok, vamos para outro lugar.- prometeu, pedindo que confiasse nele e eu recostei no banco.
Logo a paisagem ganhou movimento nos vidros que foram recentemente travados e pude vislumbrar a cidade bem iluminada.
Naruto era um bom motorista, apesar de correr um pouco...ele eventualmente desviava a atenção da estrada por alguns segundos para verificar se eu estava ok.
A tontura e o enjoo vieram rápidas, os efeitos colaterais da bebida estavam finalmente aparecendo. Decidi fechar os olhos e encostar na janela, pretendendo dormir para não acabar vomitando em seu carro.
Adormecer parecia fácil, cada articulação minha pedia pelo descanso e durante um intervalo curto de tempo, eu realmente consegui apagar.
Infelizmente, fui acordada pelos meus dentes que insistiram em grunhir de frio e sem querer incomodar, eu me abracei na tentativa de espalhar o calor em mim.
- Está com frio?- desligou o ar sem que eu precisasse confirmar e a música de fundo se tornou audível.
Era "animals- maroon 5" e assim, flashbacks indesejados invadiram a minha mente. A antiga memória da noite em que Kiba e eu dançamos eufóricos na boate me acarretou uma tristeza incapaz de suportar.
Por reflexo, eu pressionei o botão de on/off e o atrito dos pneus com a rua asfaltada tornou-se a única sonoridade presente. Estávamos parados no sinal, a rua quase deserta pelo horário.
- Desculpa, eu posso ligar de novo se você quiser.- ofereci, envergonhada pela minha falta de educação.
- Não, já estamos chegando.- me tranquilizou, gesticulando sob o volante.
Sabia que meu ato impulsivo não havia passado despercebido, a sua apreensão certamente cresceu com isso.
"Vai ser impossível escapar do interrogatório que me aguarda."
- Obrigada.- suspirei, deixando que uma lágrima discreta escorresse.
De fato, estávamos perto e não demorou até que estacionamos na calçada de uma casa. Senti meu corpo amolecer, minhas pálpebras pesarem pelo sono e tive certeza de que erraria todos os passos do trajeto com o salto que eu calçava.
"É isso, nunca mais eu bebo."
Notando a minha hesitação, Naruto me auxiliou ao descer do carro. Ele me segurou pela cintura e pendurou um dos meus braços em sua nuca, providenciando o apoio necessário.
Devagar, nós chegamos na porta, onde o loiro vasculhou os bolsos pela chave sem me soltar. Acendeu a luz principal e me sentou no sofá, ficando de joelhos na minha frente.
Ele também tomou a liberdade de descansar a cabeça em meu colo. Devo ter dado um tremendo trabalho para Naruto Uzumaki ter se esgotado.
- Onde estamos?- indaguei desconcertada e um sorriso presunçoso se formou em seus lábios.
Involuntariamente, chequei o ambiente e quanto mais eu observava, mais aconchegante se tornava. As brancas cortinas cobriam as duas únicas grandes janelas instaladas no cômodo.
Retratos familiares compunham as paredes de coloração neutra e um pilar amarelo marcava a divisão com a cozinha ao fundo.
Uma TV estava situada para que o sofá em que eu me sentava e a poltrona à esquerda tivessem uma visão adequada da imagem.
A mesa de madeira clara para refeições, onde girassóis repousavam no vaso verde de sua superfície, estava centrada na divisão da sala e cozinha.
- Fique à vontade, essa é a minha casa. Meus pais foram transferidos para cá junto com os do Sasuke quando fizemos 16 anos.
- Eles estão aqui?!- eu sussurrei, quebrando contato visual com a fotografia emoldurada de um dos seus aniversários.
Pelas imagens, percebi que Naruto era a cópia perfeita do seu pai, de quem herdou olhos azuis e dourados cabelos. Sua mãe também exibia olhos claros, puxados para um azul petróleo e os seus avermelhados fios se contrastavam entre os dois. Eram excepcionalmente bonitos. E apesar das menções constantes, era a primeira vez que via seus rostos.
- Viajando com o Jiraiya, eu tive que ir ao aeroporto de táxi para voltar com o carro. Eles sempre deixam as chaves comigo quando estão fora- explicou descontraído- E aí...te encontrei na rua no caminho da faculdade.- me direcionou um olhar compenetrado, implorando para que eu contasse a minha história.
Dei duas palmadinhas no assento do sofá ao meu lado, indicando que se sentasse para ouvir. O Uzumaki se acomodou e eu logo comecei a falar.
Durante o meu relato, ele não economizou os insultos ao seu colega de quarto, principalmente ao descobrir que nos beijamos. E com essa, eu provavelmente ultrapassei alguns limites pela brusca mudança em sua expressão, mas ocultar algo dele estava fora da minha capacidade. Por isso, preferi encerrar por ali antes que a situação piorasse.
- Naruto?- parecia imerso em seus pensamentos, mirando o teto com o conflito estampado em seu rosto.- Desculpa...eu não devia ter falado disso.
- Não, você não tem que se desculpar- voltou sua atenção a mim e vestiu um de seus sorrisos contagiantes- Fui eu quem perguntei, lembra?
Pegou minha mão na intenção de reforçar seu ponto e eu entrelacei seus dedos nos meus, sua presença era capaz de me acalmar com pouco. Só que, logo o meu estômago roncou, estragando o momento e ele me encarou intrigado pelo rubor que coloriu minha pele.
Desde a minha última refeição, muito aconteceu e o hambúrguer que dividimos parecia uma miragem de tão distante. Eu estava faminta e só não verbalizei para não abusar de sua hospitalidade. Naruto já havia feito demais por mim e a última coisa que eu queria era dar mais problema.
- Eu vou preparar o meu prato especial pra você.- anunciou empolgado, levantando num pulo.
"De onde ele arruma tanta energia?!"
- Não precisa se preocupar, esquece isso e vamos dormir.- propus de imediato, contrariando minhas vontades.
- Como se eu fosse te deixar passar fome.- refutou, partindo em direção à cozinha.- Vai ser rápido, confia.
Cerca de 10 minutos se passaram e pude ouvir alguns ruídos de metal batendo, decidi oferecer ajuda. Escorei no pilar amarelado, ele estava terminando de servir a comida nas tigelas: era miojo.
- Chegou bem na hora!- me avistou e puxou uma cadeira para que eu me sentasse.
- Obrigada, Naruto.- parti o hashi no meio, o cheiro estava delicioso e peguei uma quantidade razoável.
- E aí, o que achou?- aguardou pela minha crítica enquanto eu mastigava.
- Hmmm- pus a mão sobre a boca, em postura de análise- É o melhor miojo que já comi em minha vida.- ele sorriu exultante e fez uma breve reverência ao elogio, como se fosse um chef renomado.
- Eu sei, eu sei.- gabou-se e demos risada.
Eu devorei duas porções com gosto e parecia estar voltando ao meu estado sóbrio. Ainda, preferi deixar que Naruto lavasse a louça, eu não queria arriscar quebrar algo. Bocejei cansada e eu estava quase cochilando na cadeira.
Escutei o loiro se aproximar, deduzi que ele havia finalizado e me forcei a abrir os olhos.
- Vai tomar um banho, você vai ficar melhor.- acariciou meu ombro, tentando me despertar.
- Não tenho roupa.- respondi meio envergonhada.- E eu estou com sono.
- Eu te empresto.- me entregou uma toalha e eu assenti confusa, rondando o perímetro- Se você estiver muito cansada, podemos ir dormir direto.
"Talvez eu não esteja tão sóbria assim, de onde ele tirou essa toalha?!"
- Não, um banho vai cair bem.
Naruto
Harumi se retirou para o banheiro, eu escolhi uma blusa preta básica que estava abandonada em meu armário pelo tamanho, deve ser a menor que eu tenho. Liguei a TV e pus num desenho aleatório à sua espera, acabei ficando entretido pois a protagonista tímida me lembrava de alguém que conheço. Não demorei muito para ligar os pontos, eu devo ter associado pela cena de mais cedo.
"Ah, ela me lembra a Hinata."
"Como será que ela está? Se não estivesse tão tarde, eu ligaria agora."
Deitei no sofá e posicionei meus dois braços acima da almofada, Matsuno e Hyuuga conseguiam ser como água e vinho às vezes. Harumi é tão aberta comigo...e a Hinata, é o completo oposto. Parece que sempre há uma barreira entre nós.
—- flashback de algumas horas antes —-
Acordei com o despertador marcando 2h e a cama de Kiba estava vazia. Nem me preocupei muito, convencido de que ele deveria estar dormindo com alguma universitária por aí, me espreguicei e tomei uma ducha rápida. O aeroporto era meio distante e eu dependia de um táxi para chegar, precisava me apressar.
Vesti uma blusa básica e pus um casaco ciano com uma calça moletom escura, calçando meu tênis no corredor. Distraído por estar tentando encaixar o calçado em movimento, eu esbarrei em uma menina e acabei caindo pelo impacto.
- Meu Deus, desculpa!- reconheci a suave voz de imediato, ela me encarava preocupada.
- Hinata? Nós precisamos parar de se esbarrar nos corredores.- eu ri, recuperando o equilíbrio.
- É.- respondeu sem graça, desviando o olhar- Eu estava procurando pelo Kiba, ele não responde minhas mensagens.
"O que ela quer com ele no meio da madrugada?"
- Ele saiu.- informei seco, incomodado com a menção dele.
- Ah sim. Melhor eu esperar até amanhã.- sua testa vincou e pude perceber que seus olhos estavam irritados, o nariz igualmente avermelhado.
- Você estava chorando?- indaguei franzindo as sobrancelhas.
- N-não.- ela gaguejou, era obviamente uma mentira.
- Hina, você sabe que pode confiar em mim, né?- minha frase fez com que ela caísse no choro.
Eu a puxei para um abraço, ela envolveu seus braços devagar sobre o meu tronco por ter sido pega de surpresa.
- Você parecia estar com pressa, não precisa se preocupar comigo.- murmurou pressionada contra o meu peito.
"Merda, eu realmente estou...mas não posso deixar ela desse jeito."
- Eu espero, você é importante também.
- Eu estou tão cansada de fingir que está tudo bem.- soluçou, agarrando o tecido da minha jaqueta.
- O que aconteceu?- ela balançou a cabeça em negação- Não pode me contar?- negou novamente.
- Eu não vou embora até conversar com você.- pontuei incisivo.
- Ok...tem um garoto.- pausou nervosa.
- Sim?- pedi que continuasse, incerto do quanto eu aguentaria conter a minha curiosidade.
- E gostar dele está acabando comigo.- meu semblante se fechou e eu segurei seu rosto para estabelecer contato visual.
- Quem seria idiota o suficiente para rejeitar você?- eu estava extremamente irritado com a ideia dela estar magoada.
- Não é culpa dele se ele se interessou por outra, eu que demorei demais.
- Quem é?- repeti, involuntariamente cerrando os meus punhos e ela ruborizou.
No segundo em que ela criou coragem para dizer algo, o meu alarme tocou avisando que eu estava 20 minutos atrasado. Hinata vislumbrou meu lembrete marcado como: "aeroporto" e eu expliquei sobre a viagem dos meus pais. A Hyuuga insistiu que eu me fosse, prometendo que me falaria sobre ele numa outra hora.
——- flashback ——-
"Por que eu agi daquela maneira descontrolada?"
"Eu estava com ciúmes da Hinata?!"
"Não, eu geralmente fico assim quando se trata dos meus amigos."
Argumentei comigo mesmo, descartando a possibilidade do meu cérebro de imediato.
"Ele parece ser um babaca, era de se esperar uma reação assim."
"É, isso faz mais sentido."
Desliguei a TV, o sono estava começando a me derrubar e o clima da sala estava apropriado, nem muito quente e nem muito frio. O barulho da fechadura destravando me despertou de susto, algo que não acontecia com frequência já que eu tinha um sono pesado.
- Naruto?- Harumi colocou somente a cara para fora, zero maquiagem e os fios molhados invadiam seu rosto pela inclinação.
"E eu achei que ela não pudesse ficar mais bonita."
- Sim?- respondi abobado, o sono devia estar me afetando.
- Você esqueceu de me emprestar um short.- completou, escondida por trás da porta meia-aberta.
- Pode pegar um no guarda-roupa, estão na segunda gaveta da terceira porta.- sentei, bocejando no processo.
- Ok.- fechou a porta mas não tardou a voltar.- Pronto, pode vir.
Andei até o meu quarto e ela estava com os braços cruzados sobre a minha camisa, que surpreendentemente, ficou larga nela. Eu recolhi um lençol do armário e levei um dos travesseiros da cama, Matsuno me encarou confusa.
- Eu vou dormir no sofá, Haru.- me justifiquei, rindo do bico que ela fez ao ouvir.
- Não, a casa é sua e a cama também.- refutou, gesticulando na direção do móvel.
- O colchão é muito pequeno para dividir.- constatei, era um simples modelo de solteiro e ela deu ombros- Eu quero que você fique confortável.
"A noite dela foi péssima, nada mais justo que ela fique com a cama."
- Eu vou ficar ok.- afirmou, deitando na parte próxima a parede- Vem, eu faço a concha maior.
- Você me ganhou nessa.- levantei as mãos em rendição e ela sorriu presunçosa, clamando sua vitória no embate.
Kiba
Os ventos estavam inquietos, assim como a crescente angústia em meu peito. E devido ao horário, a calçada estava tumultuada com as pessoas procurando transporte para voltar para casa. 10 minutos se passaram desde que perdi Harumi de vista, as nuvens estavam se fechando no céu e a noite era composta por poucas estrelas.
Era um cenário melancólico e por isso, combinava perfeitamente com a ocasião: o pior aniversário de toda a minha existência.
A essa altura do campeonato, eu preferiria que ela tivesse gritado comigo pela ligação e voltado para o projeto de policial na boate, nem que fosse só para me atingir.
Dessa forma, eu pelo menos saberia que ela estava segura. Mas não, Harumi sempre vai fazer um tumulto silencioso, me distraindo com um sorriso falso e escapando antes que eu possa tomar qualquer atitude contra.
"Porra, eu estou a um triz de perder a cabeça."
Uma mulher andando sozinha pelas ruas de Tokyo, alterada ainda...ela é o alvo ideal para a escória que perambula pela madrugada. Seguir por essa linha de raciocínio me subia o sangue, eu não sou alguém muito religioso mas neste momento, eu rezava com todo o meu ser para que ela estivesse em segurança.
Dei continuidade a minha busca, me intrometendo entre os grupos para perguntar sobre o seu paradeiro e rondando meus olhos para tirar minhas próprias conclusões.
Nada, não fui capaz de encontrar nem um vestígio seu. Eu murmurei uma sequência de xingamentos em frustração e procurei estabilizar meu fôlego, a ansiedade estava me consumindo por dentro. Há quase um ano atrás, eu estava em uma situação similar e procurava a Ino em meio ao tráfego, o destino tem um senso de humor bem sádico.
Tendo em mente que as probabilidades de eu a encontrar na akatsuki eram quase inexistentes, eu protelei e deixei essa opção para último caso. E infelizmente, a hora era agora. Eu confesso que adiei por não querer recorrer a Sarah e ao Itachi.
Sem mencionar Shisui, eu definitivamente não estava animado para ter que interagir com ele. E embora sua profissão lhe tornasse o mais indicado para resolver meu problema, a ideia de ter que trabalhar com ele me tirava do sério.
Inspirei devagar, deixando o oxigênio fluir para que eu acalmasse meus pensamentos razoavelmente e fui atrás deles. Não demorou para que eu encontrasse a Yamanaka, desacompanhada de Itachi. Sua postura espelhava a sua tensão, ela provavelmente já estava ciente do desaparecimento de sua amiga.
Em um singelo movimento, o semblante preocupado dela se transformou em um furioso ao ter me avistado. Vinha transtornada em minha direção e me puxou pelo colarinho da blusa, eu revirei os olhos.
"Sempre tão dramática..."
- O que é que você fez dessa vez, Inuzuka?!- questionou ríspida, o cabelo invadindo seus ombros pela agitação.
- Por que você acha que fui eu?!- agarrei seu pulso e a obriguei a largar minha blusa.
- Ah, corta essa. Ela ter sumido e você estar aqui, não é uma coincidência. Onde ela está?
- Eu estou tão perdido quanto você.- cruzei os braços na defensiva, estava sem clima para entrar numa disputa verbal com ela.
- É incrível como você sempre dá um jeito de arruinar tudo.- apontou o indicador na minha cara, abusando do sarcasmo.
"Como se eu já não soubesse."
- Sarah, esse não é o momento para brigar.- Itachi interviu, abraçando-a por trás na intenção de imobilizá-la.
Ao lado de Itachi, percebi que Shisui me fitava com um ar de superioridade. Ergui uma sobrancelha em desafio, apesar de sua altura me intimidar um pouco, eu não iria baixar a guarda. Com ele, eu estaria disposto a brigar.
- Onde você viu ela pela última vez?- Shisui começou, provavelmente seguindo o protocolo.
- Não adianta, já vasculhei aquela área inteira.- cortei direto, Itachi e ele se entreolharam.
- Vamos sair dessa bagunça.- Itachi sugeriu e Sarah recuperou a compostura, ele ainda envolvia a sua cintura por precaução.
Passando da saída, deixei que meus olhos percorressem o perímetro esperançosamente. Novamente, nada além de bêbados circulando, alguns até carregados pelo estado decadente em que se encontravam.
- Alguém tentou ligar para ela?- Shisui tentou novamente.
"É sério? Só conseguiu pensar nisso? Eu chegaria nessa conclusão sozinho."
"Se ela tivesse atendendo o celular, teria dado explicações a Sarah."
- Já, só dá caixa postal.- a loira respondeu desanimada.
- O melhor a fazer é voltar para faculdade, ela pode estar lá.- propus e todos assentiram- Vou ver se a Hinata viu ela.
O Uchiha pegou as chaves no bolso e enquanto andávamos para o local em que ele estacionou, meus dedos digitavam com avidez no teclado do celular no caminho.
——-
~Kiba Inuzuka 3:04 a.m:
"Hina, tá acordada? É urgente."
"Desculpa não responder às suas mensagens, meu celular estava no silencioso."
~Hinata Hyuuga 3:06 a.m:
"Você está me assustando, o que aconteceu?"
~Kiba Inuzuka 3:06 a.m:
"Haru sumiu, você pode bater no quarto dela?"
~ Hinata Hyuuga 3:06 a.m:
"Ok, já estou indo."
~Kiba Inuzuka 3:07 a.m:
"Obrigado."
——-
Os minutos seguintes se comparavam a uma eternidade, eu estava dividindo o banco traseiro com Shisui e eu batia repetidamente o pé no tapete do carro, incapaz de controlar a minha ansiedade.
- Dá pra parar?- Shisui pediu e eu fingi não escutar, mirando a janela ao manter as batidas na mesma intensidade de antes- Muito maduro.- acrescentou irônico, estalando a língua ao terminar.
Sarah tratou de aumentar o volume do rádio ao invés de nos repreender, como usualmente faria. Estranhei e iria provocar mais um pouco quando meu celular vibrou em meu colo, corri para desbloquear.
——-
~Hinata Hyuuga 3:11 a.m:
"Não tem ninguém, desculpe."
~Kiba Inuzuka 3:11 a.m:
"Puta merda...obrigado de qualquer maneira."
~Hinata Hyuuga 3:11 a.m:
"Imagina."
"Já tentou falar com a Sarah?"
~Kiba Inuzuka 3:12 a.m:
"Estou com ela nesse momento."
~Hinata Hyuuga 3:12 a.m:
"Eu posso ajudar vocês, se quiser."
~Kiba Inuzuka 3:12 a.m:
"Melhor você dormir, Hina, temos ajuda o suficiente."
~Hinata Hyuuga 3:13 a.m:
"Certeza? Estou sem sono."
~Kiba Inuzuka 3:13 a.m:
"Tenho, depois conversamos."
~Hinata Hyuuga 3:13 a.m:
"Ok, vai me dando notícias :("
——-
- Ela não está na faculdade.- anunciei levando a mão a testa, apreensivo e Sarah desligou o rádio.
- Para onde mais ela iria?- Shisui disparou, Itachi parou o carro.
- Eu não sei...- pausei, irritado com suas perguntas óbvias - Mas eu não vou desistir até descobrir.
"Nem que eu rode a cidade toda para isso."
Naruto
O relógio marcava 4h40 e eu ainda não conseguia pegar no sono, independente do quão exausto eu me sentia. Eu estava mais preocupado com Hinata do que eu gostaria de admitir. Harumi estava apagada ao meu lado e eu suspirei, contemplando seus traços suaves.
Fui cauteloso para me mexer na procura de uma posição confortável, tentando não acordá-la. Quando eu pensei ter achado, meu celular tocou e eu me apressei para recusar. Verifiquei se ela tinha acordado e por sorte, mal se moveu. Saí do quarto e fui para a sala atender, ele era terrivelmente insistente.
- Naruto?! Finalmente!- estava agitado, o estresse e a ansiedade sobressaindo em seu tom.
- O que você quer?- revidei com hostilidade, indo direto ao ponto.
- A Harumi sumiu, você a viu?- me mantive em silêncio, Kiba merecia experimentar o desespero depois de ter provocado a confusão toda.
- Se eu não tiver notícias dela em 30 segundos, eu vou ligar para a polícia.- eu bufei, tendo que cortar meu ato.
- Ela está comigo.
Kiba anunciou a notícia para um grupo de pessoas que suspiram em alívio no fundo da ligação.
- Ela está...bem?
- Sim, mas não graças a você.- enfatizei minha irritação.
- Eu posso falar com ela?
- Não, ela está dormindo.
- Tudo bem...boa noite, Naruto.
- Boa noite, Kiba.
- E obrigado por cuidar dela.- desliguei a chamada, impressionado com o quão egocêntrico ele poderia ser.
Retornei para o meu quarto, encontrando Harumi encolhida na coberta e eu admirei a cena por alguns segundos até ela subitamente se mexer.
- Quem era?- balbuciou, agarrada ao travesseiro em que eu deitava.
- Ninguém importante.- menti, sentando na ponta da cama- Eu te acordei?
- Não, eu queria ir ao banheiro e vi que você estava no telefone.- eu engoli seco, baixando o olhar- Não que eu tenha bisbilhotado.- acrescentou e eu agradeci mentalmente.
- Haru, acho que é melhor eu ir para o sofá.- conclui, coçando a nuca em nervosismo.
- Não, eu...- ela agarrou meu braço, manhosa- Fica, por favor?
Seu gesto fez com que eu subisse meu olhar a ela quase automaticamente, suas sobrancelhas estavam franzidas aguardando a minha resposta e eu não fui capaz de me afastar.
- Tá bom.- cedi sem mais resistência, deitando de frente para ela.
O silêncio se instalou e meu coração palpitava, eu evitei contato visual direto apesar da proximidade.
- O que foi? Eu estou te deixando nervosa?- riu, escaneando minha linguagem corporal com atenção.
- Bom, você é a primeira garota que dorme na minha casa.- admiti, eu estava mais honesto do que o normal hoje.
- Por opção sua, né?
- O que você quer dizer com isso?- me fiz desentendido.
- Hmm, você quer que eu infle seu ego?- levantou as sobrancelhas, surpresa e eu dei ombros.
Harumi ponderou mas logo começou a contar nos dedos.
- Bonito, engraçado, dedicado, simpático e cozinheiro...tenho certeza de que tem muitas garotas atrás de você, Naruto.
- Menos a que eu quero.- revidei sem pensar e ela remanesceu inexpressiva. Ou foi o que eu pensei.
—
Nota da Autora:
E aí, será que rola algo com a Harumi e o Naruto?
por favor, não se esqueçam de comentar ou dar fav! isso me ajuda muito :)
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