Luna pov.
(Parte 2) 🛑
Michele: Muito bem. E como ocorreu a violência?
Adilson: Minha filha é da mesma idade que a filha desse homem - Eu não fazia a mínima ideia que ele tinha filhas - E as duas estudavam juntas e um dia tiveram que fazer trabalhos em dupla e a filha dele levou a minha para sua casa para a realização desse trabalho. Aparentemente as duas estavam sozinhas enquanto ele trabalhava, até que ele chegou em casa e viu a minha filha. As duas encerraram o trabalho e minha filha voltaria andando para nossa casa já que era a poucas quadras da casa desse homem. Mas ele a seguiu, a agarrou e a estuprou dentro do carro.
Michele: Eu sinto muito. E como o senhor soube do acontecido?
Adilson: Ela me comtou após eu ser procurado pela senhora. Minha garotinha foi ameaçada por esse maldito com uma arma na cabeça - As lágrimas descem por meu rosto aterrorizada com o que estou ouvindo - Ela temeu por si mesma e pela família. Por isso guardou tanta dor para si durante tanto tempo.
Michele: Quando ocorreu?
Adilson: Há uns 11 meses.
Michele: Obrigada, senhor Adilson. Sinto muitíssimo pelo ocorrido.
Adilson: Obrigado. Também sinto muito por você senhorita Luna e agradeço por expor sua dor e salvar minha filha dessa prisão. - Digo um "obrigada" silencioso ainda com muitas lágrimas descendo por meu rosto.
Michele: Até aqui, Excelência!
Juíza: A palavra está com a defesa, senhor Robson.
Robson: Obrigado, Excelência! - Ele se levanta - Senhor Adilson alega que sua filha sofreu essa violência, correto?
Adilson: Correto!
Robson: Sua filha faz algum acompanhamento psicológico ou fez algum exame para comprovarar esse ato?
Adilson: Ela começou a terapia assim que eu soube o que aconteceu. Porém não realizou nenhum exame
Robson: E como o senhor garante que ela realmente foi abusada sendo que só admitiu isso depois de onze meses? Convenhamos que é um longo período de tempo
Adilson: Eu confio na minha filha!
Robson: Claro que confia! Mas o senhor mesmo disse que ela tem apenas de 16 anos. Como me garante que ela não se envolveu apenas com um rapaz qualquer e teve relações?
Michele: Protesto, Excelência! Minha testemunha está sendo importunada.
Juíza: Protesto cedido! - Respiro aliviada
Robson: Sem mais perguntas.
Juíza: A palavra está com a acusação.
Michele: Trouxe mais uma testemunha para comprovar as ações maléficas do senhor Geraldo Rosares. Pode entrar a segunda testemunha. - Dessa vez uma mulher também com uma aparência mais velha, porém muito bem vestida adentra a sala e sua expressão me transmite dor. Ela é mãe de uma vítima, tenho certeza. - Essa é a senhora Rosane, mãe de mais uma vítima. Pode nos conceder detalhes?
Rosane: Bom dia! Minha filha sofreu essa violência em Setembro do ano passado, ela tinha apenas 14 anos. A minha menina foi espancada e abusada de todas as formas possíveis e imagináveis.
Michele: Como ocorreu e como a senhora foi informada sobre?
Rosane: Ela foi para a escola pela manhã e iria para natação logo após sua aula, mas esse homem a impediu. Ele a agarrou no caminho da academia onde ela tinha aulas de natação e passou a tarde inteira abusando da minha pequena. E eu soube por uma carta.
Michele: Ela não contou a senhora diretamente? - A mulher começa a chorar alto e nega com a cabeça. Michele chega perto da mulher e lhe estende um lenço - Se acalme, tudo no seu tempo.
Rosane: Obrigada! - Ela enxuga as lágrimas e respira fundo - Não deu tempo, a minha princesinha me deixou uma carta pois ela se suicidou após escrever. - Eu desabo naquele momento pensando na dor imensa que aquela menininha sofreu, o pior é saber que eu a entendo completamente. - Minha filha não suportou tamanha dor e foi embora.
Michele: Até aqui, Excelência! Lamento por sua dor e sua perda, senhora Rosana.
Juíza: Sinto muito por sua perda. A palavra está com a defesa
Robson: Senhora Rosana, como acusa esse homem se sua filha apenas deixou uma carta contando o suposto ocorrido?
Rosana: Eu sou Advogada Criminalista e perita Criminal e a minha filha não era burra. Ela não lavou as suas roupas íntimas usadas naquele dia e ainda me disse o local exato onde ele a colocou dentro do carro. Fui atrás das imagens das câmeras de segurança e fiz testes de DNA com as roupas da minha filha. Aqui está a carta, as fotos e os exames. - Ela entrega para a juíza que começa a ler e fazer algumas anotações
Robson: Já que sua filha era tão esperta porque não te contou tudo sabendo que poderia investigar o caso, e talvez o fazer pagar por isso?
Rosane: Minha filha tinha apenas 14 anos e ela sabia o quanto aquilo estava doendo. Além de ser estuprada, ela foi brutalmente espancada. Esse foi o estado que eu encontrei a minha filha - Ela estende uma foto e a imagem é assutadora por tantos machucados e ferimentos - Ela não era burra, mas era humana. Minha filha só sentia dor
Robson: Ao ver sua filha nesse estado, me surpreende na ficha dela não ter nenhuma procura a psicólogo ou investigação do que aconteceu.
Rosane: Minha filha se matou no mesmo dia que foi estuprada, eu não tive chances de ajudar a minha filha.
Michele: Excelência, a defesa já está ultrapassando os limites. Eu exigo protesto.
Juíza: Protesto cedido.
Robson: Até aqui, Excelência!
Juíza: Vamos dar uma pausa de 15 minutos e já voltamos para darmos continuidade no julgamento. - Ela bate o martelo e se retira. Eu apenas abaixo a minha cabeça na mesa e começo a chorar desesperadamente por tudo que acabei de ouvir.
Esse homem já era um monstro gigante na minha percepção e agora as coisas só pioraram. Ele é muito pior do que eu imaginei e tenho quase certeza que ainda vem muita coisa pela frente.
Miguel: Meu amor! - Ele me puxa para o seu abraço e ali eu choro mais ainda
Luna: Miguel, esse homem é horrível. Uma menina se suicidou por culpa dele. Você viu o estado em que ele a deixou? Como um ser humano pode chegar a esse nível de maldade? Eu estou sentindo tanto nojo. - Michele apenas me estende o balde de lixo e eu coloco tudo para fora ali mesmo.
Miguel: Vamos lá fora para você lavar o rosto e beber uma água. - Saímos da sala e eu vou ao banheiro acompanhada por Beatriz e minha mãe. Elas também me dão água e um chiclete para tirar o gosto ruim da minha boca.
Os minutos de pausa cessaram e agora estou bem mais calma. Voltamos para a sala e me sento ao lado de minha advogada.
Michele: Estamos caminhando para o encerramento. Vai dar certo! - Ela segura minha mão e acaricia. Logo a Juíza entra novamente
Juíza: Iremos dar continuidade ao julgamento. A palavra está com a acusação seguido do depoimento da senhorita Luna Andrade Rodrigues.
Me levanto seguida da minha advogada e me sento no banco de testemunhas e faço aquele juramento com todas as outras pessoas que também testemunharam.
Michele: Luna, mesmo tendo o direito de não depor, por qual motivo escolheu vir?
Luna: Durante muito tempo eu fui calada pelo medo e prometi para mim mesma que jamais deixaria isso acontecer novamente. Vim contar o que aconteceu e como aconteceu.
Michele: Certo! Nos conte o que houve - Disse toda aquela história que houve comigo naqueles dias. Até mesmo o dia que fui o denunciar e o encontrei na delegacia e o quanto apanhei do mesmo.
Michele me fez mais algumas perguntas e eu respondi tranquilamente. O advogado de Geraldo não quis me fazer perguntas e isso me surpreendeu um pouco.
Juíza: A palavra está com a defesa seguido do depoimento do réu.