O primeiro amor

By tagtraume

18.7K 1.8K 1.1K

Emily Dickinson acredita piamente em três coisas: a santidade das árvores (especialmente seu amado carvalho)... More

1. emily dickinson não sabe o que é espaço pessoal (sue pov)
2. não adiantava fugir, emily era inevitável (sue pov)
1. sue gilbert é minha alma gêmea (emily pov)
2. shakespeare agora é minha segunda pessoa favorita (emily pov)
3. chewie e han, os melhores amigos de toda a galáxia (sue pov)
4. high school musical but make it gay (emily pov)
5. um guia de como (não) sobreviver ao primeiro dia de aula (sue pov)
6. montanha-russa e bate-bate são ótimas metáforas (sue pov)
7. meus problemas são uma reação em cadeia (emily pov)
8. talvez não sentir não seja uma ideia tão má (emily pov)
10. eu e emily em: quem beija por mais tempo? (sue pov)
11. dra. gomez, você por acaso lê mentes? (emily pov)
12. eu sou várias coisa mas adivinha não é uma delas (emily pov)
13. estou apaixonada pela minha melhor amiga (sue pov)
14. ponto pra mim (sue pov)
15. eu já disse que te amo hoje? (emily pov)
16. is this the real life? is this just fantasy? (emily pov)
19. essa festa virou um enterro (sue pov)
20. o fim é o começo e o começo é o fim. (emily pov)

9. jane, empatia cai bem em você (sue pov)

745 83 64
By tagtraume


Iria completar duas semanas que eu saia com Austin, depois de ter fugido dele por quase um mês - não que ele tivesse ficado insistindo, porque eu nunca disse não, mas eu o enrolei. Emily era sempre a desculpa: primeiro foi a semana que ela ficou doente e depois seu pulso quebrado - o que não era uma desculpa esfarrapada, eu estava realmente preocupada com ela, mas depois de que ela se recuperou, eu não havia nenhuma outra escusa. Não fazia mais sentido continuar enrolando e decidi que devia dar uma chance à ele.

No fundo, eu sentia que de alguma forma aquilo era errado - o que me entregou tudo foi o fato de que fazíamos tudo escondidos. Essa foi uma das minhas condições, que ninguém soubesse que estávamos juntos. Bom, não éramos namorados nem nada do tipo, ainda nem havíamos trocado um beijo sequer, não foi por falta de tentativas porque eu sabia que Austin queria, mas beijá-lo parecia errado?

Tudo parecia muito contraditório quando eu tentava entender o que estava acontecendo, afinal eu já tinha me tornado popular sem mesmo estar num relacionamento com ele.

"Então porque eu decidi sair com ele no fim das contas?"

Durante essas duas semanas nós saímos poucas vezes e sempre íamos em lugares que não encontraríamos ninguém da escola. Eu adorava sua companhia e aquilo era algo completamente novo. Na maior parte do tempo conversávamos sobre diversas coisas e eu descobri que tínhamos muitos gostos em comum, como a música. Ele tocava violão e guitarra e estava aprendendo baixo ao contrário de Emily - que, toda vez que marcávamos uma aula de piano, achava alguma coisa mais interessante pra fazer. Em uma das vezes que saímos, ele até trouxe seu violão e ficamos cantando a tarde inteira. 

Depois disso, se tornou algo comum ele e o violão serem minha companhia durante nossas tardes. Hoje, por exemplo, até atraímos um pequeno público, que gostou bastante do que ouviu, e recebemos alguns aplausos. Fiquei completamente envergonhada, mas Austin não, ele adorava a atenção. Afinal, ele já estava acostumado com aquilo.

Os Dickinson cresceram sempre sendo o centro das atenções, lidar com pessoas era algo natural para todos eles. Eu não imaginava como deveria ter sido crescer numa família como a deles e mesmo assim todos estavam lá, perfeitamente bem.

"Talvez não tão perfeitamente", pensei em Emily.

Eu sentia sua falta. Nas últimas semanas, por mais que passemos a maior parte do tempo juntas, eu nunca me senti tão distante dela. Não sabia se era a minha culpa, o que muitas vezes fazia com que eu mal conseguisse a encarar ou se era o fato de que ela se fechou em sua bolha e nem mesmo eu conseguia a alcançar lá dentro.

Olhei para Austin que tocava alguns acordes em seu violão completamente distraído. Ele era bem parecido com ela às vezes. Nessas duas semanas, eu percebi como os dois tinham costumes parecidos. Por exemplo: enquanto tocava, Austin sussurrava algumas palavras - ele provavelmente devia estar compondo uma nova música, Emily fazia o mesmo quando escrevia um poema.

"Será que beijar Austin seria parecido com beijar Emily?"

Eu não entendia porque a ideia de beijar Austin me atormentava tanto, afinal se a gente realmente fosse namorar isso teria que acontecer eventualmente, não é?

Tudo aquilo era muito novo pra mim, na verdade. Eu não era como a Jane que pensava em meninos desde sempre e meio que tinha feito disso sua missão de vida. Eu nunca tinha me preocupado com relacionamentos até agora. Não é como se não me sentisse atraída por ninguém, mas eu me sentia completa - como se não faltasse nada nesse parte da minha vida em questão. A verdade era que eu estava muito ocupada com minha amizade com Emily para sentir qualquer coisa por qualquer outra pessoa. Ela ocupava grande parte dos meus pensamentos, do meu tempo e praticamente todo o resto.

Pensar naquilo só me fez questionar ainda mais se eu realmente precisava me envolver com Austin. Afinal, quem eu queria enganar?

Eu podia enganar todo mundo o quanto quisesse, menos a mim mesma.

E quanto mais eu pensava naquilo mais eu tinha certeza de que por mais que eu tentasse fugir ou escapar daquilo, eu não conseguiria - não quando era tão óbvio. Eu estava morrendo por dentro, eu sentia que aos poucos eu cavava minha própria cova. Eu precisava sair enquanto ainda conseguisse.

- Austin, eu preciso ir pra casa.

- Aconteceu alguma coisa?

- Não, eu só lembrei que tenho um trabalho pra amanhã e ainda nem comecei.

- Ah, beleza, eu posso te levar.

- Acho melhor a gente não arriscar.

- Tudo bem, se você acha. - Eu podia ver que ele estava magoado e aquilo não ajudava em nada, então sai apressadamente dali.

...

Estava quase chegando em casa, quando percebi que estava próxima ao Carvalho. Seria legal passar um tempo lá, já fazia um tempo que eu não o via, mas aquilo só me lembrou que eu precisava conversar o quanto antes com Emily

Aproveitei para enviar uma mensagem para ela:

"Em, vc tá ocupada agora? Consegue ir na casa da árvore?"

Eu cheguei em casa e ela ainda não tinha me respondido. Decidi mandar mais uma mensagem:

"Preciso MUITO falar com você, ME RESPONDE!!"

Ia tomar um banho rápido e, se ela não tivesse me respondido ainda, eu ia até a casa dela.

Eu ensaiava tudo que ia dizer para ela enquanto a água caia pelo meu corpo, mas nada parecia ser bom, não o suficiente.

Escutei meu celular apitar e saí correndo do banheiro. Era Austin.

Eu não li sua mensagem, abri a conversa com Emily e vi que ela estava online, mas ela não tinha visualizado nenhuma das mensagens que eu mandei.

"Emily?"

Austin me mandou mais uma mensagem e dessa vez eu abri sua conversa.

"Sue, precisamos conversar.

Você viu o vídeo?"

"Que vídeo?"

"Alguém gravou um vídeo da gente hoje, no parque"

"Aonde você viu?"

"Sue, está em todo lugar"

De repente, o silêncio de Emily começou a fazer sentido.

Eu tentei ligar mas ela não me atendia e ela continuou sem responder minhas mensagens. Senti meu estômago revirar. Os minutos seguintes foram um borrão e quando me dei conta, estava batendo na porta dos Dickinson.

- Sue? Está tudo bem, querida? Você não está com uma cara tão boa. Quer se sentar um pouco?

- Olá, Sra. Dickinson. Na verdade eu preciso falar com Emily. Posso subir?

- Claro, qualquer coisa estou aqui embaixo.

- Obrigada.

Eu subi correndo, passei pelos quartos de Austin e Vinnie, que tinha sua porta aberta.

- Sue? - Vinnie perguntou de dentro do seu quarto, mas eu continuei andando até o de Emily.

Bati na porta e sem respostas. Tentei entrar mas estava trancado.

- Emily, por favor, abre pra mim.

Mas minha resposta foi silêncio e eu começava a me desesperar.

- Sue, ela está trancada aí a tarde inteira.

- Eu preciso falar com ela, Vinnie. - Continuei batendo na porta.

- Ela viu o vídeo - Eu me virei para ela - Eu estava com ela.

- Eu não queria que ela tivesse descoberto assim.

- Acho que agora isso não importa muito, não é? Porque vocês esconderam no final das contas?

- Eu não sei...

Me virei mais uma vez para a porta, eu queria com todas minhas forças que ela abrisse aquela porta agora. Mas isso não aconteceu. Eu ficaria ali plantada até ela abrir, se não fosse pelo próximo comentário de Vinnie:

- De qualquer maneira, estou muito feliz por vocês. Não sei ao certo se Austin merecia alguém tão incrível quanto você, mas vocês fazem um casal fofo.

Eu queria vomitar, chorar. Dizer que não éramos um casal, ao menos. Mas tudo que respondi foi:

- Ah, obrigada. Acho que eu já vou, Vinnie. Até mais.

Não esperei por sua resposta e desci as escadas correndo.

...

Meu celular não parava de apitar com tantas mensagens e notificações. Mas nenhuma era de Emily. Tudo que eu mandava pra ela passou a ter só um visto - ou ela tinha me bloqueado ou ela tinha desligado o celular, e eu preferia acreditar na segunda opção.

Acabei desistindo de tentar falar com ela e encarava nossa conversa há pelo menos dez minutos. As últimas mensagens eram todas minhas e não poderia soar mais patético:

"Emily, por favor, me responde. Não é o que você está pensando, eu preciso te explicar."

Era exatamente o que ela estava pensando: eu era uma farsa.

Subi mais um pouco nossa conversa só para encontrar algumas selfies que tínhamos trocado anteontem. Nós estávamos uma em frente a outra no refeitório e mesmo assim ficamos conversando silenciosamente o intervalo inteiro através das fotos.

"Eu estraguei tudo".

Jane não parava de me mandar mensagem. Que ótimo, eu tinha me esquecido completamente dela. Só então me dei conta que estava machucando muito mais gente do que só Emily, aquela história envolvia Austin e até mesmo Jane, que era apaixonada por Austin muito antes de eu a conhecer.

"O que eu faço agora?"

Eu podia mentir e dizer que estava apaixonada por ele, mas no que isso adiantaria? Eu estava cansada de mentir. Então eu pedi que ela viesse na minha casa para que a gente pudesse conversar.

Tudo que ela respondeu foi: "Chego em 10 minutos"

Em sete, ela já estava sentada ao meu lado na minha cama. Assim que chegou eu pude notar o quão brava estava comigo, mas mesmo assim ela foi paciente o suficiente para me escutar primeiro antes de me bater. Lá estava eu tentando ao máximo organizar tudo que eu precisava e queria dizer.

"Foda-se, eu só vou falar tudo de uma vez."

E assim o fiz. Ela ouviu tudo em silêncio. Falei sobre tudo que sentia e como aquilo estava praticamente me deixando louca. Foi completamente aterrorizante finalmente falar em voz alta tudo que sentia.

Se alguém tocasse em mim naquele momento, eu provavelmente desmoronaria - todos os músculos do meu corpo estavam rígidos de tanta tensão. Depois que eu terminei, Jane continuou em silêncio e aquilo começava a me incomodar. Eu entendia que praticamente tinha despejado tudo no seu prato e que ele estava transbordando de tanta informação, mas eu esperava alguma reação ao menos.

- Você só vai ficar quieta?

- O que você quer que eu fale?

- Sei lá, qualquer coisa, berra comigo se quiser, mas fala alguma coisa.

- Sei lá, desde que você me chamou de egocêntrica, eu tenho tentado mudar meu comportamento. Devo confessar que ser empática é meio estranho.

- Você é estranha.

- Cala a boca.

- E então? Você está brava comigo?

- Eu vim aqui completamente enfurecida com você e estava pronta para sair no tapa se fosse preciso - Soltei uma risada fraca, pelo menos ela estava sendo sincera - Mas não, eu não estou brava com você. Eu não tinha a menor ideia de tudo isso, porque você não me contou antes?

- Porque eu não sei como lidar com tudo isso.

- Mas eu poderia ter te ajudado a entender melhor.

- Até umas duas horas atrás, você ainda era a Jane egocêntrica pra mim.

- Eu não acredito que vou dizer isso, mas eu me importo mais com você do que qualquer coisa que eu possa vir a ter ou não com Austin; afinal, ele claramente gosta de você e eu não posso te culpar por isso.

Dizer que eu chorei era puro eufemismo - assim que as lágrimas começaram a descer, eu nem tentei segurar pois já havia segurado demais. Jane me abraçou e ficou comigo durante todo o desabafo emocional. Os soluços vieram e foram embora graças a toda sua paciência e carinho. Eu, sinceramente, não acho que teria me recuperado tão rapidamente se não fosse por ela.

- Se sente um pouco melhor?

- Eu certamente não esperava essa reação vinda de você. Não me leve a mal, você é minha amiga, mas quando eu recebi suas mensagens eu estava pronta para receber um tapa por tudo que eu fiz.

- Se você quer tanto, eu posso dar um.

- Obrigada, mas vamos guardar ele para um outro momento. - Ela só acenou em resposta e eu continuei - De qualquer forma, você me surpreendeu completamente. Eu sabia que existiam várias camadas escondidas dentro de você, mas não esperava que você fosse tão... compreensiva? Empatia caiu muito bem em você.

- Gilbert, você está tentando me agradecer? Porque não está funcionando muito bem.

- Jane, obrigada por estar aqui e por ser uma amiga incrível, melhor?

- Muito melhor.

Aquilo tudo estava me deixando bem emocionada: lidar com Jane uma sensível e compreensiva era algo novo para mim. Era mais fácil quando só provocávamos uma à outra, mas por mais estranho que fosse eu gostava do vínculo que tínhamos criado.

- Então, você gosta da Emily?

- De que jeito?

- Você sabe muito bem de qual jeito eu estou falando. - Eu engoli em seco.

- Sinceramente? É complicado... ela é minha melhor amiga e pra mim nossa conexão era algo normal entre... amigas? - Ela me olhou com deboche, mas não insistiu no assunto, o que eu agradeci mentalmente.

- E você gosta do Austin?

- Eu gosto de estar com ele.

- Você rouba o meu homem e nem gosta dele?

- A gente pode ir com calma?

- Eu acho que levando em consideração tudo que aconteceu até agora eu estou bem calma.

"É, não tinha como argumentar contra isso"

- Jane, eu nunca beijei um menino antes.

- O que? Como assim? Você é bv?

Ok, nós estávamos íntimas e tudo mais, mas isso não quer dizer que eu precisava compartilhar tudo com ela, não é? Afinal, o beijo com Emily era algo só nosso.

- Sim...

- Eu não acredito que vou dizer isso, mas.... você tem que beijar o Austin.

- O que?

- Bom, se você está namorando com ele não tem como beijar outro menino, né?

- A gente não está namo..... - Mas antes que eu termine a frase, ela me interrompe.

- Me ajude a te ajudar...

- Tá.

- E você precisa falar com a Emily.

- Era o que queria, mas isso vai ser praticamente impossível. Ela não me respondeu nenhuma vez e acho que desligou o celular. Eu até tentei ir na casa dela, mas ela se trancou no quarto.

- Eu acho que já sei como resolver isso.

Continue Reading

You'll Also Like

2.7K 170 13
Será mesmo que duas mulheres podem controlar os sentimentos puros, altruístas que as cercam e assim perceber o poder do amor verdadeiro? Poderão sair...
111K 9.3K 45
Noiva há 3 anos e pressionada pela família para se casar, Lexa começa a se questionar sobre seu relacionamento, porém, o que ela menos esperava era s...
25.3K 1.9K 51
-"EU DEVERIA ESTA MORTA" - "EU PREFIRO VOCÊ VIVA " - " NUNCA AMAREI VOCE " - "EU SEI" Josie G!p
270K 16.1K 110
.. vem descrever essa história comigo. (Autora nota) Uma coisa mas não menos importante Essa história não haverá muito hot, eu quero ficar mais no f...