ARTHUR
Eu me senti como um menino de doze anos novamente. Em dois dias, eu iria jogar na porra da Copa das Confederações. Haveria uma arena cheia de mulheres que usam o meu nome nas costas, e aqui estava eu me masturbando no chuveiro.
Dizer que eu estava frustrado era pouco.
Quando disse a Carla na semana passada que a bola estava no seu lado, eu não estava pensando em quantas vezes iria vê-la. A semana do evento foi um frenesi da mídia, e vi seu lindo rosto todos os dias.
Após o nosso entendimento no vestiário, algo mudou e os sentimentos tristes e a raiva entre nós se foram. Até estávamos amigáveis, o que tornava extremamente difícil manter minhas mãos longe dela.
Na noite passada, ela esteve no campo de treino para entrevistar o treinador. Eu esperei como um maldito filhotinho só para levá-la até seu carro depois que terminou. Quando chegamos ao carro, ela estava com as costas contra a porta, e eu sabia que, se a tivesse inclinado e reivindicado sua boca, ela não teria contestado.
Eu estava mais certo do que nunca de que ela me queria, o que eu precisava agora era que ela estivesse certa de que eu era o que ela queria. Carla precisava deixar o passado para trás e tomar a decisão de ficar comigo.
Então abordei intencionalmente um assunto que eu queria, sobre como João havia me entregado uma caixa com as últimas coisas da Marlene no Dia das Entrevistas. E casualmente mencionei que eu tinha enviado o crucifixo de Marlene para Ana, que agora vivia no interior do estado. Ela havia dito que acreditava que nada tinha acontecido entre mim e Ana, mas eu precisava que ela soubesse que Ana não seria mais parte da nossa vida futura.
Naquela noite no hotel, após o funeral, Ana e eu tivemos uma longa conversa. Ela admitiu que tinha ido à minha suíte esperando que nós ficássemos juntos. Apesar de eu odiar ter machucado a Carla, a conversa entre nós dois precisava acontecer. Eu precisava dizer adeus a ela de uma vez por todas, e ela precisava me ouvir dizendo-lhe para seguir em frente.
Foi uma longa jornada para nós dois. Quando lhe desejei boa sorte, não havia mais nenhuma conexão nos mantendo juntos. E eu estava bem com isso. Seja qual fosse a fresta da porta que eu tinha deixado aberta para Ana, foi finalmente fechada de uma vez por todas.
Me ofereci para levar Carla para o estádio hoje para a conferência de imprensa final, uma vez que ambos estaríamos participando, e fiquei extremamente chocado quando ela concordou. Ela me disse para lhe mandar mensagem quando tivesse chegado, então eu não teria que estacionar, mas uma viagem de carro até o estádio não era tempo suficiente com ela.
Então cheguei uma hora antes do combinado e toquei a campainha, fingindo que ela tinha misturado os horários.
Carla: Desculpe. Eu pensei que você tinha dito onze. — Eu tinha.
Arthur: Não. Dez.
Quando abriu a porta, era óbvio que ela tinha acabado de sair do chuveiro. Seu cabelo estava molhado, e ela vestia uma calça de agasalho do Flamengo e um top rosa sem sutiã.
Arthur: Bonito agasalho. — Bonitos seios. Aqueles benditos peitos estavam me saudando. Ela se afastou para eu entrar.
Carla: Não estou pronta, mas sou rápida. Terminarei logo. — Levantei uma sobrancelha. Ainda bem que eu tinha me masturbado há uma hora. Ela riu. — Tão pervertido. — Ela acenou em direção à sala de estar. — Fique à vontade.
Assisti o balanço do seu quadril até que ela estava fora de vista, e, em seguida, me senti em casa. O lugar todo cheirava ao perfume dela. Sentei-me no sofá com o controle remoto e liguei a TV. Todas os canais estavam falando sobre a próxima partida.
Os atletas são supersticiosos. Eu, por exemplo, não gosto de saber as probabilidades antes de um jogo, então apertei o botão de desligar e olhei em volta.
No final da mesa havia um álbum de fotos que eu nunca tinha visto antes. Sem pensar duas vezes, peguei-o e comecei a folhear. Era página após página de Carla e um cara, que eu só poderia assumir que era Marcelo.
Em metade das fotos ele usava um uniforme de futebol, e, aparentemente, Carla não tinha mudado sua aparência como muitas mulheres faziam. Ela era sexy e linda em qualquer idade. A maioria das fotos parecia ser do ensino médio, mas algumas poderiam ter sido na faculdade.
Os dois estavam abraçados na maioria das imagens. Sorrindo, rindo. Uma pontada de ciúme nasceu dentro de mim quando parei em uma deles dois se beijando. Era provavelmente de oito anos atrás, e o pobre rapaz estava morto há tantos anos. Deus, eu era um babaca.
Coloquei o álbum de volta na mesa de centro e fechei os olhos por alguns minutos para limpar minha cabeça.
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