O quarto de Feyre era enorme, depois que ela o vasculhou por inteiro em busca de qualquer sinal de perigo e depois de encontrar cada saída e cada esconderijo, parou no centro dele para contemplar onde ela dormiria durante a próxima semana.
As janelas estavam abertas, mostravam uma vista privilegiada do mundo além
delas, cortinas tinham um tom de ametista e oscilavam pela brisa suave que se esgueirava pelas janelas. A grande cama era de uma mistura de branco e marfim, com travesseiros e cobertas e mantas para vários dias. O armário e a penteadeira ocupavam uma parede, emoldurada pelas janelas sem vidro. Do outro lado do quarto, um banheiro, com uma pia de porcelana e um vaso sanitário estava atrás de uma
porta de madeira. A banheira ocupava a outra metade do quarto, ela era, na verdade, uma piscina que pendia da própria montanha. A beirada parecia desaparecer no nada, a água fluía silenciosamente pela lateral e para a noite além. Um parapeito estreito na parede adjacente estava coberto com velas.
Era aberto, arejado, aconchegante e calmo.
Aquele quarto era digno de uma imperatriz, ou, de uma parceira.
Feyre me pediu ontem a noite para que eu dormisse junto a ela, eu assenti, ela passou a noite chorando, estava apavorada com a ideia de Tamlin ter percebido que ela estava prestes a dizer não, ele viu ela exitar, toda a corte viu e ela se afundava na ansiedade em saber como ela explicaria aquilo a todos.
As tais gêmeas Nuala e Cerridwen vieram até aqui dizer que o café da manhã seria servido em trinta minutos e que Feyre deveria se banhar e se vestir, nenhuma de nós precisou perguntar para qie saber que foi Rhysand quem deu as ultimas ordens.
As gêmeas deixaram roupas a Feyre e a mim, um conjunto de calças de seda e uma blusa até a altura do umbigo.
– Pode ir na frente, eu encontrarei o caminho. -disse a Feyre
Minha irmã já estava pronta e eu ainda nem tinha entrado no banho, havia feito isso de propósito, deixar ela sozinha com Rhysand para que tentassem ter uma conversa mais civilizada que a de ontem quando os ânimos estavam a flor da pele, agora mais calmos eu esperava que tivessem uma conversa normal, como dois seres um pouco mais evoluidos que primatas.
Entrei na banheira cheia com água quente, ferdendo, o calor não machucava meu corpo apenas o relaxava, fiquei ali por cerca de dez minutos até que alguem batesse na porta e me arrancasse de meus pensamentos.
–Estou pelada, se não for Rhysand, pode entrar -digo da banheira mesmo, meus braços estavam apoiados na borda da banheira e minha cabeça pendia para trás, apoiada na pedra.
–É a Mor -a loira entra no quarto e vem até mim, seu cheiro doce tomou conta do cômodo. –Não se incomoda que eu a veja num momento tão... intimo?
– Você só está parada ai me vendo submersa até o pescoço, não vejo nada intimo demais -dou de ombros.
– Eu não senti seu cheiro quando passei em frente a onde eles estão tomando café... -ela mexe os pés inquieta. –Vim ver se queria companhia.
– Eu ja estava indo me encontrar com eles mas pode me esperar para irmos juntas.
Me levantei da banheira fazendo a água se agitar formando pequenas ondas, quando virei para Morrigan a garota estava paralisada no lugar, com as sobrancelhas erguidas.
– Pode pegar a toalha pra mim? -aponto para a cama onde a ela estava dobrada.
– Uhum. -ela responde mas não sai do lugar enquanto olhava em minha direção sem ao menos piscar.
– Morrigan? -passo a mão em frente ao seu rosto e ela pisca repetidas vezes como se saisse de um transe. – A toalha.
A garota murmura algo como "ah, sim, claro, é claro, vou pegar" e pega a toalha me entregando de forma esquisita.
– Eu vou esperar você se vestir, la fora. -Morrigan diz saindo do quarto num pulo.
"Eu hein, essa gente é esquisita" digo para mim mesma.
Me vesti o mais rapido possível ja que não queria deixar Morrigan plantada a minha porta e também ja estava morrendo de fome, lembrei que não tinha comido ontem por causa da correria do casamento e depois que cheguei aqui estava ocupada demais socando Rhysand ou cuidando de Feyre.
O conjunto que eu vestia era preto, diferente do de Feyre que era cor de pêssego, a calça era justa e delineava minha cintura, pernas e a parte de trás de meu corpo, a blusa tinha um decote reto na frente e as mangas eram justas nos braços, nenhuma parte da roupa era justa o suficiente para ser desconfortavel ou impossibilitar meus movimentos e isso era importante, até aqui.
Morrigan falava um monte de coisas imendadas uma na outra para desviar minha atenção do fato de ela ter ficado paralizada quando levantei da água enquanto me guiava até o lugar onde o café da manhã acontecia.
– Olá, olá – cantarolou Morrigan entrando na sala, seus lábios se abrindo em sorriso deslumbrante enquanto os olhos se fixavam em Feyre.
– Bom dia -digo simples entrando pela local
Feyre me lança um olhar raivoso como se me amaldiçosse por ter demorado tanto, pelo visto faze-los conversar como seres levemente mais evoluidos que primatas seria mais dificil que pensei.
– Feyre -disse Rhysand, suavemente –conheça minha prima, Morrigan. Mor, conheça a encantadora, charmosa e mente aberta Feyre.
"Mente aberta" uma provocação, de fato, provavelmente por ela não conseguir evitar mandar coisas para ele pelo laço.
Mor caminhou até Feyre com passos firmes e determinados.
– Ouvi falar tanto de você – confessou ela e Feyre fuciu de pé, estendendo a mão com desconforto explícito.
Morrigan ignorou o gesto e a envolveu em um abraço apertado, alguns segundos depois Mor se afastou e deu um sorriso bastante malicioso a ela.
– Parece que você estava irritando Rhys de verdade – disse ela, caminhando até a cadeira entre nós. – Que bom que cheguei. Achei que gostaria de ver as bolas de Rhys pregadas na parede.
Rhysand lançou um olhar de incredulidade para ela, erguendo as sobrancelhas.
Não escondi a diversão de meu rosto deixando que um sorriso repuxasse meus lábio e o grão-senhor direcionou seu olhar de Morrigan para mim.
– Me irritar deve ser um hobbie de familia. -Rhysand diz olhando para mim e dou de ombros.
– Bem, temos que arrumar algo para nos intreter nesse lugar, olhar as montanhas pode ser bem entediante. -dou de ombros me sentando na mesa. –Passa o chá?
Estico a mão para Rhysand e o chuto por debaixo da mesa para que ele me passasse oque pedi, ele suspira como se estivesse considerando a ideia de nos jogar de volta na corte de Tamlin mas me entrega o chá.
– É... um prazer conhecer você. -Feyre diz para Mor
– Mentirosa -replicou Mor, servindo-se de chá e enchendo seu prato. — Não quer ter nada a ver conosco, não é? E o malvado do Rhys a obriga a sentar aqui.
– Você está... atrevida hoje, Mor — falou Rhys. –Todas vocês. ‐ele olha para mim.
Os olhos de Mor ser ergueram até o rosto de Rhysand com graciosidade felina.
– Perdoe-me por estar animada por ter companhia para variar.
– Você poderia cuidar dos próprios deveres - disse ele, provocativo.
– Precisava de um descanso, e você me disse para vir sempre que quisesse; então, que hora melhor que agora, quando você trouxe minhas novas amigas para finalmente me conhecer?
– Você dois não se parecem em nada- declarou Feyre.
Eu estava ocupada demais comendo para participar da conversa ou ao menos prestar atenção na mesma.
Apenas vi quando Rhysand saiu do cômodo acompanhado por Feyre.
Mor cortou um de seus muffins ao meio com um gesto firme da faca. O ângulo de seus dedos, dos pulsos, armas não eram estranhas para ela.
– Seu primo sabe? -perguntei para ela depois que Rhysand e Feyre ja estavam lomge o suficiente para que eu não ouvisse mais seus passos.
– Sabe sobre oque? -Mor franziu o cenho.
– Sobre você gostar de mulheres -disse comendo um pedaço de bolo que peguei a pouco.
Morrigan se engasgou com o muffin começando a tossir repetidamente, tive que apertar os labios para controlar a risada.
– Relaxe Morrigan, guardo seu segredo. -dou de ombros
– Não tem oque guardar, não gosto de mulheres -ela responde rápido, como se cuspisse as palavras que se forçava a dizer.
– Não a nada de errado em gostar de mulheres Morrigan mas se você diz que estou errada, quem sou eu para dizer o contrário.
– Você... você gosta? Digo, de mulheres? -ela falha em tentar não parecer tão interessada no assunto. –Você gosta de mulheres.
Simplesmente pisco para ela e sorrio voltando minha atenção para a comida outra vez.