𝑶𝒄𝒆𝒂𝒏 𝑬𝒚𝒆𝒔 (Armin Ar...

By nilynixx_

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~ A água também tem sentimentos... Basta estar disposto a afundar neles! ~ 🐝 História também disponível no S... More

Prólogo
Capítulo 01 - Na Inocência da Manhã
Capítulo 02 - Pura Química
Capítulo 03 - Agitação de 1º Dia
Capítulo 04 - Expectativas
Capítulo 05 - Submersa
Capítulo 06 - Treinar Pra Quê?
Capítulo 07 - Todos Bonitinhos
Capítulo 08 - Cartas na Mesa
Capítulo 09 - Sobre Mim, Sobre Nós
Capítulo 10 - Vestígios de Raiva
Capítulo 11 - À Porta da Morte
Capítulo 12 - Naquele Dia...
Capítulo 13 - Energia Positiva
Capítulo 14 - Dia de Praia
Capítulo 15 - Nossa História
Capítulo 16 - Causa e Consequência
Capítulo 17 - Daddy Issues
Capítulo 18 - Ignorando
Capítulo 19 - Conflitos
Capítulo 20 - Um Lugar Só Nosso
Capítulo 21 - Sozinhos
Convite
Capítulo 22 - Games&Games
Capítulo 23 - Encrenqueiro Profissional
Capítulo 24 - Ouça com Atenção
Capítulo 25 - Eu Decido
Capítulo 26 - De Que Lado Você Está?
Capítulo 27 - Depois do Tombo
Capítulo 28 - Conte Comigo
Capítulo 29 - Dúvida e Esperança
Capítulo 30 - A Ladra
Capítulo 31 - Providências
Capítulo 32 - Todos Por Um
Capítulo 33 - Boa Sorte
Capítulo 34 - Trincheiras e Caravelas
Capítulo 35 - Siga o Plano // pt. 01
Capítulo 36 - Siga o Plano // pt. 02
Capítulo 37 - Siga o Plano // pt. 03
Capítulo 38 - Frio e Calculista
Capítulo 39 - Ajuda Divina
Capítulo 40 - Impiedosa
Capítulo 41 - Zero por Cento
Capítulo 43 - Dura Realidade
Epílogo
Agradecimentos

Capítulo 42 - Fôlego

277 47 149
By nilynixx_

Notas:

Antepenúltimo capítulo da fic, abelhinhas...

Eu nem acredito que consegui chegar até aqui kkkkkkk isso está parecendo um sonho, sério! Os próximos capítulos serão em curtinhos, então vou postá-los um atrás do outro (sim, já estão prontos hehhehe)

Enfim... Desculpem pelo trauma do capítulo anterior, mas não me abandonem... SÉRIO KKKKKKKKK

Espero que gostem :')
Boa leitura ❤

✯(✿)✯(✿)✯

So drink from me, drink from me
When I was so thirsty
We're on a symphony
Now I just can't get enough
Put your wings on me, wings on me
When I was so heavy
We're on a symphony
When I'm lower, lower, lower, low

~ Coldplay - Hymn For The Weekend (ft. Beyoncé) ~

Ela me abraçava com carinho. Dava-me beijos calorosos pela bochecha, pela testa, nos meus olhos, molhando seus lábios macios com as minhas lágrimas salgadas.

- Não há mais porquê chorar, está bem, querida? - sua voz era como a de um anjo em meus ouvidos. Perguntava-me como havia me esquecido dela com tanta facilidade...

- Estou cansada, mãe... - resmunguei em seu ombro, sentindo ela me abraçar mais forte.

- Eu sei, minha filha... Mas ainda não acabou, sabe disso! - ela me afastou de seu ombro e olhou em meus olhos. Eu me via em seus olhos, tão semelhante a mim... - Você ainda precisa cumprir sua promessa.

Suspirei. Eu sabia disso.

- Não se preocupe. Em todos esses anos, sabe que nunca abandonei você!

Ela sorria de forma calorosa. Não consegui não sorrir também.

- Agora, S/N... - sua voz sussurrou em meu ouvido - Acorde!

Acorde, S/N, eu estou aqui!

Acorde S/N... Acorde!

Meus olhos se abriram num sobressalto, e me debati como uma louca quando notei não estar apoiada em algum lugar; quando me notei caindo... afundando!

- Mas que merda! - eu gritei, já sentindo a Água em contato com a minha boca. O arrependimento e o desespero me tocaram no mesmo instante, e esperei pela sensação terrível de afogamento...

Mas ela não veio.

Só então percebi que eu não havia dito nada. Eu apenas... pensei alto.

Literalmente.

- S/N, acalme-se! - a voz dEla soou em meus ouvidos. Notei que eu ainda prendia a respiração, mas não sentia falta de ar, como se só tivesse prendido o fôlego há uns 10 segundos.

- Mãe? - chamei por Ela - E-Era você no sonho?

Parei para pensar na sensação de minha mãe me abraçando. Senti o peito apertar por não ter sido real.

- Aquilo foi apenas um delírio da sua cabeça, filha - disse ela - Está tudo bem!

- Onde estão meus amigos? - indaguei.

- No píer. Você caiu há uns 5 minutos.

O desespero tomou conta de mim no mesmo segundo.

- Eles devem estar atrás de mim, leve-me de volta! - gritei já tentando nadar de volta para a superfície. Inutilmente: sequer saí do lugar.

- Você logo voltará - disse Ela - Escute-me: Precisa ir atrás de Armin!

Meu coração errou uma batida ao ouvir Ela sibilar o nome dele.

- Ele está em perigo? - logo perguntei.

- Não, mas estará. Pode sentir minhas águas descendo?

Só então notei: a pressão da água não estava afetando minha cabeça ou meus membros. Era possível raciocinar bem, mas também não parecíamos estar muito perto da superfície.

Minha mente não compreendeu.

- O único motivo para Armin precisar da baixa mar para devolver minha alma é que, enquanto minhas águas descem, ele usa isso para descer também.

- Bem, então ele subiria junto com elas também, não? - indaguei.

- Na teoria, sim - Ela fez uma pausa - Mas, dessa vez... O eclipse durará mais tempo que o planejado.

Meu sangue gelou. Ela não precisou continuar para eu entender.

Armin não conseguirá voltar a tempo.

- Precisa estar lá para ajudá-lo!

Meu peito começou a agir como se hiperventilasse, mas eu ainda não sentia carência de oxigênio. Milhares de pensamentos péssimos invadiram minha mente naquele segundo.

Meu primeiro reflexo teria sido perguntar o que fazer. Mas eu sabia a resposta. Então, apenas disse:

- Leve-me de volta ao píer.

Um ar de hesitação. E então, sem dizer nada, eu fui empurrada para cima, o ar invadindo meus sentidos repentinamente.

Não demorei a notar que o céu estava escuro, metade do sol já era coberto pela lua.

A Água me jogou sem dó sobre o píer, e eu tossi algumas vezes enquanto ouvia meu nome sendo chamado.

- S/N! Gente, é a S/N, ela está aqui! - reconheci a voz de Sasha.

Apoiei meu corpo em meus braços doloridos e ergui o rosto. Fora d'água, minha cabeça parecia pesar mais.

Olhei para ela e automaticamente sorri ai me levantar. Mas meu sorriso sumiu de meu rosto no mesmo instante quando a morena estapeou minha cara com toda a força encontrada em sua mão.

- Ai! - gritei, já pondo a mão sobre a bochecha ardida.

- Sua louca, está querendo nos matar! Juramos que havia morrido, mergulhamos umas quatro vezes atrás de você! - ela logo gritou, e continuou gritando quando avançou com um abraço em cima de mim, seu choro se embolando com as suas palavras - Nunca mais faça isso, por favor...

Deixei escapar um suspiro e devolvi seu abraço, logo notando os meninos correndo em nossa direção.

- Eu deveria te matar agora, sua louca! - gritou Jean.

- O que estava fazendo lá embaixo? - indagou Connie.

Suspirei novamente, desfazendo o abraço com a Braus.

- Eu preciso ir atrás de Armin - falei de uma vez, já odiando os olhares dos demais em cima de mim - Ele não vai sobreviver sozinho.

- Mas, S/N, o eclipse já está na metade - Eren apontou o sol semi coberto com o queixo - Não chegará a tempo.

Mordi o lábio. Era verdade. Mas então, lembrei-me de como havíamos chegado até ali, e tive uma ideia.

- Peço a Ela que me leve - respondi no ato - Não quero que venham comigo. Apenas não me impeçam, porque eu vou!

Os quatro se entreolharam, preocupados, mas pareciam esgotados de tentar me impedir.

- Eu cansei de brigar por isso... - disse Jean, farto, dando-me as costas - Se quer ir até à morte, que assim seja.

Meu coração se partiu com a verdade que gritava em minha cabeça: Jean não se despediria.

Deixei escapar um suspiro antes de Sasha me abraçar novamente.

- Por favor, tome cuidado - suas palavras me soaram vazias ao pé do ouvido. Como se soubesse que não importava o cuidado que eu tomasse: eu ia morrer.

Apesar disso, apenar prometi tomar. Eren me abraçou também, e eu soube que ele encarava o horizonte com um olhar perdido. Despedi-me de Connie e então observei Jean no fundo do píer. Eu sabia que o melhor seria não falar com ele. Então, com um suspiro, sorri para os três e saltei do píer, sendo engolida pelo mar em seguida.

- Está pronta? - logo ouvi sua voz.

Prender o ar não parecia tão difícil. Olhei para cima, para o desenho minguante formado pela luz do sol encoberto, e acenei com a cabeça.

- Leve-me até ele!

✯(✿)✯(✿)✯

A temperatura da água já não era mais algo relevante em meu corpo se comparado ao medo que eu senti quando vi a cena.

O mar aberto era lindo. Havia todos os tipos de criaturas marinhas vivendo suas fúteis vidas ao redor. Pedras e corais, lindos e mortais, enfeitando a areia empapada. E a profundidade do oceano escurecia mais a cada metro que eu avançava meu olhar para a frente.

Até que notei alguém nadando lá no fundo.

E me desesperei ao reconhecer os cabelos loiros.

Tentei nadar como uma louca, mas a Água me agarrou e me levou de volta à superfície pela primeira vez nos últimos 7 minutos que levamos para chegar até ali. Engoli uma lufada de ar que pareceu aliviar algo dentro de mim, mas, estranhamente, eu ainda não sentia carência de ar.

- Que merda está fazendo? - gritei em voz alta, aproveitando-me do oxigênio - Ele está ali, deixe-me salvá-lo!

- Com calma, criança! - Ela pareceu me repreender - Tome fôlego antes de voltar. Os próximos minutos serão longos. Minhas águas estão descendo.

Respirei fundo algumas vezes. Não sabia onde estávamos; em quais coordenadas ou se estávamos perto ou longe da costa. Não ouvia sons de batalha, então ou a guerra explodia muito longe, ou havia acabado e todos estavam mortos...

Eu preferia que fosse a primeira opção.

- Tomei fôlego, posso ir agora? - indaguei impaciente.

Senti algo como um suspiro vir dEla.

- Cuidado, minha filha. Minhas águas descem e te guiam nessa jornada.

Cortei o papo furado e inspirei fundo. Apenas mergulhei.

Meu corpo parecia afundar rapidamente, mas eu não punha muita força em meus membros. Era a baixa mar. A Água involuntariamente me carregava oceano a fundo.

Eu só me preocupava com a profundidade.

Alguns segundos após mergulhar, estranhei por não estar sentindo falta de ar. Com a pressão, eu já deveria ter me afogado.

Como se lesse meus pensamentos, Ela soou em minha mente.

- Não se preocupe. Como Armin, seu corpo pode funcionar por mais tempo com uma única inspiração. Você tem tempo, querida!

Sorri um tanto quanto aliviada com essa informação. Bem que poderia ter feito isso antes, não é, Água?

Uns dois ou três minutos de nado depois, eu já não enxergava quase nada à minha frente. Estranhamente, também não encontrara o fundo do mar. E eu já devia estar a uns 25 metros de profundidade.

A pressão da água sobre minha cabeça, apesar da não carência de ar, estava deixando minha mente um tanto quanto leve, mas nada de avistar Armin.

- Certeza de que ele está aqui? - indaguei em meus pensamentos de forma audível a Ela - Eu sequer o sinto!

- Ele está. Tentarei te levar mais fundo...

Meu coração acelerou de receio, e logo senti suas águas descerem ao meu redor, carregando-me para mais fundo. Tudo começou a ficar escuro demais, e minha preocupação aumentou no momento em que notei que ainda não estávamos próximos do chão.

Armin, onde você foi para devolver esse colar?

Tentei seguir meu caminho sem pensar demais nisso, mas não fui capaz. Meus batimentos cardíacos aumentavam cada vez mais pelo desespero e meus membros ainda doíam pelos cenários anteriores. Admiti para mim mesma que só estava conseguindo nadar porque metade do trabalho de me afundar estava sendo realizado por Ela.

Até que um barulho irrompeu meus ouvidos.

Um barulho... no fundo do mar??

Não tive tempo de pensar antes de meu corpo ser acertado por uma onda invisível de força, que me balançou para os lados, chacoalhando meu corpo como se eu fosse um brinquedo de criança.

O eclipse... Deve ser esse o efeito dele...

- Mãe... - gemi em minha mente, tentando me focar. Os impulsos faziam meu corpo arder de dor - O que... está havendo?

Silêncio. Não houve resposta.

O mar continuou descendo. E a Água não me respondia mais.

O medo tomou conta de mim, mas tentei continuar meu caminho. Porém, fui impedida no momento em que vi um brilho.

Um lampejo, um cintilar solitário de luz e calos, se movia na profundidade obscura do oceano. Um trilhar vagaroso em direção à superfície. Em direção a mim.

Meus olhos brilharam reluzindo à luz.

Armin!

Força e energia surgiram em mim repentinamente quando o notei, brilhando tão longe, mas tão perto...

Para estar voltando, acho que ele já devolveu a concha!

Tentei dizer isso à Água. Pedir que ela confirmasse, que estivesse tudo bem. Mas Ela não respondeu. Não disse nada, sua voz sumira de minha cabeça.

E, antes que eu pudesse perceber, o oxigênio também abandonou meu corpo.

A falta de ar me atingiu como uma bomba imprevisível, junto com a pressão da água sobre mim. O desespero tomou meu corpo no mesmo momento, e o aumento dos meus batimentos cardíacos não cumpria a função de me ajudar. Meus membros pesaram, minha mente ficou embaçada...

Olhei para cima instintivamente. O ar... a superfície, estava tudo tão longe...

Olhei novamente para o pequeno lampejo mais ao fundo. Armin subia lentamente, mas eu já podia notar seus cabelos loiros.

E então minha ficha caiu.

A maldição foi quebrada no momento em que Armin devolveu o colar. Se ela foi quebrada, nós não possuímos mais nenhuma ligação com a Água. Consequentemente...

Não temos mais fôlego.

Ela sabia disso. Ela sabia! Ela não queria que eu viesse salvar Armin, Ela sabe que não sou capaz de salvar nem a mim mesma.

Ela sabe que nós dois iríamos morrer. E é isso o que Ela quer.

Ela quer nos devorar como punição por 13 anos sem alma.

A raiva e o ódio imediatamente tomaram meu corpo. Eu não tinha tempo. Precisava voltar à superfície antes que meu fôlego acabasse. Mas Armin...

Olhei novamente para ele. Ele não parou de nadar. Ele também deveria estar sem ar, morrendo por oxigênio em seu sangue e em seus pulmões novamente.

Como se marejassem, meus olhos arderam, mas não pelo sal. Pelo medo.

E então, antes que pudesse refletir por um segundo a mais sobre minha decisão, eu nadei mais fundo em direção a Armin.

Meus membros empurravam a Água com dificuldade, e mal notei quando suas águas começaram a subir novamente. O eclipse estava passando. Íamos mesmo morrer, mas eu não abandonaria Armin.

Se fosse para morrermos, morreríamos juntos.

Meu peito estava gritando por ar, mas ignorei a sensação. Meu limite deveria chegar em cerca de 30 segundos, e isso era o suficiente.

Foi o suficiente para ele me ver.

E no momento em que meus olhos encontraram os seus, uma energia percorreu pelo meu corpo. Como se eu gritasse que era capaz de passar por aquilo sem dificuldade, sem dor e sem medo.

Seus olhos... tão azuis, tão vivos...

Armin parecia vivo. Mesmo quase morrendo, mesmo que eu soubesse que dali alguns minutos íamos morrer e, se não, ele me mataria... Ele estava vivo. Ele estava livre.

Nós estávamos livres. Morrendo, mas livres!

Não pude conter um pequeno sorriso ao sentir esse alívio em meu peito. Mas este se desfez ao ouvir em minha mente o tom irado de sua voz:

- S/N, o que está fazendo aqui?

Talvez faltasse oxigênio demais em meu cérebro, mas jurei ter ouvido a voz de Armin. Como ouvia a voz dEla também.

Ignorei a sensação de que aquela ideia era absurda. Eu já estava morrendo mesmo.

- Juntos até o fim, Armin - respondi.

Poucos movimentos a mais e o loiro conseguiu chegar até mim. Nos olhamos por um momento. Eu sabia que, apesar do ódio por eu estar ali, ele estava feliz por tal companhia.

Sentindo novamente o peito doer, aproximei-me lentamente dele e depositei um selinho em seus lábios. Era bizarro não sentir a temperatura dele, mas não paramos para pensar mais.

Outra turbulência na água.

Voltamos a nadar.

Demorei mais alguns segundos para sentir mais medo. A ideia da morte não parecia tão assustadora quando eu ainda tinha tempo de vida. A pequena lanterna que Armin carregava iluminava pouco, mas o retorno do Sol fazia parte do trabalho. Devíamos estar a bons metros de profundidade, não tenho nenhuma noção do quanto, mas a pressão da água já não me deixava mais pensar.

Armin, notando que eu não conseguia mais nadar com a mesma eficiência, começou a impulsionar meu corpo para cima conforme nadava, agarrando-me pelo meu pulso. Não neguei a ajuda: apenas tentei me salvar para que, naquele momento, Armin também pudesse se salvar.

O temporizador imaginário em minha cabeça contava com mais alguns segundos de fôlego antes que eu começasse a me desesperar de verdade. A brecha da Água me dera uma boa vantagem, e era possível sentir em meu corpo o elevar-se, onda por onda, de suas águas. Só mais poucos metros... Só mais poucos metros...

Senti meu corpo dar algumas pescadas. Como se minha consciência tombasse a fim de dormir. Meu peito estava doendo, eu estava tão fraca... Armin, ao meu lado, resistia mais que eu, ainda me sustentando. Na minha cabeça, colocava uma meta de mais 10 metros. Mais 10 metros e estaríamos bem.

Forcei meu corpo ao máximo. Movi um pouco mais os braços. Ignorei o fato de que o temporizador imaginário da minha cabeça possuía um tempo vencido, como se eu não tivesse disparado o timer. Talvez meu subconsciente, burro como apenas ele, houvesse tomado isso como uma possibilidade de resistência...

Mas isso acabaria me matando.

- Armin... - minha mente gemeu para ele a fim de que eu fosse ouvida - Não vou conseguir...

- Vai sim! - havia ódio em sua mente - Estamos perto, aguente firme!

- Deixe-me aqui, Armin! - senti um ar de que eu estava implorando por isso - Quero que viva!

- Não viverei sem você - foram suas palavras finais para mim, agarrando meu pulso com mais força como se eu pudesse me livrar a qualquer momento caso ele não fizesse isso.

Não sei dizer em que momento a luz do sol realmente invadiu meus sentidos. Eu estava apagando. Estranhamente, não inspirei água até o fim. Porém, quando Armin me puxou para fora d'água, instintivamente respirei.

Respirei.

E respirei.

Abri os olhos.

Tossi e afundei mais algumas vezes a cabeça na água antes de Armin agarrar meu corpo e me manter onde eu pudesse respirar, ainda que ele precisasse daquilo mais que eu.

Minha visão desembaçou.

Eu estava viva.

✯(✿)✯(✿)✯

Perdi a conta de quanto tempo passamos ali. O sol se punha atrás de nós, alaranjando o horizonte que servia de palco aos pássaros. Olhei ao redor e não havia nada. Nem guerra. Nem ilhas. Nem costa. Nada. Estávamos literalmente no meio do nada. No mar aberto, em perigo total.

Mas estávamos vivos.

Todo e qualquer pensamento de medo que eu tinha sempre era encoberto e esquecido pela sensação de estarmos vivos. Por estarmos vivos. E vivos. E vivos...

Ficamos abraçados ali, recuperando o fôlego como malucos. Nada nos atrapalhou. Exceto por alguns dos meus ataques de vômito em que eu cuspia jatos descontrolados de água.

Senti o calor na pele de Armin. Observei seu rosto por algum tempo. Suas cores... Suas bochechas rosadas, seus cabelos molhados, mas sedosos...

Seus olhos...

O azul estava diferente. Mesmo quando eu podia ver o azul antes, não brilhava tanto quanto estava brilhando agora. Era como se a tonalidade deles fosse ocasionada por LEDs azuis ligados dentro de seus globos oculares. Tão lindos, tão perfeitos...

Perdi a conta, também, de quantas vezes nos olhamos e sorrimos um para o outro. Seu sorriso era tão lindo. Parecia não conter qualquer peso ou remorso, como se agora ele realmente pudesse sorrir à vontade e de verdade.

Apesar de tudo, Armin estava feliz, e eu estava feliz por ele também.

Demorei um bom tempo com ele antes de me preocupar de verdade com o que deveríamos nos preocupar.

- Armin, como saímos daqui? - perguntei sem me desfazer do abraço, minha cabeça apoiada no ombro de Armin enquanto eu acariciava seus fios úmidos.

Armin suspirou enquanto também acariciava meus cabelos antes de responder.

- Com a ajuda dEla, como mais? - perguntou retórico, e eu franzi o cenho. Voltei o olar para ele novamente.

- Mas... Ela não fala mais conosco.

- Eu sei - apesar do medo, Armin sorria - Mas não quer dizer que não nos ame...

Então, o loiro direcionou o olhar para o mar que nos rodeava, fechando os olhos numa expressão leve e calma, como se sentisse algo que eu não podia sentir.

- Sinta Ela novamente, meu amor... - suas palavras soaram baixo, mas gentis.

Eu não queria senti-La novamente. Algo dentro de mim ainda gritava dizendo que Ela tentara nos matar com aquela conversinha furada...

Porém, não precisei pensar muito. Como se o vento nos guiasse, Armin e eu começamos a nos mover na água, nossos corpos velejando como caravelas. No susto, agarrei os ombros de Armin, que riu de leve pela minha reação. Nada mais estava fazendo sentido, mas eu não estava disposta a procurar sentido em qualquer uma das coisas que estavam acontecendo ali.

O vento soprou gelado nossos rostos enquanto eu observava os arredores. Apenas mar, mar e um pouco de água nesse mar. Era tão sufocante estar nEla, recebendo a ajuda dEla, depois de tudo...

O sol já havia se posto quando notamos um clarão surgir no horizonte. Não demorei para notar que estávamos indo direto para o mesmo píer em que eu e meus amigos fomos parar anteriormente. Só então parei para observar a vegetação ao redor, e estranhei o fato de aquele píer ser apenas um píer montado no meio do nada, repentino e alheio ao redor.

Talvez Ela goste desse lugar...

Assim que nos aproximamos, Armin agarrou uma das colunas de madeira que sustentavam a construção e me puxou para eu me segurar também. Aquela parte do mar ainda não dava pé para nós, então esperei que Armin conseguisse subir até à beira para eu subir também. Óbvio, para ele me ajudar...

Deixei meus pés se firmarem na madeira quente. Minhas pernas vacilaram sobre eles, mas Armin manteve seu braço sob o meu, então consegui me equilibrar.

A brisa voltou a beijar nossos rostos naturalmente naquele momento. Um mar de leveza atingiu meu coração, como se relaxasse meu corpo nas mãos de Armin.

- Acabou... - peguei-me pensando em voz alta, e Armin inclinou a cabeça para me olhar. Ergui o olhar para ele - Acabou, Armin!

O loiro, então, exibiu novamente aquele sorriso brilhante e perfeito em seus lábios, que me proporcionou um sorriso também.

Sem dizer nada, Armin me beijou. Meus olhos arregalaram em surpresa; seus lábios abraçaram os meus cheios de vontade e calor e sentimento. Não demorei a retribuir seu beijo, logo cedendo minha língua para que se enlaçasse com a sua enquanto eu acariciava seus cabelos e sua bochecha. Armin abraçou meu corpo para mais perto de si, sustentando-me quando minhas próprias pernas não eram capazes de fazer isso.

Senti uma repentina falta de ar em meu peito e separei nossos lábios por um segundo, mas Armin parecia não querer isso. Continuamos nos beijando, fazendo pausas regulares para que continuássemos respirando também.

- Eu te amo... - sussurrei para ele entre um beijo e outro, arrancando outro de seus lindos sorrisos - Eu disse que íamos viver!

- Sei que disse... - ele concordou, inclinando-se para me dar outro beijo. Fiquei à espera de que ele correspondesse minha declaração, mas ele não o fez.

E também não me beijou.

Seu olhar se desviou de meus lábios para a vegetação atrás de mim. Sua face empalideceu, como se visse um fantasma. E não tive tempo de perguntar o que houve antes dele gritar:

- CUIDADO!

Antes que eu pudesse processar, Armin inverteu nossas posições, colocando-me de costas para o mar agora. Meu coração deu um salto quando meus ouvidos identificaram o som...

Um tiro...

Demorei a processar o que aconteceu. Meus olhos apenas encararam os de Armin, que me olhava com uma expressão desesperada. Olhei por cima de seu ombro. Ali, escondido na mata, estava ele...

Berthold...

- Mas que... - gaguejei.

- S/N... - Armin me impediu de pensar mais.

Foi quando desci o olhar para sua roupa. Uma mancha grudenta cresceu na região de seu abdômen. Meus olhos se arregalaram instantaneamente.

Sangue...

- A-Armin... - foi a única coisa que consegui dizer antes do loiro cair em meus braços.

✯(✿)✯(✿)✯

Notas:

NÃO ME MATEM KKKKKKKK

Abelhinhas, eu estou MUITO ansiosa pra postar o final pra vocês. Vou ver um horário que fique bom pra mim, não sei se posto ainda hoje ou não...

Enfim, eu espero que tenham gostado kkkkkk não esqueça de deixar a estrelinha, viu? u.u

Obrigada por ter lido :)
Até o próximo ❤

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