O tempo corre,
E se não corremos juntos
Iremos cair e deixar coisas passarem
Oh, lembre-se,
Não corra de seus problemas
Pois mais tarde, eles te pegarão
- Lady Scarlett
⁂
A cada segundo, Luka apenas apertava mais o abraço, deixando a pobre menina sem fôlego. Um som de calmaria soava, a voz das águas era presente ali, tanto como o ar fresco, a brisa do inverno batia contra seus rostos. Ao abrir seus olhos lentamente, viu que estava em um bosque, ao lado de um riacho.
Por que diabos estava ali?
A última coisa que se lembrava antes de se encontrar com LocustBug era que estava correndo, mas, não via e nem sabia para onde estava indo. Os olhos azuis de Luka estavam fixados nela, nunca tinha visto aqueles olhos, aqueles mesmos olhos, cheios de água.
— Lu-Luka? O que aconteceu? — ela perguntou sem entender a situação.
Um vento forte passou, e Marinette se encolheu de frio, estava mais frio do que o normal, ao olhar para baixo, viu que suas roupas estavam molhadas.
— Com o que você tava na cabeça, Marinette? — naquele momento pareceu irritado com alguma coisa, parecia que ela havia feito algo enquanto falava com LocustBug.
— Por que eu tô toda molhada..? — questionou confusa.
A feição de Luka continuava séria.
O que ela não sabia, era o quão preocupado o rapaz estava com ela, seus atos recentes são bem preocupantes, para qualquer um.
— Por que tentou se afogar? — aquilo a congelou.
"Como?"
"Quando?"
"Por que?"
"Eu não sei!"
Eram os pensamentos que passavam em sua mente. Algo que a deixava mais confusa ainda, mais confusa que Luka estava, o que era um recorde mundial - posso comentar.
Tudo o que estava acontecendo, tudo era intrigante e curioso. E tudo girava em torno de Marinette Dupain-cheng.
O que ela havia feito? Por acaso merecia tudo isso? É um castigo? Isso é um pecado dos pais?
Nada faz sentido no mundo em que estão vivendo, as coisas acontecem sem contexto, sem uma justificativa que realmente tinha sentido com as leis da física, mas, nada! Nada! Nada fazia sentido ali!
Por quais motivos Marinette tentaria cometer suicídio?
Talvez, tenha um ou outro... Ou, talvez, mais do que esperávamos.
Não podemos julgar quem seja o que fosse tentar esse ato perigoso e triste, e não sabemos se realmente era ela ali. Mas Luka continuava com sua feição séria, como se quisesse parecer zangado, mas na verdade, estava com medo, medo do que teria acontecido se não tivesse chegado à tempo.
Ele suspirou fundo, tentando se acalmar, deixar as frustrações de lado e focar no que é mais importante:
Ela.
Ela era sua prioridade, sempre foi.
— Você tentou se matar... Por quê?
— Eu não faço ideia! Eu...
Luka colocou seu dedo sob os lábios de Marinette, a silenciando, como aquele momento em que silenciador roubou a voz de Ladybug, e o momento se repetiu - literalmente, a diferença era que, estavam em formas civis.
— Não, eu não quero que conte mais de uma de suas mentiras, Marinette. — ele interrompeu Marinette, aproximando seus rostos. — Eu não quero, e nem posso, perder você... Eu não suportaria, se for me dizer algo, só me diga apenas a absoluta verdade.
— Luka... — ela sussurrou o seu nome.
Ambos corados.
Luka acariciou a bochecha de Marinette com seu polegar. Nisso, acabou de criar um clima romântico entre — para ela pelo menos — sua amiga. O balançar das folhas criou uma melodia harmoniosa, os grilos pareciam solar aquela canção. Ele não tinha o controle da situação, sem perceber, sua mão direita já estava segurando delicadamente o queixo dela, o guiando para si, para os seus lábios.
— Eu só quero que esse momento dure para sempre... — sussurrou durante o beijo calmo.
Os olhos de Marinette que estavam cerrados se abriram prontamente, Chat Blanc estava atrás de Luka, observando tudo com frieza e rancor.
Marinette empurrou o rapaz com brutalidade, fazendo com que tal caísse no riacho, molhando sua roupa.
— E-eu... Só... Esquece isso! — disse, já saindo do local.
Luka se recompôs e correu atrás dela.
⁂
A brisa fria colidia com sua pele que estava pálida pela friagem tomada, seu corpo estava todo arrepiado, suas pernas estavam trêmulas, suas bochechas e seu nariz eram os únicos que possuíam uma cor avermelhada. Estava andando com vestes molhadas em época de inverno pelas ruas de Paris, tinha total noção que Luka estava atrás dela, e Chat Blanc ao seu lado, controlando cada passo dela, talvez, estivesse na frente — algo bem provável. Ela sabia bem que aquele não era Chat Blanc, porém estava cega, cega pelo o passado.
Continuava a andar, até que chegou em frente à escola, sem fôlego, sentou em um banco por perto. Esfregou as mãos uma nas outras tentando produzir calor, enquanto seus lábios tremiam.
A sombra de alguém se aproximava, o som dos passos era eminetes, e Marinette soube quem era apenas pelo jeito que a pessoa respirava, tão pacífica e serena.
— Me desculpa, eu deveria saber... — a voz se desculpou.
— Eu que deveria te pedir desculpas, Luka. — o garoto se revelou, mostrando ser o citado.
O problema não era o que aconteceu em si, ela beijou o Luka, mas, o problema não estava nisso em si.
O problema era que ela havia gostado.
E se sentia culpada por isso, há duas semanas atrás, prometeu a Chat Blanc que concertaria tudo...
pelo nosso amor!
Mas, se eles se amavam...
Marinette o traiu?
Ela cerrou os seus olhos e começou a pensar naqueles acontecimentos, no quanto, Chat Blanc — o verdadeiro, estava com medo. Porém, medo do que? Era claro que aquilo não era dor física, então, o que ele presenciava em seu inferno? O gatuno branco era um HD de traumas ambulante, nisso todos concordam. Mas, qual seria a sua pior lembrança? Talvez, o dia em que causou toda aquela destruição, matando a todos — inclusive ele.
Sem perceber, Luka já estava sentado em seu lado, aguardando o momento em que ela abriria a sua boca e contaria o que tinha acontecido quando ganhou os seus poderes.
E aconteceu.
— Tá bem... — ela abriu os olhos, que estavam voltados para as gotas de chuva que começaram a pingar.
Sua voz estava falha pelo o frio que estava sentindo, e o rapaz havia percebido. Sem hesitação, colocou o seu casaco sobre os ombros da menina. Ela cruzou os braços, tentando manter o calor que a peça tinha, para si, para o seu corpo se esquentar.
— Quando... — parecia hesitante em contar, ela podia ouvir uma voz sussurrar em seu ouvido repetidamente.
"Não"
Aquilo soava com tanta influência.
E Marinette quis obedecer.
Mas, a menina sabia, sabia que já havia escondido coisas demais. Estava na hora de revelar pelo menos um pouco de seus segredos, para alguém confiável, como Luka. E determinou isso mentalmente, não importa o que acontecesse, iria contar isso pelo menos para uma pessoa, um ser. Seus olhos se semi-cerraram, trazendo o aspecto de firmeza, coragem, determinação.
— Eu tava numa floresta com a primeira Ladybug, ela me ensinou tudo, mas, quando ela terminou, um raio me puxou para... — passos profundos e firmes se aproximaram a eles.
Ao olharem para trás, viram Sabine e Tom, com fúria no olhar.
— Nós... — os dois falaram juntos, se entre-olhando. — Fizemos uma decisão.
Marinette já sabia exatamente o que eles iriam falar, cada palavra, era como se tivesse simulado essa cena milhões de vezes seguidas na mente. Sabia que a próxima frase começaria com um "você" e terminaria com um "gente". Sabia o que iria acontecer em seguida, como se, tudo isso que estivesse acontecendo, fosse história para ela. Não se sentia mal naquele momento, já havia vivenciado tantas vezes em sua mente que já havia perdido o medo. De veras, era a guardiã mais inteligente conhecida, e a melhor Ladybug que poderá existir. Mas, ainda tinha sua vida pessoal, e seus problemas também.
— Você vai voltar a morar com a gente. — Tom falou, cruzando os braços.
Você vai deixar? — a voz de Chat Blanc soou tão alta e agoniante em sua mente que a fez se exaltar.
Os seus olhos se tornaram como os de LocustBug, cheios de ira.
— Por que?! — ela gritou, fazendo todos ouvirem seu questionamento. — Vai! Me diz pai! Não confia em mim?!
Os dois a olharam pasmos, nunca viram a filha revoltada, não como estava ali. Uma grande escuridão dominou o coração de Sabine, que a olhou severamente.
— Pedimos para que tivesse juízo, e o que você fez? Cometer o ato do bullying? Achei que nunca seria capaz disso, já que um dia já foi uma vítima. — ela fez questão de destacar a última frase, trazendo a Marinette lembranças ruins sobre o seu passado misterioso.
Vá embora da minha casa! — a menina viu uma cena em que sua mãe a expulsava de casa, e ao olhar para si mesma, viu que em seu ventre crescia uma criança. Aquela lembrança foi tão intensa que parecia pertencer a ela, ou pelo menos, a outra vida que ela vivenciou.
Tá na hora de pagar pelos os seus erros — a voz da assombração soou em sua mente como um violino sem sintonia.
Marinette engoliu a seco e foi com eles.
Uma adolescente com um capuz negro e um guarda chuva escuro os observava um pouco distante dali, se aproximando mais, o rosto tomado pela a escuridão e mistério foi iluminado com um trovão. O sorriso insano de Amber era claro. O meio de comunicação roxo reluzente apareceu em seu rosto.
— Tudo conforme o plano, senhora. — ela informou.
— Ah peninha, deixe de formalidades, me chame de mãe — a voz soou na mente da mentirosa — Afinal eu sou a sua criadora.
— Certo, minha mãe.
⁂
Alya estava sentada de borboleta em seu quarto, enquanto raciocinava em um plano. A reputação de sua amiga estava arruinada por culpa de ninguém menos que Amber, e isso já estava queimando seus nervos. Seus pensamentos foram interrompidos quando alguém abriu a porta de seu quarto.
— Tá mãe, já tô indo, só espe...
— Sua mãe tá lá fora, Alya. — a ruiva arfou ao ver que aquele na verdade era seu namorado. A sua voz soou de forma tão rancorosa que ela temeu ter feito algo errado.
— Nino? — ela questionou sem reação. — Aconteceu algo? — se levantou rapidamente, ficando de frente à ele.
— E algo precisa acontecer para eu ver a minha namorada? — seu tom continuava sério, seus olhos estavam negros de raiva.
— Nã-não! — ela riu nervosa. — Q-quer se sentar? — gesticulou, mirando para a cama.
Ele assentiu e se sentou na cama e Alya fez o mesmo.
O relacionamento deles estavam mais frio, e Alya se culpava por isso, mas, com certeza, não mais que Nino.
O rapaz suspirou e a olhou no fundo de seus olhos — no fundo de sua alma.
— Eu só vou perguntar uma vez. O que você está escondendo de mim?
— E-eu não tô escondendo nada! — assegurou enquanto sua perna batia rapidamente contra o chão.
— Olha — ele desviou o olhar para suas mãos —, você tá escondendo algo de mim, e eu não vou aturar isso. Isso é como uma tortura para mim!
Cerrou os punhos com tanta força que suas mãos ficaram vermelhas e com marcas de suas unhas, Alya olhou para ele de forma preocupante, e se assustou mais ainda quando ouviu ele ranger os dentes.
— O que você quer dizer com isso..?
Ele se levantou e ficou de costas para ela. Sua cabeça se virou lentamente para fitar sua amante.
— Eu... — fechou os olhos, não teria coragem de falar isso olhando para Alya, novamente, alinhou sua cabeça com o seu corpo. — Eu quero um tempo. — ele saiu correndo.
Aquelas palavras partiram profundamente o coração de Alya, que, pôs-se a chorar.
⁂
O horário de almoço já havia acabado, e todos voltaram para as escola, os passos de Adrien eram cautelosos. Aquele que estava ali, era cuidadoso como um gato, seus movimentos eram silenciosos e sutis.
Ele era um...
gato a vagar.
E neste momento, estava sozinho, se dirigindo até um canto mais escondido da escola, onde Alya o aguardava. A sua cabeça estava baixa, a sua face estava escura, tão escura que não havia como ver os seus olhos.
— O que vamos fazer a respeito de Marinette? — ela perguntou, se segurando para não chorar.
Nino havia contado tudo a Adrien, ele sabia o quanto Alya estava sofrendo neste momento. E como um bom amigo faria, a abraçou sem enrolação, e a mesma retribuiu. Os dois se separaram, e trocaram dois papéis que estavam lacrados com um carimbo de cera vermelho. Eles separaram e seguiram rumos diferentes.
⁂
Nino estava se sentindo mal, havia sido muito duro com Alya de veras. Seu amigo saiu de seu lado sem explicação nenhuma, e como sempre fez, o seguiu. Adrien foi para um lugar mais resevardo da escola, o seu coração foi esmagado quando viu Alya. Ele o observou, apenas conseguia ver a cena, eles falavam em sussurros, impedindo que o garoto escutasse algo. Nino viu seu melhor amigo abraçar sua namorada de uma forma tão íntima, e depois, trocaram bilhetinhos de forma discreta.
"Então era isso que ela tava escondendo... Nesse tempo todo... Ela tava com o meu melhor amigo!" Ele correu até a sala da caldeira.
Se surpreendeu em ver que lá, havia um "escritório", tudo lá estava diferente, e, estava mais escuro que o habitual. Ele se sentou na cadeira frouxa, que fez um grande estrondo, quando se remexia nela, a mesma rangia em resposta. Ele cobriu seu rosto com as mãos e começou a chorar. Estava triste, e ao mesmo tempo cheio de ódio e desejo por vingança, a raiva era tanta que socou a mesa, fazendo vários papéis voarem.
Para que, futuramente o dono do lugar não sentisse falta de algo, ele se levantou e pegou os papéis, até que, encontrou uma foto de Marinette beijando a bochecha de Luka, enquanto o mesmo sorria para a câmera. Aquilo o deixou confuso, pois sua amiga parecia mais velha, e o relacionamento dos dois haviam terminado há muito tempo.
Mas, e se nunca tivesse?
— Até você Marinette... — balbuciou.
Ele amassou a foto e jogou na lixeira, e voltou a chorar. Uma borboleta negra voou direto para a foto na lixeira, e a borboleta lilás apareceu no rosto do rapaz.
⁂
Novamente, o quarto de Alya.
A ruiva poderia estar devastada, mas mesmo assim, ajudaria sua amiga. E parecia que Adrien tinha um plano, ao abrir o bilhete carimbado à cera, se deparou com as seguintes palavras:
"Use o miraculous da raposa e crie uma ilusão de Amber, confessando ter armado para Marinette"
Sua mente foi completamente iluminada pela idéia de Adrien, ao abrir sua bolsinha preta que ficava na cintura, sua kwami saiu sorridente e animada.
— Você vai se tornar Rena Rouge novamente? — ela perguntou, se mechendo de um lado para o outro.
— Precisamos ajeitar as coisas para Marinette, rápido! Trixx, lets pounce! — se tornou Rena Rouge.
Sem distração ou demora, tocou a sua flauta, criando uma miragem de Amber.
⁂
Marinette estava em seu antigo quarto, sentada na cama, abraçando os seus joelhos. Para simplificar, ela estava sentada na posição feto. A ansiedade estava corroendo seus nervos, fazendo seus sentidos e extintos falhares. Seus pais disseram que iriam alugar um depósito para os seus móveis, e demoraria um pouco para que a desocupação estivesse completa.
— Eu tô ferrada Tikki, completamente sozinha, ninguém acredita em mim — uma lágrima solitária escorreu — nem mesmo os meus pais.
— Isso não é verdade, Marinette! — Tikki a contrariou. — Tem a Alya, e o Adrie...
— E você acha que eles ligam para mim? Se ligassem, teriam feito algo! — esbravejou.
Um estrondo foi soado, prontamente, Marinette foi até a sua janela, e viu um akumatizado que tinha sua silueta semelhante à uma gota de água.
— Tikki — fitou sua kwami com firmeza — Spots On!
— Ma-marinette?
⁂
* Notas finais da autora:
Boa noite, tudo bem com vocês? Perdão para a demora pela atualização... Bom, o que aconteceu com Marinette enquanto esteve em coma? Quem era aquela menina da foto? Nino foi akumatizado? Alguém descobriu a identidade de Marinette?
Bom, me digam vocês...
Xoxo<3
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