Quartinho

By -ARFF-

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Para Trafalgar Law, toda aquela situação era estranha. Não se referia ao facto de ter de investigar mais um c... More

1 - Aquela manhã
2 - Corpo
3 - Memórias
4 - Nao chore...
5 - Luffy
6 - Substituta
7 - Como você quer morrer?
8 - À procura de respostas
9 - Um papel
11 - Despedida
12 - Voce gosta de ler?
13 - Sozinha
14 - Teach
15 - Carta
16 - Telhado
17 - Sorriso
18 - Prazo
19 - Conclusão
20 - Regresso
21 - É pedir muito?
22 - Natal assombroso
23 - Sono
24 -Capsulas
25 - A crianca misteriosa
26 - A decisão
27 - Estou em casa
Notas Finais

10 - Pistas

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By -ARFF-

- Trafalgar - chamou Kid - e o garoto? Já acordou?

- Sim, mas tentar falar com ele não deu muito certo. Você descobriu alguma coisa?

- Sobre isso, lembra de eu falar que o Killer descobriu umas marcas de pneus na cena do crime? Então, procuramos uma correspondência, mas...

- ... Mas?

- Há uns 300 carros com essa marca só na cidade.

- Analisem as câmaras de trânsito na zona à hora em que a garota desapareceu. Procurem qualquer carro com essa correspondência e-

- Já fizemos isso, á um bem suspeito - Kid fez sinal a Law, que se aproximou. Pegando no Tablet e abrindo a tela, passou a imagem a preto e branco das câmaras de filmar de uma certa rua na tela luminosa, apontando com o dedo para um veículo em específico. - Esse aqui. Não tem correspondência, mas passou na rotunda 16 vezes no intervalo 24 minutos...

- Como se esperasse uma oportunidade - concluiu o tatuado.

- Nem mais.

- Proprietário?

- Alugado. Pago em dinheiro, sem registo. O atendedor da empresa não se lembra de quem possa ter sido e as câmaras não tem nitidez suficiente para ver o condutor.

- Que merda - esbravejou Law. - Então só resta o garoto.

- Nem mais. Estamos correndo contra o tempo, Law.

Law coçou a cabeça, revoltado, rosnando algo elegível. Luffy podia não estar bem ainda, mas ele não tinha escolha. Assim que recebesse a resposta de Bepo, teria de voltar correndo para o hospital.

* * * * *

Demorou dois dias para que Luffy pudesse ser considerado minimamente estável. O aparelho de oxigénio fora desligado e já não haviam mais fios que o prendessem. Bepo lhe perguntara se ele podia comer e Luffy, meio adormecido pela medicação mas sem deixar o ar de desconfiado e a tentativa de distância de lado, acenou positivo em resposta. Á parte o pouco que ingeria, passava o tempo todo a dormir e a olhar pela janela, tentando perceber se estava mesmo vivo, se aquilo era real ou uma ilusão, se o sol que todas as manhãs entrava pela janela, passava as cortinas e batia no seu braço era o mesmo que, quando criança, o fazia levantar cedo e pular para fora da cama com toda aquela energia e hiperatividade que um dia tivera.

Acima de tudo, pensava na criança. Ao sentir todos os cheiros e sons diferentes que o rodeavam, a imagem de Tama lhe vinha a cabeça lembrando-o também do polícia desconhecido que tentou comunicar com ele e o fez entrar em pânico na última vez.

Verdade seja dita, Luffy não sabia como viver a vida. Parecia que, o que quer que fosse que estivesse a acontecer, ele não conseguiria encarar de frente. Não tinha forças para isso. Queria o mundo exterior, mas tinha medo dele. Medo das pessoas... Por mais que vasculhasse na sua mente, não chegava a nenhuma conclusão sobre o porquê de sentir tanto pânico frente ao policia e ao médico que agora tomavam conta dele, muito menos de, de um momento para o outro, a sua mente lhe ter pregado aquela peça e o levado a delirar de novo, do mesmo jeito que acontecia quando estava trancado naquele quartinho. Ao menos, parecia que as pequenas cápsulas coloridas de comprimido que lhe davam antes de ele sentir uma enorme vontade de dormir o haviam ajudado a se controlar nesse aspeto.

Tentou analisar os dados sobre ele mesmo que sabia ficarem guardados na primeira gaveta da secretária, mas essa situação parecia não ter sido descrita nos relatórios. Enfim, pensar demais não o ajudava em nada, mas o que mais era suposto ele fazer? Estava realmente num hospital, começara a mentalizar-se disso. Duvidava que Teach o descobrisse ali e claro, nem todas as pessoas eram ruins, principalmente o polícia e o médico que haviam adotado a missão de o ajudar. No entanto, não deixava de sentir aquele aperto sufocante na presença de outras pessoas, como se algo de ruim fosse acontecer. Talvez isso viesse, unicamente, dos constantes pesadelos com o seu cativeiro que se haviam intensificado desde que lá chegara, do hábito de ter todas as suas esperanças arrancadas sempre que elas surgiam, de ter apagado todas as suas espectativas para não se magoar ainda mais e do facto de, ao contrário do que acontecia com Teach, não conhecer o pior lado nem saber o que esperar daqueles dois. Isso o frustrava ainda mais... Luffy não queria se sentir assim com alguém que não lhe fizera nada de ruim.

Entretanto, o lado de Law também não era o melhor. Avisara Sabo e Ace do ocorrido e ambos insistiam em vê-lo, no entanto, não o haviam feito ainda porque Law e Bepo não permitiam. Apenas ele e o médico entravam naquele quarto, por uma questão de estabilidade emocional para Luffy que ainda não conseguira dizer uma palavra a eles desde que ali chegara e que, quando sentia alguém entrar, se enroscava nas cobertas e se fechava, por vezes a tremer. Assim, das únicas vezes em que os irmãos o viram pelo vidro da porta do quarto, a única silhueta percetível  era a do menor deitado de costas para eles sem se mover. Isso os deixava incrivelmente relutantes, se perguntando se Law não teria errado na pessoa.

Não é que Luffy estivesse a fazer birra, muito menos a tentar atrasar o polícia que pelo que entendera, estava procurando por Tama. Também não era totalmente verdade, como Bepo teorizou, que fosse uma perda parcial da capacidade da falar por consequência do trauma físico e psicológico que sofrera. Luffy conseguia falar, só não sabia como o fazer. Queria comunicar, mas não conseguia suportar a presença de outros. Não ainda. Afinal - e nesse aspeto Bepo acertara - haviam passado 12 anos desde a última vez que o fez, que esteve com outras pessoas e naquele momento, parecia ter-se esquecido completamente de como o fazer. Um medo irracional tomava conta de si como se também eles - além do seu carcereiro - pudessem ser uma ameaça. Mas não eram e era isso que faltava ao físico e ao psicológico de Luffy entender.

Naquele dia, por tanto, decidiu-se a agir. Todas as manhãs, Bepo o colocava para dormir com auxílio do conteúdo de uma pequena seringa que injetava no sistema de soro. Quando acordava, Luffy encontrava os pensos e as ligaduras do seu corpo trocados. Hoje, tentou algo diferente. Quando Bepo se aproximou, tentou não se afastar e depois de longos segundos á luta consigo mesmo, com muito esforço, esticou o braço em direção ao médico como se dissesse "tudo bem, eu o deixo fazer isso". Estava tentando deixar aquela postura defensiva de lado e arriscar, por mais que tivesse estremecido quando o outro lhe tocou sobre a mão e uma parte de si continuasse a rejeitar o mundo exterior. Não podia continuar a faze-lo.

Depois de alguns segundos á luta com o seu corpo para que agisse, o seu bom-senso pareceu finalmente conseguir falar mais alto. Bepo deu um sorriso discreto de aprovação pelo notório esforço e com uma certa delicadeza, foi retirando as ligas da sua pele, atento às suas reações como se analisasse a postura de Luffy diante dos ferimentos do próprio corpo. A falta de surpresa no menor levou-o a concluir que o mesmo já estava adaptado a ver-se assim. Isso deu um certo dó no médico que não demorou a terminar o primeiro passo do seu trabalho.

- Pronto, já está, Luffy. Não custou muito, custou? Agora, preciso de fazer o mesmo no outro braço. Pode ser?

Luffy observou o trabalho do outro. De facto, tinha de admitir que o jeito de um profissional nem se comparava aos seus improvisos. Com cara de derrotado, retirou a mão oposta debaixo das cobertas e a estendeu a Bepo, com um pouco menos de esforço desta vez enquanto o esperava concluir os pensos. Olhou para o lado e viu o caderno que lhe fora deixado lá anteriormente. Estava um pouco pensativo em relação a Tama. Como estaria a menor que ele deixara para trás? Pegou no objeto, mais preocupado com a mesma do que propriamente com não ser compreendido e o abriu, observando as páginas brancas passarem por entre os seus dedos. Chegando na ultima, encontrou um pequeno cartão com o que lhe pareceu o contacto do polícia de um lado e um pequeno calendário do outro. Olhou para Bepo ao seu lado enquanto apontava para o mesmo, fazendo, assim, uma única pergunta que o iria situar no tempo. Algo que o médico, felizmente, pareceu entender. "Que dia é hoje?"

Bepo olhou um pouco surpreso para o pedaço de papel. Apesar de não ser grande coisa, essa era a primeira tentativa, em dias, de Luffy para deixar o receio de lado e tentar interagir com alguém. E Bepo não a desperdiçaria... Com calma e sem tentar parecer apressado, o médico deu um sorriso meigo para o menor que apesar do nítido esforço, continuava sem o olhar nos olhos.

- Hoje é sexta. - Respondeu com um tom um pouco mais nervoso do que queria. - Você foi encontrado na terça de madrugada e acordou na quarta, dois dias atrás.

Luffy mordeu o lábio. Não era tarde. Ainda não era segunda, Tama provavelmente ainda estava bem. Podia agir antes de acontecer algo ruim com ela!

Se ajeitou para se sentar direito na cama e baixou a cabeça, encarando os pés, sem deixar que o lençol lhe descobrisse o corpo como se aquele casulo conseguisse, realmente, protege-lo do mundo exterior. Sobre o olhar atento do outro, pensou no que poderia fazer, em como - mesmo no seu estado atual - podia tentar colaborar com o tal polícia que lhe dera o caderno. Ele não sabia a morada de Teach, não conhecia nada à volta, seria difícil. Não se lembrava de já ter ouvido a respeito local onde passara a viver, muito menos lhe passara pela cabeça perguntar à menor. Olhou para o caderno e ficou a encara-lo. Sabia tanto, mas tão pouco...

- Se quiser ajudar, qualquer coisa mínima, até a aparência de alguém ou uma conversa que possa ter ouvido, pode nos ajudar a chegar a algum lado. Se não, não tem problema, se concentre apenas em recuperar e não pense no assunto. - Luffy ficou pensativo. A aparência de alguém... Ele se lembrava disso, sim. Infelizmente, conhecia perfeitamente cada traço do mais velho. Isso certamente ser-lhes-ia útil... - Você se lembra de alguma coisa? - Com um suspiro pesado, talvez um tanto cansado, Luffy acenou positivo. Não queria realmente lembrar-se disso, mas sabia que não tinha outra escolha se quisesse ajudar a criança. Assim, ao fim de uns segundos, Bepo fez a última pergunta ao qual precisaria de resposta. - Tudo bem se eu chamar o Law para falar sobre isso com você?

Completamente contrariado, o menor concordou e Bepo não tardou a pegar o celular e fazer uma ligação. Em 10 minutos, o tatuado estava lá.

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