- o que vocês acham que realmente aconteceu com o Snape? - uma primeiranista da sonserina pergunta para seus colegas, conversas preenchem o salão, todas sobre o mesmo assunto: Severus. Cissa sente o coração apertar, ela sabe o que realmente aconteceu. se estava arrependida de ter ajudado diretamente no desaparecimento? não, seu amigo estava livre e salvo, isso valia todo o esforço. a lareira cripta em chamas verdes esmeraldas e o cheiro de biscoitos e peixe frito paira no ar. a maior parte dos sonserinos gostam e optam de comer dentro do salão, por questões de segurança e autopreservação.
a garota Black risca algumas palavras no dever de poções, e olha para a entrada do salão comunal. ansiosa para que Lucius chegue logo. o trabalho de monitor tomava muito do tempo dele, ela queria botar tudo que estava sentindo para fora e a única pessoa que podia escuta-la era Luci.
o dia havia sido extremamente monótono. mas a discussão que teve com os marotos mais cedo foi algo marcante e muito estressante. Narcissa Black odiava poucas coisas no mundo, e uma delas eram os marotos, eles estavam no topo da sua lista negra de inimigos.
Ela estava indo em direção à torre da sala de feitiços. por causa de tudo que aconteceu, os boatos que se espalharam pela escola diziam coisas que nem mesmo ela em seu juízo menos perfeito teria sido capaz de criar. o primeiro boato e também o mais falado entre as bocas era de que Lucius e ela haviam assassinado seu amigo! ou ( como escutou uma lufana dizer no café da manhã) eles haviam ajudado no suposto "assassinato".
todos estavam evitando andar perto dela por medo de serem vistos como suspeitos do desaparecimento de Severus. ótimo, ela não precisava de ninguém, só de um pouco de paz, para variar.
quando estava pisando no primeiro degrau da escada que a levaria para a sua primeira aula, parou de supetão ao ver o trio de patetas no meio da escadaria, tinham expressões que iam de curiosidade a seriedade nos rostos. por instinto ela levou a mão até o lugar em que sua varinha estava guardada e deu inúmeros passos para trás. Sirius achando graça do medo da prima exclamou:
- Calma, Prima!!!! nós viemos em paz. - ela odiava o primo porque Sirius só conseguia ver o lado da história que era dele. somente eles dois sabiam o quão problemática era a família Black, e aquele merdinha havia abandonado seu irmão com a Tia Wall, a mulher mais tirana e doida de toda Inglaterra bruxa. nem sequer havia perguntado a Reg se o garoto queria ir com ele. seu priminho poderia ter tido uma vida mais feliz longe da família deles. isso ainda doía nela.
sabia que não tinha mais salvação para ela, mas Regulus... poderia ter tido.
- olha, vocês são as últimas pessoas que eu quero ver nesse momento, principalmente você, Sirius. - sua voz sai calma, mas por dentro, Cissa sabe que se eles não deixarem ela ir, é provável que acabe surtando de vez.
- escuta aqui, Black. queremos saber o que você e aquele esquisito do seu namorado fizeram com o ranhoso.- James é quem fala. no momento em que escuta aquilo, Narcissa não responde mais por si mesma.
- RANHOSO? VOCÊ É UM SER ASQUEROSO E HORRÍVEL, POTTER. SE ACHANDO O MAIORAL MAS NÃO SABE FAZER NADA SEM QUERER CHAMAR A ATENÇÃO PARA SI MESMO! IGUALZINHO AO MERDA QUE VOCÊ CHAMA DE AMIGO, NÃO É MESMO SIRIUS? ABANDONOU O PRÓPRIO IRMÃO PORQUE FOI COVARDE DEMAIS PARA ENFRENTAR A PORRA DA MÃE DOIDA! VOCÊ SÓ PRECISAVA FAZER UMA ÚNICA DENÚNCIA E TUDO SE RESOLVERIA. MAS NÃO!!! PREFERIU NEGAR AS COISAS QUE EU DISSE. EU ODEIO VOCÊS, ODEIO. - os marotos estavam tão surpresos, que ficaram estacandos no lugar, com os olhos arregalados. isso deu tempo para a garota estuporar os três ao mesmo tempo. Ela agredecia por não ter ninguém ali no momento, se não estaria em maus lençóis. sentindo uma satisfação sombria por ver o corpo dos três caídos nos degraus da escada, segue seu caminho, subindo os degraus.
- o senhor está pedindo para eu ficar? - Severus está em choque, por que nada que ele planejava dava certo? Deus, ele não imaginava o que faria ali. o diretor confirma com a cabeça. parecendo extremamente sério agora, responde:
- esse meu mundo também apresenta muitos perigos, com muita vergonha, lhe digo que a culpa dele ser tão perigoso é de dos alfas que vivem nele. estes não aceitam a liberdade que os Ômegas conquistaram, o status de poder que os seus semelhantes, senhor Prince, possuem agora, é algo que muitos alfas ainda não aceitam. - os olhos de Dumbledore por um instante se nublam, e ele parece se perder em memórias horríveis de um passado esquecido.
- Até que o senhor esteja pronto para lidar com os perigos daqui. peço, imploro que o senhor permaneça estudando em minha escola. como um aluno novo. eu mesmo mexerei nas papeladas para que isso ocorra, você ficará sobre a minha proteção.
seu corpo e sua magia sofreram inúmeras mutações quando o senhor viajou para cá. esse meu mundo mudou o senhor para um ômega. eu não iria conseguir dormir se soubesse que deixei o senhor sair para o mundo as cegas. - sentindo um profundo ódio do seu azar, sabendo que não tinha escolha a não ser aceitar a ajuda do diretor, o pequeno ômega assente. então se senta novamente. amaldiçoando até a sétima geração de Princes e Snapes. pergunta:
- o que o senhor tem em mente? então... - sabia que iria se arrepender de ter tomado essa decisão. era inteligente o bastante para se defender de ataques verbais e não verbais, mas algo estava prendendo-o ali, uma sensação, diria, talvez a sua intuição? mantenha a calma, Snape. é o que seus amigos diriam para ele.
- não se preocupe com nada que não seja sua segurança, sei que sou apenas um espelho do Dumbledore que você conheceu em seu universo. mas peço que confie em mim. já tenho um plano formado para explicar sua chegada.
- hm, e o senhor poderia por favor me dizer o que é?
- mais tarde iremos falar sobre isso, preciso levar você até Madame Bovary. hmm, você precisa tomar duas poções para suprir o seu cio. não se preocupe, Madame Bovary irá lhe explicar tudo sobre esse assunto. - O diretor cora e acrescenta ao ver a confusão no rosto do ômega, mas então Snape congela ao escutar a palavra cio, não era o que ele estava pensando que era, era? um sorriso discreto surge no rosto do mais velho. e ele acena para que o ômega o siga.
quando os dois saem de dentro da sala, o corredor se encontra vazio. iluminado por tochas e impressionantemente bonito agora que ele não tinha um batalhão atrás dele para deixa-lo nervoso e constrangido. ele se sente ansioso para ver um rosto amigo, como será que Madame Bovary seria ali? o fogo das tochas emprestava às paredes rústicas do castelo um brilho bruxuleante. uma estranha fumaça que vinha de dentro de algumas salas, pelas quais passaram, ondulava, enrolava-se e subia como serpentes brancas e grossas em direção ao teto.
o efeito daquela visão o agrada, por mais nevoso que esteja.
onde será que estão os marotos e Liam?
o que? porque pensou nisso?
- chegamos! - Dumbledore bate na grande porta com uma placa de latão escrita: Ala hospitalar. uma mulher alta, com cabelos negros grandes e uma pele impressionantemente lisa os atende. ela olha para o diretor com um sorriso e depois seu olhar se volta para o ômega, a mulher funga o ar. ela nunca havia sentido um cheiro mais distinto do que esse, claro, além do próprio cheiro do ômega. outros três cheiros se destacavam nele, cheiros de alfas, e eles se enroscavam no ômega como bichinhos acariciando seus donos, alfas possessivos e carentes ela pensa divertida, e um pouco melancólica também se lembrando de uma pessoa. pede para que os visitantes entrem. Snape olha bem para aquela Madame Bovary, ela parece anos mais jovem, e o rosto dela não revela nenhum traço de seriedade. mas os olhos ainda preservam aquele calor materno e intenso.
- Dumbledore. o que deseja? - a bruxa curandeira espana as mãos no vestido e cumprimenta o bruxo com um aceno de cabeça.
- Jane, será que podemos conversar a sós? - a mulher assente, olha para Severus mas depois se volta para o diretor, e os dois entram numa pequena salinha. deixando Snape sozinho no recinto.
o ômega se senta em cima de uma das camas, sentindo uma estranha nostalgia por estar ali dentro. ugh, a parte ruim dessa nostalgia era que quase sempre ele ia parar na ala hospitalar era por estar seriamente machucado. de forma inconsciente, seu olhar recai sob uma cicatriz na palma da sua mão esquerda.
ela tinha o formato exato de uma faca. ainda se lembrava da sensação da dor que sentiu, parecia que sua mão tinha sido partida ao meio. no dia em que recebeu-a, foi cambeleando cego de dor até madame Bovary. o sangue que escorreu dessa mesma mão com abundância ainda borrava sua visão quando recordava do ocorrido.
foram os marotos que fizeram ela, ao jogarem feitiços diferentes no garoto, durante uma briga. resultou em um feitiço totalmente diferente. e foi quase impossível fechar, ferimentos feitos por magia só se curavam por meio de magia, Madame Bovary precisou mover céus e terras para criar um contra-feitiço eficaz.
aquela era uma das poucas cicatrizes que nunca conseguiu remover do seu corpo. é claro que teve a oportunidade de sumir com ela, mas preferiu mante-la, como um lembrete da maldade humana. e pensar que as primeiras pessoas que ele viu ali foram os marotos, mesmo eles não parecendo tão ruins como os marotos que conhecera. na verdade, eles eram estranhos, mas também divertidos, pareciam gostar dele, de Snape. mas porque? ele não era especial.
- bem, obrigada, Jane. por cuidar se disponibilizar para cuidar dele essa noite. - A porta da salinha se abre, e o ômega levanta a cabeça para olhar os dois bruxos. Dumbledore acena na direção do garoto e sorri.
- não têm o que agradecer, Dumbledore. vou precisar de uma noite inteira para fazer o que me pediu, não vai ser trabalho algum, de toda forma. - o olhar da mulher recai sobre o garoto sentado em cima de uma das camas. os cheiros dos três alfas ainda estão evidentes na criança, nada que um bom banho resolva pensa com diversão, imaginando como os alfas dele iriam ficar irritados com o ômega sem o cheiro deles. os dois se despendem de Dumbledore.
por fim, quando estão sozinhos, Bovary lança um sorriso doce em sua direção:
- vamos tomar as poções então.
...
- você não vai ser mais o padrinho dos nossos filhotes. - Sirius fala irritado. enquanto abotoa a camisa do seu pijama, que diga-se de passagem, Liam o obrigou a vestir. Aluado e Pontas concordam.
o ruivo revira os olhos verdes, ele teve que arrastar os três na força para dentro do dormitório. às vezes, aqueles três pareciam crianças.
- não vou deixar que vocês cheguem perto do ômega com esses lados irracionais dominando metade da mente de vocês três. - os três choramingam, e fungam ao mesmo tempo.
- você sabe que a gente nunca iria fazer mal a ele. somos alfas, mas não somos como aqueles neandertais que se autodenominam lobisomens. - Liam estremece de leve, e concorda com seus amigos. mas então, lentamente responde, enunciando bem:
- vão dormir, vocês não estão com o juízo bom. juro que eu mesmo vou atrás do ômega amanhã, ok?
...
- pontas! - duas vozes falam ao mesmo tempo, e James abre os olhos, enxergando tudo turvo, sem o óculos era igual a um cego. quando o coloca, consegue focalizar o rosto dos seus dois melhores amigos na escuridão do dormitório.
- Sirius, Remus? o que foi?- Remus olha na direção da cama de Liam, verificando se o ruivo está de fato dormindo e então se volta para James, falando num tom alegre e preocupado.
- achei ele! o nosso ômega. ele está na ala hospitalar. - a sensação de felicidade que estava sentindo ao saber disso murcha levemente. na ala hospitalar!? seu ômega estava machucado? não, não. seu lobo grita de agonia. o animago se coloca de pé no mesmo instante.
- como?
- Remus estava mexendo no mapa do maroto. pontas, cadê a capa?- Sirius corre apressado mas também em silêncio pelo quarto, ele abre o baú de James e remexe dentro.
os três se cobrem com a capa e saem de fininho do dormitório. com uma única preocupaçãoe objetivo em mente: o ômega deles.