Astrid O'conner
Parei o Porsche Carrera 911 preto na vaga de cadeirante, não por imprudência, mas sim porque não havia ninguém que usasse aquela vaga na escola. Desci do carro e caminhei para dentro daquele purgatório em forma de prédio. Eu estava um pouco atrasada para a primeira aula, mas ainda sim cheguei antes do professor.
Me sentei no mesmo lugar de sempre, a primeira carteira da segunda fileira perto da porta. Já estou acostumada a me sentar aqui, ficava perto do professor e perto daquela que se dizia nerd somente por repetir o que o professor diz, Liz Garibaldi, também conhecida como Garibalda. Independente do visual dela, nunca achei certo esse bullying por trás do apelido.
O lugar ao meu lado que sempre foi vazio, a primeira carteira perto da porta, agora foi ocupado por um moreno com cara de poucos amigos. Ele notoriamente era novato, ninguém sentava naquele lugar graças a uma superstição besta que criaram dizendo que ali se sentava o mais nerd da turma.
Não reparei muito nele, o professor logo entrou na sala, junto dele alguns alunos. A aula começou como sempre, ele era rápido para explicar e ágil a fazer perguntas.
– Certo, turma, alguém pode me dizer o limite da equação no quadro? – o professor perguntou, mas aquilo não precisava pensar muito.
– Zero – Liz respondeu, mas estava errada.
– O limite não existe – falei unissono com o novato. Encarei aquele par de olhos cinzas penetrantes que me encarava de volta.
– Parece que a nerd encontrou alguém a altura – escutei Andy debochar, infelizmente ela tem a mesma escala que eu, o que faz com que tenhamos as mesmas aulas juntas.
– Estão certos – o professor disse, me fazendo quebrar o contato visual com o novato.
Depois de explicar toda a matéria, o professor passou um breve exercício. Consegui ser a primeira a terminar, mas bem em seguida o novato também terminou. Não estou gostando disso, preferia quando eu tinha uma vantagem ampla sob os outros alunos.
A próxima aula seria história dos Estados Unidos, essa é a única matéria que eu não me dou bem. O novato também estava na aula e ele é ótimo nessa matéria, já não gostei disso.
As aulas passaram rapidamente, notei que o novato caiu com a mesma escala que eu. Fui para casa o mais rápido possível, no caminho uma loja com um cupcake gigante na fachada me chamou atenção, eu adoro doces. Parei o carro na porta e desci. Passei pela porta automática já de olho em todos os doces expostos.
– Posso ajudar? – uma mulher sorridente apareceu de trás do balcão.
– Uma caixa daqueles cupcakes – apontei para os cupcakes de glacê rosa e confeitos de estrelinhas douradas.
A mulher me encarou, olhou o VVS necklace Round 4 prong 1.5 carats genuine elegant 18 quilates White Gold com o sobrenome da minha família em pingente e deu um sorriso leve. Ela entrou em uma porta que provavelmente leva para a cozinha e depois de alguns minutos voltou com uma caixa rosa e dourada muito bonitinha.
Paguei pela compra e saí da loja, não esperei nem entrar no carro e já abri a caixa pegando um cupcake e o coloquei na boca. Me deliciei no gosto da massa de baunilha recheada com um doce de morango. Entrei no carro acabando de comer com gosto o cupcake, pouco me importando se estava sujando meu rosto ou não.
Andy Picciani
– Ahh... Vai mais devagar – pedi gemendo para o novato, que se movimentava apressado.
– Porra, gatinha, acho que eu não consigo – o loiro falou arfando.
Ele se movimentava rapidamente dentro de mim, senti meu corpo vibrar e minhas pernas bambearem. Nossas respirações estavam descompassadas e logo eu gozei. Ele continuava apertando minha cintura e não demorou para ele jogar a cabeça para trás e se despejar em mim.
Demos um selinho de despedida, ele se arrumou e saiu da sala desativada pela janela. Arrumei meus cabelos e minha roupa. Retoquei minha maquiagem, coloquei minha mochila nas costas e pulei a janela.
Fui para o ginásio onde fizemos um treino rápido, eu não estava muito bem das pernas, aquele novato acabou comigo. Eu e Delilah fomos no shopping logo depois de sair da escola, contei como foi com novato — que eu não me lembro o nome — e ela ficou cheia de gracinha, mas eu não ligo. Passamos em uma das concessionárias do pai dela e eu escolhi já o meu próximo carro, assim que chegasse em casa já falaria com minha mãe.
Deixei ela em casa e fui para a minha. Entrei em casa e subi em direção ao meu quarto, foi inevitável não ver minha mãe chorando no seu quarto. Respirei fundo, larguei minha mochila na porta do quarto e entrei.
– Meu amor, você já chegou – falou em um susto limpando as lágrimas.
– Mamãe, não adianta disfarçar, eu sei que estava chorando... – falei me aproximando – vamos, me conte o que houve – pedi sentando do seu lado na cama.
– Não é nada, querida, não se preocupe – ela me deu um beijo na testa. Mesmo contrariada eu aceitei aquela resposta – Roger vai dar um jantar, se arrume – ordenou em um aviso.
– Adoro essa ideia – falei em um salto animada.
Saí do quarto animada, peguei minha mochila e fui para o meu quarto. Fiz algumas atividades pendentes e organizei minhas coisas para amanhã. Tomei banho e me arrumei para o tal jantar. Irônico pensar que mamãe se dá bem com Roger e eu não me dou bem com Astrid, mas eu não tenho culpa:
– Essa é a boneca do leilão? – perguntei para a garotinha de cabelos longos. Ela é filha do tio Roger, mas eu não lembro o nome dele.
– Sim, você quer brincar? – concordei, ela me entregou a boneca e eu comecei a brincar.
Ontem no leilão eu queria essa boneca pra mim, mas mamãe disse que não tinha dinheiro para comprar a Lorraine Schwartz's Bling Barbie e tio Roger acabou comprando ela para a garota. Fiquei com raiva, queria a Barbie para mim e se eu não a tivesse ninguém poderia ter.
Ela estava entretida com outras bonecas e a casinha, tinha uma tesoura próxima a gente. Peguei a tesoura sem ela perceber e cortei os cabelos da boneca e depois a roupinha. Tentei cortar uma das mãos, mas aquilo fez barulho e ela acabou me olhando. Fui pega no flagra.
– Tudo por uma boneca – ri da lembrança. Eu era um terror.
Terminei de me arrumar e estava impecável, mas nada muito exagerado, apesar de saber que estaríamos indo um jantar de um Elite. Porém Roger é bem simples e certamente não ligaria para isso. Peguei meu celular e tirei algumas fotos. Escutei mamãe me chamar e desci rapidamente.
Entramos no carro e o motorista partiu rumo a mansão O'conner. O caminho foi silencioso, não trocamos palavras, estava entretida mandando mensagem para as meninas e postando alguns snaps. Quando o carro parou, descemos e fomos andando até a porta principal da casa.
Mamãe estava um pouco animada, mas ainda dava para perceber que estava triste com alguém. Me irrita ela não contar o que estava acontecendo. O hall estava com os mesmo enfeites, a árvore genealógica feita com retratos e urnas com as cinzas dos falecidos, algumas fotos da Astrid e sua irmã — ainda crianças, obviamente — e a grande escada dupla de serpenteia todas as paredes.
– Que bom que vocês chegaram – Roger apareceu descendo as escadas.
– Acho que chegamos cedo – mamãe comentou.
– Acredito que os outros é quem estão atrasados – respondeu se aproximando – como estão? – me cumprimentou com um aperto de mão e mamãe com um beijo na bochecha.
– Muito bem, obrigada! – respondi com um sorriso simpático.
– Venham, os outros não vão demorar – disse nos guiando para a sala de estar.
Eles ficaram conversando aquele papo chato de adultos enquanto eu mexia no meu celular. Aos poucos foram chegando mais gente. Delilah e seus pais foram os segundos, depois Harry e o loiro novato — que se não me engano é seu primo — e seus pais, em seguida os Lancasters e por fim Sabrina e seu irmão, Josh, com seu pai.
Delilah, Sabrina e eu ficamos fofocando, os garotos estavam na sala de jogos, que faz divisa com a sala de estar e os adultos engajados em uma conversa empresarial. Nem sinal da esquisita até agora.
– Senhor, o jantar está pronto – uma empregada avisou.
Zayn Cárter
– O seu irmão é bem quieto, ele não gosta de sair? – Josh perguntou encaçapando uma bola.
– Scott é muito certinho, você não entenderia – respondi vendo Harry jogar.
– Se comparar ele e a Astrid não dá pra saber quem é mais esquisito – Harry disse rindo fraco.
– Astrid é esquisitona mesmo – o moreno concordou.
– Quem é Astrid? – perguntei perdido no assunto.
– Ah... Aquela ali – Harry apontou com a cabeça para uma garota de cabelos cinzas que descia a enorme escada. Ela não me é estranha, acho que já vi ela em alguma aula.