Christian
Observo Anastasia com olhos analíticos o tempo todo. Ela está feliz e risonha, brindando com as amigas que passam as mãos pelo vestido de noiva e sorriem de tudo.
Desvio os meus olhos da minha agora esposa e localizo Antonella num canto mais afastado da festa. Ela olha para a irmã com um semblante sério e passa as mãos pelo pingente no seu pescoço.
É a primeira vez que a vejo usando essa coisa se não me falha a memória. Olho rapidamente para Anastasia e noto a ausência do dela.
Que estranho, ela nunca tira essa coisa maldita.
Mamãe se aproxima de mim com um sorriso emocionado e se senta na cadeira vazia à minha direita. Ela segura minhas mãos sobre a mesa e suspira feliz, seus olhos dançando entre Anastasia e eu.
- Eu estou tão feliz, Christian. Sempre sonhei em te ver casado e finalmente está acontecendo. E com uma moça de família. Você soube escolher muito bem.
Você não imagina o quanto, mãe.
Ela suspira e lágrimas involuntárias brotam dos seus olhos. Mamãe funga baixinho e desvia os olhos dos meus.
- Algum problema, mãe? - ela balança a cabeça e sorri entre as lágrimas.
- Não, querido, só estou feliz. - ela dá de ombros e respira fundo. - Eu queria seu irmão aqui. Tenho certeza que ele também estaria muito contente por você.
Uma névoa escuro nubla meu humor já muito afetado pelos acontecimentos do dia de hoje.
Olho rapidamente para uma Anastasia leve e feliz que reúne todas as solteiras desesperadas para jogar o buquê.
Ela é uma visão, tenho que admitir.
É muito fácil se deixar leva por Anastasia Steele.
A doçura, o sorriso fácil, a fragilidade que ela aparenta ter. É um conglomerado de emoções conflitantes que despertam em qualquer homem o sentimento de proteção.
E olhando por esse ângulo tudo fica ainda mais estranho.
Tenho uma dificuldade imensa em aceitar que Anastasia e Antonella são irmãs.
Elas são completamente diferentes, em todos os aspectos.
Uma é calma, a outra é agitada.
Uma é frágil, a outra é fatal.
Um estranho até poderia cogitar a possibilidade de que Antonella fosse a ovelha negra, mas eu sim sei da verdade.
Cara de santa, alma de demônio.
- Eu também queria, mamãe. Mas tenho certeza que o Elliot ficará muito feliz por mim, independente de onde ele esteja. - Grace assente e limpa seus olhos com um lenço do mesmo tom de azul do seu vestido.
- Com certeza, querido. Elliot tinha Anastasia como uma irmã mais velha e iria querer o melhor para ela.
- Vou fazê-la feliz, mãe. - sorrio e volto a encarar a minha esposa que inicia a contagem para o lançamento do buquê. - Juro fazer todos os nossos dias de casados os mais inesquecíveis possível.
◕ ◕ ◕
Leva quase uma hora, mas finalmente conseguimos nos despedir de todos e entrar no carro.
Anastasia parece nervosa, apertando seus joelhos enquanto me olha com um sorriso contido nós lábios.
Já havia avisado a ela que não teríamos lua de mel. Meus pais acharam um absurdo, mas Anastasia disse entender a minha situação.
Coloquei a culpa na empresa e nos negócios, mas a verdade é que não faço questão nenhuma de ser um bom marido, muito menos de colocar ideias erradas na cabeça dela.
Essa não é uma história de contos de fadas.
Está mais para contos de Halloween.
Taylor dirige tranquilamente pelas ruas de Seattle. Anastasia observa tudo pela janela enquanto brinca despretensiosamente com o anel de noivado e a aliança no anelar esquerdo.
- Christian, eu queria te pedir uma coisa. - ela murmura baixinho e morde o lábio inferior.
- Pode falar, Anastasia. Agora estamos casados, não precisa ficar envergonhada na minha presença. - ela balança e cabeça e suspira.
- Sei que está muito ocupado agora, eu entendo que a empresa tem tomado muito do seu tempo mas quando as coisas se acalmarem será que poderíamos fazer uma viagem, só nós dois? - seus olhos brilham esperançosos.
- Claro. Pode começar a pensar no destino. Os problemas da empresa não vão se arrastar por muito tempo e se tudo der certo poderemos viajar no mês que vem, que tal?
- Seria incrível. - ela dá um gritinho e bate palmas. - Podemos ir para a Grécia, é tão linda nessa época do ano.
É claro que podemos.
E talvez eu até te afogue no mar Egeu.
Não me preocupei em levá-la para um hotel caro ou qualquer merda do tipo. Nosso destino é o meu apartamento, simples assim.
Quando entramos na rua noto alguns repórteres na porta do meu prédio, sedentos por um furo. Taylor faz uma ligação rápida para outro grupo de seguranças e tomamos a garagem subterrânea, fugindo de qualquer exposição pública desse desastre.
- Não disse nada, mas estou muito feliz, Christian. Espero conseguir atingir as suas expectativas e te fazer feliz. - Anastasia murmura com um sorriso antes de segurar minha mão e beija meus dedos. - E também não vejo a hora de ser sua mulher, em todos os sentidos.
Ela mexe comigo.
Maldita.
Meu corpo treme, o significado das suas palavras batendo diretamente no meu pau.
Anastasia dá uma risadinha e se arrasta pelo banco até colar seu corpo ao meu. Ela me dá um beijo casto no rosto, depois no canto da boca antes de esfregar o nariz no meu pescoço.
- Eu te amo, Christian.
Os sentimentos mais conflitantes possíveis tomam conta do meu corpo, mas é a raiva que ganha a corrida.
Quantas vezes ela disse essas mesmas palavras para o meu irmão?
Quantas vezes ela jurou amor para ele antes de destruí-lo daquela forma?
- Nao está com a sua correntinha hoje. - ela toca o pescoço e arregala os olhos.
- Meu Deus. - seus olhos se arregalam e ela levanta a saia do vestido, olhando tudo ao nosso redor. - Não acredito nisso.
- O que houve?
- Eu nem tinha me dado conta de que ela tinha sumido. Me lembro que tirei ontem a noite para uma massagem, mas com a correria do casamento nem me lembrei dela.
- Provavelmente ficou na casa dos seus pais. - ela assente e esfrega o lugar vazio.
- Sim. Amanhã ligo para mamãe e pergunto.
O apartamento não está à luz de velas, nem tem um caminho de pétalas de rosas até o quarto do casal. Sem música romântica ou champanhe num balde de prata com taças de cristal.
Está tudo como deixei antes de sair daqui para me casar, frio e monótono.
- Eu acho seu apartamento tão bonito. A decoração clássica, a sobriedade da paleta de cores e isso sem mencionar essa vista maravilhosa.
Anastasia murmura sonhadora e caminha até as janelas panorâmicas, tocando o vidro delicadamente.
- É seu apartamento agora também.
- Sim, eu sei. Só vai demorar um pouco para me acostumar com isso. - ela dá uma risadinha e se vira para mim. - E o nosso quarto, onde fica?
Tomo um longo gole do meu uísque e estendo a mão para ela, conduzindo-a pelo corredor extenso até os quartos. Passamos pelas inúmeras portas até a última. Giro a maçaneta e dou espaço para que ela passe.
Meu quarto não é muito diferente da sala.
Cama de casal espaçosa, um closet à esquerda, banheiro à direita. Uma TV pendurada na parede e janelas também panorâmicas de maneira paralela à cama.
- Vai ser incrível acordar todas as manhãs olhando o nascer do sol. - Anastasia sorri abertamente e olha para mim, descendo o zíper do vestido de noiva.
Um emaranhado de tecido branco, rendas e mais um monte de merdas batem no chão num baque quase silencioso. Ela sai do vestido e caminha até mim dentro de um conjunto de lingerie branca minúscula.
- Anastasia...
- Tenho sonhado com isso desde aquele dia em que nos beijamos. - ela morde o lábio inferior e empurra meu paletó pelos ombros.
- Você tem certeza? - ela assente freneticamente e dezfaz o nó da minha gravata antes de puxá-la do meu corpo.
Anastasia dá um par de passo para trás e cai na cama com as pernas ligeiramente abertas.
Mando meu alto controle para o inferno e me arrasto sobre ela, lambendo gananciosamente cada parte do corpo dela.
Anastasia geme e se contorce na cama, puxando meus cabelos com força.
Puxo o sutiã para baixo e abocanho seus seios com gosto, o corpo dela estremecendo violentamente sob o meu.
Me perdoe pela minha fraqueza.
As palavras do meu irmão são como água no fogo.
Toda a minha excitação vai embora na mesma hora e me afasto de Anastasia como o diabo foge da cruz.
Ela se assusta e se cobre com as mãos.
- Me desculpa, Christian. Eu não quis te assustar. Não sou assim, eu juro, é só que pensei que nós...
- Não existe nós. - rosno entre dentes.
- O que disse? - Anastasia tenta se aproximar novamente, mas eu a detenho.
- Eu acho melhor dormir no outro quarto. - ela arregala os olhos.
- Essa é a nossa noite de núpcias, Christian. - um sorriso sem humor escapa dos lábios dela.
- Não posso ficar muito tempo perto de você, Anastasia. A sua presença me sufoca. O som da sua voz reverbera pelos meus ouvidos e as coisas mais insanas passam pela minha cabeça.
- Mas, Christian, do que você está falando, por Deus.
- Isso não importa agora. - me abaixo e pego as poucas peças que ela havia me tirado - Boa noite, Anastasia.
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E vamos de rejeitada logo
na noite de núpcias.