Pov narradora
O quarto extenso, agora iluminado pela luz do sol se fazia silencioso demais aquela manhã. Os cômodos da mansão Lima sempre foram exageradamente grandes e bem decorados com os itens mais caros da atualidade, em pura demonstração de poder e soberba. Sem a presença de Everton aquele lugar se tornava mais leve para Carolina, mesmo que todo aquele cenário ainda representasse algo tenebroso. A loira caminhou pela área de seu closet devidamente pronta; trajava um vestido social vermelho, algo bem sofisticado, que lhe acarretava uma postura séria e superior, digna de sua personalidade inventada. Ele não tinha um decote chamativo, mas ainda possuía um caimento em "v" que deixava o início do vale de seus seios, e suas clavículas bem delineadas amostras; suas mangas eram longas, justas, como todo resto do vestido que marcava o corpo da mulher. Estava linda, e perfeitamente sexy sem ultrapassar o limite permitido para ocasião. E para complementar, em seus pés haviam um par de scarpin negros, revestidos de veludo, trazendo um toque a mais de elegância.
Ela tomou postura, e caminhou até o espelho que revestia uma das paredes de seu closet. Observou alguns detalhes de sua maquiagem leve, e seus cabelos longos e lisos. Carolina carregava consigo um ar envolvente, elegante, e sensual, mesmo quando não queria ser. Era sua essência latina, ela lhe dava um diferencial que nenhuma outra conseguia ter.
- Licença. - Helena murmurou antes de adentrar o quarto. - Vim avisar que seu motorista, Jordan, está pronto.
Carolina terminou de colocar os brincos de diamante, e tão logo virou em direção a empregada que a fitava.
- Como estou?
A mulher encarou por alguns segundos, e de forma contida respondeu:
- Está linda, senhora. Como sempre!
-Obrigada, Helena. Tenho que ficar deslumbrante hoje. - Respondeu confiante e animada, enquanto se olhava no espelho.
- Para a volta do sr. Lima? - Indagou a mulher curiosa.
Carolina permaneceu com o olhar fixo ao seu reflexo no espelho, enquanto um sorriso diabólico nascia em seus lábios. Não era exatamente para volta de Everton que ela tanto se arrumava, pelo contrário, Carolina queria estar simplesmente magnifica para ver os últimos suspiros de esperança do rei.
- Claro, Helena. Para volta de Everton. - Mentiu.
- Espero que dê tudo certo, o senhor Lima não merece passar por isso. - Disse ela um tom realmente preocupado.
Voltan a fitou com certa atenção, analisando a postura preocupada da empregada para com seu patrão. Helena realmente acreditava que Everton possuía algo bom?
- Vejo que realmente se preocupa. - Carolina disse, enquanto colocava seu sobretudo bege.
- Aposto que ele irá voltar. - Murmurou esperançosa.
-Sabe, Helena, eu não colocaria todas as minhas fichas nisso. Everton está lá por um motivo, e se for realmente provado que foi culpado, é melhor se acostumar com ausência dele. - A loira falou antes de capturar sua bolsa sobre a cama. - Não precisa ficar hoje, termine de fazer o que precisa, e depois vá para casa. Está liberada pelo resto do dia.
- Sim, senhora.
Carolina sorriu de canto, e deixou o cômodo com certa pressa. Jordan, seu motorista, assim que a viu deixar a mansão Lima, se adiantou a abrir a porta do Rolls-Royce prata, dando espaço para que ela adentrasse no carro de luxo. A loira se acomodou sobre o banco de couro que tinha um tom de caramelo, deixando sua bolsa no banco ao lado. O trajeto se escorria tranquilo, apesar do amontoado de informações que se cruzavam em sua cabeça. Carolina a todo instante se forçava a acreditar que aquele finalmente seria o desfecho de sua história, mesmo quando sua intuição alertava que algo ainda estava por vir. O que de tão ruim poderia acontecer? Everton não tinha chances de ser absolvido, tinha? Ela meneou com a cabeça em um sinal negativo, tentando afastar qualquer possibilidade de algo dar errado. Talvez aquilo nada mais fosse do que nervosismo e ansiedade por um dia tão importante.
- Quer que eu desligue? - Jordan indagou, atraindo a atenção da loira.
Carolina o fitou sem entender, quando o motorista apontou para as telas de LED acopladas nas costas dos bancos da frente. Nos televisores se passava uma matéria em um jornal, sobre o caso Lima, e o seu tão esperado julgamento. O país inteiro estava à espera da resolução daquele caso. Todos queriam enfim saber se o magnata do petróleo era mesmo um criminoso.
-Não, deixe, eu quero ver.
Haviam inúmeros jornalistas e fotógrafos em frente ao tribunal de justiça, à espera da primeira informação que os tornaria privilegiados da notícia que tanto ansiavam.
"O empresário se encontra a caminho do tribunal, está vindo em um carro forte, escoltado por uma equipe de segurança da penitenciaria. Hoje vamos descobrir se Everton Lima é mesmo culpado pela morte de seu antigo sócio, Carlos Cooper."
- Ainda há dúvidas? - Sussurrou Carolina.
-Disse alguma coisa, senhora?
- Não, Jordan. Não se preocupe.
A mulher voltou a atenção ao noticiário que continuava a relatar todas as informações.
"Agora vamos falar com a agente responsável por desvendar toda essa gama de informações sobre o empresário. Bárbara Passos de Souza, cidadã americana, responsável pela equipe de grandes casos da delegacia de Nova lorque."
"Bom dia, agente Passos. O que devemos esperar da resolução do caso Lima?"
Os olhos de Carolina assumiram um brilho mais intenso, assim que a imagem da agente policial tomou a tela a sua frente. Bárbara estava incrivelmente bela. Usava um vestido preto, de alças finas, e caimento leve, mas ainda sim extremamente elegante; por cima, havia uma jaqueta couro em um tom de vermelho mais escuro. Seus cabelos estavam presos em um coque bem feito, deixando seu rosto completamente livre para ser apreciado.
"Bom dia, Ahsley. Bom, antes de mais nada esperamos que a justiça seja feita. Existem muitas provas contra Everton Lima, que o incrimina diante de uma lista de acontecimentos. " - Respondeu a agente em um tom sério.
"Temos a informação que você havia sido retirada do caso do roubo da Lima Enterprise, pelo ex comissário Bruno Bittencourt, que agora descobrimos que é cumplice de Everton nesses feitos. Ele também será julgado hoje?"
"Não, o primeiro julgamento é o de Lima.Bruno também receberá seu julgamento, mas só após a possível condenação de Lima."
A postura séria e determinada da delegada, acompanhada de um olhar penetrante, trazia a Carolina alguns suspiros involuntários. Ver Bárbara tão imponente, tratando de um caso tão importante em sua vida, lhe enchia o interior de satisfação. Era gloriosa a sensação de poder compartilhar com ela, o gosto daquela vitória.
"Sabemos que foi agente particular da esposa de Everton, Carolina Lima. Que inclusive, deve estar chegando a qualquer momento. Acredita que ela tenha alguma ligação com tudo isso?"
Bárbara permaneceu com o mesmo semblante, e da forma mais natural possível respondeu:
"Não há nada que coloque Carolina Lima como suspeita. Então, não. "
"Ouvimos boatos que Everton a culpa por tudo que aconteceu. "
"Ele precisa de provas para afirmar tal acusação, e elas não existem." - Retrucou rapidamente.
A mulher assentiu com um sorriso fraco, e encerrou a matéria com Bárbara.
"Certo, obrigada, agente Passos."
Carolina sorriu de canto, antes de desligar o televisor a sua frente. Estava segura, não haviam provas contra ela. Suas estratégias minuciosamente traçadas, seguiram como planejado. Carolina Lima era a maior jogadora, esse era um fato que o mundo não ousaria contrariar.
- Estamos chegando, sra. Lima.
A loira assentiu, e repousou seus óculos sobre o rosto. Com delicadeza,ajeitou seu sobretudo bege, e tão logo capturou seus pertences no banco ao lado. O royce prateado, parou diante do tribunal Thurgood Marshall, recebendo os olhares de todos os jornalistas e fotógrafos presentes, bem como havia sido em sua aparição na delegacia. Jordan deixou o banco da frente, e caminhou até o outro lado. Alguns oficiais se aproximaram do carro, e só então o motorista particular abriu a porta do veículo para que Carolina pudesse sair.
"Carolina, acha que seu marido irá se livrar?"
"Sra. Lima, pretende continuar casada com ele?"
Carolina foi banhada pelos flashes das câmeras enlouquecidas ao seu redor. De cabeça erguida, a loira caminhou entre a multidão de pessoas, sendo conduzida pelas escadarias até o interior do tribunal. Ela não pretendia dar pistas, ou informações que colocassem tudo a perder. Em certos momentos, o silêncio poderia ser a melhor resposta.
- Finalmente chegou! - Milena murmurou assim que a viu.
- Quase não consigo entrar, estão loucos lá fora.
- Como se sente sendo a mulher de um bandido? - Indagou a morena em um tom de zombaria.
- Devastada.- Carolina respondeu em fingimento.
Milena riu baixinho.
- Viu Bárbara?
- Vi sim, ela estava por aqui há alguns minutos. Mas foi chamada para uma sala, ela vai depor, então precisa se preparar. E você também precisa! Trouxe nossa advogada, venha comigo.
[...]
O interior do tribunal estava movimentado. Todos ali pareciam incrivelmente ansiosos para aquele momento. Alguns acreditavam na inocência de Lima, outros fingiam acreditar para não perderem seus interesses financeiros, e existiam aqueles que sabiam de sua bagagem de culpa. Os olhares de todos ali presente pousaram sobre a presença de Carolina que adentrou a sala extensa, caminhando graciosamente até a primeira fila.
- Parece que todos querem vê-la. - A loira ouviu Milena murmurar discretamente ao se sentar.
- Se ao menos soubessem tudo que represento, iriam querer mais. - Carolina sussurrou em resposta.
Os minutos pareciam se arrastar. Carolina estava extremamente ansiosa;apesar do sentimento de dever cumprido, ainda precisava do ponto final, que seria dado pelo juiz de acordo com a resposta do júri presente no local.
Carter Wilian era o promotor de justiça, um homem jovem, de cabelos escuros, e porte físico consideravelmente forte, permaneceu em seu lugar, preparando-se para iniciar a acusação com todo material fornecido por Bárbara, e indiretamente por Carolina. Do outro lado, estava Gabriel, como advogado de defesa, à espera do réu que a qualquer instante entraria naquela sala.
- Céus, pare de balançar essa perna, está me deixando nervosa. - Resmungou Milena.
- Desculpe, só estou...
- Se acalme, vai dar tudo certo.
Carolina encarou o olhar de Milena, que era como sua irmã mais nova, e assentiu devagar. Querendo ou não, aquele momento poderia ser o mais importante de toda sua trajetória. Seria o fim de um projeto de vida traçado com tantos sentimentos envolvidos. O julgamento de Everton Lima daria a Carolina o rumo de sua vida, longe de tudo aquilo, ou não. Depois de mais alguns minutos de espera, o oficial de justiça informou a todos a entrada do juiz, fazendo com que todos ali presente levantassem em demonstração de respeito. Após o senhor de certa idade se acomodar em seu lugar, foi ordenado a entrada do réu.
- Céus, ele está diferente... - Milena murmurou.
Everton entrou no tribunal acompanhado por alguns policiais. Trajava o uniforme alaranjado da penitenciaria, deixando-o com um aspecto desleixado. Seus cabelos eram mais curtos agora, evidenciado o trato dado pelos oficias em sua nova "casa". Todo aquele ar superior não se fazia mais presente em Lima, notava-se a quilômetros de distância, o quanto tudo aquilo o abateu. Carolina suspirou pesado. Um suspiro satisfeito, como se finalmente Everton estivesse recebendo as duras consequências pelo mal que fez a Carlos. O homem se sentou ao lado de seu advogado, mas não deu sequer uma palavra.
A audiência havia começado. O promotor iniciou seu trabalho de acusação, falando ao júri e ao juiz todos os pontos, e provas existentes para que Lima fosse realmente condenado.
"Senhoras e senhores do júri. As provas aqui estão claras, evidenciadas com imagens e documentos que exibem o réu como culpado, deixando o posto de apenas suspeito. Aquele homem, Everton Lima, burlou nossas leis! Há documentos que comprovem a criação da Industrias Turner, que na verdade, nunca sequer existiu. Foi apenas um método para arrancar dinheiro de um homem, que agora está morto. Morto pelas mãos desse homem que aqui se encontra."
Trazer de volta a história de Carlos, fez com que Carolina sentisse de volta o gosto da melancólica, e da saudade. Milena entrelaçou os dedos aos de Carolina, demonstrando apoio diante aqueles pensamentos que lhe acuavam o interior. Ela conhecia a loira, e sabia exatamente o que as lembranças da morte de Carlos lhe causavam.
"Carlos Cooper foi morto há mais de sete anos, e todo caso foi abandonado. Sabem por que? Porque Everton soube escolher as pessoas certas para o encobrir. Bruno Bittencourt, sendo comissário da polícia de Nova Iorque, e cumplice! Usou de métodos ilegais para abafar o caso Cooper. Uma enorme falha em nosso sistema, meritíssimo. Mas graças a investigação de uma policial, recentemente retirada do caso do roubo da Lima Enterprise, pelo Comissário que agora está preso, temos as provas de quem realmente é culpado. Quero chamar a testemunha de acusação, Bárbara Passos."
Bárbara adentrou o tribunal sob o olhar todos que lá estavam. Ela encarou o empresário que permaneceu com o olhar fixo em sua direção, mas tão logo ergueu a cabeça, cruzando a sala até o lugar oferecido as testemunhas. Ao se acomodar no lugar indicado, suspirou pesado, e encarou todos a sua frente. Seu olhar tão logo cruzou ao da loira mais à frente. Naquele instante, uma espécie de flashes de memória explodiram em sua cabeça, como uma recapitulação perfeita para o motivo de estar ali. Bárbara atravessou um campo minado, pronto para explodir os mais fracos, para se posicionar dentro de uma história que não era sua, por amor e por justiça.
-Bárbara, você jura dizer a verdade? - Indagou o Juiz.
- Juro dizer a verdade, somente a verdade. - Respondeu, arrancando um sorriso sutil de Carolina.
- Consegue dizer a verdade, Passos? Mente igual àquela vagabunda. -Gritou Everton.
- Silêncio! Mais respeito em meu tribunal, Sr.Lima! - Protestou o juiz.
- Ela vai mentir! Não percebem? Está sendo cumplice de minha esposa!Querem acabar comigo!
-Everton... -Gabriel murmurou tentando acalma-lo.
- Se não se conter, terei que retira-lo do tribunal!
Após comentar o mal comportamento de Lima, o Carter se aproximou de Bárbara, pedindo que ela começasse a relatar como havia conseguido todas as provas contra Everton. E assim ela fez. A policial de forma habilidosa e bem planejada, contou que o caso Lima lhe trouxe muitas interrogações, apontou alguns suspeitos, citando o antigo sócio, Marcos, e até mesmo o próprio Lima. Ao conseguir contato com Marcos, que teve os vínculos cortados com Everton por brigas passadas, conseguiu arrancar informações de uma má conduta por parte do empresário. E desde então, mudou o foco de sua investigação, agora com objetivo de descobrir o que o magnata do petróleo escondia.
- Então Marcos Dias, antigo sócio de Everton, foi quem deu a isca de que Lima não era inocente?
- Sim. Incialmente acreditei que seria apenas uma maneira de se vingar, pelos negócios de ambos terem dado errado. Mas me propus a investigar, e consegui informações precisas de que Lima tem uma ficha criminal extensa. As industrias Turner foi criada com o intuito de montar uma sociedade com Carlos Cooper, no entanto, foi apenas uma maneira de sumir com o dinheiro de um contrato milionário. Existem fotos, endereços, e documentos que comprovem que essa empresa faliu há anos, mas Everton conseguiu encobrir para que Carlos acreditasse que tudo estava bem.
- E o que aconteceu com Marcos? - Indagou o promotor, sob o olhar atento do júri.
- Eu não sei. Ele não deu tantas informações, ele apenas indiciou o que eu poderia encontrar. Depois de descobrir tantas coisas, tentei acha-lo outra vez, mas não tive a mesma sorte. Marcos está foragido.
- Como encontrou as provas?
- No apartamento de Marcos. Após sumir, tive acesso a sua casa, e encontrei o material que acredito que foi escondido por anos, em uma tentativa de se proteger caso algum dia a relação entre ambos desse errado.
- Foi então que encontrou o vídeo?
-Não, primeiro foram apenas os documentos. Depois encontrei um endereço, se tratava do lugar onde eles se reuniam.
- Desculpe, eles quem? - Interrompeu.
-Everton,Bruno e Marcos.
O promotor assentiu e permitiu que ela continuasse.
- E nesse lugar encontrei o restante do material. Os documentos de sociedade com a Cooper Enterprise, os extratos de retirada de dinheiro, e até mesmo o vídeo que mostra o exato momento em que Everton mata seu antigo sócio.
Os murmúrios se intensificaram, obrigando o juiz a bater com o martelo em um pedido de ordem. O depoimento de Bárbara caiu com precisão para a derrubada de Lima, não havia como livra-lo de tais acusações.
- Então, senhores do Júri, não há como proteger este homem. Um cidadão de bem morreu em suas mãos, por pura ganancia de poder. Pensem em como isso afeta a família e todos que o conheciam! Everton tem sobre suas costas, acusação de fraude, roubo, assassinato, e para muitos que não sabem, a fraude aconteceu novamente.
-"O que?" - Everton exclamou.
- A que se referente, promotor? - Indagou o Juiz curioso.
- Meritíssimo, Lima violou o próprio sistema de sua empresa, retirando grandes quantias em dinheiro, para que tivéssemos a visão de que havia sido roubado!
- Protesto! Isso é um absurdo, meritíssimo! -Gabriel exclamou exaltado. - Não há cabimento em tal acusação. A promotoria não apresentou essas provas antes!
- Protesto negado!
O advogado em defesa bufou incrédulo, fazendo com que as mentes por trás de tudo sorrissem.Carolina, Milena, e Bianca que também estava presente,puderam sentir o gosto do trabalho bem feito.
- Conte para eles, agente Passos. - Induziu o advogado de acusação.
- Uma parte do dinheiro retirado da Lima Enterprise sumiu, mas as duas maiores retiradas foram encontradas em uma conta em nome de Everton Lima dos Santos no exterior.
- Alguém pode ter feito isso, meritíssimo. Acusar meu cliente com provas tão rasas é totalmente inviável. - Exclamou Gabriel.
-Temos a assinatura dele, mas temos o vídeo das câmeras de segurança da Lima Enterprise, que comprovam a retirada do dinheiro no computador que foi utilizado para o ultimo roubo.
Gabriel, assim como Lima franziram o cenho desacreditados. O último roubo havia acontecido no mesmo dia em que a Lima Enterprise foi invadida por manifestantes.
- Isso está fora de cogitação, eu estava lá! E ele não roubou!
- Prove. - Carter respondeu. - Porque Bárbara Passos tem provas concretas que seu cliente cometeu essa fraude, não é, Bárbara?
- Sim. Com ajuda da minha equipe policial, conseguimos entrar no sistema, e recolher as informações necessárias, como horário da retirada, destino da transferência, e o endereço da máquina que fez a violação. Notamos que o roubo havia partido do computador de Everton, mesmo com a tentativa de mascarar o IP.
Flashback on
"Ao lado de fora tudo estava muito mais intenso, as pessoas gritavam, levantavam seus cartazes pedindo o fim de tamanha exploração inconsequente. Estavam furiosos, e com razão muito bem pensada. Carolina por sua vez, parou no meio daquelas pessoas, e encarou o prédio monumental da Lima Enterprise, antes de capturar seu celular novamente. O jogo de mensagens ainda não havia chegado ao fim.
"É melhor correr até sua sala, salve o que te resta." - Enviou.
E assim ele fez. Mesmo sabendo que nada mudaria o que estava acontecendo, Lima correu desesperadamente até o último andar de empresa, em uma tentativa ineficaz de salvar o que ainda lhe restava.
- Ele está subindo. - Murmurou Milena no ponto de áudio para Carolina.
- Liberem as câmeras, eu quero que gravem tudo. Atrasem o horário, preciso que tudo ocorra no momento exato da transferência.
- Estamos controlando isso, rainha. O tempo está em nossas mãos agora. - Respondeu Bianca, enquanto alterava o relógio de gravação das câmeras.
O sistema interno da Lima Enterprise voltou ao normal no exato instante em que ele invadiu as escadas de incêndio, seguindo em direção a sua sala. Naquele instante, as câmeras de segurança registravam cada passo do rei para sua derrocada. Milena e Bianca continuavam a alterar os códigos e numerações necessárias para que tudo ocorresse de acordo com o plano traçado por Carolina.
- Ele acabou de entrar na sala dele.- Milena informou. - Está indo em direção ao computador.
Apesar do barulho exagerado, Carolina conseguia ouvir as informações fornecidas por suas cúmplices, que estavam a alguns metros do local.
- Sua transferência foi feita as 10:13, mesmo que ele tente mexer em alguma coisa no sistema, estará impossibilitado. Deixei o sistema do computador totalmente congelado. - Bianca sussurrou.
Carolina suspirou, e fitou o relógio preso a seu pulso, notando que já haviam passado 15 minutos desde a transferência efetiva do dinheiro. Mas aquilo não importava, certo? Ela controlava o tempo agora.
-Everton começou a mexer no computador...
- Meninas, são 10:13. - Ordenou Carolina.
Milena e Bianca prontamente atenderam a ordem indicada. A alteração no horário das câmeras começou a ser feita, para todos os efeitos,Lima estaria fazendo uso do computador no horário exato do roubo bilionário.
- Parece que alguém está encrencado. - Cantarolou Milena animadamente, fazendo Carolina sorrir vitoriosa, antes de mandar outra mensagem.
- Cortem as câmeras novamente, salvem os dados. E as deixem paradas daqui em diante, só precisamos desse material.
- Entendido!
- Agente, na escuta? - Carolina chamou.
- Na escuta, rainha. - Respondeu Bárbara ao entrar na viatura policial.
- É sua vez de entrar em ação."
- Deixe comigo."
Flashback off
- Não, não... - Lima protestou. - Isso foi armação! Armação dela!
O homem se levantou alvoraçado em busca de Carolina, mas tão logo os policiais agiram, impedindo-o de se aproximar.
- O que está fazendo? Eu nunca fiz nada para você! - Exclamou a loira totalmente nervosa diante os olhos do juiz. - Por Deus, ele está louco.
- Ordem! Ordem, ou será retirado! - O senhor de autoridade exclamou.
Após todos os depoimentos de acusação, prontamente reforçados pelo promotor. Gabriel, como advogado de defesa, apresentou um material escasso, em uma tentativa de inocentar, ou até mesmo diminuir a pena que certamente seria dada a seu cliente. Lima sabia que seria condenado, não restava duvidas diante tudo que se voltou contra ele. Naquele momento, suas esperanças se foram; evaporando como fumaça. Tudo que restava no interior de sua cabeça, era todo ódio que sentia por Carolina.
- Veja bem, Lima. Se confessar todos esses crimes, podemos melhorar as coisas para você.-Gabriel sussurrou,enquanto o promotor tinha a atenção do juiz e do júri.
- Não há nada o que confessar. - Respondeu friamente.
- Não me culpe pelo que irá acontecer.
Lima nada falou, apenas voltou os olhos para sua esposa, que assistia ao julgamento com extrema atenção na primeira fileira.Carolina estava realizada, satisfeita, ele sabia disso.
- Senhoras e senhores, vamos dar uma pausa de trinta minutos para que o júri decida sobre a sentença do réu. - Informou o Juiz com uma expressão séria, batendo com o martelo. Assim que o juiz se retirou da sala, alguns policiais se aproximaram do réu que seria conduzido a uma sala isolada. Durante o trajeto para a sala, Everton pousou os olhos em sua esposa, que agora o fitava sem recuar.Carolina sabia que ele a odiava com todas as forças, mas por alguma razão sentia algo diferente em seu olhar. Lima carregava em si um ar quase doentio. No entanto, a loira não se deixou intimidar, manteve firme a postura imponente de uma rainha, presenteando-o com um sorriso diabólico e vitorioso.
- Você vai pagar por isso...- Sussurrou ele antes de ser retirado da sala.
Carolina apenas acenou brevemente com a cabeça, e sorriu.
-Carolina... - Bárbara sussurrou ao se aproximar, em um tom de voz que indicava repreensão.
- Sim, agente Passos?
- Não acha que precisa se controlar?
- Eu não fiz nada. - Retrucou cinicamente.
- Você nunca faz.
- Exatamente, sou inocente..
Bárbara semicerrou os olhos na direção da loira, antes de sorrir. Ela não queria ser vista tão íntima da esposa do acusado, não seria bem visto durante o julgamento.
- Eu preciso me juntar a minha equipe, se comporte. - Disse a agente policial ao tocar rapidamente a cintura.
- Não fique tão longe, quero você perto na hora da sentença.
-Estarei ao seu lado, sra. Lima.- Bárbara respondeu, quando alguns conhecidos se aproximaram. - Com licença.
[...]
O tempo naquele tribunal parecia se arrastar.Carolina encarava os ponteiros do relógio, que se moviam preguiçosamente em direção ao momento que ela ansiou durante anos. Era inexplicável a sensação que lhe tomava o interior, como se por fim, estivesse enxergando a linha de chegada em uma corrida violentamente cansativa.
- Acho que é agora. - Milena sussurrou.
Everton voltou a sala do tribunal com os punhos algemados, sendo conduzido por dois policiais que o levaram até seu lugar. O juiz, assim como o júri, tão logo voltaram a seus devidos lugares, permitindo que o julgamento fosse retomado.Carolina respirou fundo, preenchendo seus pulmões com o máximo de oxigênio que poderia suportar, em uma tentativa desesperada para se manter calma diante toda aquela ansiedade que a atacava. O senhor de mais autoridade desandava a falar mais à frente, em um discurso anteriormente preparado para a sentença do réu. Naquele instante, seus pensamentos se confrontavam violentamente, em recordações e memórias que a levaram até aquele momento. Desde os últimos minutos na presença de Carlos, seus dias perdidas em uma depressão profunda, sua ascensão com sentimento de vingança, a seu primeiro encontro com o rei.
Finalmente, aquele momento chegara.
O plano de uma vida seria realizado.
Carlos Cooper seria vingado.
O juiz em um tom de voz firme, iniciou a leitura da sentença para que todos ouvissem.
- O tribunal do júri reconhecendo a existência do crime de fraude, estelionato, homicídio e supressão de documento declara o réu culpado. Dessa maneira, segundo a dosimetria prevista em lei, declaro que Everton Lima dos Santos passará 42 anos na penitenciaria de Downstate, em cumprimento de sentença condenatória em regime fechado.
Everton abaixou a cabeça, desacreditado com que acabara de ouvir. Suas mãos se fecharam com força, enquanto as batidas do martelo do juiz ecoavam pela sala extensa. O homem respirou pesado, sentindo-se ofegante, enjoado. Ele recuou um passo, sentindo uma mão vir de encontro as suas costas, quando enfim abriu os olhos.
- Eu sinto muito, cara.
O empresário permaneceu estático, e sobre os ombros de Gabriel avistou a imagem da mulher que o derrotou. Carolina estava de cabeça erguida, o encarando com seu típico olhar superior. Notava-se o ar vitorioso em sua expressão, acompanhado do sorriso debochado e cínico que só ela conseguia ter. Ela havia conseguido,Carolina Lima havia dado o xeque mate.
- Você vai pagar caro por isso! - Gritou, vendo a mulher repousar os óculos escuros sobre o rosto. - Vagabunda!
A mulher deixou a primeira fileira de cadeiras, saindo em direção ao corredor, e tão logo estagnou os passos, voltando os olhos ao homem que esbravejava descontrolado ao fundo. Everton gritava, enquanto os policiais cuidavam de segura-lo.
- Eu vou matar você,Carolina! Você e essa policialzinha de merda!
Carolina sorriu de canto, e retirou os óculos novamente. Quando tomou impulso para ir de encontro a seu marido, sentiu Bárbara se aproximar, tocando sua cintura sutilmente, em um pedido silencioso para que ela se retirasse. A loira encarou os olhos castanhos da agente policial, e assentiu.
- Foram elas! Foram elas as culpadas! - Esbravejou, enquanto era arrastado pelos homens fortes e uniformizados.
Everton tentava a todo custo se aproximar, mas em uma tentativa se soltar foi ao chão, sendo puxado pela camisa até o interior de uma das salas. Seus olhos se concentraram na imagem de Bárbara e Carolina se entreolhando.
- Odeio vocês... - ele repetia transtornado.
Antes que a porta fosse fechada, ele se concentrou na imagem perfeita de sua esposa, tão magnificamente arrumada. Carolina sorriu e sussurrou expressivamente para que ele pudesse compreender.
- Xeque-mate, rei. - Foram as últimas palavras até a porta os separar.