Levo JJ de volta até a sua casa. Sua mão está melhor do que antes, não foi nada grave. É no carro, no entanto, que fico mais apreensivo e a tensão entre nós dois parece crescer. Não consigo imaginar o que ele está esperando. Pergunte logo, grite comigo! Eu só preciso de uma reação, John John.
- Então é verdade tudo o que Andrew falou? Você e Vince estão fingindo? – Ele finalmente pergunta e eu abro um sorriso mesmo que o assunto seja delicado.
- Não estamos mais. – Eu digo. – Estamos namorando de verdade. Nós gostamos um do outro.
- Mas por quê fingir, Archie? – Ele olha para mim e eu tiro os meus olhos da rua por alguns segundos para encará-lo.
- Foi uma ideia boba, mas serviu para nos aproximar de alguma forma e nos levou até onde estamos hoje.
- É de verdade agora, não é? Ele gosta de você de verdade? É só isso que eu quero saber.
- Sim e eu gosto dele mais do que já idealizei gostar de qualquer outro cara.
JJ sorri com o que eu digo. Fico aliviado em saber que ele não está chateado comigo. Que ele ainda é meu amigo. Vince estava certo, JJ não me abandonaria por causa dessa pequena mentira.
- Então eu não posso ficar com raiva de você por causa disso. Vince é um pouco mais idiota do que eu pensei, mas vocês são incríveis juntos, não posso negar... Tatiana não sabe de nada disso, não é?
- Não, e nem pode saber, a não ser que o próprio Vince queira conta-la.
- Ele pretende contar? – Ele pergunta.
- Não sei, eles estão voltando a ser amigos, não sei como é a relação deles. Não sei se eles são como nós dois.
- Claro que não são. Nós não namoramos e depois eu te traí.
- Por quê eu tenho que ser o traído nessa comparação? – JJ revira os olhos e não responde. Então decido continuar no assunto mais importante dessa conversa. – Se eu tivesse te contado antes, quando o Vince e eu ainda estávamos fingindo, você continuaria sendo meu amigo?
- Eu passaria um tempo sem falar com você, daria um soco no Vince, contaria tudo para a Pem, que consequentemente contaria para o seu irmão. Iria te machucar, mas é uma atitude sensata de um amigo. Voltaríamos a nos falar eventualmente.
- Depois do dia de Ação de Graças? – Eu pergunto.
- Vocês ainda estavam fingindo ali? – Ele pergunta. Eu balanço a cabeça afirmativamente, mas logo me justifico.
- Mas já gostávamos um do outro. Vince se declarou para mim no dia seguinte.
- O seu irmão estava desconfiado, não é? É a única explicação para ele tratar Vince daquela maneira no jantar de Ação de Graças. Espera, então Alfie já sabe?
- Não, eu não consegui contar a verdade e Vince me pediu em namoro no dia seguinte, então eu apenas pedi que ele aturasse o Vincent por perto.
- Você consegue ser mais maligno do que eu pensava.
- O que você quer dizer com isso? – Eu pergunto desconfiado.
- Nada, é que você deixou de ser bonzinho e isso é uma coisa boa. Quer dizer, não sei se vai ser bom para a sua relação com o seu irmão, mas com certeza mostra que você está crescendo.
As palavras de JJ ficam na minha cabeça. Estou deixando de ser bonzinho? O que isso significa? É uma forma de amadurecer? Significa que vou ser um mentiroso manipulador? Será que é a influência de Vince sobre mim?
Mais tarde, no mesmo dia, converso com Vince por telefone.
- Você e o JJ conversaram? – Ele pergunta.
- Sim, você tinha razão, ele não está chateado comigo.
- Viu só? JJ não vai ficar contra você, é o seu melhor amigo. Que tipo de amigo ele seria?
- Um amigo sensato que não deixaria o amigo mentir para todo mundo?
- Não estamos mentindo mais, Russell. Eu não estou mentindo mais. Eu gosto tanto de você que chega a doer.
- Isso não é bom, é? – Eu pergunto assustado.
- É maravilhoso. É a melhor dor queeu já senti. Não trocaria por nada