Eu e o Pietro estávamos terminando de cozinhar, na verdade ele inventou de encomendar camafeu de nozes e estava tentando achar uma padaria ou uma confeitaria que entregasse pelo IFood. Já tinham entregue o red velvet e ele foi buscar lá na portaria para mim.
Fico imaginando a cara do seu José quando viu que não fui eu que desci. Logo logo a fofoca vai correr solta pelos corredores do prédio.
Eu podia quase ouvir a musiquinha do filme "Missão impossível" saindo da cabeça dele.
Abri a tampa da panela, vi que o arroz já tinha secado, então desliguei o fogo e me virei para ele:
- Tudo está pronto.
- Já são quase dez da noite.
Dei uma risadinha e comecei a pegar os pratos nos armários.
Enquanto estava correndo para colocar a mesa ele largou o celular e veio me ajudar
Olhei para ele e sorri. Eu e ele tivemos nossos problemas e uma pessoa metendo demais a colher no nosso relacionamento, mas hoje ambos deixamos a raiva de lado e eu sinto que foi a escolha certa vir cear aqui.
Volto a lembrar do nosso namoro. Ele salvou o contato no meu celular e eu fiquei pensando se deveria ligar para ele ou não.
Vai que ele topou ser o nosso modelo só porque estava bêbado... Na minha cabeça um cara lindo desses aceitar modelar para um projeto bobo de final de semana só faz sentido se tiver álcool afetando o juízo dele.
Um dia Tainá me entregou o celular na mão e disse que não me deixaria fazer mais nada até que eu ligasse para o Pietro.
Muito a contragosto pela situação em si eu liguei e, impressionantemente, ele atendeu no primeiro toque:
- Pietro?
- Oi garota da bebida!
- Você tá bem?
- Estou melhor agora que você ligou...
Será que ele está bêbado de novo? Deve ser por isso que falou isso:
- Estou ligando para falarmos do nosso ensaio fotográfico.
- Ah claro...
- Quando você estará livre?
- Eu pensei bem e eu decidi que eu quero mais uma recompensa para fazer o ensaio.
- Recompensa?
Tainá arqueou as sobrancelhas bem interessada na conversa, se eu fosse uma amiga legal eu teria colocado no viva voz, mas eu não queria ela me enchendo o saco depois:
- Sim, não vou dizer pagamento porque é mais do que isso.
- É bom que não seja pagamento mesmo porque nós somos duas acadêmicas quebradas.
- Eu vou direto ao ponto, eu ficaria muito feliz se a gente pudesse ir jantar juntos depois do ensaio.
O meu choque foi tanto que provavelmente o meu queixo caiu no chão e a minha cara deve ter ficado tão estranha que a Tainá logo sussurrou:
- O que ele falou?
Antes que eu pudesse responder, ele explicou:
- Eu estou te convidando para jantar porque gostei mesmo de você e quero te conhecer melhor.
- Eu topo.
- Então, quando vamos nos encontrar?