Naruto sabia que aquele dia chegaria, só não esperava que fosse tão rápido.
Há anos, quando decidiu que abriria um escritório em Osaka, ele soube que precisaria se mudar para lá quando as coisas começassem a deslanchar. Ele esperava ter que fazer isso quando o escritório estivesse pronto, mas nas últimas semanas ele soube que seria impossível.
Precisava verificar a construção do prédio continuamente, não permitiria que nada saísse fora do planejado. Era o último projeto de sua mãe e ele não aceitaria nada menos do que perfeição. Suas viagens contínuas para Osaka sugavam dele todas as energias e, embora tivesse postergado o máximo possível, era hora de se mudar para lá.
Meses atrás ele não se sentiria tão desesperado para estender seu tempo em Tokyo, mas agora havia Hinata e tudo era diferente.
Tinha se acostumado a vê-la quase todos os dias, ainda que por poucos minutos. Se tinham algum tempo disponível no horário de almoço, se encontravam para compartilhar uma refeição e conversar sobre como tinha sido a manhã. Passavam juntos todos os finais de semana e ele simplesmente adorava a companhia dela.
Em todos os anos de amizade, sempre tiveram bons momentos e era sempre incrível quando estavam juntos, mas agora tudo parecia ter se intensificado.
- Eu queria poder levar você comigo. - Ele a apertou um pouco mais em seus braços.
Hinata estava deitada ao seu lado na cama, o cabelo grudado sobre a testa ainda molhada de suor, o corpo nu agora escondido por um lençol tão fino que Naruto quase podia ver através dele.
- Não acredito que está me abandonando aqui.
- Se continuar falando assim eu vou mesmo ter que desistir dessa ideia.
Ela sorriu.
- Eu te compensaria por isso.
- Hina... - Ele a beijou. - Não brinca assim. - Murmurou ao seu ouvido. - Estou a um passo de entrar num surto completo.
- Você sabe que estou brincando. Tem todo o meu apoio.
- Eu sei... É só que estou odiando saber que vou te ver tão pouco agora.
- Eu também. - Ela suspirou. - Parece que essa semana passou tão rápido... Você já vai amanhã e eu sinto que não tivemos muito tempo.
- Eu queria poder adiar mais uns dias.
- Vai me ligar sempre que acontecer alguma coisa, não vai?
- Sim, senhora.
- Bom mesmo - Ela se ajeitou melhor ao lado dele. - Mas agora você deveria dormir, vai ter que acordar cedo amanhã.
Ele assentiu.
- Provavelmente deveria. - Ele se virou e se deitou sobre ela. - Mas eu acho que poderíamos aproveitar melhor o resto da noite. O que acha?
Ela riu.
- Você não fica cansado nunca?
- Fico, mas me recupero rápido. Meu corpo está viciado no seu, senhorita Hyuuga. Sabe o que significa isso?
- O quê? - Havia um sorriso manhoso em seus lábios.
- Significa que não posso controlar minha vontade de te tomar para mim de novo enquanto continuar nua na minha cama.
- Eu deveria me vestir então? - Provocou fingindo inocência.
- Não.
- O que eu deveria fazer?
- Pode começar abrindo as pernas para mim.
- E depois disso?
- Você vai ver.
●○●○
Seis meses haviam se passado desde que Naruto se mudara para Osaka e Hinata ainda sentia o vazio da ausência que ele deixava. Costumavam se ver ao menos duas vezes ao mês, mas aquilo estava longe de satisfazê-los. Os finais de semana que passavam juntos pareciam correr mais rápido que qualquer outro período do mês e a saudade que sentiam um do outro não parecia diminuir.
A despeito de tudo isso, costumavam passar horas ao telefone quando não estavam exaustos demais do trabalho. Todas as noites Naruto a ligava ela podia se deliciar com as conversas prazerosas e sempre aliviantes que tinha com ele.
Eram o ponto de descanso um do outro. Por mais frustrante que tivesse sido o dia, sabiam que poderiam contar com aqueles minutos de conversa para se sentirem melhor. Hinata estava sempre pronta para confortá-lo quando algo em seus planos não funcionava como o planejado, ela tinha a paciência que lhe faltava no meio de tanta confusão.
Naruto, por outro lado, era o responsável por lhe arrancar risadas sempre que estava estressada demais com algum problema que ela ainda não sabia como resolver. Era incrível a facilidade que ele tinha de lhe fazer achar graça nas coisas mais insignificantes.
Naruto era a agitação que balanceava sua calma.
- O que está fazendo agora?
- Acabei agora de arrumar as malas para ir para a Rússia amanhã.
- Ah... Rússia. Tenho memórias muito boas de lá.
Ela sorriu.
- Eu também.
- Não acredito que já faz mais de um ano.
- O tempo passa rápido.
- Menos quando eu preciso te ver. Já faz quase um mês, os dias estão se arrastando e eu ainda não consegui matar a saudade da minha namorada.
- Vamos nos ver quando eu voltar de viagem.
- Mais uma semana para eu esperar. Sinto muito por não estar aí agora, eu queria poder te levar ao aeroporto pelo menos.
- Está tudo bem, querido. Quando eu voltar vou tirar uma semana de férias para ficar com você.
- Não me iluda assim.
- Estou falando sério.
- Mesmo? - A voz dele pareceu subitamente mais animada. - Eu amo você.
- Eu também te amo. - Ela sorriu. - Mas preciso ir agora, tenho que tomar um banho ainda.
- Certo. Conversamos mais tarde.
- Beijos.
- Beijos.
Hinata tinha acabado de entrar debaixo do chuveiro quando ouviu o celular tocando mais uma vez, pegou o aparelho que estava na pia ao lado e viu o nome de Naruto estampado no visor. Deslizou o dedo para atender a chamada de vídeo e sorriu.
- Sentiu tanto a minha falta que não pôde esperar nem dez minutos direito?
A expressão no rosto dele era brincalhona, havia um sorriso travesso em seus lábios.
- Esperei o suficiente para você entrar na água. Estava esperando conseguir ver alguma coisa desse banho.
- Não acredito que ligou para isso. - Ela riu.
- Não posso perder a oportunidade, estou com saudades de apreciar minha namorada. Não pode me julgar por uma coisa dessas.
- Será que não posso?
- Estou falando sério... Sinto sua falta, Hina.
- Eu também sinto a sua. Adoraria que estivesse aqui comigo.
- Se eu pudesse me teletransportar, já estaria aí. Como não posso, preciso recorrer aos meios que disponho.
Ela riu.
- Vou te fazer esse favor apenas porque sou uma ótima namorada.
- Vai? - Ele não esperava que ela realmente fosse fazer aquilo.
Hinata deixou o celular no suporte de shampoo e afastou-se o suficiente para que ele pudesse ver a maior parte do seu corpo.
- Aproveite o banho.
- Por Deus! Eu nunca me canso de você. - Ele sentiu o corpo inteiro arder ao vê-la se afundando sobre a água do chuveiro. O corpo dela ainda era capaz de lavá-lo à loucura. - Não sei mais se isso foi uma boa ideia, é como ser torturado no paraíso.
Hinata sorriu, havia o brilho de um prazer vaidoso em seus olhos. Naruto era sempre genuíno em suas reações e ela estaria mentindo se dissesse que a admiração e desejo nos olhos dele não atiçava seu ego. Ela gostava daquilo. Gostava de ser desejada por ele.
- Satisfeito? - Perguntou quando terminou o banho.
- Ver você não facilitou as coisas para mim, acho que não foi o suficiente.
- E o que eu posso fazer agora?
- Vá para a cama, onde estará mais confortável. - Hinata obedeceu, parando apenas para tirar o acesso de água em seu corpo. - Agora quero que imagine que estou aí.
- E o que você estaria fazendo se estivesse aqui?
- Eu beijaria sua boca, morderia sua orelha, seguraria em suas pernas, apertaria sua bunda, beijaria seu pescoço, seus seios. Você sabe que gosto disso, de beijar cada parte sua. - Respondeu calmamente, as palavras saíam devagar de sua boca. Ele não estava com pressa, queria aproveitar tudo com calma.
"Eu colocaria a mão entre suas pernas, te sentiria molhada na ponta dos meus dedos e te provocaria um pouco."
Hinata sentiu seu corpo reagir quase imediatamente às palavras dele. Ela poderia visualizar aquilo com facilidade, as lembranças de Naruto incendiando seu corpo com toques como aqueles eram vívidas em sua cabeça. Como poderia não se lembrar? Ele era capaz de levá-la à loucura com a mera menção do que faria com ela.
- E então?
- Então meus dedos afundariam em você, eu te ouviria suspirar e depois gemer quando eu começasse a mexê-los. Faça isso para mim e me deixe te ouvir.
E ela obedeceu.
Quando Hinata terminou, Naruto soube que podia dar-se por satisfeito. Em sua mão, vestígios do gozo resultante de sua masturbação ao vê-la assim. Não importava a distância ou as semanas que ficaram distantes, ele daria um jeito de fazê-la sentir prazer com ele.
●○●○
- Você está bem? - A voz de Hinata parecia preocupada ao telefone. - Percebi que sua voz estava meio diferente quando te liguei no almoço.
- Só estou cansado, minhas noites têm sido péssimas nesses últimos dias.
- Algum problema?
- O escritório abre na semana que vem e acho que isso tem me deixado um pouco ansioso. Tenho tido aluns pesadelos... Acabei não conseguindo dormir direito.
- Pesadelos com o quê?
- Com o acidente dos meus pais... Mortes... Não sei... Acho que tenho trabalhado demais...
- Você precisa de férias.
- Eu sei, mas ainda não posso. Não com tanta coisa acontecendo. O prédio ficou ótimo agora que já está praticamente todo pronto, mas quando eu ando pelos corredores eu me pergunto se era assim que minha mãe imaginava a mobília... As cores. Talvez isso tenha entrado um pouco na minha cabeça.
"Estou prestes a conseguir o que eu queria, mas acabei ficando saudoso... Queria que ao menos você estivesse aqui. Mal posso esperar para te ver na semana que vem. Você vai vir para comemorar comigo, não vai?"
- Claro. Sabe que não perderia isso por nada.
Ele sorriu.
- Eu sei e é por isso que amo tanto você.
Os dois conversaram por mais algum tempo, até que Hinata desligou pedindo para que ele fosse descansar.
Naruto bem que tentou, mas por mais exausto que estivesse, não conseguia dormir por muito tempo. A madrugada já tinha chegado e ele estava deitado olhando para o teto. Tinha acordado pelo que parecia ser a décima vez naquela noite e memórias conturbadas de um sonho incômodo ainda o perturbavam.
Suspirou.
Pensou no que poderia fazer para contornar sua insônia, mas seus pensamentos foram interrompidos pelo som da campainha. Olhou para o relógio ao lado da cama, marcava 03:30 da manhã.
Levantou-se preocupado, Kurama já latia agitadamente na sala, estranhando a presença de alguém àquela hora.
Ao abrir a porta, Hinata o esperava ansiosamente do lado de fora. Kurama parou de latir imediatamente e ela lhe sorriu com carinho.
- Hina? O que está fazendo aqui uma hora dessas? Aconteceu alguma coisa?
- Você disse que não estava conseguindo dormir direito... Eu vim te fazer companhia. Pela sua cara, eu estava certa quando imaginei que te encontraria acordado.
- Não acredito nisso, Hyuuga. - Ele a puxou para dentro e a abraçou. - Você está ficando louca? Não pode sair dirigindo a noite toda assim depois de um dia de trabalho.
- Achei que fosse ficar feliz. - Ela riu da preocupação dele.
- Estou. - Respondeu sem a soltar, afundando o rosto do cabelo dela. - Mas também estou bravo.
- Mais bravo do que feliz?
Ele se afastou um pouco para encará-la nos olhos.
- Não... - Murmurou. - Não consigo ficar bravo o suficiente com você aqui. - Beijou-lhe. - Eu senti sua falta. Por Deus, como eu estava com saudades de você! Mas não deve repetir isso, ouviu? Você deve estar exausta depois de passar tantas horas no carro.
- Você não pode esperar que eu fique sem fazer nada quando você está se sentindo assim. Além do mais, você teria feito a mesma coisa.
- Não faça as coisas que eu faço. Sabe disso.
Ela sorriu.
- Eu sou sua namorada. É claro que eu vou fazer.
- Eu só não vou discutir isso com você agora porque eu quero muito matar a saudade primeiro.
- Que tal me levar pro quarto?
Ele sorriu com malícia.
- Isso parece uma ótima ideia.
- Nem pense nisso. Você precisa descansar, eu vou te ajudar a dormir.
- Veremos...
E Hinata bem que tentou fazê-lo descansar primeiro, mas não havia uma sequência de noites mal dormidas que o derrubassem ao ponto de deixá-lo quieto na cama depois de tantas semanas longe dela.
Mas não é como se pudesse julgá-lo, o calor do corpo dele fora bem recebido sem muita insistência real e ela sabia que não resistiria nem se tentasse.
Quando se cansaram a saudade fora sufocada pela proximidade dos corpos nus entrelaçados um ao outro, o sono veio como resultado final da exaustão ao término da madrugada. O sol começava a nascer do lado de fora da casa quando os olhos azuis se fecharam para um sono tranquilo - o primeiro em dias - enquanto olhos perolados repousavam ao seu lado.
Havia a paz que encontravam um no outro e, agora que estavam juntos de novo, o mundo poderia ruir do lado de fora daquelas paredes. Nada abalaria os corações recém-confortados pelo amor compartilhado na noite.