Love in chaos II - Daryl Dixon

By couples_best2

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{ Livro 2 } Com a prisão destruída e o grupo separado, S/n e Daryl terão tempo de sobra para conversar e se c... More

Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Capítulo 62
Capítulo 63
Capítulo 64
Capítulo 65
Capítulo 66
Capítulo 67
Capítulo 68
Capítulo 69
Capítulo 70
Capítulo 71
Capítulo 72
Capítulo 73
Capítulo 74
Capítulo 75
Capítulo 76
Capítulo 77
Capítulo 78
Capítulo 79
Capítulo 80
Capítulo 81
Capítulo 82
Capítulo 83
Fear
Playlist
Playlist II
Playlist hot
A tão sonhada volta!!!

Capítulo 39

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By couples_best2

1/4

S/n Grimes

Três dias depois...

— Vai, junta aí! - pedia meu pai, segurando uma câmera fotográfica. — E... sorriam!

— Pai, isso é mesmo necessário? - Carl resmungou, sentado ao meu lado com Judith no colo.

— Quero ter uma foto dos meus três filhos juntos. Então sim, é necessário. - nosso pai falou. — Depois vou levar pro Aaron revelar. - comentou, batendo a tal foto.

— Aí vai colocar em um porta retrato bem grande em cima da lareira? - meu irmão perguntou de um jeito sarcástico.

— Exatamente. - papai concordou simples, olhando mais uma vez para aquela foto.

— Ele era o tipo de pai que guardava uma foto dos filhos na carteira e mostrava pra todo mundo que parava pra falar com ele. - digo, fazendo meu pai sorrir fraco.

— Vocês sempre foram o meu maior orgulho. - ele disse, sentando entre mim e Carl com Judith nos braços. — Os dois. - me olhou fixamente, tirando um sorriso largo dos meus lábios. — E agora a Judith também faz parte desse orgulho.

— Mais uma Grimes no mundo. - sorri fraco, acariciando o cabelo claro da menina.

Estávamos sentados na varanda, papai tinha acordado disposto a tirar uma foto dos três filhos. Aaron emprestou a câmera que ele usa para tirar as fotos da comunidade e o nosso pai nos obrigou a pousar para a linda foto de irmãos.

Enquanto ríamos, vi Glenn do outro lado da rua.

— Glenn! - chamo pelo homem, o fazendo vir até mim. — Vamos aproveitar o momento fotógrafo do meu pai e tirar uma foto nossa também.

Carl levantou e pegou Judith novamente. Papai parou na nossa frente feliz da vida, mirando a câmera para mim e Glenn, que sorríamos largamente.

— Abra um pouco mais os olhos, Glenn! - papai zoou o asiático, que levou tudo na brincadeira como sempre.

— Eu te amo, asiático irritante. - empurro seu ombro com o meu, desfazendo a pose logo depois que meu pai bateu a nossa foto.

— Eu também te amo, cuidadora de velhinhos. - me empurrou de volta. — Você é a única que não me confunde com um japonês.

— Claro! - levantei os ombros como se fosse óbvio. — Você não era chinês?

— Idiota. - negou com a cabeça, voltando a caminhar pela cidade.

Papai saiu para revelar as fotos e Carl entrou em casa de novo com a nossa irmã. Eu fiquei mais um tempo sentada ali na varanda com os olhos nas pessoas que caminhavam pela cidade.

As coisas estão indo muito bem. A dispensa está bem abastecida, os moradores estão mais dispostos a ajudar e até o Eugene assumiu o seu novo cargo como vigia no portão da frente.

Ri nasalmente e saí andando pela cidade também, vendo Gabriel com um rifle fazendo patrulha e o Morgan perto das placas solares treinando com aquele bastão.

Passei também pela frente da nova casa de Carol, a casa do Tobin na verdade. Vi o homem se despedir da mulher com um beijo rápido e alguns sorrisos. Os dois estão juntos faz pouco tempo, e parecem felizes.

Perto dos portões eu avistei Daryl olhando a moto que havia resgatado do posto na outra noite. Sentada ali perto estava Rosita, os pensamentos da mulher pareciam estar longe.

— Você tá bem? - a tiro do seu transe, sentando ao seu lado.

— Sim, eu estou! - respondeu rápido, balançando a cabeça algumas vezes. — Transei com o Spencer. - ela disse de repente.

— Essa cara significa que foi ruim? - pergunto meio confusa, sentindo a sua desanimação.

— O sexo não foi ruim, mas acordar ao lado dele hoje de manhã foi esquisito. - ela explicou.

— Só tome cuidado. - alerto, realmente preocupada com ela. — Ele é meio estranho.

— Estranho mesmo é aquilo ali. - disse Rosita, olhando diretamente para o caçador a poucos metros de nós.

Bárbara estava encostada na moto dele, puxando conversa com aquele sorrisinho idiota nos lábios. Daryl olhava para mim e Rosita enquanto tentava ser educado, limpando as mãos em um pano velho.

— O olhar do Daryl pede socorro. - a mulher ao meu lado falou.

— Então eu vou lá socorrer ele. - levanto, indo até aquela ruiva sem sal e o meu namorado.

Ao me aproximar, abracei o pescoço do caçador e beijei seus lábios. Daryl ficou encarando minha boca com um sorriso fraco depois que nos separamos, enquanto Bárbara assistia tudo com um leve desconforto.

— Oi! - ela forçou novamente aquele sorriso largo. — Você é a filha do Rick, né?

— Isso. - também forço um sorriso, deixando evidente o quão falso ele era. — E namorada do Daryl. - deixo claro.

— Ah... - ficou séria outra vez, parecia um pouco decepcionada.

— Amor, vamos pra casa? - olho para o caçador, ainda abraçada em seu pescoço.

— Vamos! - ele concordou rapidamente.

Sorri para ele e o puxei para longe, sentindo seu braço pesado me abraçar pelos ombros.

— Daryl! - a voz de Bárbara nos fez parar. — Passa lá em casa hoje à noite pro jantar.

— Eu já tenho planos pra essa noite. - ele respondeu, olhando para mim com um sorriso malicioso disfarçado.

— Tchau, Bárbara! - me despeço da mulher, que finalmente nos deixou ir.

Eu não dei uma palavra durante o caminho até a casa do Daryl. Tirei seu braço dos meus ombros e caminhei na frente com a cara fechada.

O caçador entrou na casa depois de mim, trancando a porta atrás da gente enquanto encarava minhas costas com confusão.

— O que eu fiz agora? - ele perguntou, vendo que eu estava muito calada.

— Eu nem disse nada. - me joguei no sofá com os braços cruzados.

— Mas tá pensando. - se jogou ao meu lado.

— Por que tá tão nervoso? - o questiono, olhando para ele com os olhos estreitos.

— Você viu que eu tava desconfortável ali. - rebateu. — Ela apareceu e ficou puxando assunto.

— Era só ter saído. - digo simples.

— Eu estou tentando parar de ser grosso. - disse pausadamente, com impaciência na voz. — Estou tentando ser mais gentil.

— Sabe com quem você era gentil? Comigo. - abri um sorriso sarcástico. — Sabe o que aconteceu? Minhas roupas e a minha virgindade ficaram na sua barraca.

— Quer que eu seja ignorante então? Tá bom! - deu de ombros. — Se quiser, eu posso continuar sendo muito ignorante.

— Eu quero que você dê um basta na Bárbara e no que ela pensa que vocês têm. - falei com a voz séria. — Devia ir no jantar que ela vai fazer pra você hoje. - me afundo mais no sofá.

— Sério? - me olhou com a sobrancelha arqueada.

— Óbvio que não, Daryl! - elevo a voz. — Você iria pra esse jantar se eu não me importasse?

— Claro que não! - se explicou rapidamente. — Olha, S/n, você tá me deixando confuso.

— A pergunta é bem simples, querido. Eu ou a Bárbara? - com um sorriso sarcástico, eu olhei em seus olhos.

— Eu me declarei por trinta minutos pra você naquele dia, então você já tem a resposta. - ele disse.

— Então você não quer ir no jantar? - pergunto.

— Eu já disse que tenho planos pra essa noite. - seus olhos desceram para os meus lábios.

— E quais são esses planos? - sinto minha respiração ficar um pouco pesada, vendo o homem se aproximar ainda mais do meu corpo.

— Ficar a noite inteira com você. - respondeu baixinho, bem perto do meu rosto.

— O que quer dizer com "ficar"? - retribuo seu tom. — Seja mais específico, Dixon.

— Quero dizer que você vai ser minha essa noite. - ele falou.

— Já disse que eu não sou de ninguém. - deito no sofá, sentindo o peso do seu corpo sobre o meu.

— Sim, você é. - beijou o meu pescoço. — Você é minha. Toda minha.

— Você está sendo um pouco abusivo. - digo, fechando os olhos enquanto arfava.

— E você gosta. - subiu novamente para me olhar nos olhos.

— Sendo assim, você também é meu. - eu disse, sem quebrar aquela troca de olhares. — Só meu.

— Eu sempre fui seu. - Daryl falou, chegando mais perto do meu rosto. — Desde a fazenda. Eu já era seu ali.

— Eu te amo, Darlinda. - sussurro para ele.

— Eu te amo, pequena. - sussurrou de volta. — Não amo muito esse meu apelido, mas te amo. - riu baixinho.

Com um sorriso fraco, ergui um pouco a minha cabeça e colei seus lábios nos meus. Enterrei meus dedos em seus fios pretos e o trouxe para mais perto, abrindo mais as minhas pernas para que ele ficasse entre elas.

— Sem brigar por besteiras agora, ok? - me olhou nos olhos, depois que nos separamos pela falta de ar.

— Eu não garanto nada.

— Garante sim, cala a boca! - grudou novamente nossas bocas, me fazendo rir entre o beijo.

— Vamos fazer isso aqui? - pergunto, sentindo novamente seus beijos descerem para o meu pescoço.

— Não quer riscar mais um cômodo da sua lista? - sua respiração quente e a voz grossa no meu ouvido fizeram todo meu corpo arrepiar.

— Eu acho uma ótima ideia. - envolvo sua cintura com minhas pernas. — Esse sofá é bem confortável.

— Pensei na gente fazer no chão. - ele disse, levantando sua cabeça para me encarar.

— Sério? - abri um sorriso largo involuntariamente. — Eu topo!

O caçador me beijou com mais intensidade e rolou nossos corpos no sofá, fazendo com que caíssemos com tudo no chão. Rindo em cima do seu corpo, as mãos do caçador apertaram a minha bunda.

Poderia dizer que dormi na casa do Daryl essa noite, mas nós dois ficamos bem acordados. Algo que meu pai não precisa saber.

Pela manhã, eu e Daryl nos encontramos com a Denise e a Rosita. A médica quer conferir umas lojas não muito longe daqui, ela acha que pode haver farmácias por lá. Tentamos fazê-la ficar, mas ela insistiu em ir com a gente.

Saímos nós quatro em um carro, um caminho silencioso e meio perturbante. Paramos no meio da estrada quando vimos uma árvore caída, impedindo que seguíssemos em frente no veículo.

Fiquei no carro com Denise, enquanto Daryl e Rosita foram lá fora ver o que tinha acontecido. Vi quando a mulher tirou um saco da mochila de um zumbi preso embaixo da árvore, vindo novamente até o carro.

— O que acharam? - Denise perguntou.

— Garrafas de bebidas. Tá afim de uma? - Rosita ofereceu para a médica, rindo animada.

— Não, obrigada. - a mulher agradeceu, guardando seu facão na cintura.

— É pra depois. - Rosita insistiu, tentando tranquilizar a mulher. — Isso não vai pra dispensa.

— Não. - negou outra vez. — Meus pais é que bebiam. Por isso eu não bebo.

— O carro não vai passar pela árvore. - Daryl falou, vindo atrás de nós. — Vamos a pé. - saiu na nossa frente, jogando uma mochila para mim.

— Espera! - Denise o chamou. — É uma linha reta se formos pelos trilhos. - disse, depois de dar uma rápida conferida no mapa que segurava.

— Nada de trilhos. - o caçador negou. — Vamos pela estrada.

— É o dobro da distância. - Rosita rebateu.

— Vai por onde você quiser. Eu não ando em trilhos. - Daryl resmungou, voltando a andar em linha reta.

— Cadê a parte do "estou tentando ser menos ignorante"? - pergunto, passando a caminhar ao seu lado.

— Pensei que não quisesse que eu fosse gentil com outras pessoas. - disse sem olhar para mim, focado na estrada.

— Depois da noite de ontem, achei que fosse acordar com o humor melhor. - digo, fazendo uma careta para o homem.

Denise veio atrás de nós, enquanto Rosita seguiu pelos trilhos do mesmo jeito. Comecei a me arrepender de não ter ido com ela pelo caminho mais curto depois que minhas pernas começaram a doer de tanto andar.

— Até que enfim. - disse Rosita, vendo nós três nos aproximarmos dela.

Daryl passou direito sem dizer uma palavra, enquanto eu e Denise continuamos caminhando mais atrás com Rosita.

— Não ligue pra ele. - tento melhorar a situação desconfortável. — Daryl é um cara de momentos.

— Tá segurando errado. - Rosita olhou para a médica, que segurava o facão do jeito errado.

— Quem te ensinou a lutar? - Denise perguntou curiosa, fazendo Rosita a encará-la por alguns segundos. — Desculpa, eu não quis tocar no assunto...

— Muitas pessoas me ensinaram muitas coisas. - ela respondeu. — Daqui alguns anos, o Abraham vai ser só um nome numa longa lista.

— Por que o Daryl está tão mal humorado? - Denise mudou de assunto, tentando manter a conversa entre nós três.

— Se souberem, me digam. - eu disse baixinho, olhando para o colete de asas do caçador. — Ontem a gente transou no chão da sala dele. Eu esperava que ele fosse acordar mais animado.

— O Daryl é mesmo muito estranho. - Rosita comentou. — Ela é uma gostosa. - olhou para Denise, enquanto apontava para mim. — Principalmente nua.

— Não é pra tanto. - ri envergonhada, sentindo as minhas bochechas corarem.

— Vocês duas já... - Denise intercalou os olhos entre nós duas, abrindo a boca com surpresa depois que Rosita me lançou um olhar malicioso. — Eu nunca imaginei.

— Foi só uma vez. - explico. — Agora eu e o Daryl estamos namorando oficialmente e a Rosita tá transando com o Spencer.

— É, eu já sabia disso. - a médica falou. — Ouvi o Spencer chamando a Rosita pra jantar com ele.

— Jantar? - ri com um olhar surpreso, enquanto Rosita permanecia com uma expressão séria.

— Ele se ofereceu pra fazer a comida e tudo. - Denise continuou.

— Pra quem não queria um relacionamento sério, você tá indo pelo caminho errado. - volto a olhar para frente. — Devia me sentir ofendida por não ter sido a escolhida? - brinco, fingindo estar chateada.

— Olhem só, chegamos! - Rosita me ignorou, olhando para a fileira de lojas na nossa frente.

Daryl abriu a porta de uma das lojas e nós invadimos o lugar. O cheiro que tinha ali era horrível, mas a Denise estava certa. Realmente existia uma farmácia, com as prateleiras cheias de remédios.

— Se colocarem no balcão, eu posso escolher. - a médica falou, ajeitando seu óculos.

— Não, a gente vai levar tudo. - disse o caçador, entrando na drogaria.

— Tem certeza, porque...

— Relaxe. - sorri gentilmente para a mulher, entrando na farmácia depois de Rosita.

Ouvimos um barulho vindo de uma porta bem ao lado, mas não demos importância. Eu, Daryl e Rosita colocamos todos os fracos dentro das nossas mochilas, nos assustando com o som de vidro se quebrando.

— O que tá fazendo? - Rosita olhou para Denise, que parecia muito assustada.

— Nada. - ela disse com a voz trêmula e ofegante.

Denise saiu da loja e ficou esperando a gente do lado de fora, enquanto nós continuamos enchendo as mochilas.

— Devíamos tratá-la melhor. - comentei, logo depois que a médica saiu.

— Em nenhum momento tratamos ela mal. - Daryl falou.

— Você tá tratando todo mundo mal hoje. - digo, o olhando de relance. — Ela nunca veio aqui fora, tá assustada. Desde que assumiu a enfermaria, tudo que ela vem tentando fazer é ajudar. A gente devia ter mais paciência com ela.

Daryl me encarou por um tempo, mas logo voltou a jogar os remédios dentro da mochila. Quando terminamos, saímos da loja e encontramos Denise sentada no chão segurando um chaveiro escrito "Dennis".

— Mandou bem achando esse lugar. - Daryl falou gentilmente, chamando a atenção da médica.

Denise concordou com a cabeça e levantou, secando as poucas lágrimas que molhavam seu rosto.

— Tentei falar que não tava pronta. - disse Rosita, olhando para a médica com um olhar paciente. — Nós tentamos.

— Eu sei. - ela disse com a voz chorosa.

— Ela tá pronta. - digo, sorrindo fraco para a mulher. — Agora ela tá.

Denise sorriu sem mostrar os dentes e nós finalmente fomos embora daquele lugar.

— Ele era o mais velho ou o mais novo? - Daryl perguntou para Denise enquanto andávamos, adivinhando que "Dennis" era seu irmão.

— Mais velho, por seis minutos. - ela respondeu sorridente. — Meus pais pensaram em Dennis e Denise numa das bebedeiras deles. Engraçado, né? Nada o assustava. - Denise contou, se referindo ao irmão. — Ele era corajoso. E cabeça quente também. Uma combinação perigosa.

— Parece que tivemos o mesmo irmão. - disse Daryl com um olhar meio triste.

Andando ao lado do caçador, entrelacei sua mão na minha. O homem olhou para mim com um olhar grato, e eu apenas sorri.

Chegamos nos trilhos e já estávamos convencidos a seguir em linha reta pela estada mesmo, mas Daryl apertou a minha mão mais forte e seguiu pelos trilhos.

— Por aqui é mais rápido, né? - apontou para a direção que os trilhos levavam, fazendo Rosita e Denise sorrirem junto a mim.

— Vejo que o humor de Daryl Dixon melhorou. - digo com um sorriso largo, abraçando o braço forte do homem.

Fora dos trilhos, Denise viu um refrigerador dentro de um carro. Tinha um zumbi lá dentro, um único zumbi. Ela nos chamou e tentou fazer a gente parar, mas nós seguimos andando.

Eu sabia que ela não ia desistir e acabaria tentando pegar aquele refrigerador sozinha, foi por isso que eu não tentei fazer os outros pararem para ajudá-la. Queria que Denise fizesse aquilo sozinha.

Voltamos correndo quando ouvimos a médica cair no chão com o zumbi em cima dela, mas quando chegamos ela nos mandou ficar longe. Denise o matou sozinha, como eu sabia que ela podia fazer.

Depois de vomitar, ela voltou até o refrigerador e exibiu com orgulho uma lata de refrigerante de laranja. O tal refrigerante que ela pediu para o Daryl trazer dias atrás se encontrasse para poder surpreender a Tara.

— O que foi isso? - Daryl perguntou com aquele seu tom rude, olhando seriamente para a médica abaixada ao lado do carro. — Você podia ter morrido, sabia?

— É, eu sei. - ela concordou, ficando em pé novamente.

— Você me ouviu? - o caçador olhou para ela com impaciência.

— E quem se importa?! - Denise elevou um pouco a voz, dando de ombros. — Vocês podiam ter morrido lutando com os Salvadores, mas não morreram! Quer viver, assuma os riscos. É assim que funciona! - explodiu, falando tudo que veio a sua mente. — Foi isso que eu fiz.

— Por umas latas de refrigerante? - o caçador indagou com a voz mais calma.

— Não. - ela negou. — Só por esta aqui. - levantou o refrigerante de laranja, passando por nós três.

— Fala sério?! Você é sempre tão burra? - Rosita foi atrás dela, a repreendendo.

— Você é? É sério. Você é? Você tem ideia do que aquilo foi pra mim, do que tudo isso tem sido pra mim? - Denise perguntou de volta, parando na frente da mulher. — Eu te pedi pra vir comigo porque você é corajoso como o meu irmão e às vezes me faz sentir segura. - apontou para o Daryl, que a ouvia em silêncio. — E eu queria você aqui porque tá sozinha. - olhou novamente para Rosita. — Talvez pela primeira vez na sua vida. E porque você é mais forte do que pensa, o que me dá esperança de que eu também posso ser.

— No caso, eu sou a única sobrando no bonde, né? - dei uma leve interrompida na conversa. — Não estou me sentindo excluída, se desejar saber.

— Te queria aqui porque você é uma das únicas que não tem medo de ser o que quer. - Denise falou para mim, olhando nos meus olhos. — Seu pai e muitos outros te julgaram por ter escolhido ficar com o Daryl, até o próprio Daryl, mas isso não fez você desistir. E eu também quero ser assim. Quero ter a mesma coragem que você tem de ser quem quiser ser. - ela disse, me fazendo sorrir fraco. — Eu podia ter ido com a Tara. Eu podia ter dito que a amava, mas não disse... porque estava com medo. Isso que é burrice! Não vir aqui, não encarar os meus medos. O que me deixa irritada é vocês dois nem estarem tentando, porque são fortes, espertos. - repreendeu o Daryl e a Rosita, que nem sabiam o que falar. — Os dois são pessoas muito boas. E se não acordar...

Antes que Denise terminasse de falar, uma flecha surgiu do nada e atingiu seu olho. Foi um choque. Daryl correu para segurá-la e a médica caiu morta nos trilhos.

Nós levantamos nossas armas no mesmo instante e apontamos para as árvores, de onde vários homens saíram. Todos muito bem armados, mirando para nós com sangue e soberania nos olhos.

— Larguem as armas agora! - um deles gritou.

Não tínhamos escolha, não depois de ver Eugene ser colocado de joelhos ali na nossa frente por um homem com metade do rosto queimado. O que mais me deixou intrigada foi ver o homem carregar a besta do Daryl, a mesma que acabou de atirar na Denise.

— Tem alguma coisa pra me falar? - o homem com o rosto queimada perguntou para Daryl, que o encarava com raiva. — Vai dar o papo reto? Ou vai bancar o esperto? Não. Você não fala muito.

Três dos homens vieram até nós e pegaram nossas armas, revistando nossas roupas.

— Eu ainda estou aprendendo. - disse o homem, ainda com o olhar fixo em Daryl, se referindo a besta. — Dá um coice danado, mas...

— Eu devia. - Daryl murmurou.

— O que disse? - o homem perguntou. — É sério, eu não ouvi o que você disse.

— Devia ter te matado. - Daryl repetiu, agora, em tom alto e claro.

— É, talvez devesse. - ele concordou. — Mas aqui estamos nós. É uma coisa meio óbvia, né? Quem procurou o quê? Vai ter que acreditar em mim, mas nem era nela que eu tava mirando. Como eu disse, dá um coice danado. - levantou novamente a besta. — Não é nada pessoal. Olha, não era assim que a gente gostaria de negociar, mas vocês meio que deram o tom, não foi?

— O que vocês querem? - eu perguntei, atraindo a atenção do homem.

— Desculpa, amor, eu não sei o seu nome. - ele falava com sarcasmo e superioridade, como fosse melhor do que a gente, como se fosse mais poderoso do que nós.

E talvez fosse.

— Eu sou o D. Ou Dwight, como você quiser. - se apresentou. — E aí? Como é o seu nome?

— S/n. - respondo com a cabeça erguida e nem um pouco intimidada, vendo o sorriso idiota daquele imbecil crescer. — O que você quer?

— Primeiro me diga o nome da sua amiguinha. - olhou para Rosita, me fazendo respirar fundo.

— Rosita. - a mulher se apresentou, deixando o homem satisfeito.

— Bom, S/n e Rosita... - ele disse. — Não é o que eu quero, é o que vocês duas e o Daryl vão fazer. Vão levar a gente até o complexo de vocês. Parece que é muito bonito lá. Daí vão nos deixar levar o que e quem a gente quiser.

— O que te faz pensar que faríamos isso? - perguntei.

— Podemos estourar os miolos do Eugene. - sorriu vitorioso. — Depois os seus. Depois os da Rosita. E por fim os do Daryl. Eu espero que não chegue a isso. Sério. Ninguém mais tem que morrer. A gente só queria matar um. Sabe, pra ficar bem claro que apito a gente toca. E aí? Como é que vai ser? Podem falar.

— Querem matar alguém? - Eugene perguntou. — Comecem com o nosso amigo que está atrás dos barris. Ele sim é um baita bundão e merece mais do que todos nós. - desviou seu olhar dos barris e olhou para Rosita.

O tal do Dwight mandou um dos Salvadores ver quem estava ali, atraindo a atenção de todos. Enquanto olhávamos para os barris, Eugene mordeu a virilha de Dwight, o fazendo gritar de dor.

Abraham iniciou o tiroteio, nos dando a chance de pegar as armas que haviam tirado de nós. Nesse meio tempo, Eugene foi atingido na barriga e os outros recuaram.

— Daryl, para! - grito pelo homem, que pretendia ir atrás dos outros.

Rosita e Abraham estavam ajoelhados nos trilhos, fazendo pressão no ferimento de Eugene. Eu estava parada em pé com os olhos sobre o caçador, que segurava a besta que Dwight tinha deixado para trás, pousando meu olhar sobre Denise caída morta no meio dos trilhos logo em seguida.

Daryl voltou e correu para ajudar Eugene, enquanto eu permaneci parada encarando o corpo de Denise.

— S/n, temos que ir. - a voz de Daryl me despertou, fazendo com que eu o olhasse novamente.

Me afastei do corpo de Denise e ajudei Rosita a carregar as pernas de Eugene. Assim, conseguimos chegar no nosso carro e voltar para Alexandria.

Estávamos todos na enfermaria vigiando o Eugene, quando Abraham chegou dizendo que o meu pai já estava vindo.

— Como ele tá? - o ruivo perguntou, se aproximando da maca de Eugene.

— A bala pegou de raspão, ainda bem que a gente trouxe ele rápido. - Rosita explicou. — Os antibióticos que pegamos vão impedir a infecção.

— Tudo graças a Denise. - digo cabisbaixa, sentindo o olhar triste do caçador sobre mim.

— Você tá bem? - Daryl perguntou baixinho, segurando a minha mão.

— Vou ficar. - forcei um sorriso fraco, apertando mais a sua mão na minha.

Eugene logo acordou, um pouco fraco, mas cociente.

— Eu não quis tentar te matar. - ele disse no mesmo instante, olhando para Abraham. — Só queria achar o momento.

— Você achou. - disse o ruivo, abaixando perto da maca.

— Vai se desculpar por questionar minhas técnicas? - Eugene perguntou.

— Peço desculpas por questionar suas técnicas. - Abraham se desculpou. — Sabe mesmo morder um pinto. E eu falo isso com todo respeito, viu? Bem-vindo a fase dois.

— Não preciso de boas-vindas. - disse Eugene. — Já faz um tempo que cheguei.

Desviei meu olhar dos dois e olhei novamente para o par de olhos azuis a minha frente. Com a mão grossa do caçador ainda entrelaçada na minha, eu a levantei e a beijei.

Daryl me puxou para ele e me abraçou fortemente, deixando um beijo no topo da minha cabeça. Apertei seu corpo e escondi a o meu rosto em seu peito, me sentindo em casa de novo.

Antes de voltar para Alexandria, eu fiz o Daryl voltar comigo para buscar Denise. Abraham nos ajudou a carregá-la até o carro, e assim nós a trouxemos para casa também.

Chamei Daryl para ir comigo até o cemitério da comunidade, juntos nós cavamos a cova da médica e a enterramos. Ficamos parados na frente do seu túmulo, olhando a placa com o seu nome enquanto virávamos uma garrafa pequena de vodka.

— Essa é a última vez que você vai beber isso. - Daryl falou, tomando a última gota da bebida.

— Que pena. - suspirei frustrada. — Tá difícil continuar lúcida nos dias de hoje.

Com aquele chaveiro escrito Dennis nas mãos, o coloquei em cima da sua cova. Deixei Daryl ali e saí andando pela comunidade, vendo Abraham sair da casa da Sasha.

Eu ia passar direito, mas o homem me chamou.

— E aí, quatro ouvidos! - gritou por mim.

— Quatro ouvidos? - franzi o cenho, indo até ele.

— É, porque você fica o tempo todo com aqueles fones. - ele explicou com aquele seu jeito bem humorado.

— Você é mesmo bom em dar apelidos, cenoura.

— Digo o mesmo. - ele riu. — Cenoura? 

— Não sei se você já percebeu, mas seu cabelo é laranja. - digo, passando a mão pelo seu cabelo ruivo.

— Sério? - fingiu estar surpreso. — Eu não tinha percebido ainda.

— Você magoou a Rosita. Sabe disso, não é? - mudo de assunto, o fazendo fechar aquele seu sorriso largo.

— Não podíamos ficar juntos. - se explicou.

— Por quê? Você tá gostando de outra pessoa? - o questiono.

— Não é isso, é que... - respirou fundo, tentando encontrar as palavras corretas. — Olha, achávamos que éramos os últimos nesse mundo, mas tem outros. Tem outros homens e outras mulheres. Eu não sou o cara certo pra Rosita, ela merece mais.

— Ela te ama.

— E eu amo ela, de verdade. Mas eu realmente não posso fazer isso, não posso prendê-la a mim. - ele disse, e parecia mesmo estar sendo sincero.

— Parece até o Daryl falando. - ri nasalmente. — E a Sasha? Você gosta dela? - pergunto

— A Sasha? - ele indagou confuso.

— Não se faça de idiota. Todos sabem que você deixou a Rosita por causa dela. - digo.

— Eu gosto muito dela, ela é diferença da Rosita. - ele confessou.

— Ama ela? - pergunto com a feição séria.

— Amar é uma palavra forte. Eu a admiro, gosto de estar com ela, mas eu amo a Rosita. - disse o ruivo.

— Então, por que não ficam juntos? - volto a questioná-lo.

— Eu já disse, não sou o cara certo.

— Abra bem os olhos, cenoura. Rosita é uma mulher bonita, daqui a pouco os homens vão cair sobre ela. - eu disse, sem tocar no nome do Spencer... ou o meu.

— É, eu sei que vão. - balançou a cabeça em concordância.

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