Your Daddy

By IndiraBenicio

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Toni Topaz era uma Juíza bastante renomada do Canadá, onde morava com sua melhor e inseparável amiga, Veronic... More

1- Pilot
2- Little Problems
3- Room With Cheryl
4- Vacation
5- Aeroplane
6- Santa Marta
7- Clima tipo Vancouver
8- Betty boobs
9- Hidro and...?
10- Cogida la Noche
11- Pre ******
12- Fucking in The Hidro
13- Aeroplane Part. 2
14- Argentina
15- Only Choni
16- Oh! Fuck... Pregant
17- Dinner
18- Jose Cuervo
19- Assuntos
20- Assuntos Part.2
21- Bomb
23- The Sun. The Moon.
24- ongoing process (part.1)
25- Family Issues
26- It's O.K
27- Obsessão
28- Ongoing Process (Part.2)
ESCLARECIMENTO!!!
29- Bored
30- Psíquico
31- Resolutions
32- Silver
33- Revelações
34- Hospital
35- Help!
36- Psiquiatric
37- Five Moths
38 - Romantic.
39- New Survey
40- Chamber
41- Wednesday
42- Psiquiatric 2.0
43- Judgment
44- Perigo à Sete Palmos Part.1
45- Perigo à Sete Palmos Part.2
45- This is the End...?

22- Bagulhos estranhos

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By IndiraBenicio

Point Of View Toni Topaz

Pela parte da manhã, quando eu resolvi acordar meu corpo inteiro reclamava dolorido por conta do ocorrido de ontem, e comigo tendo uma Cheryl agarrada no meu tronco não deu muito pra sentir tanta dor assim até porque, acreditem se quiser, o calor de seu corpo amenizava um pouco a dor que eu sentia em todos os quantos do meu lindo corpinho.

Quando resolvemos levantar da cama, fomos tomar um belo banho quente tendo o auxílio da minha namorada para ensaboar meu corpo e ajudar a me banhar já que eu estava com o braço imobilizado. Fui botar minha roupa do trabalho, depois de muita insistência de Cheryl falando que eu não precisava trabalhar hoje ela acabou cedendo e me ajudou a vestir minha roupa. Estávamos na frente do espelho e eu fui percebendo que inúmeras partes do meus corpo tinha hematomas enormes espalhados, na área das minhas costelas nem se fala, era gritante o tamanho dos hematomas. Tivemos uma surpresa quando descemos em direção à sala, Betty e Lucy conversavam com Barbara e Veronica as gargalhadas. Ainda estou surpresa por saber que Betty acordou bem mais cedo que eu, essa é nova, muito nova.

— Bom dia flores do dia— Desejei baixo tentando fechar minha calça com apenas uma mão, porém não deu muito certo.

— Deixa que eu te ajudo— Cheryl riu me ajudando a fechar a calça, suspirei frustrada.

— Odiando ter que usar essa merda, nem foi uma coisa tão grande assim pra ter que imobilizar— Reclamei indo para a cozinha seguindo minha namorada.

— Ah! Não né? Só deslocou o braço— Betty comentou— Bom dia Tee— Sorriu me puxando pra dar um beijo na bochecha.

Se tivessem tirado foto da cara que eu havia feito quando recebi o carinho repentino, com certeza eu seria um meme a nível Gavin da vida.

— Meu Deus, que ícone de momento— Lucy comentou com certa animação na voz.

— Bem ícone mesmo, ela nunca fez isso. Ainda mais essa hora da manhã com todo esse bom humor exalando dela— Apontei-a assustada enquanto ia para o lado de Cheryl — Ela está tramando alguma coisa de mal pra mim— Brinquei me escondendo atrás dela, as meninas riram.

— Não estou planejando nada de mal pra você, ok? Nunca quis te fazer mal, não seria agora que eu faria, não é meu bem?— Betty jogou o cabelo pra trás me dando um sorriso.

— Cheryl ela está muito estranha— Fingi estar com medo— Meu Deus a sétima trombeta tocou e eu não escutei. Merda, já estamos no apocalipse e Lúcifer ainda nem veio me buscar, droga— Bati a mão na coxa. A risada foi certa entre elas.

— Ela é sempre bem humorada assim?— Veronica perguntou entre a risada.

— Sempre, as vezes dá até raiva de tanto que ela nos faz rir— Betty respondeu.

— Opa, que ótimo, alguém bem humorada pra uma amizade saudável— Veronica riu. Só que sua risada foi um pouco sensual, confesso.

— Ei, me respeita, por favor? Eu faço comentários ótimos, ok?— Cheryl pareceu ofendida.

— Sim meu bem, porém né— Barbara me apontou por inteira, Cheryl estava boquiaberta olhando pra mim.

— Não passou nem um mês direito e você já roubou minhas melhores amigas. Que ultraje!— A hispânica exclamou pasma, o que nos fez rir.

— Olha, eu não roubei suas amigas, ok? Elas que parecem ter me adotado como amiga, eu só faço meu papel de palhaça quando convém. E até mesmo quando não convém— Dei de ombros de um jeito debochado, minha namorada semicerrou os olhos pra mim.

— Está declarando guerra, Antoinette?— Cheryl forçou sua voz sexy, rapidamente levantou a mão para interromper a fala de Lucy— Então está declarada essa guerra— Sorriu maliciosamente.

Olhei para Betty e depois para Lucy, e nós tínhamos os olhares mais cínicos e debochados do mundo, sem contar no nosso sorrisinho cínico cortante.

— Ela acha que pode— Debochei apontando-a, Betty e Lucy riram balançando a cabeça em negação.

— Vai na fé, Marjorie Blossom— Lucy debochou com o nome do seu alter-ego.

— Tadinha, nem conheceu a digníssima Antoinette ainda— Betty comentou como quem não quer nada, a expressão sexy de Cheryl sumiu dando lugar a uma curiosa e confusa.

Já era a segunda vez em que Betty e eu nos envolvíamos quando ficávamos tempos sem conseguir ursinhos, mas da primeira vez nós até tínhamos conseguido ursinhos, não entendo o porque de acontecer uma segunda vez. Ela sempre teve a curiosidade de saber como que funcionava o meu "pau". Não era como um experimento, não era pra saber como que era transar com um "pau de mulher", mas era um lance de tipo, ela é minha melhor amiga cara, nós temos intimidade o suficiente para conhecer o corpo uma da outra.

Tee, preciso te contar uma coisa, e isso está me matando por dentroBetty apareceu na cozinha vestindo seu roupão e tenho uma toalha enrolada na sua cabeça.

Fala, sou toda ouvidosPedi.

Estou tendo umas fantasias extremamente excitantes com você, acho melhor nós pararmos de fazer issoFalou rapidamente, virei pra olhá-la novamente e ela estava... Nervosa?

Você está nervosa?Perguntei um tanto quanto surpresa.

Toni, é o seguinte, você está a pouco de se casar, já é a segunda vez que nós nos envolvemos e isso não é nem um pouco certo. Quer dizer, nós sabemos que Ariana também foi para uma despedida de solteira com as amigas, e sabemos que ela se envolveu com um dos bar man's, mas continuo achando que não é certo o que nós fazemos, ainda mais que isso está influenciando demais minha mentalidade fértilExplicou.

Eu já estava querendo conversar isso com você mesmoVirei pra ela por completo apoiando a lateral do meu quadril na mármore da piaNós somos melhores amigas, é comum a curiosidade uma da outra, ainda mais quando ambas estavam bêbadas, tanto da segunda vez quanto da primeira. Essas coisas acontecemConformei-me.

Acho melhor nós esquecermos isso, apagarmos isso da nossa memória, ok? Nunca transei contigo e não sei que você tem um pau, e assim viveremos tranquilamenteDeu um sorriso forçado.

Sabe que não tem como esquecer isso né?Ri.

Eu sei que não temFalou mais alto, pra logo suspirar, isso me assustou um poucoEu sei que não tem como esquecer, ta bom? Mas vamos fazer o seguinte, fingir que nunca aconteceu nada a mais entre a gente, que nunca fizemos nada a mais e iremos nos tratar normalmente como sempre nos tratamos antes disso tudo acontecerFrisou o pronomeSei que isso é bem coisa de adolescente querendo atenção, mas temos 25 anos, poderemos levar isso numa boa sem ter aquelas brigas que adolescentes tem. É istoTerminou de falar e já saiu sem me deixar dizer ao menos um 'Ok'.

Então é isso, Betty e eu cortamos qualquer tipo de amizade colorida que poderíamos alimentar depois das duas vezes de relações sexuais que nós tivemos.

Enquanto eu olhava para Betty me lembrei da conversa que nós tivemos anos atrás sobre o nosso lance de se envolver e criar uma amizade colorida bem nutrida. Antes de nos envolvermos ela instigava meu alter ego que eu nem sabia que existia, até que um dia ela apareceu. Antoinette, foi o nome que Betty deu à ela no momento em que a "Conheceu", há anos atrás.

— O que foi Tee? Parece que está se sentindo mal. Já tomou seu remédio?— A voz de Lucy invadiu meus pensamentos, balancei a cabeça dispersando e a olhei.

— O remédio? Já tomei, a Cher me deu. Eu estou bem, relaxa— Dei um pequeno sorriso— Preciso trabalhar gente, com sua licença— Já ia me levantando, mas Lucy segurou meu braço cuidadosamente.

— Nada disso, a médica te deu um atestado, terá que ficar de repouso por duas semanas, que é o tempo do seu remédio. Nós já entregamos o atestado aos superiores e eles estão cientes que você ficará em casa, então pode sentando essa bundinha aí e relaxar— Apontou a cadeira.

— Ok... ahm, ok— Falei baixo me sentando na cadeira de novo.

— Sério, o que há com você?— Cheryl perguntou preocupada.

— Não sei, na verdade— Tinha uma feição confusa enquanto olhava para a minha namorada — Está tudo muito estranho— Ri confusa batendo a mão na testa.

— Deve ser efeito do remédio para a dor, é normal isso— Betty comentou.

— Deve ser mesmo— Ri ainda mais.

Era inevitável não rir daquele jeito, queria parar, mas não conseguia. A medida que eu ria o tom mudava, antes era uma risada quase forçada, agora passou para uma meio nervosa e com ela veio junto uma dor de cabeça descomunal fazendo meus olhos encherem de lágrimas.

— Toni...— Lucy soltou ainda mais preocupada segurando na minha mão.

Senti que algo quente começou a escorrer do meu nariz, levei minha mão semi trêmula até lá, e quando olhei percebi que era sangue.

— Me ajuda— Falei baixo já sentindo meu corpo amolecer lentamente.

E lá vamos nós de novo. A audição estava abafando por completo enquanto meu corpo caía pra trás, e não como se eu estivesse inventando, mas Waltz In C-Sharp Minor de Chopin começou a tocar na minha cabeça, até que eu sentisse um forte baque em algo extremamente duro. O forte gosto se ferrugem se fez presente na minha língua enquanto descia a minha garganta, uma Betty desesperada apareceu no meu campo de visão me pegando no colo e correndo comigo. Por mais que minha visão estivesse um pouco comprometida naquela hora, não me atrapalhava em nada, ainda conseguia enxergar bem as coisas.

O engraçado foi que eu ainda reagia bem a qualquer coisa, o foda foi minha audição sumir quase por completo, tudo estava abafado demais, até o baque que a porta do carro fez foi baixo pra caramba. Cheryl mantinha minha cabeça levantada por algum motivo, Lucy tentava a qualquer custo falar comigo, porém eu não entendia nada do que ela dizia ou gesticulava, nem conseguir abrir a boca eu conseguia, ou simplesmente balançar a minha mão para avisar que eu não a entendia.

Tudo estava lento demais. Tudo estava abafado demais. Tudo estava... estranho demais.

A música clássica ainda tocava na minha cabeça, como a trilha sonora de todo o trajeto que elas fizeram comigo até o... hospital? Sim, hospital, eu ainda conseguia distinguir cada coisa. Betty novamente saiu comigo em seu colo, mas tudo girava ao meu redor, o céu estava distorcido e o rosto da polinésia também. Puta merda, eu estava delirando?

— Toni... Toni...— Ouvi ao longe, e logo em seguida senti alguma coisa bater em meu rosto. Foquei na pessoa e continuava a ser Betty — Não dorme, não é para dormir— Sua voz continuava longe.

— Nã-voa... Dorm-nã— Tentei falar, mas minha voz saiu ridiculamente estranha e desconexa.

Repentinamente entrei em um lugar com a cor verde bebê, isso me fez sentir bem, tentei sorrir, mas com certeza meu sorriso saiu completamente torto e estranho. Senti algo macio embaixo de mim, bem confortável, estava cansada e minhas pálpebras pesadas, tinha acordado cedo para trabalhar, porém foi isso que aconteceu. Continuei com sono.

— Ãh! Ãh! Não feche os olhos— Novamente a voz longe e os baques leves no meu rosto.

Uma segunda voz apareceu, e um carinho foi surgindo na minha cabeça como um cafuné amigo e ligeiro, foi mais um dos motivos para que eu fechasse os olhos e me desconectasse do mundo.

***

Em algum momento minha consciência havia achado que já era hora da minha alma voltar para o corpo, e não voltou sutilmente, voltou como se eu tivesse levado um soco na caixa torácica. Meu corpo balançou-se violentamente e meus pulmões inflaram de um modo desesperado puxando muito mais ar que o necessário pela minha boca. Meus olhos arregalados fitavam o teto verde bebê que foi me acalmando aos poucos, controlando a respiração alterada e os batimentos descoordenados do meu coração acelerado. Meu corpo paralisou por alguns segundos, mas logo os espasmos na coxa direta foram como o estopim pra que eu sentisse todo o sangue correr por cada cantinho do meu corpo. Um pequeno formigamento fez-se presente agora no meu braço direto, movi um pouco a cabeça pra esse lado e havia uma sonda agulhada no meu braço transportando remédio e soro direito na minha veia. Sentia que uma das minhas narinas estava com obstrução, por isso da minha dificuldade para respirar, a parcela de ar eu puxei pela boca e por ela continuei a alimentar meus pulmões com o ar do ambiente.

Sim, eu já tinha noção de onde estava, só não me lembrava muito bem o por que de estar ali. Passeei a mão direita pela cama, tateando o lugar apenas com quatro dedos porque o indicador estava sendo esmagado pelo medidor de batidas cardíacas, até que senti algo retangular na palma minha mão. Quando o ergui para que ficasse na altura dos meus olhos pressionei o botão que tinha a palavra "Up" em cima dele, e lentamente a parte de cima da cama levantou-se um pouquinho mais, na posição perfeita pra que eu pudesse ver todo o lugar. Havia um sofá numa das paredes do quarto, nele tinha inúmeras bolsas, duas delas consegui reconhecer. Betty e Cheryl. Só que... cadê as duas?

Passeei mais o olhar pelo quarto, tinha uma televisão erguida lá em cima na parede, só que ela estava desligada. Novamente passeei o olhar pelo lugar e vi um controle todo cinza em cima da da mesinha que havia ao lado da maca, estiquei-me para pegá-lo o apontei na direção da televisão, que ligou assim que apertei o botão On/Off. Um canal de documentários falava sobre a forma correta de como cuidar de seu pet (Doguinho e gatinho). Não tinha nem um nem outro, mas aquilo me prendeu a atenção, eram bichinhos fofinhos e não tinha como não se apaixonar por todos eles de uma só vez.

Mas, alguma coisa tirou o meu foco dos bichinhos fofinhos e me fez focar em outro lugar: A Porta. Comecei a ouvir barulho de passos e vozes ao longe, demorou poucos segundos para que a maçaneta da porta girasse e ela se abrisse revelando Quatro maravilhosas donzelas.

— Pelos Deuses, Toni— Cheryl veio rapidamente na minha direção, me deu um pequeno e cuidadoso abraço seguido de um beijo na testa.

— Graças a Deus você acordou— Betty tinha um sorriso aliviado em seu rosto enquanto ficava ao lado de Cheryl.

— O Senhor lá de cima atendeu minhas preces por menos religiosa que eu seja— Lucy riu mostrando alivio também.

— Bom dia flor do dia. Quer dizer, boa noite— Veronica brincou.

— O que...— Pigarrei um pouco pela minha garganta estar bem seca— O que eu estou fazendo aqui de novo?— Perguntei baixo olhando para Cheryl e Lucy.

— Segundo a médica, você teve um transtorno hemorrágico sistêmico por causa dos remédios. Já tem pressão alta, os remédios pioraram isso ainda mais, e foi aí que houve a rejeição do seu organismo. Aí tu deu a louca sangrando pelo nariz e tendo alucinações não conseguindo falar direito e nem se mexer. Ela explicou que a rejeição foi tão forte que seu corpo sofreu uma sobrecarga e parou— Cheryl explicou tudo pacientemente enquanto segurava a minha mão direita.

— Uau!— Foi a única coisa que consegui soltar depois da explicação.

— Ela disse que fez exames e descobriu agora o remédio certo pra você— Sorriu, devolvi o ato.

— Certeza absoluta a dela?— Perguntei desconfiada.

— Tee, é a segunda vez em menos de vinte e quatro horas que você volta para o mesmo hospital. Claro que ela tem certeza agora— Betty falou num pequeno riso.

— Espero que tenha. Não foi legal ficar do jeito que eu fiquei, estava tocando Frederic Chopin na minha cabeça enquanto eu estava naquela situação— Contei meio confusa forçando a memória.

— Ah! Então era isso que você estava tentando cantarolar enquanto a DJ te carregava pra cima e pra baixo. Estava impossível saber o que você estava tendo fazer— Cheryl falou entrelaçando nossos dedos com sutileza e extrema delicadeza com sua pele macia.

— Tem algumas partes que ainda não me apareceram claramente na cabeça, mas eu lembro que a Lucy tentou falar comigo só que eu não entendia nada porque não estava conseguindo escutar. Lembro também de sentir uma pancada bem forte nas costas, e na cabeça também— Fiz uma careta de dor pela pequena dor de cabeça que me aparecia por estar forçando as lembranças— Dói muito pensar— Reclamei abaixando a cabeça para que minha mão esquerda pudesse tocar a minha testa já que meu braço estava imobilizado e não dava para levantar ao extremo.

— Ok, tudo bem, não se esforça tanto. Relaxa e fica despreocupada— Cheryl levantou a minha mão e deu um breve beijo casto.

— Eu estava tendo várias alucinações— Falei um pouco perdida ainda olhando para Cheryl, que prestava atenção fixamente em mim.

— Foi efeito colateral do remédio também— Lucy confirmou, lentamente virei a atenção pra ela que estava apoiada na lateral da cama, mas voltei a olhar para a minha namorada.

— Quando que eu vou poder sair daqui?— Perguntei.

— Só amanhã de manhã. A médica quer te manter em observação para saber a sua reação sobre o novo remédio— Cheryl contou, lentamente fui apertando meus dedos nos seus.

— Não me deixa sozinha, por favor— Quase supliquei, ela juntou as sobrancelhas.

— Ei, calma, não iremos te deixar sozinha, está tudo bem. Claire ficará cuidando da floricultura por hoje para que Lucy e eu fiquemos aqui te acompanhando— Deu um pequeno sorriso, o que me fez relaxar aos poucos.

— Enquanto dormia nós fomos em casa pegar uma roupa, iremos passar a noite aqui com você. Um paciente não pode ter dois acompanhantes, mas eu inventei que sou residente e preciso acompanhar a minha amiga para fazer um relatório pra faculdade— Lucy balançou a mão— Eles não acreditaram muito, mas me liberaram pra ficar aqui de qualquer jeito— Deu de ombros. A desculpa dela me fez rir um pouco, mas uma tosse seca veio junto.

— Preciso de alguma coisa pra beber, minha garganta está seca demais— Sem largar a mão de Cheryl trouxe a minha até minha garganta e cocei com o dedão.

— Barbara está trazendo nossos lanches, ela foi lá na rua comprar alegando que lanches de hospital são muito restritos. Não sei onde ela foi, mas pela demora deve estar fazendo os lanches né— Cheryl reclamou para Veronica, as meninas riram.

— Tadinha, dá um desconto pra ela, poxa, deve estar toda enrolada lá pra comprar as coisas por causa da pressão que nós botamos nela— Veronica comentou.

— Que pressão?— Perguntei curiosa.

— Falamos que se ela não fosse rápido comprar a comida você entraria em coma pela demora. Mas foi brincando, ela sabe que isso não é verdade— Veronica completou.

— Ah! Gente, para de amolar. Não faz nem 15 minutos que pedimos pra ela ir até lá. Vocês adoram implicar com a velocidade da menina— Lucy defendeu.

— Olha ela defendendo a namoradinha— Brinquei, elas riram. Lucy apoiou com leveza a mão no meu braço simulando uma tapa.

— Me respeita, ela não é minha namorada, porém depende— Lucy fez uma carinha de safada.

— Lucia você não engana ninguém, ok? Todo mundo reconhece essa sua carinha de boba apaixonada— Cheryl zombou.

— Ok, tudo bem, ela é sim uma pessoa bacana e tal, mas estamos indo devagar, não precisamos de pressa igual vocês duas— Nos apontou rapidamente.

— Ah! Mas quem foi que ficou botando pressão né? Mas vamos ignorar isso, não levei pro coração— Cheryl negou com a cabeça.

— Qual foi meninas, vamos relaxar, ficar tudo na paz, outra hora nós jogamos alguma coisa uma na cara da outra, mas agora não. Talvez quando eu levar alta— Sugeriu brincando com as minhas sobrancelhas.

— Nem quando essa garota está internada ela para— Betty passou a mão pelo rosto.

— Lembra daquela vez que eu tive intoxicação alimentar que enquanto eu vomitava contava uma piada diferente?— Ri me lembrando daquela tarde, Betty e Lucy gargalharam.

— A cada gorfada era uma piada diferente— Betty falou entre o riso.

— Pelo menos ajudou a amenizar a situação. Estava tudo tão sem graça e caído, até que você começou a contar umas histórias engraçadas— Lucy riu ainda mais.

— Eu sentada na cama com um balde no meio das pernas, três ventiladores em cima de mim e uma toalha— Descrevi a cena pela qual passei.

— Cara, eu lembro que o quarto só não estava com cheiro ruim porque você só sabia vomitar água depois de um tempo— Betty lembrou— Vomitou tanto que quase ficou desidratada. Lucy e eu ficamos desesperadas quando sua boca começou a ficar seca— Encenou o desespero, o que nos fez rir.

— Naquele dia eu parecia uma criança, quando fica doente faz pra tudo e chorei quando não aguentava mais vomitar água— Choraminguei.

— Que bebezão de 27 anos, gente— Cheryl apertou minhas bochechas, isso fez com que eu quase fechasse os olhos.

— Acho que quanto mais velha vou ficando, mais manhosa fico também— Olhei pra minha namorada que riu negando com a cabeça.

— Vou anotar isso no meu bloquinho, que ai toda vez que você ficar manhosa vou saber que sua imunidade está baixa— Bagunçou meu cabelo, tive de rir por conta de seu comentário.

— Ainda bem que já está ciente— Dei um sorriso sem mostrar os dentes.

— Acho que o melhor casal do grupinho é esse, nossa, muito linda juntas, puta merda— Lucy comentou com um enorme sorriso no rosto— Meu casal— Esbanjava orgulho.

— Não, não somos o melhor casal do grupo, relaxa que ele ainda aparecerá— Assim que terminei de falar, alguns toques soaram na porta e Veronica a abriu.

— Espero que eu não esteja atrasada demais— Era Barbara, ela tinha duas sacolas de papel enorme na mão— Tcharãn! Trouxe nosso lanche— Levantou as bolsas e a logo do McDonalds ficou mais visível.

— Espero que tenha trago CBO— Lambi os beiços.

— Claro que trouxe, Lucy me prensou contra a parede falando que você só gosta de CBO e suco de laranja— Barbara botou as duas sacolas sobre a cama ao lado dos meus pés.

— Não foi bem assim, Babs— Lucy sorriu sem graça, olhei pra Betty e logo olhamos para Cheryl. Todas as três com sorrisos maliciosos.

Babs— Nós três falamos quase que em uníssono imitando a voz apaixonada que escutamos.

— Não, não comecem, ta bom?— Lucy falou rapidamente.

— Começar com o que, pequena Lucy?— Betty debochou.

— Ai cara— Lucy passou a mão pelo rosto.

— Oh! Santa Lucia, não estamos insinuando nada, vossa senhoria é pura e cheia de luz— Betty forçou uma voz "glorificada", digamos assim.

— Parem com isso, pelo amor de Deus— Lucy estava completamente vermelha enquanto olhava para nós.

— Meninas meninas, parem, sério, ou ela vai explodir de vergonha— Cheryl riu a apontando, Lucy revirou os olhos cruzando os braços.

— Vocês não valem o que comem— Lucy semicerrou os olhos pra gente.

— Desculpa— Balancei a cabeça para Cheryl, ela me olhou confusa mas logo ficou boquiaberta.

— Pelo amor dos deuses Toni, me respeita— Cheryl deu uma pequena tapa do meu braço direito.

— Ai amor, mais devagar— Falei manhosa me esforçando um pouco e deitando minha cabeça na sua clavícula.

— Nem foi tão forte assim, mas vou relevar porque está fazendo manha— Esfregou a ponta de seu nariz no meu, o que me fez franzir o cenho enquanto sorria.

— Se esse não é o melhor casal, então não sei quem é— Lucy nos apontou animadamente.

Um som de pigarro espalhou-se pelo quarto, olhamos para a pessoa, Verônica e Barbara bebiam seus refrigerantes cinicamente.

— Querem falar alguma coisa?— Perguntei no mesmo tom, Veronica olhou pra trás e depois pra mim de novo.

— Falando comigo?— Veronica queria rir, mas segurava.

— Ya, contigo mesmo— Me deu vontade de rir também, mas me segurei.

— Ah! Não, não tenho nada pra falar, esse refrigerante está muito bom, o hambúrguer também deve estar— Riu um pouco, mas disfarçou enquanto pegava o lanche na bolsa de papel.

Olhei pra Betty que gargalhava silenciosamente tendo uma das mãos na boca, voltei o olhar para Lucy que também segurava o riso. Por fim acabei por soltar meu riso, e todas as seis começaram a rir quase que sincronizadamente.

— Nem sei o por que estamos rindo— Betty falou entre a risada.

— Não precisa ter motivo, a gente sempre vai fazer isso— Balancei a cabeça ainda rindo.

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