"Tchau, William... tchau, Mason... Boa viagem para vocês e boa sorte em Nova York!" - exclamou Bill acenando para o carro que se afastava devagar levando Will e Mason para o seu destino: a Universidade!
Will acenou enquanto o carro acelerava em direção ao aeroporto da cidade. Eles iriam de avião comercial, mas o carro iria também, em um avião de carga, junto com as outras coisas da mudança. Bill tinha um apartamento em Nova York, mais precisamente em Manhattan. Ele o usava quando tinha algum assunto a resolver na cidade. Mas, como estava desocupado, no momento, Will e Mason se mudariam para lá.
"Não se preocupe com seu irmão, Bill..." – disse Dipper suavemente. "Mason vai cuidar bem dele, enquanto estiverem na universidade. E depois, será bom para o Will, também!"
"Eu sei, Pinetree... mas é difícil acreditar e aceitar que meu irmãozinho cresceu e está saindo de casa. E indo morar em Nova York, do outro lado do país!" – Bill enxugou uma lágrima furtiva. "Parece que foi ontem que eu fui buscar ele no orfanato para morar comigo. E ele sempre esteve comigo, desde então... Mesmo quando eu tinha que viajar a negócios, Will sempre me recebia com um abraço, quando voltava. Até parecia que ele era meu filho e não meu irmão!"
"Você foi até mais que um pai para ele, Bill! Foi irmão, amigo, confidente, cúmplice..." – Dipper o consolou. "E agora é hora dele voar com suas próprias asas!"
"Obrigado, Pinetree..." – Bill passou o braço pelos ombros de Dipper e o beijou na bochecha. "Eu sei que ele vai ficar bem... É coisa de irmão mais velho, mesmo!"
"E depois, Nova York não é tão longe assim!" – completou Dipper. "E eles devem voltar para a minha formatura, também! Assim você fica sabendo das novidades e se acalma!"
"É verdade, Pinetree!" – concordou Bill. "E por falar em novidade, eu consegui um comprador para a mansão. Ele vai ficar com quase tudo, inclusive os empregados. Nós negociamos a venda de porta quase fechada. Vou ficar com algumas coisas e o resto o comprador ficará, até os carros!"
"Que bom que você encontrou alguém disposto a comprar a casa completa!" – respondeu Dipper, animado.
"O sheik Abdulah el Kazim estava procurando uma mansão confortável e segura, longe dos curiosos. Ele prometeu manter os empregados, depois que eu garanti que eram de confiança. Ele me conhecia, de nome e de fama, e sabia a respeito da minha relação com os funcionários que me serviam. Inclusive falei sobre a cláusula da confidencialidade que havia nos contratos assinados por eles." – Bill contou. "Ele gostou da casa e também dos funcionários e decidiu mantê-los. Somente tia Molly irá embora! Eu comprei para ela um apartamento no mesmo prédio de sua mãe! Assim elas serão vizinhas de prédio e manterão contato."
"E você já arranjou outro lugar para morar, Bill?" – indagou Dipper curioso.
"Eu vou me mudar logo para uma cobertura duplex em um dos novos prédios que mandei construir em sociedade com Kevin Grimaldi. Eu e ele nos associamos, meses atrás e a construtora de sua família cuidou das obras. Um dos prédios já está pronto para ser entregue e o outro estará disponível em menos de três meses. E a cobertura fica exatamente nesse primeiro edifício. E os apartamentos estão quase todos vendidos!"
"Que bom... fico feliz por você!"
"E o melhor de tudo é que, assim que ouviram falar que eu estava vendendo a minha casa, muitos interessados apareceram. Mas, eu disse que só negociaria com os que estivessem dispostos a aceitar as minhas condições! E a questão dos empregados era a principal exigência!" – Bill contou dando risada. "De cara, mais da metade desistiu... esses eram apenas curiosos e não estavam realmente interessados em comprar a mansão. E dos que ficaram, apenas o sheik aceitou os meus termos! Claro que o preço foi até menor que o valor real, mas eu não me incomodei com esse detalhe. Garantir o emprego daqueles que me serviram fielmente por tantos anos, valia a pena!"
"Aposto com houve muita especulação a respeito disso, também!" – Dipper comentou. "Não é todo dia que um milionário põe a venda sua bela mansão! Devem ter pensado que você estava arruinado!"
"Claro que sim... e muitos dos meus associados pularam fora com medo de perderem dinheiro!" – Bill confirmou. "Claro que os que ficaram, sabiam que não havia nada a temer! Como sir Horace Braxton, por exemplo! Com isso, eu me livrei de alguns parasitas que não valia mais a pena manter. Esses vão se arrepender quando descobrirem que Bill Cipher está mais forte do que nunca!"
"Nada como uma pequena crise para descobrir quem é de confiança." – Dipper sorriu. "Foi um golpe de mestre, Bill! Você fez o que era certo e ainda se livrou do que não lhe acrescentava!"
"É isso mesmo, Pinetree... Você entendeu bem qual foi a minha intenção!" – Bill completou. "Mas, agora, vamos falar do nosso futuro! Temos muito a planejar... principalmente a respeito do nosso casamento!"
"Casamento? Você quer mesmo se casar comigo, Bill?" – Dipper se espantou.
"Claro que eu quero, Pinetree... Aliás, eu ia lhe pedir em casamento, assim que fôssemos para Londres!" – Bill revelou. "Eu até havia mandado fazer um par de alianças para nós! Com toda a confusão que houve, até esqueci-me da minha encomenda. Mas o joalheiro me procurou para perguntar se eu ainda queria as alianças e eu decidi ficar com elas, mesmo assim!"
"Bill... você comprou até as alianças para nós?" – Dipper não podia acreditar no que ouvira.
"Sim, meu amor... e vou lhe pedir em casamento no dia de sua formatura! Assim conheço o resto de sua família e aproveito para fazer o pedido!" – Bill respondeu. "Eu já conheço a sua mãe e a sua irmã... e sei que elas vão aprovar! Só preciso conhecer e convencer os seus tios-avôs que eu serei um bom marido para você!"
"Eles vão gostar de você, Bill..." – Dipper sorriu, pensando na reação dos gêmeos mais velhos. "E se você garantir que cuidará bem de mim, eles também não se oporão!"
"Eu prometo, Pinetree! E você sabe muito bem que promessa de Bill Cipher não volta trás!" – respondeu Bill abraçando o moreno e lhe beijando com paixão.
Molly guardou os pratos no armário o olhou em volta: finalmente havia terminado! Agora podia sentar-se e tomar um chá para comemorar. Colocou a água para esquentar e pegou a xícara e os biscoitos. Enquanto aguardava o chá ficar pronto, ligou para Marlene e a convidou para vir até seu apartamento. A outra ficou feliz com o convite e avisou que já estava chegando.
Molly pegou mais uma xícara e a colocou na mesa. Foi até a sala de estar para esperar a chegada da nova amiga. Ela suspirou feliz: tinha uma casa que podia chamar de sua, novamente, após tantos anos! Se bem que Bill já lhe oferecera uma casa, anos atrás... Mas, Molly recusara por causa de Will.
Ela não queria se afastar do garoto até que tivesse certeza que ele estaria bem encaminhado. E, agora que Will estava se mudando para Nova York para estudar e Mason iria com ele, Molly poderia aproveitar os seus últimos anos de vida com tranquilidade.
Não pôde deixar de se lembrar de como conhecera Bill e o que acontecera com ela, antes do rapaz loiro entrar em sua vida:
Viúva, Molly criara seu único filho com todo amor e carinho. Ele era quase um bebê quando perdera o pai num acidente de carro. Fora difícil para ela criar o menino, mas não medira esforços para dar ao seu amado filho tudo que precisasse.
Quando o rapaz foi estudar em outro Estado, Molly hipotecou sua casa para pagar as despesas do rapaz. E trabalhou bastante para quitar sua dívida. Mas, seu filho raramente a visitava e quase não telefonava. Estava sempre ocupado com seu trabalho e não tinha tempo para sua mãe. Molly sentia a falta dele, mas se consolava acreditando que o rapaz estava lutando para vencer na vida.
Um dia, ela ficou muito doente e avisou seu filho que precisava de ajuda. Ela implorou para que viesse lhe ver. Ela necessitava de uma cirurgia cara e poderia não sobreviver. E talvez precisasse de cuidados para se recuperar. Seu filho veio, meio a contragosto, e até lhe acompanhou ao médico. Quando soube dos riscos, convenceu a mãe a assinar uma procuração para que pudesse cuidar de tudo, após a operação.
A cirurgia foi um sucesso e Molly se recuperou. Porém, seu filho não a visitou nem uma vez. Ela tentou ligar para ele e também não teve resposta. Quando teve alta e voltou para sua casa, descobriu que não tinha mais casa. Seu próprio filho havia vendido tudo e desaparecido. Também sacara todo o dinheiro guardado na sua conta bancária.
Sem casa e sem dinheiro, Molly ficou na rua. A dor da traição do filho fora terrível. Ela tinha apenas algumas roupas que levara para o hospital. Ela passou a morar em abrigos e tentou arranjar trabalho para se sustentar. Mas, devido à sua aparência suja e desleixada não arranjava nada. E nem adiantou denunciar seu filho, pois, segundo o documento que assinara, o homem tinha plenos poderes para fazer o que quisesse.
Ela vagou pela cidade, sem rumo e sem esperança. Dormia em abrigos e, às vezes, na rua mesmo. E comia o que conseguia arranjar, chegando ao ponto de procurar em lixeiras. Foi enquanto revirava uma lixeira à procura de restos que conhecera Bill... Ela estava sem comer a dois dias e estava desesperada. Quando o rapaz se aproximou com um saco de lixo, ela desmaiou de fome e de medo...
Bill a socorreu e lhe trouxe um café e pão com manteiga. Molly aceitou envergonhada, mas comeu assim mesmo. Ele a levara para dentro da cafeteria, em que trabalhava, e a deixara sentada em uma mesa num canto.
"O-obrigada, rapaz... eu não comia nada há dois dias, pelo menos!" – murmurou Molly com lágrimas nos olhos. "Desculpe por esse transtorno... eu-eu já vou embora, antes que seu patrão brigue com você!"
"Não se desculpe, senhora... e nem se preocupe com isso!" – respondeu ele sorrindo. "Minha patroa, Donna, é muito compreensiva e não vai brigar comigo por isso! E eu sei bem como é... já passei por algo assim antes! Meu pai me expulsou de casa quando eu tinha apenas quinze anos e Donna me ajudou, do mesmo modo que eu ajudei a senhora!"
"Quinze anos? Por que ele fez isso?" – espantou-se Molly.
"É uma história longa e complicada..." – respondeu ele meio sem jeito. "Meu nome é Bill, Bill Cipher! Eu trabalho aqui como barista e estudo na Universidade, ali em frente!"
"Eu-eu... sou Molly, Molly Bastos!" – disse Molly, se apresentando. "E eu não sou ninguém... apenas uma pobre mulher que foi traída, roubada por seu único filho e abandonada na sarjeta, sem casa e sem dinheiro!" – ela começou a chorar desesperada. "Há mais de dois meses que estou vagando pelas ruas, tentando conseguir um trabalho ou um lugar para ficar, e nada! Ninguém quer dar trabalho para uma mendiga suja e esfarrapada como eu!"
Bill não falou nada e a deixou desabafar. Assim que ela se acalmou um pouco, ele pediu que lhe contasse a sua história, bem devagar. Molly respirou fundo e contou tudo ao rapaz sentado na sua frente. Ele a ouviu e fez várias perguntas, que foram prontamente respondidas por ela. A conversa foi longa, felizmente não havia mais ninguém na cafeteria.
"E essa é a minha triste história..." – disse Molly ao terminar. "Dei tudo para meu filho: amor, carinho, cuidado, dinheiro e na primeira oportunidade ele me retribuiu, deixando-me na sarjeta, como um saco de lixo!"
"Realmente, seu filho não merece a mãe que tem..." – murmurou Bill com amargura. "Que vergonha!"
"Eu... eu devo ir agora! Não quero mais incomodar! Obrigada pelo café e pelo apoio. Preciso encontrar um lugar para dormir, antes que não haja mais lugar nos abrigos." – disse Molly, levantando-se para ir embora. "Não me esquecerei da sua bondade, Bill! Você é um bom rapaz! Sua mãe deve ter muito orgulho de você!"
"Eu não tenho mais mãe... ela morreu no ano passado! E eu nem pude enterrá-la!" – disse Bill com tristeza.
"Eu sinto muito... eu não sabia!" – desculpou-se Molly.
"Espere, não vá embora ainda... por favor!" – Bill pediu apontando para a cadeira. "Eu gostaria de lhe fazer uma proposta... A senhora não tem para onde ir e eu preciso de ajuda! Talvez, possamos chegar num acordo que seria bom, para nós dois."
"Proposta? Que tipo de proposta?" – indagou Molly com desconfiança antes de se sentar novamente.
Bill, então lhe contou sobre o seu problema e sobre o seu irmão mais novo. Explicou o que pretendera fazer e como terminara da pior forma imaginável. Enquanto falava, Molly percebia que não havia nada de imoral nas intenções do rapaz. Seus olhos, quase dourados, transmitiam força e também honestidade. Aos poucos, ela compreendeu o que ele estava lhe propondo.
"Então você quer tirar seu irmão do orfanato e trazê-lo para morar com você? E o juiz só permitirá se puder apresentar uma vida estável e segura?" – indagou Molly, tentando entender qual seria a sua participação nisso.
"Sim, uma esposa seria o ideal, mas não consegui convencer minha namorada a me ajudar! E ela me trocou por um playboy rico e mimado!" – respondeu Bill com amargura. "Então pensei: se eu tivesse uma senhora mais velha e respeitável como governanta, para cuidar da casa e de meu irmão, enquanto estou no trabalho e na universidade, talvez conseguisse convencer o juiz."
"Então, você quer que eu me apresente como sua governanta e babá do seu irmão mais novo? E isso convenceria o juiz a lhe dar a guarda dele?"
"Exatamente... eu até já arranjei o apartamento! Está mobiliado e pronto para receber meu irmão e também a senhora, se aceitar me ajudar!" – Bill respondeu. "E tem dois quartos: um seria o meu quarto e meu irmão ficaria comigo e o outro, seria da senhora! Não poderei pagar muito, por enquanto... Apenas ofereço casa e comida, por ora. Mas, assim que minha situação melhorar, eu vou arranjar outro trabalho mais remunerado e lhe pagarei um salário decente, além dos atrasados!"
Molly pensou por um instante... era apenas casa e comida, por enquanto. Mas, Bill prometera pagar-lhe tudo depois! E também tinha o menino William... Molly imaginava que o garoto devia estar sofrendo bastante também, naquele orfanato. Esses lugares acolhiam os órfãos, mas não lhes amavam e nem lhes davam carinho.
"Eu... eu aceito a sua proposta, Bill! E vou lhe ajudar para resgatar seu irmão!" – Molly estendeu a mão e apertou a mão de Bill, como se fechassem um acordo. "Você me parece ser uma pessoa boa e correta! Tentarei dar o melhor de mim!"
"Obrigado, Molly... Tenho certeza que vamos nos dar muito bem!" – respondeu Bill, retribuindo o aperto de mão. "Vou lhe apresentar para Donna e também para o advogado dela, que está cuidando do processo! Depois, eu lhe levarei até o apartamento para que possa conhecer e se inteirar de suas obrigações. Afinal, irá cuidar de um estudante universitário muito ocupado e de um garoto tímido e muito assustado."
Daquele dia em diante, Molly cuidou da casa e dos seus moradores. Primeiro era apenas Bill, mas após algumas semanas, Will também veio para morar com eles. O garoto era tímido e retraído, consequência de sua infância infeliz. Mas, o carinho e os cuidados de Molly o fizeram se abrir e logo ele não tinha mais tanto medo dela.
Molly lavava, cozinhava, limpava e também levava Will para a escola, todos os dias. Aos poucos, eles foram se tornando uma família. Bill trabalhava muito e aos poucos, a situação melhorou. Ele não trabalhava mais na cafeteria e continuava a estudar. Nas horas de folga, trabalhava remotamente e começava a ganhar bem por seu trabalho. E Molly começou a receber algum dinheiro para suas despesas pessoais.
E ela esteve ao lado de Bill durante a situação do rapto do Will, por seu próprio pai. E depois quando Bill começou a ganhar mais dinheiro com seu trabalho de assessoria financeira. E quando Bill se formou na faculdade, ele fez questão da presença de Molly ao seu lado. Ela ficou comovida pela gentileza, pois seu filho não a convidara nem a avisara de sua formatura.
E logo, ela não era mais considerada uma empregada pelos dois rapazes. Will a chamava de tia Molly e logo Bill passou a lhe chamar assim também! E Molly sentia-se agradecida pelo carinho que recebia deles. E eles a amavam como se fosse mesmo a sua tia. Molly sabia o quanto ambos sofreram por conta da maldade de seu pai, assim como ela sofrera com a ingratidão e a traição de seu filho. Com o passar dos anos, as feridas deles cicatrizaram e eles se tornaram uma família de verdade!
Quando Bill comprou a mansão no condomínio fechado, fez questão de levar Molly com ele. E ela não se recusou, pois não conseguia mais viver sem seus meninos, os sobrinhos que a vida lhe dera. E ela não precisava trabalhar se não quisesse. Mas, fazia questão de ajudar, no que fosse preciso. Um pouco por gratidão e também porque não queria ficar ociosa!
Um dia, ela viu seu filho, quando saía de uma loja qualquer acompanhada de Will. Ele estava sujo e maltrapilho, procurando algo numa lixeira. Provavelmente comida, igualzinho como ela fizera, anos atrás. O homem a reconheceu e pediu ajuda... Molly deu-lhe uma esmola e foi embora com Will, embarcando no carro que os aguardava perto dali.
Ele tentou entrar em contato com ela, mas Bill não permitiu. Ao descobrir que sua mãe trabalhava com o famoso Bill Cipher, até tentou tirar vantagem dela. Porém, Bill o ameaçou com a cadeia por causa do que fizera contra a própria mãe. Ele ainda argumentara que fora coagido pela esposa que o abandonara, após tirar tudo dele. Ao ver que não conseguiria nada de sua mãe, o homem foi embora e nunca mais voltou a perturbar Molly, novamente.
Stan entrou na oficina de seu irmão procurando por ele. Ele olhou em volta e viu Ford mexendo numa máquina de triturar restos de madeira. Ele estava apertando alguns parafusos e nem notou a presença de Stan. Stan o olhou por um momento, antes de se fazer notar.
"Ei, gênio... larga isso e vem aqui para ver o que eu trouxe!" – disse Stan em voz alta para chamar a atenção do outro.
Ford, que quase bateu a cabeça contra a tampa da máquina ao ouvir a voz de Stan, virou-se e encarou seu irmão gêmeo com raiva.
"O que foi agora, Stanley? Veio me mostrar outra multa de trânsito ou é alguma intimação judicial?" – rosnou ele irritado pelo susto e por ter sido atrapalhado no trabalho. "Não me diga que você está sendo processado de novo..."
"Não, Ford... dessa vez não é nada disso" – respondeu Stan, sem se abalar com a insinuação. "Nós vamos para a Califórnia para a formatura do Dipper!"
"Califórnia? O Dipper nos convidou para a sua formatura?" – indagou Ford, confuso.
"Não, ele convidou o Papa!" – respondeu Stan com ironia. "Claro que convidou a gente! E até nos mandou as passagens aéreas! São quatro bilhetes: para mim, para você e para o Soos e a Melody... De primeira classe, maninho! Pode olhar: Portland – Califórnia, ida e volta!"
Ford olhou as passagens e leu cuidadosamente. Eram verdadeiras: quatro passagens para a Califórnia, ida e volta - como Stan dissera. E na carta que viera com o convite e as passagens, Dipper orientava a irem até Portland e pegar o avião na data mais próxima do dia da festa. Recomendava para irem um dia antes, no caso que não tivesse mais nenhum vôo, naquele dia.
Ford leu e releu a carta, emocionado... Dipper queria a presença deles no dia de sua formatura. Ele até avisava que tinha uma surpresa para eles. E que eles iriam conhecer alguém muito especial! Stan zombou do irmão ao ver que este estava com lágrimas nos olhos.
"Há, há, há, há, há... olha só, você está até chorando, maninho!" – gargalhou Stan, zombeteiro.
"Não estou, não... caiu um pouco de poeira nos meus olhos!" – retrucou Ford, esfregando os olhos com raiva. "A oficina sempre tem poeira, não importa o quanto eu tente manter limpa!"
"Tá bom... eu vou fazer de conta que acredito! Tanto a parte da poeira quanto a parte da limpeza!" – brincou Stan. "Vou avisar ao Soos e a Melody para que eles se organizem. Vamos ter que fechar a Cabana por alguns dias, mas vai valer a pena! Assistir à formatura do Dipper vale qualquer sacrifício... até não ganhar dinheiro por alguns dias!"
E antes que Ford pudesse replicar, Stan já estava correndo para o carro e embarcando para voltar para a Cabana do Mistério. Ele precisava avisar seu sócio, MacGucket, sobre a viagem à Califórnia! Há muito tempo que não iam para lá... Foram apenas quando os gêmeos nasceram e por causa de um desentendimento com o pai deles, nenhum deles voltou para lá! E só reencontraram as crianças quando tinham dez anos!
Agora iriam assistir à formatura de Dipper... e talvez rever Mabel também. Eles viram muitas fotos dela, nas revistas de moda que eram vendidas na banca de jornal. E muitas garotas da cidade invejavam e até sonhavam fazer tanto sucesso como Mabel Pines. A morena era um exemplo de beleza e elegância, para elas!