➴ 𝐘𝐨𝐮𝐧𝐠-𝐈𝐋 𝐏𝐨𝐢𝐧𝐭 𝐨𝐟 𝐯𝐢𝐞𝐰 ❠
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𝟙 𝒅𝒂𝒚 𝒂𝒇𝒕𝒆𝒓
Saímos logo de manhã bem cedo. O Hyunjin dormiu fora aquela noite, disse que foi na casa do Felix. Senti que ele estava falando a verdade, então não questionei mais nada.
Ele voltou a tempo de nos ver sair com as malas. A Soo-Min tranquilizou ele, dizendo que poderia fazer tudo o que quisesse e que agora, a casa era só dele. Ele ficou boquiaberto enquanto ouvia e assentia, mas acho que ele prestou o mínimo de atenção no que a Soo-Min dizia. É solitário ficar sozinho por uma semana inteira. O nosso prazo aumentou, não seriam só quatro dias, o que tornava isso pior pro Hyunjin.
Colocamos as malas no carro da Yoohyeon, visto que ela era a única de nós que tinha um carro. As gravações iriam acontecer na cidade vizinha Goseong, então não seria uma viagem longa. Era uma cidade litorânea, então sabíamos que estávamos chegando quando ouvimos o som do mar e o cheiro do mar salgado da costa litorânea. Moramos no extremo lado onde não á praia em Busan, então o cheiro de mar e o calor não eram tão normais para nós.
Viveríamos uma coisa totalmente diferente em Goseong.
A Yoohyeon nos apresentou aos três principais diretores. Um deles, era americano. Um homem alto, loiro, branco, e velho, e logo com só poucos diálogos entre nós, percebi que era xenofóbico. Ele tornaria meu trabalho tão divertido.
A equipe de fotografia ficaria em um hotel próximo do local de filmagem, e a Soo-Min, mesmo não sendo da equipe de filmagem, insistiu que ficasse no mesmo quarto que eu. Aceitei, por que também queria isso.
Logo quando entramos no quarto, sentimos o cheiro de bolor. A porta as vezes emperrava por que estava parcialmente quebrada. O colchão era duro, quase como um cimento. E em todos os cantos do quarto, havia uma quantidade nada saudável de bolor.
Não tivemos coragem de entrar no banheiro.
— Já dormi em vários lugares, mas nenhum assim — a Soo-Min disse enojada
— Que humilde. Parece que a equipe de fotografia é bem valorizada na equipe. Pelo menos temos o básico.
Dormir no meio disso era desconfortável, e com certeza colocava nossa saúde em risco com a falta de higiene.
A Soo-Min dormir como um morto. Digo isso por que ela se mantinha parada e quieta no mesmo lugar com os braços cruzados em “X”. Ela conseguiu dormir bem facilmente, mas eu ainda me preocupava com cada detalhe. É como uma criança que dorme fora pela primeira vez, e chora com saudades dos pais. Mas eu não tinha á quem chamar. Nunca tive.
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𝟙 𝒅𝒂𝒚 𝒂𝒇𝒕𝒆𝒓
Gravavámos o máximo de cenas que conseguíamos em um dia. O trabalho começava de manhã, e terminávamos quando a lua já estava no céu. Fazíamos hora extra, e não ganhávamos nada por isso.
As refeições eram sempre feitas na loja de conveniência próxima ao hotel, o que com certeza justifica a constipação da Yoohyeon.
Desde que chegamos no hotel, eu não havia mandando nem sequer uma mensagem pro Hyunjin. Sentia que ele estava bem, e não tinha necessidade de perguntar. Acho que ele imaginava que eu também estivesse bem e que não queria atrapalhar a viagem, mas se eu soubesse de todas as condições que nós nos submeteriamos por esse trabalho, eu nunca teria aceitado, mesmo que fosse pela Yoohyeon, minha saúde não vale a pena por isso.
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𝟙 𝒅𝒂𝒚 𝒂𝒇𝒕𝒆𝒓
Meu trabalho por aqui, não era de extrema importância. Eu ficava pro trás da câmera, filmando cada movimento do ator principalmente com todo o cuidado para que a filmagem saísse perfeita, mas outras pessoas faziam isso no meu lugar, é o significado de “equipe”.
Essa foi a única vez que eu não ouvi o despertador. Senti um peso quando vi o horário. Me atrasei duas horas no horário que eu deveria estar no set de filmagem. Havia um bilhete colado na parte de trás do meu celular, assinado pela Soo-Min. Ela me aconselhou a cuidar de mim, já que eu estava com febre, e havia um hospital não muito longe daqui.
Minha cabeça estava doendo desde ontem mas achei que fosse algo superficial. Eu estava realmente quente. Por todo o corpo, e suava sem nem perceber. Meu rosto quase não tinha cor por conta da palidez. Mandei um email de desculpas, e pedi um táxi pro hospital mais perto.
Hospital Sigag
Foi o que eu li antes de entrar.
Esperei até que meu nome fosse chamado, o que demorou um pouco visto que meu caso não era um quadro sério de saúde.
Minha temperatura foi medida meu diagnóstico foi dado sem muitas complicações, só era inesperado.
— O que você sente não é só uma febre, é um quadro de meningite. Você deve ter entrado em contato com alguma infecção viral. Não é nada grave, só evite esforço e descanse. Vamos tentar baixar sua temperatura e a dor muscular com antibióticos.
Ele me recomendou dois tipos de antibióticos, mas me deu a permissão de voltar ao trabalho assim que eu me sentisse disposta a isso.
Queria tanto arrumar trabalhos avulsos pra ocupar a minha cabeça com outras coisas que nunca me preocupei comigo mesma nessa situação. Eu estava sendo punida por isso, e era justo.
Esperei na saída do hospital, perto da calçada, o táxi que me levaria de volta para aquele hotel que caía aos pedaços. Por causa dele e da higiene precária nos quartos, eu fiquei doente. É uma doença viral.
Minha cabeça latejava e a única coisa que eu queria era que tudo ficasse em silêncio e eu tivesse um tempo pra mim. Sentia meu coração pesado e um nó na garganta que só subia.
— Young-IL, sou eu — ouvi a voz do Hyunjin saindo do carro que estava estacionado perto de mim
Ele abriu a porta e veio até mim com o cenho franzido e um olhar preocupado. Ver ele agora me trazia mais vontade de chorar.
— Você tá bem? — ele colocou as mãos nos meus ombros, mas ainda assim, não conseguia olhar diretamente pra ele
— Como sabia que eu tava aqui? — disse escondendo minha boca atrás do papel da receita médica
— A Soo-Min disse que você tava aqui, e pediu pra eu ver se tava tudo bem
— Não tá nada bem
Comecei a soluçar, o que me fazia ficar irritada comigo mesma. Meus olhos ardiam e eu não sabia o que fazer, e agora, nem mesmo o Hyunjin.
— Você tá chorando? É por causa da dor?
Neguei com o rosto molhado.
— Ver você aqui me traz conforto. Me lembra de casa.
O Hyunjin me trazia conforto. Ao ponto de me sentir confortável por chorar perto dele.
Depois de um tempo, ele ligou pra Soo-Min avisando de que eu estava, parcialmente, bem.
Era quase injusto demais que ele tenha vindo pra outra cidade pra certificar a minha saúde. Me sentia uma péssima pessoa quando pensava nisso.
Ele aconselhou de que eu devesse ir com ele até o endereço que a Soo-Min deu. Era melhor ir com ele do que pegar um táxi e pagar por isso. Assim o fiz. Entrei no carro, mas não tinha coragem de falar nada enquanto ainda me sentia frágil ao ponto de chorar de novo.
Talvez se eu agisse como se não tivesse coração, eu esquecesse que tenho um.
— Tá trabalhando muito? Parece exausta
— Já tô melhor que antes.
Ele parecia querer me contar alguma coisa, e o silêncio serviu pra recolher coragem suficiente pra dizer.
— Quando você ficou bêbada na casa da Tia Shen, você chamou pela sua mãe.
— Isso não é engraçado
— Como assim? E por que seria engraçado?
— Depende de como vê a situação. Eu nunca fiquei perto da minha mãe pra nada, então não faz sentido eu chamar por ela. Meus pais morreram em um acidente de carro quando eu era pequena. Eu nunca aprendi a chamar pelos meus pais. Por isso é irônico, e talvez um pouco engraçado.
Não demorou muito até que chegassemos no hotel, a diferença, é que não era o mesmo hotel que estávamos antes. Era um com situações bem melhores que provavelmente não tinha bolor pelas paredes e pelo teto.
No primeiro momento, achei que ele tivesse errado o endereço, mas era exatamente esse. A Soo-Min contou a situação do nosso quarto no hotel antigo, e o Hyunjin se ofereceu pra pagar a estádia em um hotel diferente. Um quarto separado pra Soo-Min e pra mim, já que a minha doença poderia ser contagiosa pra ela, essa era a melhor opção.
➴ 𝐇𝐲𝐮𝐧𝐣𝐢𝐧 𝐩𝐨𝐢𝐧𝐭 𝐨𝐟 𝐯𝐢𝐞𝐰 ❠
A Young-IL só ficou doente pelas condições precárias que ele passava no antigo hotel. A melhor opção, era se mudar de lá.
Minha mãe havia me dado uma quantidade em dinheiro, pra me ajudar no desemprego. Eu não precisava disso, tinha minhas economias, mas ela queria ser uma boa mãe, e me doou de todo jeito.
A Young-IL chorou no hospital por que estava cansada, então era justo que a primeira coisa que ela fez assim que chegou no nosso quarto, fosse se deitar debaixo dos lençóis limpos e brancos, e apagar completamente de sono.
Trouxe uma cadeira pra perto da cama da Young-IL, e esperei do lado dela, até que ela ficasse bem. A febre alta fazia ela alucinar, e mesmo dormindo, dizia coisas desconexas, como chamar a própria mãe. Ela estava alucinando de febre, e pedia a ajuda de alguém que não estava lá.
— Hwang Hyun Jin — eu intervi — Se tiver que pedir ajuda pra alguém, então peça á mim
Os olhos dela quase se abriram, o que me assustou, por que não queria acorda-la
— Seu nome é longo demais — ela disse em pausas — Jinnie é mais fácil... Eu vou chamar pelo seu nome, quando precisar de você
Ela voltou a dormir sem nenhuma dificuldade.
Daquela noite, ela não repetiu mais o nome da mãe, e sim, o meu nome, o que me deixava feliz. Era um sinal de que eu era lembrado por ela.