Lauren dormiu a noite inteira, mesmo com o ressoar do nariz de Camila, ela se sentiu mais confortável naquela noite, do que em qualquer outra. Acabou perdendo a noção do horário, e quando acordou olhando em volta, não viu Camila, as cortinas estavam fechadas evitando a claridade do dia, levantou assustada de forma que sua pressão caiu, e ela precisou se apoiar nas paredes, com o coração disparado foi o mais rápido que pôde até a sala.
Camila estava sentada no sofá, com uma tigela nas mãos e a tv ligada, assistindo um documentário sobre tubarões.
— Camila. – Lauren disse ofegante, se segurando no sofá.
— Oi. – Ela respondeu, olhando para mulher que estava mais pálida do que o normal.
— Oi. – Lauren disse, recuperando o fôlego.
— O quê foi?
— Nada não. – Ela respondeu sem graça.
— Pensou que eu teria fugido? – Camila perguntou, semicerrando os olhos.
— Nah, claro que não. – Tentou disfarçar com um sorriso torto.
— Sei... Espero que não se importe, mas eu mexi na sua cozinha. – Camila disse erguendo a tigela com cereal.
— Não me importo. – Lauren respondeu, deixando um beijo no topo da cabeça de Camila, e foi para o banheiro.
Camila arqueou as sobrancelhas sem entender o que aconteceu ali, e Lauren também não sabia, foi murmurando que estava doente, só podia ser isso. Voltou para sala e sentou ao lado de Camila no sofá, onde a garota tinha preparado uma tigela de cereal para ela também.
— Obrigada. – Lauren agradeceu, sentindo seu coração aquecer com o simples gesto. — Acordou faz tempo?
— Nem tanto, seu celular despertou com o lembrete do meu remédio, então levantei para tomar, fiquei assistindo tv e depois me deu fome, então ataquei sua geladeira.
— Nossa, e eu nem acordei com toda essa movimentação.
— Você parecia cansada, estava até babando. – Camila disse em tom de brincadeira, omitindo o fato que ficou bons minutos apenas sentindo o calor dos braços e admirando o rosto de Lauren.
— Deve ser porque você roncou a noite toda. – Lauren respondeu dando de ombros.
— Para! Eu falei que ia dormir no sofá.
— Estou só brincando.
Terminaram de comer e Lauren levou as tigelas para cozinha, certificou-se em deixar o apartamento quente, Camila ainda tossia muito, mas o remédio estava ajudando com sua febre e dores no corpo, Lauren voltou para o sofá.
— Como está se sentindo? – Lauren perguntou, com a mão na testa de Camila.
— Estou melhor, tive uma boa noite de sono. Tossi muito a noite?
— Acho que não, também dormi feito pedra. Quando sentir fome me avisa, ainda temos sopa.
— Eu adorei aquela sopa, aposto que ela renovou minhas forças.
— Que bom, se você tomar os remédios certinho, se hidratar e descansar, logo vai estar recuperada. – Lauren disse, se sentando ao lado da garota.
— Então você se livra de mim, né. – Camila perguntou, arqueando a sobrancelha. Lauren olhou para Tv, disfarçando do olhar da garota e respondeu.
— E quem disse que quero me livrar de você? Marrentinha. – Ela respondeu, e Camila não conteve seu sorriso.
— Mas não estou te dando muito trabalho? – Camila perguntou, ela não se esquivava de nada, sempre invasiva, Lauren pensou.
— Trabalho nem sempre é sinônimo de algo ruim. – Lauren respondeu, admitindo. Olhou para Camila que estava com um sorriso atrevido no rosto, mas resolveu ignorar. — Chega de tubarões.
Ela pegou o controle e começou a trocar os canais, procurando por qualquer coisa para sair daquele assunto, parou em um filme que logo identificou ser de terror.
— Não, Lauren. Não quero ver filme de terror.
— Tem medo, é? – Lauren provocou.
— Não tenho medo, só não vejo graça. – Camila respondeu, revirando os olhos.
— Fica tranquila, eu te protejo. – Lauren piscou, e deitou no colo de Camila, que se ajeitou no sofá, acomodando melhor Lauren em suas pernas.
— Me dá o controle aqui. – Ela se esticou pegando o controle, e começou a zapear os canais, até parar no filme das branquelas.
Lauren nem sequer olhava para tv, ficou admirando o perfil de Camila, que ria e sorria com o filme, ela estava realmente linda com suas roupas, sentada em seu sofá, tão relaxada. Camila olhou para baixo notando os olhos verdes intensos, avaliando seu rosto.
— O quê foi? – Camila perguntou.
— Vous ete belle. – Lauren sussurrou em francês, dizendo que ela é linda, Camila corou imediatamente, adorava escutar o francês de Lauren.
— Sus ojos son hermosos. – Camila respondeu, fazendo Lauren arquear as sobrancelhas.
— Hablas español? – Lauren perguntou, fazendo Camila gostar ainda mais daquele sotaque.
— Sí y tú?
— Un poquito. – Lauren admitiu. — Habla mas español, es sexy.
Camila tombou a cabeça para trás dando risada, e deixou um tapa no braço de Lauren.
— Não, nada de espanhol para você.
— Por favor... – Lauren pediu, fazendo bico, mas Camila negou com a cabeça. — Como você pode negar algo para esses olhos?
— Vocês que tem olhos claros estão sempre se achando. Sabe quem também tem olhos claros? O Dobby.
— Não sou um elfo doméstico, mas sou um ser mágico. – Lauren disse séria.
— Ah pronto!
— É verdade, minhas mãos são mágicas. – Lauren disse, mexendo os dedos. — Você mesma disse.
— Sobre sua massagem! – Camila defendeu-se.
— Então, estou dizendo, se você quiser deitar lá na minha cama, posso mostrar para você as magias que sei fazer. – Ela arqueou a sobrancelha.
— Você é tão nojenta!
— Camila, você tem a mente muito poluída, sabia?
— Aham, eu que tenho... Vamos assistir o filme, ok? Olhos na tela. – Camila apontou para tv, e Lauren riu, virando para olhar o filme.
Ficaram assistindo o restante do filme com boas risadas, Camila sem perceber, começou a fazer carinho nos cabelos de Lauren, que recebeu de bom grado, sentindo sua pele arrepiar quando Camila passava as unhas mais perto da nuca.
Logo no final do filme, o celular de Lauren começou a tocar, ela murmurou irritada e levantou para atender. Foi até a cozinha e voltou com uma garrafa de água.
— Ok, me envie por e-mail que vou analisar. – Ela desligou, e entregou a garrafa para Camila. — Você precisa se hidratar.
— Obrigada.
— Vou ficar um tempinho no escritório, mas qualquer coisa é só me chamar, se estiver com fome, fique à vontade. E não fuja!
— Vou me jogar pela janela. – Camila respondeu, revirando os olhos.
Lauren foi para o escritório e ligou seu computador para ler seus e-mails, imprimiu alguns documentos e ficou por um tempo analisando tudo. Após quarenta minutos, Camila já estava curiosa em saber o que tanto a mulher fazia, levantou-se e seguiu quieta até a porta, de forma que podia espiar Lauren pela soleira, a morena batia números e mais números em uma calculadora de bobina, depois destacou o papel e ficou olhando para ele um momento.
Camila achou engraçado a pose da mulher, em pé com uma mão na cintura e na outra segurava um pedaço de papel, que encarava silenciosamente, colocou ele sobre a mesa e seguiu até a lousa branca, limpou ela e pegou um pincel, começou a soprar os dedos da mão direita, e depois disso anotou números e mais números.
— Você pode entrar se quiser. – Lauren disse, ainda de costas. Camila deu um pulo assustada.
— Ah, droga, você me pegou. – Camila respondeu sem jeito. Lauren virou apenas a cabeça para encarar a garota na soleira.
— Eu consigo sentir quando você está me olhando.
Camila sentiu seu rosto ruborizando, mas já tinha sido pega de qualquer maneira, entrou e sentou-se na cadeira giratória próxima à mesa.
— O que é tudo isso? – Camila perguntou, tentando entender todas aquelas anotações.
— Um balanço patrimonial.
— Nossa, me desculpe Lauren, não quero atrapalhar. – Camila disse, fazendo menção em levantar, mas Lauren fez um sinal com a mão.
— Você não atrapalha. – Lauren respondeu. — Já encontrei a discrepância que estava acontecendo do ativo e passivo.
— Uau... Então você não é apenas um rostinho bonito. – Camila disse, já se arrependendo do comentário. Lauren sorriu e andou até ela.
— Agora você concorda que sou bonita? – Lauren disse, rodando a cadeira em que Camila estava.
— Agora que descobri que você é inteligente e não só uma bruta monte. Sim, talvez você seja um pouco bonitinha.
— Eu te avisei, sou um pacote completo. – Lauren respondeu piscando.
— Idiota. – Camila revirou os olhos.
Lauren se curvou segurando nos braços da cadeira, e passou o nariz na bochecha de Camila, descendo até sua boca, então selou seus lábios de forma delicada com ela, Camila sentia as borboletas em euforia, terminou o beijo soltando um suspiro, que não passou despercebido por Lauren.
— Lauren, eu estou doente, você não precisa ficar também. – Disse, ainda de olhos fechados.
— Não precisa se preocupar, já disse que minhas vacinas estão em dia. – Ela respondeu, ganhando um tapa na perna, sorriu de canto e abaixou para roubar mais um beijo. Camila não conseguiu negar, seu corpo não resistia mais àquela mulher, pararam de se beijar, mas Lauren manteve seu rosto próximo do dela, Camila passou a mão nas bochechas de Lauren, fazendo um carinho suave.
— Lauren, tem algo me incomodando. – Camila disse, quebrando o silêncio.
— O quê foi?
— Não entendo sobre as leis de vocês, mas ter me tirado do esconderijo e tudo mais, não pode dar algum problema? – Camila perguntou, fazendo uma expressão confusa. Lauren se abaixou, ficando apoiada nas pernas da Camila.
— Fica tranquila, não vai acontecer nada com você. – Ela respondeu, pegando a mão de Camila, que ainda usava seu anel.
— Mas, e com você? Não quero que você se prejudique por mim, já estou me sentindo melhor, podemos até voltar. – Camila disse, e Lauren sorriu negando com a cabeça.
Camila era tão meiga e protetora com alguém que estava contribuindo com seu cárcere, ela só podia ser algum tipo de anjo.
— Lauren, mas e o seu pai? O que ele pensa sobre isso.
— Meu pai? Se ele achar ruim, que venha aqui tentar te pegar de volta.
— Lauren, Lauren, você é muito metida. Não vai me devolver?
— Talvez eu não queira. Então como fazemos? – Lauren questionou arqueando a sobrancelha.
— Então, talvez eu tenha que ficar por aqui. – Camila respondeu, dando de ombros. Tentando não se intimidar pela imensidão verde-esmeralda.
— Eu posso acabar gostando disso. – Lauren sussurrou nos lábios de Camila.
— Eu também. – Ela respondeu suspirando.
As duas ficaram se fitando por um momento, Camila não sabia até onde as palavras de Lauren eram sinceras, ou mais uma de suas brincadeiras. Enquanto Lauren pensava que, realmente poderia se acostumar em ter a presença daquela mulher em sua casa e até mesmo em sua vida.
Nenhuma delas sabia como lidar com tudo isso ou admitir alguma coisa, era uma situação atípica, e não o melhor cenário para estar acontecendo, mas estava.
Camila espantou os pensamentos, não permitiria que palavras erradas saíssem de sua boca, mas não conteve suas mãos em trazer o rosto de Lauren para mais perto, quebrando a distância entre seus lábios. Era inegável a química entre elas, a forma como suas bocas se encaixavam e o toque aveludado de suas línguas, Lauren se sentia no limite quando beijava Camila, e precisava se lembrar de não ultrapassar nenhum limite, sua mão apertava o braço da cadeira enquanto a outra segurava a coxa de Camila, a cada aperto em sua coxa, Camila intensifica o beijo, sugando o lábio inferior de Lauren, e com a ponta da língua deixava um toque delicado.
— Camila... – Lauren disse, se afastando, com a respiração descompassada. — É melhor pararmos.
— O quê foi? – Camila perguntou confusa, notando os lábios vermelhos de Lauren.
— Hmm, não, é que, sabe, uh. – Ela se embolou nas palavras, sentindo sua libido no ápice. Lauren pensava ser ridículo a forma que Camila a deixava apenas com um beijo. — Preciso enviar um e-mail, você pode esquentar nosso almoço?
— Posso sim, vou tentar não colocar fogo em tudo. – Camila respondeu piscando.
— Agradeço.
Camila se levantou saindo do escritório, Lauren não deixou de olhar a bunda colada em sua calça de moletom, Camila realmente tem muitos atributos, recuperou o fôlego tentando acalmar seus batimentos, e se sentou na cadeira para enviar os resultados, mas tudo que ela imaginava era como seria prazeroso tomar Camila ali mesmo, em seu escritório.
Se concentrou ao máximo para terminar logo, mandou uma mensagem para Cobra dizendo que estava tudo bem e foi para cozinha, onde Camila já estava com tudo pronto, após almoçarem, Camila tomou o remédio e voltaram para o sofá. Lauren passou a pomada em seu peito e embrulhou Camila na coberta, a chuva forte caía lá fora escurecendo totalmente o dia, Camila ficou sonolenta com o remédio e não precisou de muito para se entregar ao sono, Lauren sentia uma sensação de paz e tranquilidade, se aconchegou no sofá, mas não conseguia dormir, estava apenas serena.
Depois de umas duas horas, quando Camila finalmente se espreguiçou, Lauren aproveitou para levantar e fazer um chá, enquanto a mais nova decidiu tomar um banho. Quando terminou, Camila cruzou o corredor, com o cabelo preso em um coque, usava a calça branca de moletom e um blusão preto de Lauren, ela estava linda, e fez Lauren até parar de passar a água da chaleira apenas para admirar a garota, não se importando com o fato da garota ter mexido em sua gaveta.
Quando se sentaram no sofá, cada uma com uma caneca e alguns biscoitos no prato, Lauren percebeu que não sentiu falta de mais nada naquele dia, parecia estar tudo em seu devido lugar, uma sensação que transbordava.
— O que te deixa feliz, Camila? – Lauren perguntou.
— Esses biscoitos estão me deixando bem feliz!
— Estou falando sério, Srta Rockefeller. – Lauren, roubou um biscoito do prado de Camila, quase levando um tapa na mão. — Sei que você adora comer, mas não estou perguntando sobre esse tipo de felicidade ou seu trabalho. Quero saber das pequenas coisas que fazem você se sentir feliz.
Camila ficou pensativa por um momento.
— Estar com a minha família me faz feliz, não imagino minha vida sem eles, dirigir também me deixa muito, muito feliz, é uma sensação de liberdade. E por mais que você não queira escutar isso, o trabalho também, eu amo estar no escritório e cuidar da minha empresa, sabendo tudo que sei sobre a nossa história e a grandeza do legado Rockefeller, só aumenta minha felicidade. – Camila sorriu, satisfeita com sua resposta. — E você, Srta metida, o que te faz feliz?
Lauren bebeu um gole em sua caneca e sorriu para garota que a encarava com expectativa, não precisava de tempo para pensar sobre isso.
— O jeito que o sol bate em meu lençol todas as manhãs, formando um quadrado perfeito devido à janela, a maneira como o vento balança as folhas da árvore aqui da frente, parecendo uma dança ritmada. Saber que meu elevador demora exatos vinte segundos para subir os quatro andares, cinco segundos por andar, cronometrados, o círculo e sua perfeição em começar e terminar no mesmo lugar, as coisas completas me fazem feliz, quando tudo está em seu devido lugar.
Camila sorriu, gostava desse lado de Lauren e a maneira como ela sempre conversava olhando nos olhos.
— Lauren, você certamente tem um grau de toc. – Camila disse, dessa vez roubando um biscoito do prato de Lauren.
— Talvez, na verdade, isso é quase certo, mas o ponto é que... – Lauren respirou fundo, arrumando a franja de Camila que caía nos olhos. — Estou me sentindo dessa forma agora mesmo.
— Feliz? – Camila perguntou.
— E completa. – Lauren respondeu, e continuou. — Graças a você e sua presença aqui.
Camila sentiu seu coração martelando forte no peito, e antes que pudesse responder, a campainha tocou, fazendo as duas pularem assustadas no sofá. Por não ter tocado o interfone, Lauren sabia quem era, Camila olhou assustada para Lauren, que balançou a cabeça, já estava com uma cara de poucos amigos, levantou indo até à porta.
— Oi, Lucy. – Lauren disse, com o braço na soleira.
— Oi né, Lauren!
— O que faz aqui?
— Vim ver se está tudo bem, você sumiu da faculdade, não responde minhas chamadas, e... – Lucy passou por Lauren, entrando do apartamento. — Entendi. – A mulher disse, olhando para Camila, que estava enrolada na coberta com a caneca nas mãos.
— Oi, boa noite. – Camila disse.
— Boa noite, quem é você? – Lucy perguntou, e Camila olhou para Lauren que assentiu.
— Me chamo Camila, muito prazer. – Camila levantou, soltando a coberta e estendeu a mão para Lucy, que notou que a mulher usava as roupas de Lauren.
— Olá, Camila. – Lucy apertou a mão dela e olhou para Lauren. — Mais uma garota da faculdade, Lauren? – Lucy perguntou, fazendo Lauren rir com escárnio, negando com a cabeça.
Se ela soubesse...
— Não é nada disso que você está pensando. – Camila começou a dizer, mas Lauren interviu.
— Camila, você não precisa justificar nada para ela.
— Não? – Lucy rebateu.
— Não. Lucy, por favor, depois conversamos.
— Ok, Lauren. – A morena respondeu, com os olhos cheios de raiva, e antes de sair olhou para Camila. — Vai se acostumando, Camila, porque ela é desse jeito.
A mais velha bateu a porta tão forte que até balançou os livros na estante.
— Camila, me desculpe por isso. – Lauren disse, massageando as têmporas. Lucy chegou no pior momento.
— Não precisa se desculpar. – Camila disse, tentando soar indiferente. — É a sua namorada?
— Não tenho namorada, já te disse.
— Mas parecia.
— É apenas a Lucy, ela sempre pensa que é algo que não é. – Lauren respondeu, dando de ombros, como se bastasse.
— Ela disse faculdade, então você é estudante? Não quero que você fique cabulando aula por minha causa.
— Eu tenho cara de estudante?
— De professora que não tem. – Camila rebateu.
— Urgh, pare de ser enxerida.
— Eu estou na sua casa, quer mais comprometimento que isso?
— Tem razão.
Lauren estava irritada com Lucy e seu atrevimento, e Camila pensando sobre as palavras de Lauren antes da mulher aparecer, não sabia o que teria respondido. Lauren sentou no sofá, dessa vez distante de Camila.
— Eu me formei em contabilidade com extensão em matemática para empresas. – Lauren disse. — Mas depois comecei a cursar direto.
Camila piscou algumas vezes, surpresa, mas aquilo explicava muita coisa.
— Contabilidade não é o que você esperava?
— Pelo contrário, é tudo que eu esperava, eu realmente amo os números. Porém, meu pai insistiu muito no curso de direito, era muito importante para ele, então resolvi dar uma chance. Fora que direto é um bom diploma para ter em nossa família, as leis são valiosas. – Lauren respondeu, com um sorriso singelo.
— Nossa... Eu não esperava por isso.
— Que preconceito, Srta Rockefeller.
— Me desculpe, mas uma criminosa formada em contábeis e cursando direito, não é todo dia, certo?
— Ainda mais bonita desse jeito, certo?
— Em seus sonhos. – Camila rebateu. — Em que período você está?
— Último semestre, termino esse ano.
— E ela, hmm, Lucy. Também estuda com você?
— Lucy foi minha professora no primeiro período. – Lauren respondeu sem rodeios.
— Você só pode estar brincando. – Camila arqueou as sobrancelhas.
— Não.
— Você não vale muita coisa, Srta Lauren.
— Não tenho culpa, só você que não admite o meu encanto.
Camila ficou pensativa, não era ingênua, Lauren podia estar apenas usando palavras bonitas para conquistá-la.
— Camila, será que podemos apenas esquecer que ela esteve aqui? – Lauren pediu.
— Se preferir, podemos esquecer até antes dela aparecer. – Ela respondeu, levantando com a caneca e foi para cozinha. Lauren balançou a cabeça.
Inferno de mulheres... pensou nas palavras de Vero e riu sem humor, ótimo conselho de ser eu mesma.
Talvez fosse melhor assim.