O Michel passou dias me cobrando sobre as fotos que eu havia prometido. Como eu sou uma mulher que cumpre com as minhas promessas, eu fui, mas antes eu disse a ele que tinha que ser em um lugar público e cheio de gente. Aproveitando que o sol abriu por algumas horas, fomos para o jardim do campus, onde tinha vários alunos aproveitando os milagrosos raios solares, depois de dias de chuva.
- Você devia sorrir, sabia? Fica mais bonita assim. - disse Michel, enquanto me fotografava.
- Você está exagerando, assim está de bom tamanho. - resmunguei.
- Por que você fica sempre na defensiva? - Michel tirou a câmera dos olhos e me encarou.
- Será porque eu não confio em você?
- E de onde você tirou essa ideia?
- Não vou com a sua cara, rapaz. - fiz beicinho.
- Pois eu vou muito bem com a sua. - debochou.
- Já acabou? - eu já estava ficando impaciente.
- Você ainda não sorriu e eu só vou te deixar em paz se você sorrir.
* Nesse momento eu vi de longe o Rick se aproximando, ignorando por completo a presença do Michel. Sem querer eu sorri e só parei quando ouvi o clique da câmera.
- Te peguei! - Michel riu.
- Apaga isso, agora! - fiquei irritada.
- Perdeu o direito a sua imagem.
- O que está acontecendo aqui, Michel? - Rick chegou, ele estava mais corado e assim que me viu, sorriu de canto. Ele estava tão atraente, com uma camiseta preta, calça moletom e tênis.
- Estamos trabalhando juntos, não é mesmo, Sol? - Michel e Rick me olharam, aguardando a minha resposta.
- Foi tipo um trabalho escravo. - revirei os olhos.
* Para a minha surpresa, os dois riram. O Rick estava de bom humor, viva!
- Bom, eu já tenho o que eu queria. Vou indo. - Michel saiu, nos deixando ali sozinhos.
- Cuidado com ele - disse Rick.
- Eu me cuido. - suspirei fundo - Como sua mãe está?
- Por incrível que pareça, sua visita fez muito bem a ela. A madame Anastácia está um pouco melhor, já voltou a comer.
- Isso é bom, fico feliz. - Sorri.
- Claro que ela vai partir de qualquer jeito, mas pelo menos ela está feliz. - Rick mudou o semblante, agora ficou triste.
*Silêncio constrangedor.
- Você voltou para a faculdade? - Quebrei o silêncio.
- Eu vou voltar a estudar, mas em casa. Eu só vim buscar a matéria que ficou atrasada.
- Pelo menos você não vai continuar sendo um ignorante. - o provoquei.
- Ao contrário de você que tem tudo na mão, se eu não me formar, eu não terei nada na vida. - Rick devolveu a provocação.
- Você tá insinuando que eu tenho a vida ganha?
- Filhinha de papai.
- Seu ignorante, arrogante e idiota. - segurei o riso.
- Oi, querida. Posso falar com você? - Lorenzo tocou em meu ombro, me fazendo assustar.
- Ah, professor. Como vai? - tentei disfarçar.
* Rick lançou um olhar fuzilante para o meu pai, ele por sua vez, ficou sem entender nada.
- Rick, esse é o meu professor.
- Como vai? - Lorenzo estendeu as mãos para o Rick, mas ele o ignorou.
- Eu já vou indo, Joaninha. - com a cara fechada, Rick saiu.
- Era seu namorado, filha?
- Lorenzo, não me chama assim. Pelo menos não aqui, tá todo mundo olhando. - fiquei irritada e percebi que o Rick não gostou dessa aproximação repentina dele.
- Eu esqueci, me desculpe. - ele riu - Eu quero te convidar para ir até a minha casa jantar. Claro, se você tiver bem com isso.
Aquela proposta veio repentinamente, fiquei surpresa e confusa. Conhecer a família do meu pai biológico nesse momento, não me parecia uma ideia muito boa.
- Lorenzo, eu agradeço o convite. Eu adoraria, mas eu tenho bastante coisa pra fazer esse final de semana. - inventei uma desculpa.
- Tem a ver com o seu trabalho voluntário? Eu sei muito bem que os seus trabalhos estão em dia, Solange. - Lorenzo cruzou os braços.
- Sim, tem muito a ver. Aliás, eu preciso ir. A gente se fala depois, né? - sai de fininho.
- Eu te ligo!
- Claro! Combinado!
Sai correndo para dentro do campus. Foi grosseiro da minha parte, mas infelizmente eu não estava preparada para isso. Tantas coisas acontecendo em minha vida ao mesmo tempo, aquilo já era demais. Quando cheguei ao meu dormitório, tive uma surpresa. Rick estava lá.
- Caralho, que susto! - fechei a porta depressa, com medo de alguém entrar - Que diabos você faz aqui?
- Você está transando com o seu professor? - ele soltou essa na lata.
- Ricardo, que tipo de pergunta é essa? - me irritei.
- É assim que você consegue passar na matéria? - Rick foi se aproximando.
- Primeiro que eu não te devo satisfação e segundo, me respeita! - coloquei o dedo na cara dele.
- Eu sabia que você era baixa, mas chegar a esse ponto, você apelou demais.
- Cala a boca!
- Você devia se envergonhar.
- Já chega, sai do meu quarto! - abri a porta e mandei ele sair. O ódio tomou conta do meu corpo, eu tremia e não podia me conter.
- Me responde, caralho! - Rick fechou a porta com força e me encostou nela.
- E se eu estiver? O que você tem a ver com isso? - olhei nos olhos dele que já estavam vermelhos de tanta raiva.
- Não brinca comigo! - disse Rick, entre os dentes.
- Me responde, caralho! - gritei.
- Eu não posso acreditar que tem outro homem tocando em você, eu não suporto! - Rick virou de costas e se afastou.
- Eu não sou sua, você não é meu. Eu e você, não somos nada, nada, Rick.
- Você está enganada, completamente enganada. - Rick balançou a cabeça negativamente e sem parar.
- Se você está falando daquele dia, do beijo e da frase " estou apaixonado por você", saiba que eu não levei a sério. - menti.
- Não levou? - Rick voltou a me olhar.
- Você está sensível por causa da sua mãe, é compreensível.
* Rick gargalhou.
- Você é uma sínica, francamente.
- Eu já disse, me respeita!
- Então se dê o respeito!
- Ele é o meu pai, Rick. - gritei.
- Como? - ele arregalou os olhos e ficou desarmado.
- É, ele é o meu pai biológico. Está feliz agora? - me virei e alcancei a maçaneta da porta. Quando eu pensei em sair, Rick me puxou pela cintura e eu fiquei grudada em seu corpo - Me solta!
- Você está mentindo pra mim, Sol? - Rick insistiu.
- Olha a porra da minha cara e olha a dele. Meus olhos são iguais aos dele! - Comecei a falar sem parar - Você acha que eu brincaria com uma coisa dessas? Você acha mesmo que eu sou capaz de dormir com o meu professor? Que tipo de mulher você pensa que eu sou e.... - Rick me calou com um beijo.
* Eu me debati, bati em seu peito, mas ele me segurou forte.
- Cala a boca.. - Rick sussurou enquanto me beijava.
- Me solta.. - resmunguei.
Rick me deixava louca, me levava ao extremo. Do ódio ao tesão, da alegria a tristeza, tudo em pouco tempo. Que tipo de relação é essa?
Eu não consegui me conter, me rendi ao seu beijo. O agarrei pelos cabelos e ele me puxou para o seu colo, Rick se sentou na cama e eu permaneci o beijando, de forma rápida e necessitada.
As mãos de Rick tiraram a minha regata, fiquei somente de sutiã. Voltamos a nos beijar, o nosso desejo foi crescendo a medida que os segundos iam se passando, as línguas se encontrando e os toques se intensificando. Rick alcançou o fecho do meu sutiã, em segundos os meus peitos saltaram para fora, ficando totalmente vuneráveis aos lábios quentes do Rick. Ele passou sua língua por todo o meu mamilo duro, enquanto uma de suas mãos tentava entrar dentro da minha calça. A porta se abre de repente e eu soltei um grito:
- Sol? - Voz da Brenda.
* Rick me abraçou, na intenção de esconder a minha nudez parcial.
- Sexo hétero, que nojo! - voz da Duda.
- As duas, saiam já daqui! - Gritei.
- Com o idiota do Rick? Sério, Sol? - Brenda debochou.
- Saiiiiii! - gritei novamente.
* As duas saíram gargalhando. Eu saí praticamente voando do colo do Rick, ele ficou rindo da situação, enquanto eu colocava a regata.
- Isso não tem graça, Rick! - fiquei envergonhada.
- Tem sim. - Rick se levantou - Eu vou ficar com isso. - Ele pegou o meu sutiã e guardou no bolso.
- Não, Rick! - resmunguei.
- Cala a boca... - ele me deu um selinho - A gente termina isso depois, gostosinha. - Rick mordeu de leve o meu lábio.
Eu sorri, embora eu tenha passado a pior humilhação da minha vida. Rick abriu a porta e eu pude ouvir a Brenda dizer:
- Ei, saiba que se você machucar ela, você vai sentir a ira de duas sapatas! A Duda tem um soco forte, né amor?
- Mal posso esperar para quebrar a sua cara, Rick. - Duda brincou.
- Fiquem esperando sentadas. - Rick saiu.
* Duda e Brenda entraram no quarto, ambas com uma cara de riso.
- Tá, podem rir. - me joguei na cama.
- Para uma virgem, você anda bem assanhadinha. - Brenda riu.
- Virgem, que história é essa? - Duda não sabia, pelo visto - Depois do que eu vi, você ainda acha que ela é?
- Vamos parar com isso? - cobri o rosto.
- Anime-se, foi só a lei do retorno. Podia ser pior, o supervisor por exemplo. Você flagrou a gente e a gente te flagrou, estamos quites. - Brenda debochou.
- Eu só fiquei com nojo mesmo. - Duda riu.
- Vocês duas são as piores amigas do mundo! - fiz beicinho.
- Nós também te amamos, Sol. - As duas disseram em um só coro.
(Continua)