São Só Negócios - Duologia Fa...

By ByaPianucci7

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ÚLTIMA CHANCE PARA LER A OBRA - RETIRAREI EM BREVE OBRA CONCLUÍDA!!!!!!!! ESTE É O PRIMEIRO LIVRO DA DUOLOGIA... More

Capitolo Primo
Capitolo Due
Capitolo Tre
Capitolo Quattro
Capitolo Cinque
Capitolo Sei
Capitolo Sette
Capitolo Otto
Capitolo Nove
Capitolo Dieci
Capitolo Undici
Capitolo Dodici
Capitolo Tredici
Capitolo Quindici
Capitolo Sedici
Capitolo Diciassette
Capitolo Diciotto
Capitolo Diciannove
Capitolo Venti
Capitolo Ventuno
Capitolo Ventidue
Capitolo Ventitré
Capitolo Ventiquattro
Capitolo Venticinque
Capitolo Ventisei
Capitolo Ventisette
Capitolo Ventotto
Capitolo Ventinove
Capitolo Trenta
Capitolo Trentuno
Capitolo Trentadue
Capitolo Trentatré
Capitolo Trentaquattro
Epilogo
MAIS QUE NEGÓCIOS

Capitolo Quattordici

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By ByaPianucci7


O carro parou em frente a entrada da vinícola onde a festa aconteceria e meus olhos brilharam pela grandiosidade do local. Um arco de luzes douradas envolvia a porta de entrada, me lembrando até bailes de livros antigos, com a aristocracia inglesa. Havia escolhido um vestido cor de vinho, longo e com um belo decote para a noite, usando também um colar com um diamante que tinha ganhado de Don Fontana.

Filippo estava me acompanhando e usava um smolking Armani, com seus cabelos bem penteados e a barba bem feita. Seu perfume tinha um cheiro magnífico e tinha certeza que hoje iria seduzir mais do que a metade das mulheres que estariam lá dentro.

Ele saiu do veículo e abriu a porta para que eu fizesse o mesmo, tomou então meu braço, envolvendo em torno do seu e caminhamos rumo a enorme porta daquela mansão retirada de contos de fadas.

- Você está deslumbrante, sabia? - Filippo sussurrou, enquanto passávamos por repórteres que tiravam milhares de fotos. Me perguntei qual era o tipo de manchete que criavam em cima das famílias mafiosas e deduzi que com certeza, os membros de jornais e revistas eram associados dos mesmos, fazendo tudo parecer somente grandes eventos luxuosos.

- E tenho certeza que será o homem mais bonito daqui. - O abracei com carinho e ao adentrarmos no salão principal, fiquei boquiaberta.

A estrutura do local era em branco e dourado e tinha um enorme lustre com detalhes em pedras Swarovski. Ali emanava riqueza e pela primeira vez, me senti tão poderosa quanto meu nome me fazia ser. Filippo apontava para algumas pessoas, dizendo pra mim quem eram e fiquei surpresa com a quantidade de políticos e famosos do mundo da televisão e do cinema que os mafiosos tinham contato.

Seguimos por esse enorme salão que não parecia ter fim e no cômodo seguinte, vi a mesa de jantar, começando a ser montada com diversos tipos de comida. Tentei contar a quantidade de funcionários que estavam trabalhando ali e não consegui. Meu pai deveria ter gastado muito dinheiro para alugar aquela vinícola.

- Olhe só para meus filhos! - Don Fontana estava conversando com quem devia ser o chef do buffet, mas ao nos notar ali, veio em nossa direção.

Ele estava muito charmoso também, tinha aparado bem sua barba castanha e grisalha, deixando seu rosto bonito mais à mostra. Suas mãos tomaram o rosto de Filippo e deu-lhe um beijo em cada bochecha, vindo até mim em seguida:

- É tão parecida com sua mãe, bambina. Está espetacular, sabia? - Foi a minha vez de receber seus beijos ternos e novamente me olhou nos olhos em seguida. Sua feição me trazia paz e fiquei mais tranquila com aquilo.
Não gostava de saber que todo o dinheiro gasto ali, fosse uma forma de arrumar uma trégua com nossos inimigos. Por mais que eu fosse obrigada a ficar fora dos negócios da família, sabia bem como uma relação de paz forçada era e, pelo que fizeram com o rosto lindo de Leonardo, sentia que aquilo não iria acabar bem.

- Esse lugar é perfeito, pai. - Sorri, ajeitando sua gravata borboleta que estava meio torta - Mas vale mesmo todo esse dinheiro gasto? Eles não são seus maiores rivais?

- Não se preocupe com isso. No segundo andar há uma sacada que permite ver todos os vinhedos da propriedade. É uma visão e tanto! Por que não vai dar uma olhada, enquanto troco algumas palavras com Filippo?

Aquela era a maneira educado do meu pai me tirar de cena. Sua forma de dizer: ''caia fora, que agora vamos falar de negócios.'' 
Me afastei dos dois, que também saíram do meio da sala de jantar e segui pelas escadas, que iam se curvando quando chegava no topo. A vista dali, só do salão, já era algo bonito de se ver. Muitas pessoas já conversavam, sendo servidas por garçons bem vestidos, enquanto uma música clássica tocava num som bem ambiente. Filippo era tão diferente daquilo tudo... E eu também, é claro.

Fui até a área que meu pai tinha falado e abri um largo sorriso ao ver a paisagem. A lua estava linda e cheia, conseguindo deixar os vinhedos ainda mais bonitos com sua luz natural e tudo o que pude fazer foi admirar. A brisa tocou minha pele e fechei os olhos, adorando aquele momento de paz, até uma voz grave me tomar atenção:

- Eu fico impressionado no quanto você se supera em ficar ainda mais linda... 

Leonardo estava bem ali e o olhei tentando controlar minhas próprias sensações. Ele estava lindo e vestia um smolking que definia cada músculo de seu corpo, o deixando ainda mais tentador. Tinha uma taça de vinho em mãos e olhava discretamente de um lado para o outro, provavelmente averiguando se alguém nos observava:

- Buonasera, senhor Callegari. - Meu sorriso foi largo e o medi dos pés à cabeça - A gente pode fugir pra um dos banheiros pra eu poder te bagunçar um pouquinho?

- Não me dê ideias, senhorita Fontana. - Ele riu, se aproximando um pouco mais, mas não o tanto que eu gostaria. Seu cheiro me invadiu e suspirei de novo. Querendo muito que ele concordasse com minha provocação, mesmo tendo falado de brincadeira - Me responde uma coisa?

- Claro... - Seu hálito quente com cheiro de vinho, me fez engolir em seco.

- Como acha que vou me controlar com você vestida assim?

Senti o rubor tomar minha face, não que eu estivesse sem graça ou algo do tipo, mas a maneira com que ele vinha se portando, o tornava ainda mais irresistível ao olhar, ao falar. O problema nem era o controle dele, já tínhamos bons exemplos de que ele era bom nisso. O problema era o meu...

Fomos interrompidos por Filippo, que surgiu com duas taças de vinho em mãos e intercalava olhares desconfiados entre mim e Leonardo. Mordi meu lábio inferior, abaixando a cabeça, querendo esconder minhas bochechas coradas e notei Leo dar um passo pra trás:

- Como está o perímetro, Leonardo? - Ele perguntou e mesmo sem eu encarar seu rosto, sabia que continuava a me observar.

- Todos os homens estão em posição. Alguns estão camuflados entre os convidados, os Sorrentino não sairão de nossa mira segundo sequer. Se eles tentarem algo, não será difícil neutralizá-los.

Meu irmão limpou a garganta, chamando minha atenção e me entregou uma das taças de vinho que segurava, erguendo como se propusesse um brinde:

- Nosso pai te apresentará para o Don Sorrentino e ao filho dele, após o jantar te fará um discurso. Entre esses eventos, quero que sempre fique próximo a um dos nossos homens, entendeu?

- Ele sabe que está agindo tão paranoico assim? - Elevei uma das sobrancelhas desconfiada, não me lembrando de ter escutado o senhor Giuseppe falar algo sobre a segurança do lugar e principalmente da minha.

- Não confio neles, Cat. - Filippo se aproximou mais de mim - Acho que nosso pai está cometendo um erro e por mais que você não saiba o que acontece dentro dos negócios, tenha certeza de que não precisamos de uma aliança com os Sorrentino.

Um nó ser formou em minha garganta e tentei suavizá-lo com um gole da bebida. O vinho era doce e extremamente gostoso, soltei um gemido de satisfação e pisquei preocupada em seguida. A animação de Filippo desde que chegamos então, era só uma maldita fachada? Eu estava começando a ficar tensa sobre quem eram aqueles homens e vi que Leonardo também não tinha sua pose tranquila, como costumava ficar quando estava comigo.

- Por favor, fique de olho nela. Eu confio em você. - Dessa vez, meu irmão falou diretamente com ele. - E quando eu digo ficar de olho, é para se assegurar que esteja bem. Não da maneira que a olhava quando cheguei aqui.

- Pode deixar, Filippo. - Ele sorriu com aquilo - Tudo vai ficar bem, cara. Sabemos disso... Seu pai sabe o que faz. - Leonardo respondeu, tocando-o no ombro - Manterei Fabrizio sobre minha mira.

- Grazie, amigo.

A paz que estava sentindo enquanto observava os vinhedos passou e quando Filippo se afastou, o segui, ficando em seu encalço, o observando pegar o celular e trocar algumas palavras com os seguranças espalhados pelo lugar. Não importava se a mansão parecesse como uma das descritas em livros de conto de fadas, para meu irmão e capo da máfia, ali poderia ser facilmente um campo de guerra.

Não precisava olhar pra trás para saber que Leonardo estava há poucos metros de mim, como ele havia mandado e tudo aquilo era chato demais. Eu só queria que fosse uma noite de baile comum e não ficasse esperando que um atentado contra mim, meu irmão e meu pai pudesse acontecer.

- Catarina! - A voz de meu pai me chamou atenção e o vi conversando com dois homens.

Não queria encarar o rosto deles, mesmo sabendo de quem se tratavam e só busquei a feição simpática de meu Don Fontana, que abria os braços conforme eu caminhava até ele. Tentei manter a mesma animação fingida que Filippo estava e quando parei em sua frente, me apresentou para os homens ali:

- Don Carlo, Fabrizio... Essa é a minha bambina vinda da América: Catarina Fontana!

Don Sorrentino abriu um sorriso e encontrei seu rosto pela primeira vez. Era um senhor, com mais ou menos a idade de meu pai. Seus olhos eram azuis, puxados e intensos, além de ter bastante marcas de expressões. Seus cabelos eram loiros, mas estavam bem grisalhos devido a idade e tinha uma barba bem marcada. Era mais alto que meu pai, além de ter um porte bem atlético para a idade:

- É um enorme prazer conhecê-la, senhorita Fontana. Seu pai fala muito bem de você. É formada em comércio exterior, Fabrizio é formado em algo parecido, não é, filho?

Os olhos dele buscaram o rosto do homem ao seu lado e fiz o mesmo, piscando surpresa ao ver o quanto Fabrizio era... lindo. Seus olhos azuis estavam fixados em mim e podia jurar que me encarava até antes mesmo de eu tê-lo feito. Seus cabelos eram loiros como os do pai, estavam bem penteados, assim como sua barba rala dourada. Seu terno parecia ser tão caro quanto os Armani, mas não sabia reconhecer a grife.
Sua mão tomou a minha e ele beijou o dorso demoradamente, ainda mantendo os olhos nos meus:

Un piacere conhecer uma mulher tão linda quanto você. - Fabrizio se ajeitou e fez menção para que um garçom lhe trouxesse uma taça de vinho - Sou formado em relações internacionais, fiz faculdade em Oxford, em Londres. Conhece a Inglaterra, senhorita Fontana?

- Ainda não tive o prazer de conhecer. - Respondi, me lembrando do que ele fez com o rosto de Leonardo. - E mesmo tendo formação em uma das melhores faculdades do mundo, resolveu apoiar seu pai nos trabalhos ilegais?

Notei Don Carlo sorrir, surpreso com minha pergunta, mas Fabrizio não se abateu. Recebeu a taça de vinho que o garçom lhe trouxe e meu pai me envolveu pela cintura, sussurrando bem baixinho ao pé do meu ouvido:

- Cuidado com o que fala, bambina...

- Está tudo bem, don Fontana. - Fabrizio tomou um gole de sua bebida e descaradamente, me mediu dos pés à cabeça - É uma pergunta pertinente, estou surpreso que mesmo tendo sido criada longe de casa, sabe como as leis dentro da máfia funcionam. Quanto mais conhecimento dentro da área que trabalhamos, melhor. Pra que dominar só a Itália, se podemos controlar toda a Europa?

Dei de ombros, nenhum pouco afim de entrar em assuntos que envolviam negócios e estendi minha taça, como quem me despedisse dos homens ali:

- Foi um prazer conhecê-los. Com licença.

Me virei, pronta pra sair dali e fiquei feliz por meu pai não se opor a minha escolha. Tomei mais de minha bebida e notei Leonardo encostado próximo as escadas, seu olhar era frio e parecia fuzilar Fabrizio. Queria até lá, pedir que relaxasse e ao menos fingir que tudo ficaria bem, mas sabia que agora todos os olhos estavam em mim. A filha recém chegada do grande don Fontana!

Terminei minha taça e fui em passos largos até um garçom, pegando outra da bandeja. Me sentia observada e ao olhar em volta, notei que Filippo, Leonardo e Fabrizio não desviavam os olhos de meus movimentos. Que inferno, eu não teria nenhum segundo de paz?!

Segurei na barra de meu vestido, para andar um pouco mais rápido e decidi ir para fora, parar na escadaria e deixar que a brisa da noite me acalmasse pelo menos um pouquinho. Naquele momento, tudo o que eu queria era estar na sala da casa de Leonardo, brincando de bonecas com Antonella ou até jogando videogame com Augusto. Queria me esquecer que tinha uma tensão enorme dentro daquela mansão e que qualquer movimento suspeito, levaria a todos começarem um tiroteio.

Vi que um segurança se aproximou da área que eu estava de forma discreta e aquilo me fez revirar os olhos. Tomei mais goles de minha taça de vinho e fui até onde estava, notando a surpresa dele em seu rosto:

- Quero que me deixe sozinha. É uma ordem. Se Filippo perguntar, diga que quero pelo menos cinco minutos pra respirar ar fresco, sem que tenha um de vocês atrás de mim.

- Claro, senhorita Fontana.

Ele se afastou e agradeci por me obedecer, mesmo sabendo que não era a prioridade deles. Se Filippo o obrigasse a voltar, ele faria. Dei de ombros, querendo me esquecer um pouquinho de meu próprio sobrenome e fechei os olhos, me lembrando da tranquilidade que era em Los Angeles. De como era bom sair e passear sem ter ninguém atrás de mim, sem ter que me preocupar com homens de caráter duvidoso querendo me matar. Minha mãe teria tantas dores de cabeça se soubesse que eu estava envolvida com meu próprio segurança.

- Que saudade sua, mãe... - Sussurrei pra mim mesma, bebendo mais um gole de minha bebida.

- Sabe qual é a melhor maneira de não ter dezenas de seguranças atrás de você? - Fabrizio cruzou o local, mais rápido do que eu pudesse mandá-lo sair dali e continuou com sua fala tão convicta - Aulas de tiro. Sabe atirar, senhorita Fontana?

Neguei com a cabeça, observando se aproximar ainda mais. Diferente de Leonardo, ele não parecia nenhum pouco incomodado de se mostrar flertando comigo, porque era nítido que estava fazendo isso.

- Não, não sei. - Bebi mais de meu vinho, erguendo o rosto para poder encarar o dele. - E pode ter certeza que mesmo sabendo atirar, meu pai não permitiria que eu saísse sozinha.

- Não pode julgá-lo. Ele está apenas protegendo o bem mais precioso dele. Ou não faria o mesmo se estivesse em seu lugar?

Ele parecia ser bastante dono de si, me perguntei quem é que tinha atacado Leonardo daquela forma. Não entendia muito como a máfia funcionava, mas sabia que negócios estavam acima de qualquer tipo de lealdade, até de amizades. Já tinha ouvido histórias de irmão matando irmão, só por um deles ter traído a perigosa família. 

- Por que são rivais de meu pai? - Perguntei, querendo conhecer mais daquele homem perigoso.

- Não somos. - Ele tilintou sua taça na minha e com sua proximidade, senti o cheiro de seu perfume também. Dei um passo pra trás, me distanciando mais dele, receosa por imaginar o que Leonardo pensaria se me visse ali sozinha com o inimigo deles. - Só temos um foco em comum, que é o domínio de Nápoles.

- Nápoles pertence aos Fontana há mais de trinta anos.

E eu falava aquilo com convicção. Meu pai tinha um enorme número de associados espalhados por toda costa sul da Itália e tinha muito orgulho da fidelidade que os membros tinham para com ele. Não sabia muita coisa a respeito dos Sorrentino, mas o ponto mais importante era que costumavam tomar territórios à força. Além de ter escutado Filippo dizer que eram traiçoeiros. Por isso tinha toda uma força armada ali dentro daquele jantar.

- Se não cuidarmos daquilo que nos pertence, acabamos perdendo pra quem sabe o que fazer com ele...

- Está ofendendo minha família, senhor Sorrentino? - Ergui uma das sobrancelhas, pronta para sair dali e não ouvir todo aquele joguinho de palavras bonitas que o sujeito falava.

- Me chame de Fabrizio, per favore. - Um sorriso metido se formou em seus lábios - Não precisa ficar tão hostil comigo, não quis ofender sua família, muito menos você.

- Com licença, senhor Sorrentino. - Dei ênfase a seu sobrenome e conforme saía da área que estava, Filippo veio a meu encontro e encarou Fabrizio por sobre meus ombros.

Toquei no peito de meu irmão e pude senti-lo extremamente tenso. Não trocou um olhar comigo sequer e continuava fitando o homem, que retirava um maço de cigarros do bolso, pronto para acender um deles.

- Está tudo bem? - Perguntou baixinho, finalmente me olhando nos olhos - Por que diabos dispensou o segurança?

- É a minha primeira vez em meio a tanto de vocês. Posso ao menos decidir quando serei perseguida por um milhão de capangas?

Ele não falou nada, mas deixou que eu caminhasse para longe dele. Algumas pessoas me pararam para me cumprimentar, elogiando minha aparência, meu vestido e curiosos com o que eu faria da minha vida já que havia voltado para minha terra Natal. Se soubessem que tudo o que eu mais queria era fazer algo sem que estivesse sendo observada o tempo todo!

Vi que Leonardo estava nos andares superiores e seus olhos passeavam por cada canto do lugar. Estava tão focado no trabalho, que parecia ter esquecido que eu estava ali. E eu preocupada por ser vista com outro homem do lado de fora da mansão...

 Talvez eu precisasse de mais uma taça de vinho...

A noite correu tranquila e até a hora do jantar, consegui bons minutos sozinhas, até podendo conversar um pouco com Nina, que também estava ali. Fiquei surpresa de tê-la encontrado horas depois da festa ter começado, mas o local estava tão cheio, que era difícil encontrar algum rosto conhecido.

A enorme mesa estava pronta e como já era ensaiado, eu e Filippo nos sentamos próximos ao Don Fontana, enquanto Don Sorrentino ficou de frente para nós, juntamente de seu filho, que ficou na cadeira de frente a minha. Outros membros importantes das famílias rivais também estavam ali, além de políticos e celebridades associadas. Sentia a palma de minhas mãos suando, mas sabia que a sensação era só ansiedade do discurso que meu pai faria ao meu retorno.

Leonardo estava de pé, com os outros seguranças, logo atrás dos Sorrentino e seus olhos sempre encontravam os meus, me fazendo até relaxar um pouquinho. Ele estava tão deliciosamente sério, que o relaxamento se transformava em outra coisa e só imaginava que horas poderíamos escapar para que ele cuidasse de mim de outra forma.

- Quero a atenção de todos, para fazer alguns dizeres para a minha menina que chegou a pouco mais de duas semanas dos Estados Unidos da América, onde viveu com sua mãe desde os treze anos de idade. Ela voltou pra mim como uma mulher formada, cheia de personalidade e dona de uma beleza estonteante. Não existe absolutamente nada nesse mundo, que eu não fizesse para fazê-la feliz. - Ele estendeu a própria taça de vinho, mantendo seus olhos orgulhosos em mim - Quero propor um brinde a seu retorno, quero propor um brinde a benção que faço à ela. O que quer que queira fazer, terá meu apoio, bambina. Ti amo.

Sorri, levemente ruborizada e notei que todos mantinham os olhos em mim. Fabrizio continuava com sua taça erguida e a maneira com que me olhava, me fez baixar os olhos de novo, só para tomar a minha bebida. Eu sentia que Leonardo notou o mesmo, porque assim que ergui o rosto de novo, ele se afastou em passos largos dali.

Minha vontade era levantar e ir até ele, contar que o filho de Don Sorrentino estava me rondando, mas qualquer coisa que fosse colocá-lo sob suspeita, não era algo válido. Principalmente ali, com tantos inimigos e fotógrafos a nossa volta.

A comida estava deliciosa, mas devido ao nó em minha garganta, tudo desceu muito mal. Eu estava enjoada e só queria ir pra casa, tirar esse vestido gigante, tomar um banho demorado de banheira e dormir até o meio dia do dia seguinte. Eu acordaria de ressaca, já que tinha perdido as contas de quantas taças de vinho havia bebido e busquei uma outra, enquanto começávamos a nos despedir dos convidados.

Os seguranças de nossa família continuavam ao redor, já que os Sorrentino fizeram questão de serem os últimos a irem embora. Filippo ficou próximo a mim o tempo todo e agiu como segurança, até mais do que Leonardo costumava fazer. Ele por outro lado, estava junto dos outros homens, observando toda aquela simpatia que os chefões das máfias inimigas esbanjavam um com o outro.

Fabrizio se aproximou de nós dois, dando um leve sorriso e senti os dedos de Filippo se apertarem em minhas costas. O ódio dele era tão palpável... Eu deveria conversar com ele sobre o que tinha acontecido entre os dois.

- Foi uma noite e tanto, Filippo... Devo admitir que sabem como dar uma festa.

- Minha irmã merece as melhores recepções que a Itália puder dar. Todo gasto é investimento, Sorrentino. 

- Senhorita Fontana, você não tem ideia de como conhecê-la abriu meus olhos. - Ele me encarava enquanto falava, me deixando confusa com suas palavras - Ao menos Don Fontana acertou em um dos filhos.

Filippo deu um passo em direção ao homem e o impedi. Notei que Fabrizio adorava confrontá-lo e infelizmente, meu irmão não via que seu rival só queria desestabilizá-lo. Fuzilei ele com os olhos e bufei entredentes:

- A festa acabou, senhor Sorrentino. Acho melhor irem embora. - De relance, vi que Leonardo levava a mão em suas costas, em busca de sua arma e aquilo me arrepiou inteira. Agora não haviam testemunhas o suficiente e nem mídia para registrarem uma possível briga.

- Don Fontana. - Fabrizio chamou por meu pai, ainda olhando por mim - Posso trocar algumas palavras com o senhor?

Don Sorrentino, junto de meu pai se aproximaram da gente e pude notar que Carlo parecia confuso com o chamado de seu filho. Ainda mantinha Filippo preso a mim, sentindo que se o soltasse, ele pularia no pescoço de Fabrizio e bateria nele até descontar toda sua raiva.

- Sim? 

- Mencionamos uma possível sociedade, para selarmos nossa paz, não é mesmo? - Os olhos dele não desviavam dos meus e notei que meu pai não estava entendendo muito a situação, mesmo que pra mim, aquelas palavras começavam a fazer sentido.

- Claro! Convidei você e Don Sorrentino como uma forma de demonstrar a bandeira da trégua.

- Acho que não há nada melhor do que selarmos a paz, juntando nossas famílias. Unindo a mim e a senhorita Fontana.

Fiquei tão em choque com o que ele disse, que mal pude notar a movimentação de Filippo ao meu lado, que se afastou de mim de forma brusca e agarrou Fabrizio pela gola do blazer. Os seguranças rapidamente se aproximaram, tirando meu irmão de perto do homem, enquanto eu ainda sentia o baque daquela proposta:

- Você não vai encostar um dedo na minha irmã, seu desgraçado! - Só depois notei que era Leonardo que segurava Filippo e que também me olhava surpreso.

Fabrizio estava tranquilo, enquanto meu pai parecia perdido em pensamentos. Não queria sequer suspeitar que ele aceitaria o que aquele homem estava propondo. Não estávamos no século 18 onde pais prometiam suas filhas para sujeitos que elas nem conheciam!!

- Don Fontana, você tem que aprender a controlar Filippo... - Ele ajeitou a própria gravata, enquanto seu pai mantinha um sorriso diabólico nos lábios.

- Eu quem deveria bater na sua cara agora... - Rosnei, sentindo as lágrimas escorrerem por meu rosto, dando um passo na direção dele. - Não sou uma maldita mercadoria. Não faço parte dos seus negócios.

- Mas é quem tem a paz da sua família em mãos agora, Catarina...

Meu pai não disse nenhuma palavra, ele só me encarava, como se estivesse hesitante em que resposta dar. Eu sabia o quanto era importante para ele preservar seus negócios, foram anos batalhando para se obter respeito, para se ter a lealdade de seus associados. Mas aquela não era a vida que eu queria! Nunca teria voltado à Itália se minha mãe estivesse viva. Por que eu teria de me tornar uma peça dentro de um jogo que nem queria jogar?

Leonardo ainda mantinha Filippo seguro, porque meu irmão tinha os olhos brilhando de raiva. Se Leo o soltasse, era perigoso que meu irmão matasse Fabrizio. 

- Dê um tempo para a dona responder, meu filho. - Carlo deu dois tapas suaves nas costas do homem, que continuava a me encarar com um sorriso nos lábios - Vamos embora, não acho que caiba mais brigas numa noite tão agradável.

Buona Notte, principessa.

Ignorei completamente a despedida deles e quando deixaram o local, Leonardo soltou Filippo, que foi até meu pai, o encarando desesperado. Parecia ainda mais tenso do que eu, que tinha a trégua das famílias nas próprias mãos. 

- Não é possível que você vai permitir algo assim, pai. Você sabe que ele só quer ter poder sobre nosso território!! Casando com Catarina, ele controlará TUDO!

- É essa a sua preocupação? - As lágrimas continuavam a escorrer por meu rosto - O controle do território e não sua irmã ser tratada como parte dos negócios? - Meu coração estava completamente dilacerado.
Meu pai não falava nada e imaginei que todas aquelas palavras bonitas que disse na hora do jantar, não passavam de mentiras. Ele não faria tudo pra me proteger e me fazer feliz. Porque o poder de ter tudo, era mais importante do que a honra da própria filha.

- Catarina, eu não qu...

- Eu quero que Leonardo me leve pra casa. - O interrompi e o vi trocar um rápido olhar com ele.

- Tudo bem.

Me afastei dali sem me despedir do grandioso Don Fontana e Leo não trocou nenhuma palavra comigo. Eu continuava a chorar e me sentia ridiculamente impotente. Mulheres não tinham voz dentro da máfia, eu sempre soube disso. Mas me tratarem como se eu não tivesse poder de escolha era ridículo. Jamais me casaria com Fabrizio.

Dentro do carro, Leonardo me entregou uma caixa de lenços e mesmo que hesitante, tocou uma de minhas mãos, enquanto eu usava a outra pra secar o rosto:

- Seu pai não vai deixar que isso aconteça, eu tenho certeza disso.

- Eu já não tenho tanta. - Sorri indignada e triste - Estou tão arrependida de ter voltado pra cá.

Seus olhos encontraram os meus e torci para que ele não levasse aquilo para o pessoal. Leo era a melhor coisa que me aconteceu desde que cheguei. Era a única paz em meio ao caos que era ser parte de uma família de mafiosos.

- Fabrizio não tem a capacidade de te fazer se apaixonar por ele. É totalmente superficial. Quando notar que não consegue sua atenção, desistirá dessa loucura.

- Promete ficar do meu lado? Não importa o que aconteça?

- Eu prometo.






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