Sam
Há três anos
Ok, eu tô nervoso pra caramba, nem acredito que finalmente chegou o dia de me declarar para Mandy.
Eu espero que ela sinta o mesmo por mim, porque não quero ficar parecendo um idiota depois de terminar de cantar a música e receber uma resposta negativa. Mas acho que ela gosta de mim, nem que seja um pouquinho, já faz tanto tempo que nós somos amigos que pra mim faz todo sentido novos sentimentos terem surgido.
Resolvi escrever uma música de como me sinto, vai ser mais fácil, eu me expresso melhor através da música, então sei que quando chegar o momento o som do violão nos meus braços vai me ajudar a ficar mais calmo.
Já faz algum tempo que estou aqui no Central Park esperando, marcamos de nos encontrar aqui e por causa do nervosismo acabei chegando cedo demais, não quero ficar ensaiando porque tenho a impressão de que minha mente vai simplesmente ficar em branco, enquanto andar de um lado para o outro parece me trazer mais clareza e tirar toda a ansiedade do meu organismo.
Fiquei por muito tempo escrevendo a música, querendo que tudo o que sinto por ela seja dito com clareza, não sei quantas vezes joguei fora algumas letras que tentei escrever, até que consegui encontrar as palavras perfeitas pra me declarar a ela.
Espero que Mandy não ache isso brega.
Eu preciso parar de pensar um pouco ou nem conseguir cantar eu vou.
— Sam? — Me viro em direção a voz observando ela vindo até mim com um sorriso enorme no rosto. — Trouxe seu violão?
— Oi pra você também.
Mandy tem essa mania de nunca me cumprimentar, chega falando tudo o quer me dizer sem nem respirar às vezes.
— A gente já passou dessa fase.
— Que fase?
— De toda essa coisa de ficar fazendo conversa. — Ela me abraça rapidamente parecendo curiosa com o que planejei. — Então, o que vamos fazer?
— Eu escrevi uma música nova e quero que você ouça.
— Aquela que você está escrevendo a anos e não me deixou ler de jeito nenhum.
— Não seja dramática e sim.
— Então vai logo, quero ir comer alguma coisa.
— Vai ser rápido.
Nós nos sentamos no chão e respirando fundo começo a tocar os primeiros acordes no violão, mas ouvindo claramente o bater descompassado do meu coração. E com suavidade começo a derramar para a garota dos meus olhos o que sinto por ela.
It's impossible to believe that I know you
A different girl of all
But you fit perfectly in my arms
And smile every time you see me.
(Eu não consigo acreditar que tenho você
Uma garota diferente das que conheço
Mas que se encaixa perfeitamente em meus braços
E que sorri logo que me vê).
E como a música diz, ela sorri com um brilho de felicidade nos olhos.
Your smile destroys me because it's beautiful
Just only your friendship makes my heart into pieces
But your love can restore it.
(Seu sorriso me destrói por dentro de tão belo
Somente sua amizade transforma meu coração em cacos
Mas o seu amor pode restaurá-lo mais uma vez).
Like when you did the first time
Stroking my hair while I cry in your arms
Making me laugh when my heart wants to cry
Holding my hand when I want to run.
(Como antes você já fez
Afagando meus cabelos enquanto chorava em seus braços
Me fazendo rir quando meu coração me pedia pra chorar
Por segurar minha mão quando eu queria fugir).
Fecho os olhos lembrando desses momentos exatos, de cada momento em que chorei e que ela estava ao meu lado.
So, I need to ask you
Will you give me the honor to be more than just your friend?
(Então, eu tenho que perguntar
Me dará a honra de ser mais do que somente seu amigo?)
Coloco o violão de lado ao finalizar a canção e a observo limpar as lágrimas dos olhos e espero pacientemente sua resposta a minha pergunta final.
— Eu...eu não...eu não sei o que dizer — ela fala com lágrimas nos olhos enquanto sinto um tremor perpassar meu corpo com medo de receber uma negativa. — Eu... sim, claro que sim.
A seguro em meus braços quando ela se joga em cima de mim rindo de alegria por saber que a garota que está presente nos meus sonhos quando durmo e nos pensamentos quando acordo está segura em meu abraço.
Com cuidado pego seu rosto entre as minhas mãos e seco suas bochechas coradas pelo choro, beijando suavemente seus lábios, que anseio em provar a tanto tempo. Sinto sua boca macia contra a mim e caramba parece que tem fogos de artifício dentro de mim.
— Obrigado — digo as afastar seu rosto do meu e olhar em seus olhos escuros.
— Pelo o quê?
— Por me fazer o cara mais feliz do mundo.
A abraço mais uma vez, bem apertado, feliz em sentir seu corpo quente cobrindo o meu.
Mandy
Eu estou em choque.
Eu não fazia ideia do que o Sam sentia por mim, achava que erámos somente amigos e nada além disso, que nenhum sentimento além do amor de amigos tinha sido desenvolvido e agora acho que estou namorando o meu melhor amigo.
A voz dele é linda e sempre amei ouvi-lo cantar e não posso negar que escutar o Sam se declarar pra mim através do que ele mais ama, a música, me deixou emocionada, mas não por estar apaixonada por ele.
Nesse momento estou nos braços dele por não querer o fazer sofrer ainda mais, por não querer magoar o coração do garoto mais bondoso e gentil que conheço, por não querer o entristecer mais.
Nós já passamos por tanta coisa juntos, já o vi em tantos momentos difíceis e fiz de tudo para o ajudar da forma que podia, então somente eu sei o que ele passou, o quanto ter que ver a mãe construir outra família fez com ele, por esse motivo não acho justo fazê-lo sofrer mais.
E na verdade, não é ruim, quando pensava em namorar alguém sempre me vinha a mente uma pessoa que fosse como o Sam, que me trata de forma tão carinhosa e que se preocupa comigo, que ama quem sou, meus defeitos, qualidades e que está disposto a vencer todos os obstáculos de um relacionamento.
— De nada — respondo em tom de brincadeira.
Sinto seus dedos em minha barriga e logo ele começa a fazer cócegas em mim, o que ele sabe muito bem que eu odeio. Começo a rir descontroladamente, tentando o atacar com cócegas também, mesmo sabendo que o Sam é imune a elas.
— Pa...ra com i..ii.sso — falo entre risadas sentindo minha barriga doer de tanto rir. — Sam.
— Tudo bem, parei.
Me jogo no gramado do Central Park respirando com dificuldade, aproveito para observar as árvores acima de mim e o céu azul sem nuvens, consigo ouvir os pássaros cantando, é um dos meus sons favoritos, fecho os olhos e respiro fundo sentindo o ar entrar dentro dos meus pulmões me acalmando do ataque de risos.
— Então, posso começar a te chamar de namorada? — ele pergunta me fazendo desviar os olhos das árvores e observar seu rosto.
— Você é muito brega.
— Como isso pode ser brega?
— Você começar a me chamar de namorada no lugar do meu nome é brega.
— Nada a ver.
— Hey, namorada, o que acha dessa nova música que escrevi? — falo engrossando a minha voz para imitar a dele.
— Eu não falo desse jeito.
— Essa é a voz que eu faço para todos os homens.
— E não é brega te chamar de namorada.
Nós nos deitamos no chão e como sempre deito minha cabeça em seu peito e sinto seus braços rodeando o meu corpo, logo uma de suas mãos iniciam um carinho gostoso nos meus cabelos.
— É um pouco sim.
— Posso te apresentar como minha namorada?
— Acho que nós podemos ver aonde isso vai nos levar.
— Está bom pra mim.
Essa pequena frase pareceu uma facada enfincada em meu peito, não quero que ele se contente com o pouco que tenho a oferecer, Sam merece alguém que o ame cem por cento, que cuide dele com todo carinho do mundo e que esteja ao lado dele nos momentos bons e ruins. Não sei se posso dar tudo isso a ele, porém me parte o coração ver o olhar de dor que muitas vezes aparece em seu rosto, quando lembra dos momentos complicados que viveu, não quero ser a causadora dessa dor.
Por isso, não digo nada e fico na esperança de um dia me apaixonar perdidamente por ele e poder dar tudo o que ele precisa.
Dou um beijo em seu peito prometendo a mim mesma que nunca, em hipótese nenhuma machucarei ainda mais o coração de ouro desse garoto.