B.M Consanguineo

By ThaQuake

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Natasha Morgan nunca acreditou que isso fosse realmente acontecer na sua vida, de todas as loucuras que já vi... More

Entrevista
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5-Instinto
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41- O amor está no ar.
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53-O Conto
Capítulo 54
Capítulo 55-Âncora.
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60 -De volta a vida.
Capítulo 61- Passado no Presente.
Capítulo 62
Capítulo 63
Capítulo 64 -Sentido Contrário.
Capítulo 65
Capítulo 66
Capítulo 67
Capítulo 68
Capítulo 69
Capítulo 70
Capítulo 71
Capítulo 72
Capítulo 73

Capítulo 15

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By ThaQuake

Elisabeth encarou o corpo desmaiado ao seu lado com tédio, bufou e revirou os olhos. Como podia ser que tudo naquele tempo dava errado? Natasha aparentemente estava acostumada em ver as coisas desmoronando, porque dormia como bebê no chão sujo daquele quarto à quase três horas. Isso, somando ao horário que conseguiram sair da base, só indicava que estava quase amanhecendo, já que não havia janelas ali pra enxergar o lado de fora.
Estavam presas numa sala com iluminação precária, uma cama de solteiro e diversas outras mulheres, as quais já tinha cansado de ouvir chorando. Não precisou perguntar o que estava acontecendo ali, porque todo aquele cenário já explicava por si mesmo.
Tinham sido presas, isso naquela altura do campeonato já era mais do que óbvio. Mas depois que Natasha desmaiou sobrou dois corpos, para apenas uma pessoa carregar e isso era matemática impossível de fazer. Resultado? As únicas opções viáveis eram:

•Deixar Natasha e fugir sozinha.
•Deixar a mulher e estranha e fugir com a Natasha, considerando a dificuldade de carrega-la sozinha.
•Ficar, lutar e tentar proteger duas pessoas demaiadas por tempo indefinido.
•Se entregar, fingir fragilidade e depois agir no tempo certo.

Ela obviamente achou mais sensato escolher a última, até porque seria muito mais fácil fugir assim que Natasha acordasse, e vendo a quantidade de mulheres que também estavam ali, soube que fez uma boa escolha.
Saiu do estado profundo de meditação sobre os problemas, e seu coração acelerou algumas batidas quando Natasha acordou abruptamente ao seu lado, numa reação tão violenta que chegou a conclusão que os sonhos dela não estavam sendo tão bons quanto pareciam. A respiração dela estava irregular, e o olhar foi uma denúncia bem clara de que teve um pesadelo.
A mulher passou as mão esquerda no rosto, como se tentasse se livrar do que havia na própria mente, e depois bufou audívelmente, entre frustada e irritada.

-Onde estamos...? -soltou, retirando a mão do rosto, ainda sob efeito de ter acordado tão rápido.

-Presas. -apontou o óbvio. -Dormiu bem?-ironizou.

-Por que não fugiu? -franziu a testa, começando a lembrar do que aconteceu.

Natasha endireitou o tronco para ver melhor o que havia ao redor.

-De nada...? -espetou.

-Awn! Você ficou por mim? -Natasha fez biquinho, debochando da situação.

A francesa até teria respondido se não soubesse que todo aquele deboche dela era justamente para fugir do efeito que os pesadelos provavelmente causaram por dentro.

-Bom saber que o nosso relacionamento evoluiu, não deixar pra morrer é um grande passo. -diz Natasha. -Já armou um plano? Perai, quantas horas eu dormi?

-Não sei exatamente, mas pelos meus cálculos umas três horas...

-Ficou contando os segundos na sua mente?

-Era a forma mais fácil de saber o horário.

-Credo, isso é maluquice. Pensou num plano?

-Aham...mais ou menos...

-Pensou num plano, e contou os segundos ao mesmo tempo. Deveria me assustar com a sua mente? É injusto eu não ter herdado isso.

-Não é um plano totalmente perfeito.-explicou. -Ainda tem lacunas.

-Que são...?

-Como vamos tirar todas essas mulheres daqui? A nossa fuga sozinhas seria fácil, mas carregar todo mundo... não vai ser nada simples. E depois disso? Elas vão pra onde? Porque se a gente chegar com ela na base vamos ter dois problemas: falta de espaço, e eles vão saber que saimos.

-Primeiro, é óbvio que não vamos apenas precisar fugir. Nesse caso vai ser necessário acabar com eles, ou causar um grande desastre...gosto da idéia de fuga silenciosa e recorrer ao desastre depois. -suspirou. -Em segundo lugar, não vamos levar elas até a base...

-Vai fazer o que?

-Não sei. -deu de ombros. -Não vão aceitar tantas pessoas assim lá dentro. Vamos tirar elas daqui, e depois perguntar se já tem um lugar pra ficar...se não tem...vai ser cada um por si...

-Elas vão ser presas de novo.

-Não se forem espertas.

-O que provavelmente a grande maioria não vai ser.

-Aham...mas o que podemos fazer? Também não é como se eu quisesse deixar todas com "uma mão na frente e outra atrás". Não temos opções.

-Vamos esperar eles voltar e atacar.-sentenciou.

-Mas pra isso a gente também vai precisar do apoio delas...-apontou as mulheres ao redor. -Não podem continuar chorando, ou se recusar a sair quando a hora chegar.

-Vai em frente... já tentei...elas continuam chorando...

-Você não parece ter muito... tato...com pessoas...

-Claro, porque você tem. -ironiza.

-Não, mas pelo menos sei fingir que tenho. -deu de ombros.

Elisabeth apontou as mulheres, desafiando a outra a tentar.

-Ok...-suspirou. -Ei! -chamou. -Ei!!! -ninguém parava de chorar. -Mas que merda, será que dá pra parar de chorar?!

-É, você realmente tem tato...-ironizou Becker, vendo o rosto assustado das pessoas.

-A situação vai ser o seguinte: assim que essa porta abrir, nós vamos escapar e vocês estão convidadas à vir também, ok?-resumiu.

A sala ficou em silêncio, até uma delas decidir se manifestar.

-Já tentamos isso antes...-soltou.-Mas eles sempre conseguem vencer.

-Mataram uma amiga nossa por causa disso. -soltou outra. -E quebraram o braço de duas de nós com um martelo.

-Vocês também foram presas, por que acham que será fácil escapar? -falou uma voz que ninguém soube identificar de onde vinha.

-Acreditem, o maior problema não é sair daqui. Vocês só vão precisar de um bom lugar pra se esconder. -diz Becker.

-Isso não é um problema...-falou uma morena cacheada. -Conheço um lugar...

Essa notícia tirou um pouco do peso das costas das duas mulheres.

-Ainda é loucura demais.

-Vai ser difícil convencer elas...-sussurrou Julie.

-Pelo menos não estão mais chorando.-deu de ombros. -Olha! -ergueu a voz. -Vai dar certo, acreditem... só estamos aqui porque eu estava passando um pouco mal e...minha colega não quis me deixar para atrás. Mas nós somos um tipo de policiais...-Nat passou a mão no próprio corpo. -Um pouco desarmadas agora...-constatou. -Mas tirar vocês daqui não representa nenhuma dificuldade.

Houve uma troca de olhares significativa entre todas.

-Do que precisam saber? -a morena parecia a mais corajosa dali.

-Qual a rotina deles? -indaga Becker.

-Não temos café da manhã... só almoço. Depois do almoço eles escolhem algumas de nós e...acho que vocês sabem o que acontece.

Natasha sentiu o estômago revirar.

-Também limpamos toda a bagunça no final da tarde, e quando escurece voltamos pra cá.

-Essa rotina só muda quando chegam novatas...-apontou a outra. -Eles gostam de conhecê-las antes...

-Fazem perguntas.-esclarece a morena.-Gostam de saber quem nós fomos...como era e, é a nossa vida.

-E por quê? -Natasha franziu a testa.

-Porque se divertem com isso...-murmurou, com nojo.

-Não...-interrompeu Becker. -A maioria desse tipo não gostam nem de saber o nome...

-Eles são dispresiveis. -sussurrou uma loira.

-Eles estão procurando alguém...-Nat e Lizzie concluiram ao mesmo tempo, com um meio sorriso no rosto.

-Quem? -a cacheada franziu a testa, tão confusa quanto o resto da sala.

-Que tipo de perguntas eles fazem? -indagou a Morgan.

-Nome... idade, nossa antiga profissão, local de nascimento, não sei...se tinhamos familia...-Tentou lembrar.

-Me perguntaram muito sobre a minha familia...-disse a loira.

-Eles com certeza estão procurando alguém. -conclui Becker. -A questão é, quem? E porque?

-Talvez seja os Morgan's. -chutou a morena.

Natasha congelou.

-Todo mundo sabe que a vadia loira tinha uma obsessão por eles. Só não sabemos o motivo. -concordou a loira.

-Chega dessa teorias malucas...-interrompeu uma baixinha, encolhida no canto da sala. -Por que esses idiotas estariam atrás deles? Nem são do governo...

-O governo já tentou capturar aqueles dois, talvez estejam tentando um novo método...

-É, realmente elas pararam de chorar.-diz Becker, impressionada com o rumo que tudo tinha tomado.

-Ok! -interrompeu Nat. -Vamos deixar essas coisas de lado, e nos concentrar em escapar. Tudo bem?

Elas concordaram.

-O plano é simples: fiquem quietas, e obedeçam qualquer comando nosso. Combinado? Essa é a parte de vocês, cumprindo isso tudo vai dar certo. Quem aqui conhece mais esse lugar?

Duas mulheres ergueram as mãos.

-Certo, conhecem o caminho da saída?

-Aham...-concordaram.

-Então vão ser a nossa bússola. Alguém aqui descordar da fuga? Porque não vou carregar ninguém nos braços e obrigar à sair. Essa é uma oportunidade única.

Ninguém se manifestou.

-Ótimo.-se aproximou mais de Elisabeth.-Qual era mesmo o plano? -sussurrou.

-As coisas mudaram um pouco. Vamos acabar com esses imbecis e destruir esse lugar.

-Sabe ao menos quantas pessoas são?

-Não. Isso importa? Você dormiu bem? Recarregou? Porque vamos precisar dessa energia aí...

-Mais ou menos. -admitiu. -E você, não fique economizando em usar os seus golpes ninjas com os dedos. Priorize usar esses dedinhos, ok?

-Eles provavelmente vão ter armas.

-É. Talvez a gente tenha que sangrar um pouco.

-Você deveria dormir mais, só três horas não é o suficiente.

-Não quero.

-Vai mesmo contínuar teimando? -se irritou. -Não serviu de lição a última vez? Da próxima pode ser que morra! Sabe o jeito que aqueles homens te olhavam? E você estava desmaiada! A sua sorte é que eu estava lá pra impedir que eles tentassem qualquer coisa! Pelo menos por enquanto...

-Do que se lembra antes de chegar aqui?-interrompeu, séria.

-Eu estava lutando contra os agentes do seu pai...num beco...-contou, franzindo a testa.

-A última coisa que me lembro, é de me despedir dos meus filhos. De estar numa sala tão quente que a minha pele derretia, lembro de dor, bolhas, queimadura, do cheiro...e também lembro do meu marido queimando na minha frente...e eu não conseguia saber se ele estava vivo ou morto porque nem conseguia me mexer. É disso que eu lembro e, é com isso que sonho todas as vezes que fecho os olhos! -contou, sem encara-la nos olhos. -E quer saber? Sinceramente não sei mais se estou cansada por não ter dormido, ou por ficar me torturando com essa cena...

-Ele está vivo.

-Você nem ao menos sabe, só está dizendo isso porque acha que vai me ajudar.

-Pensei que acreditasse nisso.

-Eu não sei mais no que acreditar. Mas não posso deixar transparecer isso na frente dos meus filhos...-suspirou. -Eles cresceram sem a gente... não quero que percam Alfie pela segunda vez.

-Tem carregado peso demais, pra que eles não tenham que carregar. -analisou.-Eles já são adultos.

-Não importa. Pra mim não são...independente da idade, sempre vou cuidar deles... não faria isso pela sua filha?

-Nem sempre cuidar é carregar tudo sozinha.

-Nesse caso é, enquanto puder dar esperança, vou dar.

A porta se abriu exatamente naquele momento, como se estivessem apenas esperando as duas terminarem de conversar para entrar, e não interromper antes do tempo. A luz cegou temporariamente quem estava a muitas horas no escuro ali dentro, e ambas sentiram uma mão arrasta-las pra fora daquele lugar com violência. Demorou um tempo até que conseguissem abrir totalmente os olhos e observar o que havia ao redor.
     Elisabeth já tinha se encarregado de tentar decorar o caminho, enquanto Natasha procurava saber se aqueles homens estavam mesmo armados, identificando que alguns portavam armas e outros apenas facas. Aquele lugar era sem dúvidas uma espécie de fábrica abandonada, cheio de portas e com corredores largos e sujos. Havia uma janela quebrada no meio do caminho, quase do tamanho da parede, e grande o suficiente para que elas pudessem ter uma vista melhor das outras construções lá fora.
      Elas entraram por uma porta, numa sala grande onde havia uma mesa longa no centro, claramente o local onde a maioria dos homens tinham se concentrado para assistir tudo.

-As novatas! -um homem de estatura um pouco acima da média analisou as duas dos pés à cabeça.-Sejam bem vindas ao paraíso! -apontou ao redor. -Aqui vocês terão comida e um lugar para dormir, muito diferente da realidade lá fora, se souberem aproveitar essa oportunidade vão poder comer do bom e do melhor!

-É um hotel? Pensei que era uma prisão...-debocha Natasha.

       O homem franziu a testa, analisando cada detalhe dela com um sorriso presunçoso no rosto

-É uma comunidade...-sorriu. -Nós oferecemos os nossos serviços, e vocês também. Cada um faz a sua parte.

-Claro, como uma grande familia. -debocha.

-Seu nome? -franziu a testa, interessado.

-Natasha.

-Natasha o quê?-insistiu.

-Natasha Becker. -soltou o primeiro sobrenome que veio na cabeça.

-E você? -encarou Elisabeth.

-Elisabeth Becker. -respondeu.

-São irmãs? Porque não são muito parecidas...

-Sim. -respondeu Lizzie.

          Ele semicerrou os olhos, sem acreditar.

-Qual a data e o ano de nascimento?

        Natasha quase gargalhou com a pergunta, mordeu o canto da boca e esperou Elisabeth

-Vinte e um. -soltou Becker.

      Ela teria quase vinte e dois, mas como ainda nem sabia que época do ano estavam, não tinha como saber se a data do seu aniversário estava próxima ou distante. Fazer aniversário no futuro, realmente contaria como um ano à mais no passado? Ainda era um pouco confuso essa questão.

-Vinte e seis. -mentiu Natasha.

       Não poderia dizer a idade verdadeira, porque obviamente eles não iriam acreditar.

-Profissão? -perguntou.

-Secretaria. -soltou Lizzie, sem dar importância a pergunta.

       Becker só queria saber em que momento as duas começariam a pancadaria e sairiam dali.

-E você? -indagou, encarando Natasha.

-Ah, eu não tinha. -deu de ombros. -É alguma entrevista de emprego?

-Você tem um senso de humor suicida...deveria começar a pensar melhor antes de falar.

-Eu digo isso pra ela o tempo todo. -murmurou Becker. -Mas como pode ver, ela nunca escuta.

      Agora as coisas tinham ficado ainda mais estranhas para os homens que ocupavam aquela sala. Os doze sujeitos, calculados por Elisabeth assim que entraram na sala, não conseguiam entender como as duas mulheres pareciam tão tranquilas, e isso era com certeza suspeito.
     Mas pelo menos agora Lizzie já tinha entendido que a outra estava provocando, justamente para conseguir que o líder se aproximasse o suficiente. A maioria das pessoas daquela sala estavam um pouco longe, então era uma boa idéia conseguir um escudo humano para tentar evitar as balas. No entanto, aparentemente Natasha só estava contando em proteger a si mesma, porque um escudo para duas pessoas não daria muito certo, a questão era quem conseguiria pegar o homem primeiro.
    
-Quero saber o que exatamente vocês duas estão fazendo aqui...-murmurou o sujeito, analisando cada uma. -Porque aparentemente estão bem confortáveis em estar aqui...e acreditem, isso não acontece muito.

-Vocês nos sequestraram, e não ao contrário.-disse Natasha.

      Dessa vez ele riu, levando aquela frase na brincadeira e finalmente fez o que as duas estavam esperando, levantou da cadeira e caminhou até Natasha, como um lobo que cercava a sua presa. Mal sabia ele, que naquela situação estava muito longe de ser o lobo.
     Elisabeth não esperou que se aproximasse totalmente, no meio do caminho e quando ele passou próximo o sufiente, ela agarrou o braço e girou o corpo dele para usar como escudo.

-Droga! -Natasha gritou, irritada.

      A situação não demorou à se tornar um caos, e sem alguém pra se proteger, a primeira reação de Natasha foi se jogar dramaticamente embaixo da mesa. Havia uma arma no bolso do homem que segurava, e Lizzie agradeceu por ser uma arma simples que sabia exatamente como funcionava, e usou dela para atingir o máximo de homens possíveis, mas todos já tinham se espalhado.
       Natasha virou a mesa quando percebeu que eles começavam a querer agachar e atirar na sua direção, e quase soltou um grito de animação quando percebeu que um dos homens que a bisavó atingiu caiu perto de si. Pegou as armas dele e verificou a quantidade de balas antes de espiar um pouco e começar a atirar. A troca de tiros estava sendo mais fácil do que as duas planejavam, era quase tedioso ver que aqueles homens tinham uma péssima mira, o suficiente para gastarem todas as balas tentando atingi-las. A questão é que não tinham um escudo como Natasha e Elisabeth, então a falta de habilidade, somada à essas condições só contribuiram ainda mais pra que com apenas uma troca de tiros, eles fossem derrotados.
    Mesmo assim, o coração das duas estava um pouco agitado com toda aquela movimentação, e trocaram um olhar carregado de adrenalina quando o silêncio se fez presente. Elisabeth soltou o homem, que à essas alturas nem sabia mais se estava realmente vivo, e ambas se levantaram para sair dali. Não havia como ter certeza se aqueles homens eram realmente os únicos, e que todos milagrosamente tinham se juntado numa única sala.
   
-Pegue as armas. -disse Becker.

-Não temos tempo pra isso. -negou a Morgan. -Algo me diz que eles não são os únicos...

-Eu acho que são...

-Estou com uma sensação ruim...meus sentidos estão...

-Mais uma vez, confiando no empirismo, e não no lado racional, não é?

-Bom, meu lado racional também diz que pode haver mais homens. E meus sentidos já me salvaram vezes o suficientes pra mim pelo menos começar a tentar dar atenção à eles. Se eu tivesse feito isso... não teria quase morrido numa cadeira, então será que podemos parar de discutir e sair logo daqui?!

-Certo. -bufou. -Mas uma hora essas armas vão fazer falta.

-Talvez...mas antes...pode ir atrás das meninas? -Natasha encarou um homem que ainda parecia entre acordado e desmaiado.-Não temos muito tempo a perder e eu acho que...-se aproximou do sujeito com um sorriso no rosto. -Nós dois vamos ter uma conversa rápida, não é bela adormecida? -deu dois tapinhas no rosto dele.-Ta me ouvindo? Ei?

        Ele abriu os olhos quando sentiu o cano da arma tocar a sua têmpora, e mesmo ferido, tentou se afastar da mulher a sua frente.

-Calma, não vou te matar. -sorriu. -Bom, isso depende da sua colaboração.-encarou Lizzie, pedindo que em silêncio que ela fosse buscar as meninas.-Então...a proposta é a seguinte: você me contar o que eu quero saber, e ganha o direito de permanecer vivo...entendeu? Lá vai a primeira pergunta: Quem vocês tão procurando?

       O homem franziu a testa, ainda gemendo pela dor da bala que tinha atravessado a sua coxa, e usando disso para desviar da pergunta e não responder.

-Em outras ocasiões poderiamos esperar, mas hoje não estou com tempo. -levou mão até onde estava o buraco na perna, e enfiou o dedo ali.

     Um novo gemido escapou pelos lábios dele, e Nat revirou os olhos ao empurrar ainda mais fundo a bala com o dedo, infligindo mais dor do que antes. Pela sua experiência, aquele não parecia o tipo de homem que aguentava muito tempo uma tortura, bastava olhar o fundo dos olhos dele, e lá estava a reposta de que não iria demorar até falar.

-Quem estão procurando?

-Morgan's...-resmungou, sem ar.

-E por que?

-Eu não sei!

      Começou a revirar a ferida com o dedo, sentindo o sangue encharcar cada vez mais o buraco, num claro indício de que estava piorando as coisas.

-Eu não sei!!!-repetiu, e Nat bufou porque sentiu sinceridade.

-Quem?!

-Não posso...-choramingo, tentando se mexer e tirar a mão dela de si.

-Pode sim...a maioria aqui deve ter passado dessa pra melhor... você pode ficar vivo, e sair daqui. Ninguém vai atrás de você.

-Eles vão...-sussurrou.

           O dedo parou de rodar instantaneamente, como se aquela fala tivesse girado uma chave na própria mente, e suas desconfianças finalmente fossem confirmadas. Ele não tinha dito e afirmado nada, mas com apenas analisar o olhar de pânico daquele homem, soube que a causa não era a sua presença ou tortura que fazia ele passar.

-O governo...? -arriscou pronta para ler as expressões faciais dele.

       A resposta era óbvia demais desde que Becker e Morgan chegaram ali, mas precisava de uma confirmação. O misto de emoções que tomou conta do rosto dele fechou definitivamente qualquer dúvida que ainda poderia ter. Retirou as mãos do ferimento, levantou e saiu rumo a única porta que havia naquela sala.

-Não pode me deixar aqui! -o homem gritou, desesperado.

       Ela parou abruptamente, com a testa franzida, e alternou olhares entre o corpo caído dele e o corredor pelo qual tinham chegado até ali.

-Droga! -sussurrou, acelerando os passos para sair dali.

      Novamente ele tinha dado uma resposta sem ao menos perceber, e dessa vez o que ela tinha descoberto era bem pior do que saber que seus filhos estavam sendo perceguidos. Avistou Elisabeth vindo em sua direção, seguida por um grupo de mulher que parecia maior do que tinham calculado antes, e as duas pararam frente a frente, exatamente no ponto onde tinham conseguido ver todo o pátio através da janela quebrada.

-Conseguiu o que precisava? -indagou Lizzie.

-Estão procurando...-lembrou da presença das mulheres atrás.-Quem nós pensavamos...

-Vamos sair daqui. -determinou. -Essa é a Jani e a Stef, elas conhecem o caminho, lembra? Então vão guiar o caminho e...

-Ainda temos outro problema.-interrompeu. -O governo está vindo pra cá...

-Quê? -Becker ficou confusa.

-Esses caras fizeram um acordo com eles...precisavam entregar um Morgan. Provavelmente deve ser uma longa história, a qual tenho mil e uma teorias pra explicar...mas a questão é que...

-O governo está vindo. Como sabe disso?

-Porque meu chefe alertou. -uma voz interrompeu a conversa.

    As duas desviaram o rosto para a porta do grande salão, onde o mesmo homem que Natasha tortura a poucos minutos atrás, estava escorado no batente com o peso do corpo numa perna só, enquanto tapava a ferida com a mão esquerda. Ele carregava uma expressão de cansaço, denunciado que já havia perdido muito sangue, e mancava numa perna só, se escorando na parede para tentar chegar até as duas, mas não obtinha sucesso.

-Nós reconhecemos você desde o início...-murmurou, um pouco devagar.-Estavamos procurando um Morgan, então o dever era conhecer a familia toda...não sei como...-encarou Natasha. -Não sei como isso pode ser possível... você estar aqui...e...desse jeito...mas o chefe ligou e avisou que tinha encontrado algo bem mais importante do que um Morgan...nesse momento, devem estar à caminho.

-E como podemos confiar em você? -soltou Elisabeth.

       Ele sorriu fraco.

-Não podem. Minha irmã costumava ouvir as suas histórias...eu estou morrendo...-apontou a perna, escorrendo sangue. -Então se devo alguma coisa à minha irmã...é ajudar a heroína dela a acabar com esses idiotas.

-Ele está falando a verdade. -sussurrou Nat.

-Seus "sentidos"? - apontou Becker, cansada dessa história.

-Não, minhas habilidades.-cortou. -Ele não está mentindo.

-A gente precisa sair daqui! -a tal de Jeni interrompeu a conversa deles.

-Ela tem razão, estamos conversando quando já deveríamos estar longe. -bufou Becker. -Jeni? Mostre o caminho!

-Não da mais tempo...-soltou Stef, alertando o resto das pessoas.

-Jeni vai guiar a gente, garanto que...

-Eles já estão aqui.-murmurou, apontando pela janela quebrada.- E estão nos vendo nesse exato momento...

       Do alto daquela fábrica abandonada, as mulheres olharam na direção que a outra apontava, claramente preocupadas com a possibilidade do que estava prestes a acontecer. Era verdade, e lá estava a única coisa que Elisabeth e Natasha planejavam evitar desde que decidiram embarcar naquela idéia de sair e explorar o lado de fora. Quase doze soldados, altamente armados com aquelas armas malucas de choque que Becker e Morgan tinham visto no primeiro dia que chegaram a cidade, e encarando as mulheres estáticas no segundo andar daquela fábrica. Era como se um grupo estivesse analisando o outro, esperando apenas o primeiro passo para toda uma guerra desatar. Eles estavam no pátio, e elas dentro daquela fábrica, mas sabiam que ao primeiro sinal não demoraria muito tempo até chegarem até ali.

-Precisamos de um plano...-sussurrou Becker. -É agora que aquelas armas seriam úteis...

-Nós já temos um plano...-responde Natasha, vidrada no grupo lá embaixo.-Vocês vão fugir, e eu vou ser a distração.

-Natasha, nem pense em...

-Sabe que não vamos conseguir tirar todas elas em segurança se não for assim.-interrompeu. -E você é a única que necessariamente precisa ficar viva.

-Não morra. -concordou.

     Não era a hora de discutir e discordar do plano estúpido da outra.

-No 3 a gente corre...-sussurrou. -Não saiam pelas saídas tradicionais e...

-Eu sei como proceder. -interompeu. -1...

-2...

-Espera, vamos correr no 3, ou depois do 3? Vai ter o "já"?

      Becker riu, fazendo os soldados franzir a testa, intrigados pelo motivo que causou aquilo.

-Piadas nesse momento, é sério?

-Só pra relaxar...-deu de ombros.

-3! -gritou.

********
Desculpa pela demoraaaa hahaha
Dessa vez foi porque queria postar dois caps ao mesmo tempo, aí percebi que demoraria demais e deixei pra lá...
Uma coisinha rápida:
Estava pensando em criar um Instagram sobre os meus livros, o que acham? Tipo dos livros em geral, que já escrevi, ou que pretendo escrever. É só uma idéia ainda...mas queria saber se vocês acham se poderia ser interessante...?
Pensei em postar várias coisas sobre os livros, curiosidades, e etc... também planejo postar os spoilers por lá, o dia que o próximo cap iria sair, e varias outras coisas. Não digo que estaria sempre presente por lá, mas achei interessante pra gente manter uma interação...pq além de dar informação, também vou fazer um tipo de leitura ativa: dar duas opções, e a que escolherem, será o rumo que irei tomar na história. Da pra entender?
Em fim, se gostarem da idéia, vou criar um e dizer o @ pra vocês no próximo cap...Quero OPINIÕES por favorrrr!!!

Ah, esse cap não foi tãoo movimentado...mas cap que vem tem açãoooo.
Obs: pequeno spoiler? Aí sente cheiro de reencontro?

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