GOOD BOY

By niacosmic

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Percebi naquela momento que quanto mais eu provasse de seu abismo particular, mais profunda seria a decepção... More

introdução
lactofilia + TDI
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By niacosmic

Capítulo sensível,
contendo diversos gatilhos.
Tomem cuidado ao ler.

Sentada em sua carteira, Bex desenhava pequenos desenhos aleatórios em seu caderno.

Andou evitando Aaron o máximo que pôde naquele dia. Sentia-se mortalmente envergonhada pelo acontecido da noite passada. Mas, como sempre, esqueceria e superaria.

Quando as aulas acabaram e ela foi embora para sua casa, era quinta-feira. Um alívio mórbido se apossou de seu peito por pensar que faltava apenas um único dia para o final de semana, que infelizmente, seria totalmente corrido.

O baile de inverno seria na próxima semana, num sábado. A escola já estava decorada e tudo estava em seu devido lugar. Grandes cartazes estavam postos pelos corredores anunciando o evento de forma extravagante. Afinal, era um dia muito esperado por todos.

Bex se reconfortou, pensando que, talvez, Aaron pudesse a convidar como amigo. Os organizadores disseram há uma semana, que os ingressos estariam a venda dois dias antes do baile, que consequentemente, seria quinta que vem. Bexter não entendeu muito bem o por que de tantas surpresas, já que este ano pelo que disseram, os convites do baile ganhariam uma moda um tanto diferente.

Voltou a pensar com quem cogitaria em ir. Bex não tinha muitos amigos, então se Aaron não a convidasse, ela ficaria sem um par.

Mas, de qualquer forma, ela não se iludiu, fôra apenas uma suposição.

A tarde passou arrastada e entediante. Os olhos de Bex já estavam doloridos pelo tempo em que passou em frente as folhas amarelaras de seu antigo livro preferido.

Estava estirada na cama quando bateram em sua porta.

Bex imediatamente sentiu seu coração acelerar. Mas, lembrou-se, Aaron nunca batia na porta.

Abrindo-a, encontrou seu avô em pé, com um sorriso pequeno e triste nos lábios.

Bex assentiu, em concordância e dividindo aquela mesmo sorriso triste. Acabara de se lembrar de que dia era hoje.

Esteve tão ocupada com a cabeça voltada em Aaron, que acabou não se recordando... Como pôde se esquecer?

── Você quer visitá-los, meu anjo? ── Ele pergunta dócil, apoiando sua mão no ombro de Bex de uma forma acalentadora.

A garota apenas sente uma bile subir por sua garganta, seu estômago embrulha e suas palmas da mão suam. Sentiu seus olhos arderem e num movimento silencioso, ela balança a cabeça negativamente.

──  Tudo bem. ── Ele diz baixinho. ── Nós passaremos em sua tia depois, voltaremos bem tarde. Sabe como é, sua vó é bem falante. ── Eles dividem um leve riso.

── Caso mude de idéia, eu e sua avó estaremos lá embaixo. Mas, de qualquer forma, respeitaremos sua decisão se não quiser ir conosco.

Um beijo suave foi depositado na testa de Bex, que sorriu pequeno para seu avô.

Ela não iria, não estava pronta.
Não ainda.

* * *

A noite se passou calada, com Bex em sua cama assistindo a um programa qualquer de seu interesse. Nem se deu conta de que já era deveras tarde. Então, prontamente, pegou sua toalha e se dirigiu ao banheiro.

Um suspiro aliviado se fez presente no ambiente quando Bex permitiu-se relaxar diante da água morna, que relaxou e tencionou um pouco seus músculos, trazendo-lhe conforto absoluto.

Quando saiu, um rápido olhar para o relógio da parede, mostrou ser uma e meia da madrugada. Estranhou seus avós ainda não terem voltado, mas não os atrapalharia ligando.

Já pronta com uma roupa qualquer, Bex sentou-se na cama, e intercalou seus pensamentos entre seu jantar, e Aaron.

Droga! Ela não conseguia de forma alguma parar de pensar nele. Seus toques, seu cheiro, seu olhar despreocupado...

Ela teria que aceitar.
Amigo.
Eram apenas amigos.

Suspirando, ela se levanta e caminha em direção a sua porta. Iria comer algo, já que passou o dia apenas bebendo água.

Antes que pudesse alcançar a maçaneta prateada, um alto barulho de gritos fôra escutado. Bex estremeceu quando notou que vinha da casa ao lado. Da casa dele.

Engolindo em seco, aproximou-se da janela cautelosamente, espiando pelas persianas.

Pôde ouvir a porta da frente bater com força.

E então o viu.

Sua típica jaqueta de couro estava em frangalhos, rasgada na lateral pelo que parecia ter sido um forte puxão. Suas mãos estavam agarradas ao seus cabelos, que pendiam para trás de forma nervosa, os deixando um pouco mais bagunçados do que o habitual.

Bex imediatamente sai pela janela. Mas Aaron não percebeu, pois sua respiração estava acelerada, e ele apenas conseguia pensar no que acabara de acontecer minutos atrás.

Quando Bex estava a centímetros de tocar seu corpo, o garoto começa a andar

── Ei, Aaron? ── Bex grita, fazendo o garoto virar com o semblante surpreso.

Por mais que ela estivesse chateada pela rejeição recente ao perceber que ele não a amava, Bex sentia que precisava ajudá-lo de qualquer forma.

── Não enche, Bexter. ── Ele se vira resmungando, entrando num carro preto.

── Ei, ei, ei. Espere. ── Ela o alcança, entrando no lado do passageiro.

── Bexter, saia do carro. ──  Aaron pede sem gentilezas, mas com um tom calmo para não magoá-la.

── Aaron, eu...

── Bexter! ── Ele adverte, apertando o volante nas mãos.

── Não! ── Ela diz firme. ── Onde quer que você vá, eu também irei. ── Recita com autoridade, fazendo Aaron se encolher um pouco sobre o banco.

── Ok, então. ── Ele diz arrancando com o carro.

Bexter engole em seco, puxando o cinto de segurança e o colocando. As mãos frias deslizam pelo banco de couro, o apertando sobre a palma.

Já era anoitecer, o relógio marcava duas da madrugada em ponto.

Bexter engole em seco quando vê apenas vultos de árvores e postes numa velocidade absurda, voando sobre seu lado direito.

Olhou para Aaron com súplica, mas ele estava focado demais na pista para sequer nota-lá. Seu maxilar travado e uma das veias tensas saltadas no pescoço tatuado.

Bex bateu os olhos no painel do carro, e pelo reflexo, vislumbrou uma série de números. 120km por hora.

Bex pôde sentir seu corpo começar a tremer.

── Aaron, diminua a velocidade. ──  Sua voz num fio. Não fôra um pedido.

Mas Aaron não a responde.

── Aaron... ── Nada novamente.

── Aaron, por fa...

── Não dê ordens no meu carro, Bexter! Foi você quem quis vir comigo.

Bex engole em seco, sentindo seu coração martelar absurdamente rápido sobre seu peito.

Sua respiração se tornou ofegante, Aaron notou, mas não diminuiu a velocidade. Precisava esquecer todo o acontecimento com Rick, precisava ir até sua tia e resolver tudo sobre as papeladas. O mais rápido que podia.

Bex sentiu seu rosto quente e molhado pelas lágrimas, tentou as controlar, mas era inevitável.

── Eu acho que você poderia...

── Bexter, pelo amor de tudo que é mais sagrado, eu preciso que você fique quie...

Antes que o garoto pudesse terminar, foi interrompido abruptamente.

── POR FAVOR, AARON! DIMINUÍA. EU PASSEI POR ISSO UMA VEZ E NÃO VOU SUPORTAR PASSAR NOVAMENTE. ── A garota grita, sentindo sua voz embargada pelo choro histérico.

── O que? Bex... ── Aaron a olha de relance, confuso.

── Meus pais... ── Ela funga tentando continuar, mas seu choro a impede um pouco. ── Meus pais morreram num acidente de carro, eu estava junto, eu fui a única a sobreviver. Hoje foi o dia em que eles morreram, mas eu não consegui ir visitá-los por ser muito para mim. Então, por favor, dimimua a velocidade da droga desse carro! ── A voz estava sôfrega e rouca. Os soluços altos prevaleciam.

Aaron diminuí a velocidade com calma, encostando o carro e ligando o pisca-alerta.

O ambiente fica num silêncio mórbido, a não ser pela respiração acelerada de Aaron, e os soluços incessantes de Bex.

Aaron instantaneamente se sente um merda.

── Bex, eu sinto muito... Merda, eu sinto muito mesmo. ── Ele tira o cinto de segurança dela suavemente, depois o dele, logo puxando Bex para um abraço sincero.

Deixou que ela chorasse em seu peito, enquanto a apertava como se sua vida dependesse daquilo.

Acariciando seus cabelos e beijando-os, Aaron sussurrava incessantemente pedidos de desculpas, ao tempo que recitava palavras reconfortantes, dizendo que tudo iria ficar bem.

A respiração de Bex foi se acalmando aos pouquinhos, e o cafuné em sua nuca foi fazendo efeito, dando a ela uma grande sensação de cansaço e sono absoluto.

Quando Aaron teve a certeza de que Bex estava um pouco melhor, começou a depositar beijinhos demorados em sua testa, esfregando o polegar suavemente nas bochechas molhadas e vermelhas.

Quando sentiu sua respiração mais densa, Aaron encosta o corpo da garota novamente no banco com cuidado, tentando não acordá-la. Regulou o banco para que ficasse um pouco inclinado, dando um conforto a mais para a sua garota.

Enquanto dirigia cuidadosamente devagar, Aaron repassou em sua mente cada pequeno segundo daquele momento.

Bex suplicante.
Bex em pânico.
Ele a ignorando.
Seu rosto repleto de mágoa e dor.
Ele sentindo uma pontada de pena e arrependimento.
Ele aumentando a velocidade.
Bex gritando e se abrindo completamente para ele.
Bex indefesa em seus braços.
Bex sem mais sorrisos alegres e olhares verdadeiros.

Seu rosto estava neutro. A garota estava num sono profundo, já que de tanto chorar, sua cabeça latejava de dor, restando apenas a opção de se entregar ao sono.

Aaron não conseguia parar de observá-la. De tocá-la, acariciar sua pequena mão delicada. Tinha que a todo momento ter a mais absoluta certeza de que ela estava bem, de que não estava mais chorando.

Como pôde ser tão egoísta?

Não deu ouvidos a ela. A única garota que realmente se importava com ele. Que decidiu amar cada pequena parte dos dois. Que nunca o rejeitou e que sempre tentou o ajudar da melhor forma que podia.

Amar. Aaron pensava sobre isso.

Pensava que talvez pudesse amar Bex. Ou que talvez amasse... Mas isso era uma coisa a qual ele tinha que pensar bem, não em um momento tão frágil.

Quando chegou finalmente em sua casa, ele estaciona em frente à ela. Um rápido bipe vindo do carro, mostrou ser exatas 3:00 da madrugada.

Aaron arregalou os olhos.

Passaram mesmo tanto tempo abraçados?

O garoto sai do carro com cuidado, fechando a porta devagar para não fazer barulho. Contornou o veículo e parou ao lado do passageiro, abrindo-o e vislumbrando o pequeno corpo encolhido de Bex.

Tirando o cinto, ele a carrega sem esforços, tomando o máximo de cuidado para não acordá-la.

Quando Bex envolve os braços em seu pescoço, e descansa a cabeça em seu peito, Aaron sente uma sensação estranha em seu estômago, como se ele estivesse em festa.

Suspirando, ele fecha a porta do carro com o pé, caminhando cautelosamente pela entrada da casa de Bex.

Antes que pudesse tocar a campainha, a porta fora rapidamente aberta. Aaron sentiu vontade de xingar quem fora tão indelicado ao ponto de fazer a garota resmungar em seu colo, mas calou-se quando percebeu ser talvez, o avô de Bex.

── Ah, graças a Deus. Querida, ela está bem. ── Ele vira-se brevemente, e logo uma senhora de cabelos grisalhos paira ao lado do homem.

── Obrigada por trazê-la finalmente. Ficamos preocupados quando não a vimos, quando chegamos. ── A mulher diz.

Aaron apenas assente e esboça um pequeno sorriso.

── Posso levá-la até o quarto? ── Ele pergunta, sem rodeios mas com cautela, depois de um longo minuto de silêncio e olhares desconfortáveis.

── Oh, claro. ── O avô de Bex abre caminho. Mas, apenas permitiu que ele entrasse pois sabia que eram amigos, já que os viu juntos diversas vezes.

Subindo os degraus, Aaron tenta ignorar os olhares que recebia. Estava completamente envergonhado por ter sido pego assim com Bex, e como nunca tinha se quer trocado uma palavra com os avós da garota, ele se sentia relutante para dizer qualquer coisa.

A porta já estava aberta quando ele adentra o quarto, fechando a porta com o pé. Conseguiu ouvir seu avô dizendo que ele poderia ficar o tempo que precisasse.

Deixando a garota entre as almofadas fofas do conjunto de cama, ele arrumou Bex da melhor forma que conseguiu. Cuidadosamente, cobrindo o seu corpo com o edredom.

Aaron permitiu-se deitar ao lado de Bex, acariciando o rosto adormecido.

Ben sentia seu coração dolorido e ao mesmo tempo cheio pela garota estar segurada.

Eles não podiam imaginar que Bex, alguém tão alegre, tão delicada, pudesse ter um passado tão tenebroso.

Aaron chegou a conclusão de que Bex não merecia o que aconteceu com ela. Ambos não mereciam, tanto ele como ela. Nenhum deles deveria ter passado pelo que que passaram. A vida realmente podia ser bem injusta quando ela queria.

Um movimento pega Aaron desprevinido. Bex se aconchega sobre o peito de dele, passando um dos braços por sua cintura, e afundando o rosto na jaqueta dele. Mesmo em sonho, um pequeno sorrisinho repuxou os lábios dela, quando sentiu o aroma tão conhecido.

Aaron ele sente sua respiração presa. Não esperava por aquilo de forma alguma.

Quis dizer a ela...

Quis retribuir o sentimento. Mas não conseguia, não poderia agora, naquele momento, dar a ela tudo o que ela realmente precisava. O que ela merecia.

Bex parecia tão frágil... Como uma boneca morena de porcelana. Feita do mais delicado material possível.

Pela primeira vez, não era Bex que o envolvia em seus braços. Desta vez, Aaron é que se sentia no dever de proporcionar a ela uma boa noite de sono. Como todas as vezes, ela o proporcionou.

Aaron ainda sussurrava pedidos de desculpas para ela, enquanto roçava sua pele macia sobre a ponta dos dedos.

Naquela noite, ele não pedia desculpas só pelo acontecido recente. Pedia desculpas por muitas coisas.

E, uma delas, era pelo simples fato de não conseguir retruibuir.
De dizer que a amava de volta.

hey you ;

Um capítulo maiorzinho por dois motivos.

1. Meu sumiço. (Desculpem, aliás. Houve alguns problemas com minha
internet em casa)

2. Fiiiinalmente continuaremos de onde paramos na antiga conta!

Uhuuul!

Também está numa retinha final... :(
Mas, sem tristeza galera!
Estou trabalhando num
próximo livro, hehe.

Bem, agora os curiosos sabem
porque os pais de Bex nunca foram mencionados... :(

see you later <3

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