Jennifer
...
- O que faz aqui? - Perguntei surpresa. - Também veio brigar comigo? - Disse cabisbaixa. Eu não suportaria se ele também tivesse vindo brigar comigo.
- Eu jamais brigaria com você, Jennyzinha! - Steve deu um sorriso iluminado me dando em seguida um abraço típico. - Trouxe para você.
- Bombons! - Sorri ao ver a caixa repleta de chocolates.
- Eu te vi na Geffen um tanto triste então resolvi comprar, sei que você gosta. - Sorriu.
Peguei a caixa de bombons com os olhos brilhando. Em seguida adentramos o apartamento e fomos para a sala.
- Estava com saudades suas Jennyzinha, podia ter aparecido. - O olhei com certo pesar. - Entendi, pelo menos ligado então.
- Desculpa Steve, essa semana foi muito complicada. - Suspirei.
- Imagino. Bem, mas vim aqui para lhe alegrar, hum. Peguei duas comédias para a gente assistir. O que acha?
- Não sei...
Ele nem me deixou responder, já foi se levantando e colocando a fita no videocassete.
Apesar de tudo que estava passando, por um momento, deixei a tristeza de lado e resolvi tentar me distrair um pouco. Steve voltou e se sentou ao meu lado, logo começamos a assistir o filme.
...
Camille
Slash me deu um abraço tão apertado, me reconfortando um pouco. Após me recompor fomos para o escritório, para conversarmos a sós.
Ao entrar me lembrei da última vez que estive nesse escritório, exatamente com Slash, terminando tudo entre a gente. Rápidos flashes passaram em minha mente, mas logo os afastei.
- O que aconteceu Camille? - Ele perguntou assim que nos sentamos um de frente para o outro.
- Eu e Izzy tivemos uma discussão.
- Posso saber o por quê?
- Talvez eu deva ir Slash, acho que você também ficará do lado de Jeffrey.
- Bem, não posso dizer nada se você não me contar, mas prometo lhe ouvir e dá minha opinião imparcial.
Olhei para o moreno por uns segundos e resolvi então contar o que havia acontecido.
- Eu sei que vocês devem estar chateados com a Jennifer, pelo Axl, eu entendo, mas... eu sinto, aliás, eu sei que alguma coisa estranha está acontecendo.
- Bem Camille, ela tem o direito de terminar, apesar da forma como fez ter sido um tanto dura. Bem, a gente sabe que Axl não é nenhum santo, mas acho que ele não merecia que ela o tivesse tratado dessa forma. Pelo que ouvi, ela foi muito má com ele. E, até estávamos tentando não ter raiva dela, mas depois de hoje na Geffen, ela não precisava ter beijado aquele imbecil na frente do Rose. - Slash expôs o fato.
- É isso Slash, exatamente essas coisas que não condizem com a minha amiga. Ela não é o tipo de pessoa que faria uma coisa dessas. Ela saberia que estaria ferindo Axl, entende.
Disse enquanto ele me ouvia atentamente.
- A Jennifer não é assim, está tudo muito estranho. Ela mesma anda me evitando, mal se alimenta, mal pisou os pés na faculdade. Quando saímos de viagem ela era uma pessoa, e quando voltamos outra. Alguma coisa que eu ainda não sei aconteceu nesse tempo.
- Você realmente acredita nisso, Camille?
- Acredito!
- E o que Isbell disse a respeito?
- Ele nem me ouviu, Slash. - Suspirei. - Apenas saiu e me deixou aqui sozinha.
- Típico do Jeffrey. - Slash balançou a cabeça, pegando um cigarro em sua carteira. - Ele sempre cai fora, se esquiando dos problemas. Ele é cabeça quente, prefere sair para esfriar, mas às vezes isso é bem irritante. - Ele disse me arrancando um sorriso tímido.
- Eu só queria poder contar com ele, esperava sinceramente que ele me ajudasse a descobrir o que aconteceu. Mas ele me disse que estou fantasiando igual aos livros que leio, e que isso aqui é vida real.
Slash apenas sorriu, tragando seu cigarro.
- Bem, eu já vou indo, obrigada por me ouvir. Eu sei que você também deve achar que a Jennifer foi uma...
- Epa loira! Você não me deixou dar meu parecer. - Ele falou me fazendo olhar para ele. - Acredito que sim, a Jennifer foi um tanto sacana com o ruivo, mas se você acredita que tem algo errado nessa história, eu também acredito.
- Acredita? Por quê?
- Porque eu te conheço Camille. - Ele falou olhando fixo em meus olhos. - Eu sei que você seria a primeira a "brigar" com a Jennifer se acreditasse que ela realmente fez isso de propósito, mesmo sendo sua melhor amiga. Conheço muito bem seu senso de justiça. - Ele parou dando um sorriso.
Confesso que me surpreendi com as palavras de Slash, eu realmente não esperava que ele fosse acreditar em mim.
- E bem, se você quiser ajuda para descobrir o que você acha que tem de errado. - Se ofereceu tão solicito.
- Nossa Slash, eu agradeço por você acreditar em mim, mesmo você sendo mais amigo do Axl.
- Eu admito que no começo também achei estranho, e por alguns dias cheguei a achar que Rose havia feito alguma idiotice para a Jennifer terminar com ele, mas Axl realmente gosta dela e bem, ele não seria tão burro de cometer o mesmo erro que eu cometi. - Ele falou me olhando profundamente.
Senti um arrepio em meu corpo e meu coração acelerar um pouco. Acho que era a primeira vez que eu e Slash de fato tínhamos uma conversa após tudo que nos aconteceu. Antes ele apenas me cumprimentava e falava poucas palavras.
Nos encaramos por poucos segundos, mas logo voltei a mim.
- Obrigada, de verdade. Eu aceito a sua ajuda, eu só ainda não sei por onde começar. Se ao menos a Jennifer conversasse comigo, mas toda vez que eu toco no assunto, ela se tranca no quarto ou dá um desculpa qualquer. Eu sei que ela está sofrendo com algo, só não sei o que.
- Talvez se você mudasse a tática. - Sugeriu.
- Como? - Indaguei curiosa.
- Ao invés de já ir perguntando e tentando obrigá-la a dizer o que tem de errado, apenas deixe do jeito que estar. Vá observando e aos poucos ela deixará alguma coisa escapar. Talvez nesse momento ela só precise de apoio, de sua amizade. Você próxima a ela, poderá ajudar bem mais Camille.
- Não havia pensado por esse lado Slash. Não forçá-la, apenas ir observando tudo. É uma ótima ideia. - Me animei.
- Bem, eu não sou assim tão burro. - Ele disse divertido.
- Não é, eu sei. É uma pessoa admirável, em muitos aspectos. - Sorri para ele.
- Eu também vou ficar de olho, prometo tentar ajudar e lhe dizer se souber de algo.
- Bem, acho melhor eu já ir indo.
- E sua situação com Izzy?
- Depois eu converso com ele. Ele quis fugir da conversa, pois também não ficarei aqui esperando por ele.
- Camille, tente entender que ele é o melhor amigo do Axl, eles se conhecem desde a adolescência, e se alguém sabe tudo que Rose já passou de ruim com certeza esse alguém é ele.
- Eu sei Slash, eu só queria que ele tivesse me ouvido. Porque se ele está assim pelo melhor amigo, eu também estou pela minha melhor amiga.
Apesar de estar triste com Isbell, ter conversado com Slash me animou tanto. Agora só tinha que por meu plano em prática, só não sei bem por onde eu começaria.
Logo peguei meu carro e resolvi voltar para o apartamento.
Jennifer
...
Já estávamos terminando o segundo filme. No intervalo fiz pipoca, tomamos refrigerante e de fato eu pude sorrir um pouco. Não tinha como não sorrir de Steve, ele era muito engraçado, apenas o seu sorriso já contagiava o ambiente.
- Mas esse cachorrinho é uma graça. - Ele disse pegando Loki no colo.
- Sim, mas dá um trabalho. Ele adora sapato, quando menos espero, ele já está arrastando minhas sandálias pelo apartamento, mas pior é quando ele pega as coisas da Camille. Ela diz não gostar muito de animais, mas eu já a flagrei brincando horrores com ele. - Contei divertida.
- Agora sim. - Ele falou me olhando. - Era esse o sorriso que senti falta hoje mais cedo.
- Obrigada, Steve, por vim aqui me visitar. Pensei que você me odiava igual aos outros.
- Eles não te odeiam Jennifer, apenas ficaram chateados.
- Até mesmo o Duff? Vocês sempre saem juntos. - Questionei.
- Duff pode até estar, mas ele não te odeia. E ultimamente ele não anda saindo tanto assim comigo, na verdade, ele anda muito misterioso, saindo praticamente escondido. Diz que vai na Angels e Demons, mas sei que não.
- Misterioso?
- Ele vive dando desculpas pros lugares que ele sai, ou disfarçando quando o pegamos no telefone. Como se não soubéssemos com quem ele anda falando.
- Rachel? - Imaginei na hora ser ela.
- Ela mesma. O Girafa está encantado com ela e não quer admitir . - Steve contou divertido. - Só acho que isso ainda vai dar uma confusão daquelas, imagina quando a Ângela descobrir. - Adler sorriu.
- Nossa, vai ser bem complicado. - Pensei. - Duff apaixonado! Nem acredito nisso.
- Acho que nem ele acredita e muito menos quer admitir. - Sorrimos.
- E você Steve?
- Ah não Jennyzinha, eu estou firme nos meus propósitos: Não vou privar as gatinhas de me terem, sou todo delas.
- Você ainda vai se apaixonar também.
- Já me apaixonei Jennyzinha e não deu muito certo. Quase saio da banda, aquele motherfucker do Ro...- Nesse hora ele parou de repente.
- Axl? - Perguntei. - O que ele fez? Não me diga que ele ficou com a sua namorada?
- Bem, foi um pouquinho além disso. Mas foi há anos, então deixamos isso para lá.
- Eu pensei que antigamente vocês compartilhavam as namorada na boa, li algo a respeito, pensei que vocês não se importavam com isso.
- É...mais ou menos...mas ele não precisava ter deixado esse chifre registrado e público. Logo na minha música preferida. - Lamentou.
- Música preferida? Não entendi. - Steve me olhou surpreso.
- Deixamos isso para lá, Jennifer. - Ele quis encerrar o assunto. - Viu, ainda sobrou bombons, foi até bom o Girafa não ter vindo, senão ele tinha comido todos.
- Tenho que concordar. - Sorri. - Estou tão feliz que esteja aqui comigo, Steve.
- Sempre que você precisar, Jennyzinha, ainda tenho você como minha irmãzinha e você me ajudou, se lembra? Tenho orgulho em lhe falar que desde aquele dia, eu não usei mais nada. Assim, só bebida.
- Não sabe como fico feliz com isso, Steve.
- Apesar de você sorrir, eu vejo que ainda tem uma tristeza muito grande aí dentro Jenny. Não quer me falar o que realmente aconteceu?
- Como assim? - Perguntei tentando disfarçar.
- Jenny, olha para mim. - Fitei seus olhos. - Eu sei que pareço assim meio atrapalhado, que muitos me veem apenas como o palhaço da banda, mas eu não sou burro Jenny. Eu sei que tem algo acontecendo.
- Steve...
- Não minta para mim. Você é uma péssima mentirosa, me admira os outros não perceberem. Confia em mim Jennifer, eu posso lhe ajudar. - Ele falou me olhando sério. - Eu não sou burro como aparento.
- Eu nunca te achei burro Steve, e nunca deixem que falem isso de você.
- Então, me diz Jenny...
Olhei para Steve, pensando se falava ou não. Será que ele poderia me ajudar a me livrar do Paul, a livrar a banda e tudo mais? Talvez fosse a melhor coisa a fazer, eu iria enlouquecer se não me abrisse com alguém. Eu precisava de alguém que me ajudasse também.
- Steve...eu....eu...nos estamos correndo pe...
Antes de terminar, ouvimos a porta da sala abrindo, revelando Camille.
- Oi Steve, oi Jennifer! - Ela nos cumprimentou alegre e surpresa pela presença de Adler.
- Loira, tudo bom?
- Não te vi na Hell house, Steve. O que estão fazendo? - Camille perguntou.
- Estávamos conversando. - Respondi. - Junte-se a gente. - Chamei.
- Vou só deixar minhas coisas no quarto. - Ela saiu rapidamente.
- E então, o que ia me dizer, Jennifer? - Steve tornou a perguntar.
- Não tem nada de errado, Steve. Eu só percebi que não gosto tanto do ruivo como imaginei. - Respondi fraco.
A chegada de Camille me fez perder a coragem e talvez fosse melhor. Eu poderia colocá-los em perigo.
- Eu vou ter de ir Jennyzinha, mas ainda vamos continuar essa conversa. Não vou obrigá-la a falar agora, só pense. Saiba que pode contar comigo, eu posso lhe ajudar.
Adler se levantou e saiu, mas fiquei pensando nisso. Será que eu deveria contar a verdade para ele? Será que ele conseguiria me ajudar?
- Ué! Cadê o Steve? - Camille voltou do quarto.
- Ele já foi, deixou um abraço bem grande. - Sorri.
- Que bom que ele veio aqui conversar com você. - Ela disse feliz.
- Eu vou para o quarto. - Murmurei já me levantando.
- Não Jenny, vamos conversar! Apenas conversas bobas, como antigamente. Assistir alguma coisa. Vou fazer brigadeiro de panela, o que acha? - Camille me chamou animada.
- Desde quando você sabe fazer brigadeiro de panela? - Apenas no Brasil comíamos isso.
- Ora, sua mãe me ensinou. Como temos leite condensado vou tentar.
- Será que devo confiar? - Inter roguei risonha.
- Vem, se eu errar você me diz. Só te pergunto uma coisa? - Ela falou me fazendo arquear as sobrancelhas. - Por que nunca tinha me ensinado esse doce antes? - Falou indignada.
- Eu fazia pra você. - Respondi.
- Mas nunca me disse que era tão fácil. - Falou divertida.
Saímos para cozinha e fomos fazer o brigadeiro, até que ficou muito bom, apesar dela quase queimar.
Voltamos para a sala e ficamos lá conversando. Bom que ela não quis ficar me interrogando sobre tudo. Apenas jogamos conversa fora.
- Por que você está com blusa de mangas compridas? Hoje está tão quente. - Camille perguntou-me ao reparar somente agora nas minhas roupas.
- Na verdade não estou sentindo hoje muito quente e eu gosto dessa blusa. - Menti. A verdade é que meus braços estavam cheios de roxos dos tapas e apertos que Foster me deu.
Ela me olhou desconfiada por alguns segundos. Se ela visse as marcas o interrogatório recomeçaria. Mas ela acreditou e por graças voltamos a conversar sobre outros assuntos.
Estava tudo indo muito bem, até que no canal que a gente assistia começou a passar o clipe de Paradise City na televisão. Fiquei olhando para o ruivo, nos trechos de shows que ele aparecia, assim como os outros meninos. Sentia tanta a falta deles, a falta DELE.
- Eu posso mudar de canal se preferir? - Camille perguntou ao ver minha cara.
- Não, eu vou para o quarto. Tenho umas coisas para estudar. - Falei me levantando e saindo.
Não queria que ela me visse chorar.
...
Axl
- Vadia!
Ela era apenas mais uma vadia que entrou na minha vida.
Se fazia de inocente, vivia dizendo que não tinha nada demais com aquele babaca e agora estava aos beijos com ele. Não esquecia um só momento aquela imagem. Por que tinha exatamente que beijá-lo na minha frente? Ela sabia que eu gost...não...agora eu apenas a odiava.
Saí atordoado e já sabia muito bem para onde iria.
Angels e Demons era o melhor lugar para esfriar a minha cabeça. Era tratado como um rei, bebidas a minha disposição e vadias que eram o que eram e não fingiam ser outra coisa.
Peguei um lugar reservado e comecei encher a cara, apesar da ausência de Cheryl, minha stripper favorita, não iria deixar de curtir, afinal estava rodeado de muitas outras belas mulheres. Até mais bonitas que aquela...!!!
Inferno! Que ela não saía da minha cabeça.
Quanto mais tentava esquecer, mais me lembrava dela, de seus olhos azuis, de seu doce sorriso, de sua boca rosada. E para esquecer o jeito seria beber mais....muito mais.
...
Já estava em minha segunda garrafa de Whisky, observava uma gostosa dançando em cima da mesa para mim, enquanto uma loira sentada ao meu lado, ficava acariciando meu peitoral. A noite apenas estava começando e eu já estava bem mais animado.
- Quer mais bebida, senhor Rose? - A morena que acabara de sentar do meu outro lado perguntou-me.
- Claro, baby! - Respondi olhando para ela, porém em minha cabeça apenas vi a imagem daquela maldita. - Jenny? - Interroguei-a.
- É Barbie, mas pode me chamar do que preferir. - Ela sorriu.
Sacudi minha cabeça e então notei que era apenas outra stripper qualquer.
Não tinha jeito, por mais que bebesse e que aproveitasse a noite com essas gostosas, aquela vad...não saía da minha cabeça. Sentia minha mente sendo invadida por lembranças suas, pela vontade de sentir seus lábios, seus toques, sua pele. Talvez eu precisasse de algo mais forte que uma bebida, algo para acalmar a minha mente e me distrair.
Já tinha um tempo que não tinha mais curtido essas coisas, mas hoje senti a necessidade de "festejar", de deixar minha mente ir além. Logo solicitei um pedido especial, como já era de casa, não foi difícil me arranjarem.
Preparei tudo em cima da mesa, sendo acompanhado pelas garotas que ali me cercavam, um carreirinho para uma felicidade momentânea, mas que naquele momento me traria a paz que desejava.
...
Izzy
Havia passado o dia inteiro fora, cuidando de algumas coisas da banda. Praticamente eu estava sozinho resolvendo tudo, os outros caras não gostavam das burocracias da banda, apenas Axl acompanhava de perto as negociações, mas do jeito que estava, ele nem perguntava mais por nada.
Ao chegar à Hell house, apenas me joguei no sofá pensando em tudo que aconteceu hoje e talvez eu tenha sido um tanto rude com Camille. Mas ela tinha que enxergar os erros que a amiga dela cometeu e não ficar procurando desculpas para o que ela fez.
Porém não queria ficar brigado. Resolvi ir até o telefone para ligar para ela, no entanto assim que me levantei, Axl acompanhado de uma morena adentrou a sala.
- De novo! - Murmurei, já esperando por ele completamente bêbado.
- Isbellll!!! Você está mais branco, sabia? Devia pegar um sol meu amigo. - Ele me disse completamente elétrico.
- Axl, você está bem?
- Melhor impossível. Não vê a gata que está comigo. Jasmine, né? - Ele falou apontando para a bela morena ao seu lado.
- Na verdade é Jade. - Ela sorriu alegre. Parecia também estar bêbada.
- Hoje a noite é nossa Jade. Vamos, tenho uma garrafa de whisky no quarto esperando por nós. - Ele a chamou.
- Rose amanhã nos temos reunião na Geffen. Não vá se esquecer. - Avisei.
- Não enche, Isbell! Não quero saber de Geffen. Hoje eu só quero...- Dito isto, ele encostou na orelha da morena sussurrando palavras obscenas enquanto a mesma ria alto.
Eles passaram por mim e subiram em direção ao quarto de Axl.
Fiquei olhando para seu comportamento e se bem conhecia o Rose, aquilo não era apenas efeito da bebida. Com certeza ele usou alguma coisa a mais essa noite, de certo cocaína. Há um bom tempo ele não usava nada, lamentei ao vê-lo assim. Mas pelo menos ele sabia se controlar.
O jeito seria esperar o dia amanhecer e obrigá-lo a ir comigo para a Geffen. Tínhamos vários papeis pendentes para assinar.
Acabei por pegar o telefone e ligar para Camille. Conversamos pouco, mas a chamei para almoçar amanhã. Tínhamos que conversar, não queria que essa briga boba estragasse as coisas entre a gente.
Axl
...
Acordei com uma ressaca dos infernos. Dei o dinheiro do táxi para a morena que logo foi embora. Na verdade praticamente a tirei para fora do quarto, não queria ninguém aqui comigo. Ela já tinha cumprido o papel dela, então não me interessava mais nada.
Porém minha paz durou pouco, logo Isbell veio me encher com uma conversa de reunião. Só me levantei mesmo, porque se não fosse, era capaz do próximo a vir me acordar ser Alan.
Saímos para Geffen, chegando logicamente atrasados, mas o que me importava, eles precisavam da minha assinatura, já era um favor eu ter que ir até lá assinar.
...
Já estávamos nessas conversas entediantes há mais de 30 minutos, apenas Niven e Ângela enchendo o saco com documentos para os shows da próxima semana e para os shows da Europa.
- Está prestando atenção nisso, Axl? - Alan me perguntou sério sentado a minha frente do outro lado da sua mesa. Ao seu lado estava Ângela e ao meu Izzy.
- Estou Alan, já é a décima vez que você me pergunta a mesma coisa. - Revirei os olhos me inclinado ainda mais na cadeira.
- Pois parece que você está em outro planeta e ainda está com a cara péssima. - Replicou.
- Não tenho culpa se a minha noite foi mais divertida que a sua. - Respondi dando um sorriso sacana.
- Axl isso é importante. É a turnê mais importante da carreira de vocês. - Ângela se intrometeu.
- Já estou cansado disso. Vamos logo assinar esses papeis, aqui não tem assistentes, advogados e todo esse pessoal para resolver isso para gente, então. Apenas me diga onde devo assinar.
- Não liga Ângela, hoje ele amanheceu com o pé esquerdo. - Izzy tentou amenizar meu mau humor.
- Pronto estão aqui. - Ela disse emburrada mostrando os papeis. - Só falta um documento, que pedi para ...
Antes dela concluir, ouvimos a porta se abrindo.
- ... pronto, aí está ele. O documento que como ia falando, pedi para Jennifer traduzir. Obrigada, Torres. - Assim que Ângela falou isso, me virei imediatamente para a porta vendo Jennifer entregar o documento.
- Mostre-nos onde eles devem assinar, Jennifer. - Alan solicitou.
Ela entrou um tanto sem graça, veio até nos sem falar muito e rapidamente me deu uma olhada, disfarçando em seguida. Eu acompanhava cada movimento que ela fazia. Reparei em seu cabelo preso, nunca a tinha visto com ele preso dessa forma. Vestia uma calça jeans e uma blusa preta de manga comprida. Olhando bem para seu rosto, parecia um tanto pálida.
Ela abriu os papeis e colocou sobre a mesa, apontando o local onde devíamos assinar.
- Bem, esses são os documentos da Espanha. Os empresários estão eufóricos com esse show, já pagaram antecipado o valor de... - Alan começou a falar, mas eu o interrompi.
- Acho que não seria apropriado estarmos falando sobre valores na frente dos empregados da Geffen. Com tantos oportunistas a solta, isso só deve ficar entre nós. - Falei olhando diretamente para Jennifer.
- Mas estamos apenas entre pessoas de confiança, Rose. - Ângela falou.
- Acredito que não. - Repeti encarando Torres ao meu lado.
- Eu posso sair, senhor Niven. - Ela disse sem nem ao menos me olhar.
- Ora, mas não tem cabimento uma coisa dessas. Você sabe o valor, foi você que traduziu. - Alan disse indignado.
- Talvez esses assuntos internos devessem ficar nas reponsabilidades de outra pessoa. - Eu disse me deixando ser levado pela raiva que sentia dela.
- O que quer dizer com isso, Axl? - Isbell me perguntou.
- Você quer que ela saia, Rose? - Ângela perguntou sem rodeios.
- Não acho que seja necessária sua presença aqui. Assim como nos shows da próxima semana. - Respondi direto.
- Os shows da próxima semana? - Alan arqueou as sobrancelhas.
- Sim, vi o nome a senhorita Torres na lista dos assistentes. É um show em Las Vegas, New York, St. Louis. São shows no próprio país. Para que iremos precisar de uma intérprete? Seria um gasto desnecessário de pessoal. - Falei carrancudo e frequentemente encarando sua face dissimulada. Ela ainda fingia estar triste pelo que ouvia, como se eu fosse acreditar.
- Axl menos. - Izzy falou comigo.
- Não tem problema Niven, Ângela. Eu já traduzi, estão aí os documentos. - Jennifer disse cabisbaixa, apenas me lançou um olhar singelo, se retirando em seguida. Não brigou, nem me enfrentou. Apenas saiu.
- Sinceramente Axl, achei isso desnecessário. - Ângela disse enfadada rolando os olhos para mim. - Pobre da garota! - Suspirou.
- Bem, já que isso aconteceu, não quero ter mais problemas desse tipo. Eu preciso de um intérprete de confiança. Jennifer é uma excelente profissional Axl, mas era de se esperar que você tivesse conflitos com ela após o que aconteceu. Então me diga logo de uma vez: devo procurar outra intérprete? Você quer que eu demita a senhorita Torres? - Alan perguntou objetivo e direto.
Bem, eu não havia pensado nisso. Confesso que falei o que falei apenas por orgulho, por raiva. Eu queria atingi-la de alguma maneira, mas não tinha pensado na hipótese de demiti-la.
- E então Axl? O que irá fazer? - Izzy me perguntou.
Pensei rapidamente. Por mais que a minha vontade era de dizer que mandasse ela para o inferno, me lembrei da conversa que tive uma vez com Camille. Jennifer precisava desse emprego para pagar os estudos, visto que sua família perdera tudo quando seu pai morreu. Acabei me lembrando disso e por desistir de pedir que a demitissem.
- Não Alan, não precisa demiti-la. Apenas arranje outra pessoa que também possa ajudar nas entrevistas com a banda. Deixe-a aqui para traduzir os contratos e outras coisas.
- Então não falemos mais disso. E nem quero outras cenas como essa Rose. - Alan disse sério e voltamos aos assuntos da banda.
...
- Não estou encontrando o resto dos documentos traduzidos. Será que a Jennifer esqueceu? - Ângela falou olhando repetidamente para os papéis.
- Ainda mais essa! - Bufei. Já estava cansado dessa reunião e não via a hora de ir embora e apenas faltava justamente essa parte.
- Podemos assinar depois. - Izzy deu a ideia. - Só falta esse. - Ele concluiu.
- Não, vamos assinar logo tudo que temos pra assinar. Não quero ter que voltar aqui de novo por tão cedo. - Disse sério.
- Bem, está mesmo faltando essa parte, já conferi diversas vezes. - Ângela respondeu.
- Peço para chamar Torres, ela deve ter esquecido a outra parte na sala. - Alan disse.
- Eu mesmo a chamo. Se for esperar esses lerdos a encontrarem. - Me levantei da cadeira.
- Não, eu vou... - Alan começou a falar, mas apenas o ignorei saindo da sala e indo atrás daquela ...daquela...agrrrr!!!
...
Jennifer
Após o tratamento de Axl comigo, já esperava que talvez ele pedisse para que eu fosse mandada embora. Às vezes pensava que isso até seria melhor, não aguentava esses encontros.
Saí da sala de Alan, andando pelos corredores da Geffen, quando tive uma ideia. Sabia que Foster estava em uma reunião, então resolvi ir até sua sala.
Não sei bem o que iria fazer lá, mas quem sabe visse algo que pudesse me ajudar ou descobrir quais seriam seus próximos passos. Iria vazar contratos? Músicas? Alguma coisa.
Entrei na sua sala, olhando com cuidados todos os papeis em cima da sua mesa. Infelizmente não achei nada comprometedor, nem nas gavetas, nem na estante.
Mas recapitulando, ele era muito esperto para deixar algo assim tão fácil de ser achado, com certeza ele guardava as coisas naquele quarto dos horrores que ele tinha em seu apartamento.
Já me preparava para sair quando me deparo com o ruivo abrindo a porta do escritório.
- O que faz aqui? - Perguntei.
- Estava atrás de você. Esqueceu-se de traduzir uma parte do contrato. - Disse sério.
- Esqueci? - Estava com a cabeça tão atordoada que devo não ter prestado atenção nisso.
- Imaginei que você estaria aqui na sala do Babaca do seu namorado. - Falou irônico.
Não disse nada, apenas abaixei a cabeça. Axl transmitia toda sua raiva a cada palavra que me dirigia.
- Pensei que iria pedir para que eu fosse demitida. - Comentei.
- Talvez eu peça, não anda nem fazendo seu trabalho direito. - Falou se aproximando de mim. - Vamos! - Disse pegando em meu braço, porém me retrair um pouco, pois ele pegou bem em cima do meu machucado.
- Não posso mais nem encostar na donzela? - Disse debochado. - Ou está com medo que seu namorado apareça e nos veja aqui?
- Não é nada disso, Axl. - Respondi.
Ele me encarou sério uns segundos.
- Deixa de coisa, Jennifer. Vamos, eu quero ir logo embora daqui, tenho muita coisa para fazer mais tarde. - Disse com um tom de malícia. Será que ele estava saindo com alguém? Pensei triste. - Vamos! - Novamente ele pegou no meu braço, mas dessa vez a dor foi maior, me fazendo puxar meu braço imediatamente com face de dor.
Axl parou olhando minha reação. Enquanto levei minha mão sobre o lugar que ele pegou, tentando dissipar a dor.
- O que tem de errado com você? - Perguntou desconfiado.
- Nada. - Respondi rapidamente tentando disfarçar.
- Eu mal encostei em você. - Afirmou.
- Melhor a gente ir.
- Não, nada disso. - Ele falou me segurando e pegando em minha mão, esticando meu braço.
Rapidamente ele elevou as mangas da minha blusa, vendo os machucados em meu antebraço.
- O que significa isso, Jennifer? - Questionou arregalando os olhos. - Aquele motherfucker bateu em você? - Sua face ficou rígida e seus olhos turvos, sendo completamente tomado pela raiva.
- O que fazem aqui na minha sala? Estavam a minha procura? - Paul apareceu na porta, nos chamando a atenção.
Axl se virou furiosamente para ele.
- Como ousa encostar um dedo nela, seu Babaca!
***
E agora???
Será que Camille irá descobrir alguma coisa? Ela não se deu por convencida.
Steve S2
O ruivo pode ter raiva...mas o amor é maior S2
Espero que tenham gostado S2
Bjos😘