Você sabe se cuidar certo? Então acho bom tomar cuidado, porque eu não vou ser mais sua guarda costas.
Dayane me mandou embora e eu realmente iria, não aguentaria mais tudo isso. Fui ao quarto arrumei minhas coisas rapidamente e coloquei uma blusa que cobria meus braços. Ela havia deixando marcas roxas de dedos e isso realmente havia passado do meu limite. Eu não iria chorar, não nessa casa. Peguei a mala e liguei para um táxi, o mesmo chegou em menos de quinze minutos.
- Para onde senhorita? - O taxista falou.
- Boulevard... - Eu iria dar o meu endereço, mas eu resolvi mudar. - Vamos para o Hospital do centro.
Levamos por volta de 45 minutos para chegar, por conta do trânsito. Eu sabia que encontraria Day e também seria bom, porque colocaríamos tudo em pratos limpos, mesmo que fosse na frente do avô dela. Quando entrei no hospital fiquei esperando o clã Limns vir para cima de mim, mas todos passaram por mim, fizeram um breve aceno de cabeça e seguiram seu caminho. Ao chegar na porta do quarto pensei que os seguranças iriam me impedir de entrar, mas um deles até abriu a porta para mim e lá estava Robert, sentado comendo um pudim de chocolate. Entrei e fiquei em silêncio.
- Você quer um pudim querida? - Ele me ofereceu um dos três pudins que estavam em cima de uma mesa ao lado de sua cama.
- Não obrigada. - Me aproximei da cama. - Como você está? - Era algo estranho. Eu odiava o Robert, mas sentia admiração e parte de mim, mesmo querendo matá-lo, queria reconhecimento dele.
- Bem vinda, oficialmente, a família. - Ele sorriu.
- Então você sabe?
- Eu sabia desde o início.
- E por que não me impediu?
- Para termos essa conversa. Está preparada para ouvir a verdade?
- Ou a versão que vocês dizem ser verdade. - Ele soltou um suspiro cansado.
- Antes de você, seu avô, pai da sua mãe, e eu estávamos fechando um negócio. Unir as duas família com nossos filhos. Felipe, o homem que Day achava ser seu pai, meu filho. - Ele ficou pensativo. - Sua mãe não amava meu filho e era recíproco, Felipe amava Clara, que amava César, que também a amava, mas Clara era apenas a filha do jardineiro, ele não poderia se casar com ela, se quisesse herdar meus negócios. No fim Felipe fez o que César não teve coragem e abriu mão de tudo por Clara, mesmo sabendo que ela estava grávida de César. Ela me implorou para não contar ao César sobre isso e eu não fiz, até a alguns meses atrás. Quando meu filho desistiu do casamento alegando que havia engravidado outra mulher Carlos, seu avô, alegou que se vingaria dele por ser um homem sem palavras, o que ele não percebeu foi que sua filha Rose também já tinha um outro amor e fugiu para o México para se casar com ele. Seu avô cumpriu o que disse e alguns anos depois ele matou meu filho ateando fogo nele e não matou Day porque Felipe a escondeu numa caçamba de lixo. - O homem suspirou pensativo. - Day tinha três anos e ficou quietinha como o pai mandou, depois disso, eu jurei vingança e sabia da sua existência, então eu tiraria dele o que ele me tirou, algo muito precioso. Matar sua mãe e seu pai não foi ideia minha. -Reagentes químicos? - Ele sorriu sem humor. - Eu sou um Jauregui Caroline, gostamos de coisas bem feitas por isso nós mesmos fazemos. Se eu quisesse sua mãe e seu pai mortos eles teriam buracos de bala pelo corpo. Meu alvo era você, mas claro que eu estava esperando o momento certo e o momento certo foi quando seus pais morreram. A empregada, Mercedes, me vendeu você por cinco mil dólares e eu te tinha nos meus braços, mas você era só uma criança inocente, não devia pagar pelos pecados dos outros, então meu alvo mudou, seu avô, seus tios e primos próximos, eles foram meus alvos. Um a um eu os matei, pode me odiar por isso. Eu lhe entreguei a Mercedes e garanti sua sobrevivência, você nunca me viu, mas eu sempre estive lá. Eu matei Mercedes... - Coloquei as mãos na boca chocada. Eu sempre achei que ela havia morrido de ataque cardíaco quando fiz dezoito anos. - Quando ela descobriu sobre sua fortuna e que não teria um centavo dela, ela te entregaria para Henrico, por cem mil dólares.
- Você planejou tudo. Planejou me fazer ter uma dívida com você.
- Você não deve nada, Caroline. - Ele deu uma colherada no pudim. - Eu fiz porque quis e não porque queria te cobrar.
- Eu acreditaria nisso se não fosse quem é.
- Se eu te quisesse morta, já estaria com a boca cheia de formigas a muito tempo. Acredite eu armei tudo, menos seu encontro com Zyan. Mas colocar Day como sua segurança, fazer ela ir com você, mesmo ferida, foi tudo por sua segurança.
- Você está dizendo que foi o nosso cupido?
- Estou dizendo que lhe dei a melhor aliada que poderia ter. Day é uma arma, ela não tem limites quando quer algo e ainda mais quando se trata de você. Zyan nunca foi homem para você e eu sempre planejei que Day fosse sua mulher.
- Como tinha tanta certeza de que eu me apaixonaria por Dayane? Até porque ela é uma mulher.
- Você sempre foi uma criança amorosa, um tanto carente e que precisava urgentemente de atenção. Day precisava de pureza, ingenuidade, ela precisava de alguém que visse o lado bom por trás das coisas ruins e esse alguém era você.
-Day e eu vamos nos separar.
- Os documentos de divórcio? - Ele sorriu. - Aquilo era apenas uma forma de chamar sua atenção.
- Ela mandou eu sair da casa, ela sabe que fui eu quem mandou te matar. - Ele parecia bem surpreso.
- O quê? Você contou?
- Eu pensei que havia sido você quem havia enviado aqueles vídeos.
- Parece que temos mais um jogador. - Robert ficou pensativo.
-Day ficou muito irritada. Como disse, ela mandou eu sair da mansão.
- Eu ainda estou vivo, aquela ainda é minha casa, você permanecerá lá.
- Eu também acho melhor ficar um tempo fora.
- Tem certeza?
- Eu preciso de um tempo para mim.
- A família tem uma casa de campo, leve suas amigas, passe alguns dias lá. Desliguem os celulares e aproveitem o campo.
- Eu não quero...
- Apenas aceite. Prometo que Day não irá te encontrar nesses dias no campo e que quando voltar de lá, seus problemas com ela serão solucionados. E eu aceitei.
Convidei Thay e Elana para irem comigo e depois de muita chantagem emocional as duas foram. Eu admito que precisava passar um tempo elas longe de tudo e aliviar toda aquela tensão e pressão que eu estava sentindo. No quarto dia decidimos voltar para casa e eu ficaria no apartamento delas. Nem me atrevi a ligar o celular e se elas fizeram eu nem fiquei sabendo de nada.
-Bia, nesses quatro dias você queria esquecer tudo que estava acontecendo na sua casa, mas precisamos saber -Thay trocou um rápido olhar com Elana. - Você realmente mandou matar o avô de Day?
- Eles mandaram matar minha família e Robert era o cabeça de tudo. - Soltei um suspiro cansado.
- Fogo contra fogo e todos acabaram queimados.
- E se fosse sua família, Thay?
- Não deixaria de ser quem eu sou, pensaria da mesma maneira, deixaria a lei cuidar disso, mas ele mesmo disse que não fez nada contra sua "família" ou seja seus pais.
- E meu avô?
- Até quatro dias atrás você achava que a empregada, que te vendeu, era sua avó. -Elana se meteu.
- Era meu sangue. - Tentei me defender.
- Mentira! -Elana praticamente cuspiu as palavras no meu rosto. - Você precisava de consolo nesses quatro dias, mas agora eu vou ser sincera. Você não é a vilã da história Bia, mas também não é a vítima. Você fala da família de Day e da própria Dayane, mas você vem agindo como eles. Você só se deu conta que seu casamento ia acabar quando ela te pediu o divórcio e seu medo foi deixar Day ir ou ela ir com Nikki?
- O quê?
-Dayane te magoou por não abrir mão da família e por isso te manipulou a se casar com ela as pressas, alegando também, que você tem um primo que quer te matar. Mas o que você fez nesses três meses que ela ficou de cama?
-Elana você deveria ser minha amiga e ficar do meu lado.
- E eu estou, se eu ver aquela branquela eu vou quebrar a cara dela por ter deixado seus braços com hematomas, mas eu não sou hipócrita Carol. Nesses três meses você mudou, você começou a jogar o jogo dela, mas a excluiu da sua vida, mesmo tendo dito que queria continuar com ela e só acordou quando viu que ela estava tendo momento felizes com Nikki e o bebê que ela espera.
- ERA PARA SER NOSSO BEBÊ! - Gritei sem me importar. - ERA PARA SER O NOSSO QUARTO DE BEBÊ. - Sentia tudo aquilo preso na minha garganta.
- Coloque para fora... vamos lá.
- Você não entende... você não entende como me sinto... eu posso não ser a vítima, mas você também não é. Você me manipulou e fingiu me amar, eu dei tudo a você... minha confiança.. Meu amor... você é uma mentirosa Day. Eu odeio o fato de você ser tão idiota e impulsiva, odeio sua família, mesmo querendo tanto me tornar uma de vocês para ficar ao seu lado, eu odeio você, eu odeio você ... porque... porque eu te amo tanto que não consigo viver sem você. - E finalmente, eu chorei. Era isso que Elana queria, me fazer chorar, me fazer colocar para fora tudo que eu não consegui falar com Dayane. Thay e Elana me abraçaram.
- Vocês precisam conversar. -Thay disse baixo. - Eu não gosto do que ela fez e ainda vou dar um soco nela, mas você a ama, então vocês precisam conversar e serem honestas uma com a outra. Não existe certa ou errada nessa história, porque ambas erraram e precisam conversar para solucionar os problemas de vocês.
- Ela não quer me ver depois do... - Eu não consegui terminar a frase, porque um forte estrondo na porta, como se estivessem arrombando, fez nós três pararmos de nos abraçar e olharmos assustadas para a porta
⭐️???