Voltei a realidade quando ouvi batidas na porta.
- Filha, está tudo bem? - eu não quero mentir mas não posso contar isso para ela.
- Estou bem, mãe, já vou sair - olhei para todo aquele dinheiro enrolado que estava no chão e senti o sangue correr mais rápido por minhas veias.
Percebi que tinha ficado muito tempo no banho quando minha mãe bateu na porta, ela não costuma fazer isso.
Joguei uma água gelada no rosto para ver se o meu rosto inchado melhorava um pouco.
Quando abri a porta do banheiro fui o mais rápido possível para o meu quarto, joguei o dinheiro na cama, cada bolo tem 1.500 mil, como peguei 4, no total tinha 6.000 mil.
12.500 mil é o que tem guardado no fundo falso da bolsa que fica no meu guarda-roupa, o meu coração se aperta cada vez que penso na maluquice que eu estou fazendo, mas quando eu lembro que tudo isso tem um bom motivo, consigo ficar mais tranquila.
Me joguei de costas na cama pensando o por quê da minha vida ser assim, com esse pensamento acabei pegando no sono.
Levantei com o barulho do despertador fui direto para o banheiro, quando me olhei no espelho tomei um susto, meus olhos estavam inchados, com olheiras e meu rosto amassado, entrei depressa no chuveiro com a água gelada para ver se melhora a minha aparência.
Depois de já estar vestida saí do quarto com a mochila nas costas e fui em direção a cozinha.
Peguei uma pera e uma garrafa de água na geladeira, quando estava abrindo a porta para sair ouvi um som que me fez virar.
- Filha - ela estava com um pijama de bolinhas e os fios do seu cabelo loiro estavam bagunçados.
- Oi, mãe - falei apontando para o seu cabelo.
- Para, até parece que nunca me viu de cabelo em pé - ela riu enquanto caminhava em minha direção - você não está dormindo bem, está com olheiras - falou enquanto passava os dedos embaixo dos meus olhos.
- Eu sei, se der eu durmo um pouco a tarde.
- Tudo bem,você tem que se cuidar mais, eu te amo - me deu um beijo na bochecha.
- Eu também te amo - fiz sinal de tchau com a mão e sai de casa.
Fui caminhando até a casa da Verônica como de costume.
- Oi amora - Verônica veio saltitando em minha direção com um sorriso de orelha a orelha e antes que eu pudesse responder ela se jogou nos meus braços.
- O que aconteceu para você estar tão feliz essa hora da manhã? - olhei para ela com a sobrancelha arqueada e ela deu um sorrisinho bobo e começou a dar voltas em volta de si mesma, só faltou os coraçõezinhos em volta da sua cabeça.
- Ele me pediu em namoro - ela gritou contente.
- Tá falando sério? - segurei suas duas mãos e ela concordou com a cabeça, começamos a pular juntas no meio da rua, enquanto gritavamos juntas.
Um carro estava se aproximando na rua então paramos de pular e seguramos nossas emoções.
- Me conta como foi - puxei sua mão para seguirmos caminho e ela entrelaçou nossos dedos.
- Ele me chamou para jantar ontem à noite - ela falava animada enquanto balançava nossos braços para frente e para trás - fomos em um restaurante bem chique no centro da cidade, na hora da sobremesa chegou um doce de chocolate numa taça linda, quando eu olhei para o prato que estava a taça estava escrito " quer namorar comigo?", eu sei que foi clichê mas foi tão lindo, estou muito apaixonada.
- Que fofo e o que você disse ?
- Eu fiquei vermelha igual a um pimentão né - ela deu uma gargalhada como se estivesse se lembrando - Ele colocou uma caixinha em cima da mesa com duas alianças e segurou a minha mão e obviamente eu disse sim - ela esticou a mão me mostrando a aliança.
- Uau, que linda, combina com você - ela me abraçou e agradeceu.
- E o Arthur? Como estão as coisas entre você e ele ?
- Ahh, não nos falamos muito, eu quase não tenho tempo livre e ele pelo visto também não tem.
- Amiga - ela parou na entrada da escola, se virou de frente pra mim e olhou nos meus olhos - manda mensagem, se você gosta dele, o que custa mandar uma mensagem? Deve ter acontecido alguma coisa para ele não te ligar, ele também tem que sentir que você não esqueceu dele.
- Esquecer ele é impossível.
- Ele com certeza também pensa assim - Bryan se aproximou da gente e nos cumprimentou - amora pensa no que eu te falei.
- Tá bom - ela entrelaçou os dedos nos dedos do Bryan e começou a se afastar, quando estava mais distante me mandou um beijo no ar e entrou no colégio.
Decidi entrar também e fui direto para a biblioteca, não sei o por quê de estar indo até lá tantas vezes, mas talvez seja pelo silêncio.
Assim que entrei pela grande porta respirei fundo sentindo todo aquele barulho sumir e a paz entrar no meu corpo.
Peguei o celular do bolso da calça e entrei na conversa do Arthur e estávamos um tempo sem nos falar, então decidi tomar a iniciativa e perguntar se ele estava bem.
(Oi Arthur, como você está? Tem um tempo que não nos falamos, estou com saudade)
Minha cabeça estava em uma disputa com o meu coração, e eu fiquei sem saber se era melhor deixar isso tudo para trás ou enviar a mensagem.
- Aurora - olhei para a direção da voz que era bem conhecida para mim - podemos conversar? - Nicolas se aproximou de mim e eu desliguei a tela do celular e o coloquei no bolso.
- Pode falar - olhei para ele que não parecia estar muito bem, tinha olheiras e parecia bem cansado, o cheiro de cigarro que ele emanava não me agradou nem um pouco - o que aconteceu com você? Está fumando?
- Para de fingir que se importa, Aurora.
- Eu não estou fingindo, me preocupo com você, o que está acontecendo? - Quando aproximei minha mão do seu rosto ele desviou não deixando eu tocar a sua pele.
- Você não se importa comigo, quer saber o que está acontecendo? - ele fez uma pausa me olhando com raiva - Eu estou apaixonado por você porra!! - Ele falou em um tom mais alto do que deveria e bateu com a mão fechada na prateleira ao lado do meu corpo, chamando a atenção de vários olhares e derrubando alguns livros.
- Que? Como assim? - meu coração disparava no peito, as peças não se encaixavam, não tinha como isso acontecer - fala que isso não é verdade.
- É verdade, Aurora, estou apaixonado, eu sei que esse não foi o combinado do nosso trato mas eu não tenho controle do meu coração.
- Você sabe que não vamos mais seguir com isso né - eu amo ele mas como amigo, ficávamos às vezes para não ficar no tédio, e depois do Arthur não consigo pensar em outro homem que não seja ele.
- Por favor, não faz isso, eu prometo que não vou te pedir em namoro e nem nada do tipo, só não me distancia de você.
- Ainda somos amigos, não precisa se distanciar de mim por isso - ele me olhou triste e abaixou a cabeça - eu estou saindo com um cara.
- Então é verdade? - olhei para ele e confirmei - você está apaixonada por ele?
- Por favor,Nick, não faz isso - tentei segurar a sua mão mas ele desviou novamente.
- Me responde - Ele falou em um tom de voz mais autoritário.
Meu celular começou a vibrar, tirei o celular do bolso e o nome do Arthur apareceu na tela.
- É ele não é? - olhei nos seus olhos e vi como estavam tristes.
- Eu tenho que atender, Nick.
- Você está apaixonada por ele? - ele perguntou novamente e olhou nos meus olhos e pelo meu olhar ele já sabia a resposta - Por favor, não atende, fica comigo.
- Eu preciso atender, me desculpa.
- Eu não acredito que você prefere esse cara - Ele gritou e saiu bufando e bateu a porta.
Atendi o celular e tentei esquecer o que tinha acontecido a segundos atrás e preparar o meu coração para não surtar quando ouvir a voz do Arthur.
- Oi - falei sem saber o que dizer.
- Oi meu amor, que saudade de ouvir a sua voz - e não adiantou nada preparar o coração, assim que ouvi a voz rouca e grossa de Arthur me arrepiei inteira e senti meu corpo esquentar, "meu amor" é assim que ele me chama agora?
- Também senti da sua - dei uma risada sem graça - o que andou fazendo esses dias? Falei com a voz falhada, meu Deus, como só uma frase desse homem me deixa assim? Estou ferrada.
- Muito trabalho e reuniões, nem tenho dormido direito, desculpa por não ter avisado.
- Tudo bem, não tem problema - encostei na prateleira e comecei a mexer com as pontas dos dedos em alguns fios do meu cabelo.
- Mas e você? O que fez nesses últimos dias?
- Só trabalhei e estudei, o que normalmente faço.
- Estou sentindo sua falta - Ele falou rápido e baixo.
- Eu também sinto a sua falta, você sabe mais ou menos quando você vai poder vir?
- Ainda não sei, estou tendo muitos negócios para resolver aqui, infelizmente - ouvi uma voz no fundo masculina falando com ele e ele respondeu um " já estou indo" - Aurora, tenho que ir, assim que eu conseguir parar eu te ligo tá.
- Tá bom, boa sorte no trabalho.
- Obrigada, até mais tarde, beijos.
- Beijos - desliguei a tela do celular e fui até a saída da biblioteca quando ouvi o sinal para a primeira aula tocar.
💫
Demorei mas voltei, não me matem kkkkk.🤭
Não vou demorar para postar o próximo, prometo 🤞
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