Todos os meus músculos contraem assim que ela assume em alto e bom som que tudo o que aconteceu foi por minha culpa.
— Annabelle do que você está falando? — Ela vira o rosto em direção á janela e sei que está chorando. Porra, eu realmente só sei fazer as pessoas ao meu redor de destruírem.
— Não vai adiantar nada eu falar o que houve, vocês nem ao menos deixaram as pessoas saberem a verdade, como vou saber que essa pessoa não vai ficar impune? — Tento organizar meus pensamentos, está tudo uma confusão, a polícia até agora não consegiuu indenficar o agressor, mas já foi comprovado que não fui eu, mas isso não me elimina por completo da cena de crime. E a polícia muito em breve vira interoga-la também — Você precisa contar o que houve por favor.
Ela me ignora como se eu nem ao menos estivesse aqui agora, exatamente como eu fazia com ela quando estávamos em casa. Porra.
— O médico disse que você está evoluindo muito bem ao tratamento e que muito em breve poderá recever alta e poder ir pra casa — ela ri amargamente e volta seus olhos verdes em minha direção os r virando ironicamente.
— Que casa Richard? A mesam onde fui estuprarda e onde nós vivíamos feito dois desconhecidos? Não obrigada, e também agora que violei o contrato ao engravidar, nosso casamento está com os dias contados — ouvir ela falando dessa forma é pior que levar um soco, ouvi-la falar que nosso filho é uma violação de contrato faz com que eu me sinta o pior lixo de todos, eu é que inventei aquela ideia idiota de contrato.
— Não fala isso. Eu entendo que não queria mais voltar para aquele apartamento, e eu aranjar outro lugar pra morarmos. E nosso filho é muito bem-vindo, ele não é nenhum erro. Por favor nunca mais repita isso.
— Se você falou tudo gostaria de ficar sozinha — a voz dela está tão amarga e desprovida de qualquer sentimento que sinto vontade que o tempo voltasse atrás até o momento em que nos casamos.
— A médica obstetra já me informou que você fará o ultrassom hoje. Eu voltarei mais tarde — me aproximo dela para dar um beijo na testa dela, mas ela se esquiva como se o meu toque queimasse a pele dela. Nunca na minha vida tinha sentindo tão frustrado como agora, respeitando o espaço dela eu resolvo sair do quarto.
Assim que saio do quarto da minha esposa me deparo com o meu irmão, tinha me esquecido que ele precisava falar comigo, mas nos últimos dias não tenho feito outra coisa a não ser me preocupar com a Annabelle e com o bebê que ela está esperando, os médicos dizem que ela está muito vulnerável e tenho medo que ela acabe fazendo uma loucura, ninguém passa pelo que ela passou e continua o mesmo.
— Irmão — trocamos um abraço e ele me chama até a cafeteria do hospital. Nos sentamos numa das mesas e por sorte o lugar hoje não está tão movimentando, as vezes é difícil lidar com os fãs passando por um momento tão delicado — o que você tem para mim?
— Sua equipe sente muito pelo que houve com a Annabelle, mas eles precisam de você no autódromo Rich. Pelo que um dos seus engenheiros me disse em alguns dias começam os treinos para definir as posições da corrida final que se aproxima — se tem algo que eu sempre amei na minha vida, é correr, mas esses dias ficar diante de um volante naquela pista já não parece tão atrativo.
— Não vou correr. Eu corro para minha própria empresa e não devo nada a ninguém. Quanto aos patrocinadores pode deixar que com eles eu me entendo. Não sou o único piloto da equipe — suspiro e tomo um gole do meu café puro. Não sei quanto tempo fiquei sem deslizar algo pela garganta, mas um café nunca pareceu tão bom como agora — e eu vou ligar para o Petter e a Sabrina convocarem uma coletiva para informarem a minha desistência.
— Você tem toda razão se afastar. Sua esposa e assim como você precisam estar concentradados no bebê que vem por aí e na estabilidade emocional da Annabelle. Ela vai precisar muito de você Richard. Está na hora de você virar adulto de verdade e assumir as suas responsabilidades como homem.
Sinto como se estivesse a porra de um circulo vicioso, onde eu sempre estrago as coisas da pior forma que consigo, é como se, sem precisar me esforçar eu atraia coisas más para os que estão em meu redor.
Saio do meu devaneio quando minha cunhada Janie se junta a nós. Ela dá um beijo carinhoso na testa do meu irmão e trocam algumas palavras, eu olho para os dois e me pergunto se eu também seria capaz de voltar atrocar esse tipo de intimidade e conexão com alguém. Esses dois são o verdadeiro exemplo de casal apaixonado mesmo depois de aos de casados e de todas adversidades da vida. Eles nunca notaram, mas eu sempre os observei pelos cantos, e pela primeira vez eu sinto invejo por não conseguir construir algo assim.
— Como você está Rich?
— Indo aos poucos. Seguindo o ritmo dos dias — digo sem a encarar, apenas contornando com o dedo indicador a borda do copo descartável que está quase ficando vazio — como estão meus pestinhas favoritos?
— Crescebdo rápido demais e com saudades do tio favorito deles.
— Você quis dizer o único nem? — Nós três rimos da minha constatação. E porra, fazia um bom tempo que eu não ria.
— Agora me fala, como ela está? — Depoia de um bom tempo com os olhos baixados eu consigo encara-la.
— Ela está se recuperando bem fisicamente, e aparentemente o bebê também está bem. Mas a cabeça e o coração dela ainda estão cheios de feridas. Hoje eu me dei conta que ela perdeu aquele brilho inocente que ela tinha quando me olhava, eu não sei qual era o sentimento dela por mim antes de tudo isso, mas agora quando olho nos olhos dela não vejo nada. Porra, me sinto um filho da puta por tê-la julgado mal sem ao menos tê-la dado a chance de a conhecer. Eu sempre achei que ela era só mais uma menina mimada e fútil que queria se casar com um famoso piloto apenas para ganhar mais destaque na sociedade, na verdade eu queria acreditar que ela era sim porque...
— Você tinha medo de vê-la de um jeito diferente e se apaixonar por ela, por ela ser boa — minha cunhada completa a minha frase segurando a minha mão — a vida está de dando uma segunda chance Richard não a desperdice por causa do seu medo. Eu convivi pouco com a Annabelle, mas foi o suficiente para saber que ela é uma mulher maravilhosa que te faria muito feliz se você se abrisse mais. E aquele brilho que você via nos olhos dela eram os olhos de uma mulher apaixonada, eu sempre soube que ela era apaixonada por você, desde o dia do noivado eu via nos olhos dela o quanto sentia amor por você. Mas ela é uma menina tímida que tem medo de expressar seus próprios sentimentos, o que eu acho que seja consequente da família que tem. Richard ela ficou a vida dela inteira num colégio interno no país mais gelado da América, como você acha que uma pessoa assim pode ser fútil e mimada sendo que viveu por tanto tempo longe da família?
Eu sou mesmo um merda. Passo a mão no meu cabelo e mordo o lábio inferior. Do contrário dela, eu sempre vivi rodeado de amor e afeto da minha família, eu cresci vendo o amor dos meus pais, eu vivi num lar onde éramos unidos, eu estava aqui gozando da minha liberdade indo e vindo sem me sentir sufocado enquanto ela estava lá provavelmente contando os dias para poder voltar para casa, e na verdade não acho que alguma vez ela teve uma casa. Annabelle não convive muito com a família, não tem amigos, não tem redes sociais, praticamente não saía de casa a não ser para ir dar uma volta na praia, a única coisa que ela fazia era pintar, desenhar, vagar pelo apartamento, e ela até se esforçava pra ser uma boa esposa, fazendo nossas refeições, me esperando na hora do jantar como mulher que ama faria. Estava tudo lá, e eu não quis enxergar.
— Por quê não vai para casa descansar? Eu fico aqui com ela — minha cunhada aconselha, mas na verdade não quero me afastar dela nem por um instante mas a verdade é que eu estou um lixo.
— Tudo bem, eu vou descansar um pouco mas depois volto porque ela vai fazer o ultrassom — minha voz soa com tanta emoção falando sobre o meu filho que me pergunto como foi que me impus a condição de nunca ter nenhum filho — e também preciso contratar um empresa de mudança. Nós vamos sair do apartamento e vamos morar na minha propriedade — concluo.
Quando chego em casa a primeira coisa que faço é ligar para Sabrina contratar uma empresa de mudança o quanto antes, sepossível para hoje para que a mudança não se demore ainda mais. Avanço até o andar de cima e tal como no andar de baixo o silêncio é sufocante.
Caminho pelo corredor até que me vejo parado na entrada da sala de TV, como uma miragem vejo a Annabelle no centro da sala cantando e dançando, ela sorri e balança o cabelo e depois disso ela some. Continuo o percurso e entro no nosso quarto me livro da roupa e me jogo no chuveiro sendo recebido por jatos quentes que relaxam meu corpo.
Depois do banho faço a minha barba que não é cuidada a dias, enrolo uma toalha na cintura ainda molhado e volto para o quarto. Me sento na cama e de repente sinto meu corpo pesado e cansando demais pra ficar sentando, então me deito de costas olhando o teto que vai ficando cada vez mais desfocado, apenas fecho os olhos me permitindo ter alguns minutos de sono.
Os minutos devem ter se transformado em horas porque quando acordei já eram quase três da tarde, me apreço a a me vestir e pegar algumas coisas que talvez a Annabelle vá precisar.
Estava quase saindo do apartamento quando tive uma ideia, caminho até o ateliê da minha esposa, o ambiente é recheado de diversidades de telas, algumas já terminadas, outras que esboçam alguma ideia não concluída que ela teve e algumas são apenas borrões. Tem até alguns desenhos. Ela desenha e pinta de tudo, desde a natureza até babacas fodidos como eu.
Sim, ela pintou um quadro meu, nele estou parado usando o macacão de corrida e sorrindo para algum ponto no autódromo, ela conseguiu captar cada cada momento, . É impressionante o talento dela, eu nunca tinha parado pra apreciar isso, mas definitivamente ela é uma artista talentosa.
Saio de casa ansioso em ver pela primeira vez o meu filho. Quando chego no hospital encontro minha cunhada sentada na sala de espera do quarto e ela me diz que minha esposa está com uma visita.
— Eu trouxe o caderno que ela costuma usar pra desenhar e trouxe também alguns lápis de grafite, espero que ela goste — olho pra Janie buscando algum apoio nessa minha ideia.
—Claro que ela vai amar. E fico feliz que você esteja fazendo de tudo para se tornar próximo dela apesar dela tentar te afastar — eu ia perguntar quem está no quarto com ela quando vejo a Lilian sair de lá com os olhos vermelhos, provavelmente ela chorou.
— Ai Richard — ela se aproxima de mim e me abraça forte. No dia em que tudo aconteceu a Lillian viajou para Europa e desde então é a primeira vez que a vejo no hospital — a minha irmã está sofrendo, e eu me sinto culpada por isso porque eu nunca fui uma irmã que ela merecia, ela já passou por tanta coisa e agora isso. Quem seria capaz de fazer algo tão desumano com a minha irmã?
Eu não sei o que dizer pra ela mas consolo a noiva do meu melhor amigo até que uma enfermeira vem me chamar para acompanhar o ultrassom do meu filho. Todos os equipamentos foram montados no quarto dela para que não tenha que se movimentar ainda, e quando a médica chegou eu estava quase fazendo um buraco no chão de tanta ansiedade.
— Estão prontos pra ver o filho de vocês? — Antes de acenar eu olho para Annabelle e pela primeira vez eu vejo alguma emoção naqueles olhos que agora estão verdes, ela pode ter desistido de nós, mas eu sinto um alívio fodido ao perceber que ela é sim capaz de amar nosso filho.
E agora? Será que a Bella será forte suficiente para perdoar todas as rejeições do nosso mocinho? E será que ele realmente se arrepende do seu comportamento? E pelo jeito que ele fala, é como se já tivesse passado por alguns desilusão amorosa.
O que vocês acham?