POV Marco Reus...
Passo o dia a trabalho numa cidade vizinha, apesar de ter sido bem renumerado, me sinto descontente com as coisas que vem acontecendo em minha vida, sem contar foi um dia desgastante para mim... Nem sei se valeu a pena ter vindo para cá.
Já perdi a noção do tempo em que estou dirigindo minha caminhonete em meio à estrada, já devem ter se passado horas e está tão escuro lá fora que já suspeito ser de madrugada.
Estou com a cabeça estressada e começo a sentir um cansaço tomar conta de mim, em especial meus olhos que tenho que me submeter a um grande esforço para mantê-los abertos focados na estrada.
Por que eu fui um imbecil de não querer passar a noite num hotel? Agora já era e não tenho como voltar horas atrás...
Droga! Nunca que vou encontrar algo nesse meio do nada.
Estendo uma de minhas mãos para pegar minha quarta latinha de energético do porta-copos e dar um longe gole para me manter acordado, minha língua já amarga pelo excesso da bebida ingerida.
Suspiro fundo e sinto o ar-condicionado da caminhonete bater constantemente contra meu rosto, fazendo com que a ponta de meu nariz esteja avermelhada e gelando toda a pele do rosto, até meus dedos se congelam por conta do vento gelado.
Ouço uma playlist de músicas dance antigas tocando no som do carro.
Em determinado momento, escuto um alerta do automóvel, me fazendo voltar minha atenção para o painel. Fico incrédulo ao ver que se trata de baixo nível de combustível e que já entrou na reserva. Merda! Pensei que ainda estava na metade...
Continuo dirigindo pela estrada e estou de dedos cruzados para que haja um posto de combustível próximo.
Presto atenção numa placa que passo a qual indica que há um posto de gasolina vinte e quatro horas há vinte quilômetros de onde estou, respiro aliviado, mas esse alívio não dura muito ao sentir a caminhonete morrer poucos segundos depois.
Só pode estar de sacanagem comigo! Mas, que porra!
Bato forte minhas mãos contra volante e as levo para meu rosto, soltando em seguida uma arfada pesada.
É, pelo visto terei que ir andando sozinho até o posto... E não há ninguém nessa autoestrada além de mim.
Desço do veículo e dou um último gole em meu energético...
Está tão escuro aqui. Felizmente, meu campo de visão está razoável, consigo ver o que tem em minha volta por conta da iluminação dos astros acima de mim...
Bebi tanto energético que sinto meu membro se enrijecer em minha calça por conta da bexiga cheia.
Me afasto, parando em frente a vegetação próxima, abro o zíper de minha calça e abaixo minha cueca e começo a urinar.
Respiro fundo e jogo minha cabeça para trás enquanto esvazio a bexiga até senti-la por vazio. Após isso, levanto minha calça e fecho o zíper.
Vamos lá Marco... Um, dois, três...
Começo a caminhar pela estrada deserta, escuto apenas o pisar de meus calçados bater no asfalto duro e seco.
Apesar de minha visão limitada, vejo que há arbustos e mato ao redor da estrada.
O mundo é totalmente diferente do que pensava quando era criança, agora é um mundo tão ressacado e sem vida como se fosse feito de plástico.
Noto que há rosas e outras flores perto da BR, mas estão todas murchas e sem cores como se nada fosse capaz de viver nesse lugar.
Nada cresce e nada floresce...
Caminho por minutos intermináveis que parecem durar horas, Isso não termina nunca e meu corpo já está exausto...
De repente... Começo a ter uma sensação estranha me percorrer e meus dentes começarem a tremerem entre si.
O ambiente ao meu redor começa a se alterar gradativamente e até a iluminação dos astros se intensificou.
Vejo em minha frente um clarão forte se formar em segundos...
Fico estático pelo medo, sendo incapaz de escapar.
Isso não é real! Isso não é real! Isso não é real!
A pressão atmosférica parece ter despencado.
Uma luz branca é irradiada contra mim e contra todo o ambiente ao meu redor. Tento me proteger com as mãos, mas é inútil.
O brilho dos raios é tão forte que é como se ele drenasse todas as cores do ambiente ao redor.
Ao acidentalmente voltar meus olhos para o que há em minha frente, sinto minhas pupilas se dilatarem por completo e não consigo desvincular do que vejo.
Minha percepção caiu, o medo foi convertido para fascinação.
Fico fortemente atraído e refém pela luz, me sentindo como uma mariposa que se atraí fortemente pela luz da lâmpada, mesmo sabendo que poderá ter seu corpo queimado.
Isso não é do meu mundo... E em um instante, o meu fodido mundo se foi.
Não aguento mais e sinto minhas pernas fraquejam e acabo ficando de joelhos no asfalto com a cabeça abaixada.
A estranha luz cessa e mal consigo me manter consciente...
— Marco! Marco! — Ouço uma voz masculina me chamar enquanto escuto passos vindos em minha direção.
— O que foi, Marco? Por que está aí largado no chão? — Sinto Robert segurar meus ombros com suas mãos e me reerguer para si, seus olhos me fitam preocupados.
Me sinto enjoado e ainda em choque pelo o que acabou de acontecer, meus olhos estão marejados e minha cabeça não para de rodar.
— A caminhonete ficou sem combustível e eu tive que sair e de repente uma luz ou um clarão forte veio e me... — Tento explicar a situação, mas estou tão nervoso e em pânico que acabo gaguejando, Robert me interrompe e coloca a mão em meu rosto.
— Calma, já passou, já passou, Marco... — O polonês tenta me confortar me segura com seus braços e me levanta do asfalto.
Estou tão enjoado e com um refluxo no estômago que me afasto o mais rápido possível do moreno e vomito.
— Respira, Marco, respira, tá tudo bem agora... — Sinto sua mão acariciar minhas costas enquanto cuspo o restante do vômito e arfo pesado.
— Toma isso, vai. — Ele abre a mochila e me entrega uma garrafa de água com um comprimido.
Pego o comprimido e o ingiro junto com um gole da água que Robert me deu.
— Obrigado... — Ainda me sinto um pouco desnorteado.
— Vem cá, vem. — Abraço o polonês e sinto seu calor corporal me aquecer e confortar minha alma, enquanto sinto-o beijar minha testa e logo em seguida fazer um agrado em minha nuca.
Chega ser até irreal, em questão de poucos segundos em meio ao abraço eu estar totalmente curado e reerguido.
— A gente tem que ir até o posto comprar combustível, Lewy. — Me desvencilho do abraço.
— Já comprei, tá aqui na mochila, vamos voltar. — Robert me fita com um sorriso meigo e convencido, está tão tranquilo que é como se não estivesse ciente da situação de agora pouco ou sequer se importou.
Aceno com a cabeça e começamos a caminhar, apoio meu braço em seu ombro e vice-versa, antes de fita-lo com um sorriso e continuarmos nossa caminhada.
Me sinto tão alegre e leve agora.
O caminho acaba sendo mais curto do que lembrava e toda a vegetação das rosas e gramíneas floresceu e está tudo tão bonito e vívido agora. Só aí percebo que o céu já começou a clarear.
Ajudo Robert a encher o tanque da caminhonete antes de adentramos o veículo.
Faço um sinal com as mãos chamando a atenção do polonês.
— Você pode ir no banco do motorista? Já cansei de dirigir por hoje e também já não aguento mais tomar energético... — Coro um pouco pelo pedido.
O polonês só abre um sorriso e passa por mim, dando um leve tapa em minha nuca e adentrando do outro lado do automóvel.
— Está bem, senhor Reus, pode ir descansando no banco do passageiro enquanto eu levo.
Sorrio convencido e adentro o carro, colocando meu cinto de segurança. Observo-o colocar o cinto e se preparar para dirigir.
— O que foi, loiro? — Ele dá um gole em sua garrafa d'água.
— Estava com muita saudade de você, Lewy. — Fito-o como se tivesse algum fascínio pelo polonês ao meu lado.
— Então, me mostre, Marco. — Puxo seu pescoço para mim e começo a beija-lo intensamente para matar minha saudade.
Sinto seu gosto percorrer em minha língua, me deixando-me sentir tão vivo e cheio de ternura.
Agradeço mentalmente por tê-lo aqui comigo. Estou tão realizado agora.
Nós estávamos se amando, amando um ao outro.
Após terminarmos nosso longo beijo, vejo Robert me fitar com um sorriso no rosto e eu em seguida o retribuir igualmente e logo em seguida nós seguirmos viagem com destino para casa.