Leave Me Lonely • Criminal...

By misslilitu

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(Capítulos reescritos 1 ao 21) Existem coisas na vida que simplesmente acontecem. Ao invés de ficar sozinha n... More

1. Novos amigos
2. Novo Emprego
3. Novo Lar
4. Estagiária
6. Perdas
7. Adolescentes
8. Dia de compras
9. Explosão
10. Pecado
11. Consulta Médica
12. Inocente
13. Só
14. Castigo
15. Passado
16. Perdidos no Deserto
17. Xeque-Mate
18. Sonho e Realidade
19. Doce Vinho
20. Feliz Aniversário
21. Halloween
Capítulo XXII - Vegas (+18)
Capítulo XXIII - Coelhos
Capítulo XXIV - Hospital
Capítulo XXV - Rotina
Capítulo XXVI - Crianças
Capítulo XXVII - Virginia Beach
Capítulo XXVIII - Escolhas
Capítulo XXIX - Tempo
Capítulo XXX - Justiceira
Capítulo XXXI - Deslocada
Capítulo XXXII - Adeus, Spencer!
Epilogo - Adeus, Helena!

5. Chá

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By misslilitu


''Tenho medo de homens de terno, eles usam tal qual uma arma para iludir'.' - Nilton Mendonça


Com grande felicidade dirijo em direção ao campo de tiro, após o caso anterior, Emilly havia me oficializado dentro da equipe. Eu apenas preciso passar na avaliação de campo, que basicamente consiste na disposição física e nas habilidades com armas. Fichinha para mim, não querendo me gabar.

No campo de tiro, os instrutores me deram uma arma e colete, mostraram o pequeno percurso que teria que percorrer onde apareceriam ''suspeitos'' e ''inocentes'' de papelão em possíveis situações de risco. Foram quinze minutos de completa concentração e foco. Após o percurso, dirigia-me para a ala onde apenas acertaria alvos, sem precisar desviar de coisas e olhar entre portas.

Na ala de alvos, uso óculos de proteção e fones para abafar o barulho dos tiros, me coloco em uma das cabines livres e começo os disparos certeiros. Após finalizar, deixo meu óculos de proteção e arma sobre a pequena bancada que havia na cabine, virando o corpo para chamar um dos instrutores, acabo por me deparar com uma figura alta de terno.

— Reid? — perguntei com certa dúvida, não esperava encontrá-lo aqui.

— Rodrigues, você é realmente boa com armas como diz em sua ficha — coloca suas mãos no bolso e encara os alvos com disparos exatamente em pontos vitais.

— Você andou olhando minha ficha, doutor Reid? — sorrio de lado e mordo o lábio.

— Na verdade, a Penélope me obrigou a olhar e...— tenta se justificar rapidamente enquanto coça a cabeça, ele sempre parece constrangido comigo.

— Sei, a Penélope — cerro os olhos, será que eu assusto ele?

— Ficamos sabendo que a Emilly oficializou você — sorrio fechado e ergue A sobrancelhas, fugindo das minha alfinetada.

— Pois é, parece que irei atazanar vocês todos os dias — finjo tristeza na voz — Mas o que você está fazendo aqui? Reavaliação? — não consigo segurar minha curiosidade. Será que ele é tão bom com mira quanto eu?

— A alguns meses aconteceram algumas coisas e tenho que fazer avaliações semestrais — ok, e fugiu muito da resposta agora, não tem problema!

— Melhor avaliação do que ser mais um número na crescente estatística do desemprego...— torço a boca. Vejo ele soltar uma risada nasal. Logo o instrutor aparece, recolhe os pertences e explica como funciona o resultado. Caminho para fora do lugar, esperando na frente do lugar, já que não me despedi decentemente de Reid.

...

Apoio no carro e jogo um joguinho aleatório no telefone, faziam uns vinte minutos que aguardava Spencer aparecer para então ir embora. Prestes a desistir de esperar o doutor, o vejo cruzar a porta do local e guardo o celular no bolso, desencosto do carro e caminho devagar até ele.

— Ei, eu nem me despedi de você — esclareço antes que ele pense que sou uma doida que o stalkeia ou algo assim.

— Tudo bem, não é como se não fossemos nos ver todos os dias, não é? — seu tom de voz sai tranquilo, mais do que antes.

— Você está sempre coberto de razão, amigo — concordo com a cabeça. Talvez eu só queria ver ele mais um pouquinho, não sei. Vejo um sorriso de canto aparecer em sua face — Veio a pé? — sorrio de lado, tentando olhar em seus olhos quase fechados pelo sol forte.

— Trem — ajeita sua pasta costumeira e mexe nos cabelos.

— Você sabe quantos germes tem lá? — faço careta, ele é germofóbico, não?

— 637 tipos de bactérias e outros organismos com DNA desconhecido — convicto e astuto, como se tivesse a informação sempre na ponta da língua. Quantas vezes ele já não deve ter falado sobre isso?

— E você mesmo assim pega trem? — arregalo os olhos, surpresa. Corajoso.

— Sim, melhor germes do que bater o carro em algo — diz, tranquilo, rio.

— Ou alguém, né. Você quer carona? — ofereço, quase apontando para o carro a certa distância da gente.

— Eu gosto de andar de trem — balança suas mãos como se negasse minha proposta, parecendo receoso? Constrangido? Intimidado?

— Então, eu te deixo próximo ao ponto ou seja lá como chama — encerro e caminho ao carro, sem dar oportunidade para uma negativa.

— Você nunca andou de trem? — escuto seus passos me seguindo.

— Não curto muito lugares com muitas pessoas — entro no veículo, acho que tinha esquecido de trancar ele.

— Fobia social ou claustrofobia? — parece me avaliar pelo banco do carona.

— Você está me perfilando? — levo as mãos a cintura e nego com a cabeça, Reid pisca rapidamente os olhos e desvia o olhar.

— Só curiosidade — responde, tira sua bolsa do ombro e ajeita em seu colo. Aceno com a cabeça e dou partida no carro. Curiosidade, sei.

...

O caminho até a estação de trem havia sido coberto de perguntas, de ambas as partes, mas sem muitas respostas. Parecia aquele jogo onde as pessoas só podem conversar através de perguntas. A explicação mais cabível para nós seria de duas crianças curiosas e teimosas.

— Você não quer tomar um café, Reid? — estaciono próximo a estação e vejo uma cafeteria na frente, bem jeitosinha ela.

— Você não bebe apenas chá? — solto uma risada ao perceber que não conseguimos parar o ciclo vicioso.

— Deve ter chá ali também — sorrio de lado, amo chá de pitanga.

— Vamos então — seus lábios se curvam e ele pega sua bolsa. Recolho a chave, saindo do carro em seguida e aguardo Spencer estar ao meu lado para então atravessar a rua.

Ao entrarmos, vamos em direção ao balcão da cafeteria e nos sentamos nos bancos dali. Reid deixa sua bolsa sobre a mesa e analisa o pequeno folheto de opções sobre o balcão.

— Qual seu café favorito? — olho para ele, que parece gravar o menu.

— Café preto — veloz, ainda com seus olhos fixos no cardápio .

— Você deveria experimentar algum chá. Sabia que café demais deixa seu coração doidinho, sem soninho, ansioso e outras coisas? — mordo o lábio, esperando que seus olhos deixem o objeto em suas mãos e se voltem a mim.

— Sim, por conta disso comecei a tomar chá verde — olha-me e sorri fechado

— Ainda tem cafeína, espertalhão — enrugo a testa e reviro os olhos, ele infla as bochechas e chama a garçonete com a mão. Parece que te peguei, doutor.

— No que posso lhes ajudar, jovens? — pergunta a senhora vestida de garçonete, simpática.

— Gostaria de um chá de hibisco, por favor — digo, a senhora acena positivamente com a cabeça.

— E você, querido? — se dirige a Spencer.

— O mesmo que ela — responde, parecendo um pouco constrangido. Ele fica todo todo muito fácil. A senhora logo sai.

— E quais são os benefícios, hm? — desafia-me, erguendo uma das sobrancelhas.

— Perda de peso, diminui a pressão, hidrata e é gostoso — conto nos dedos e dou de ombros. Ele cerra os olhos e volta a ler o cardápio.

— Você está olhando a mais de dois minutos esse panfletinho, Spencer. Por acaso é uma forma de fugir das minhas perguntas? — Ou fugir de mim? Alguém que lê 20.000 palavras por minuto, jamais iria ficar empacado em meia dúzia de palavras e gravuras.

— Por que fugiria das suas perguntas? — rebate.

— Não aguento mais esse bate e volta — reviro os olhos. Escuto Spencer rir.

— Vamos parar? — pergunta.

— Você promete? — digo — De novo — arregalo os olhos em descrença. Ergo minha mão, deixando apenas o mindinho à mostra.

— Que isso? — olha minha mão, confuso.

— Promessa de dedinho — respondo movendo o dedo, ele (mesmo parecendo confuso ainda) ergue seu mindinho para perto do meu. Enlaço meu dedo ao dele — Promessa feita — sorrio, cúmplice.

Logo a senhora chega com nossos chás, finalizando com nosso momento de promessas e perguntas. Observo as expressões de Spencer ao bebericar seu chá, na crendice que ele nunca havia tomado chá de hibisco antes.

— É gostoso, não? — pergunto e começo a beber o meu.

— Cítrico mas bom — uma careta surge após o primeiro gole.

...

Com a barriga cheia de chá, voltamos ao nosso objetivo inicial, ir para casa. Atravesso a rua junto a Spencer e aproximo-me do carro.

— Acho que é aqui que nos despedimos — mexe na alça de sua bolsa, inquieto.

— Você não quer mesmo uma carona até sua casa? — giro a chave no dedo, solicita. Sua companhia é agradável, não me importaria de levá-lo até em casa.

— Não precisa, na verdade eu moro aqui perto — mexe no cabelo com a mão livre.

— Ah, então tudo bem. Até o trabalho, doutor Reid — sorrindo e aceno com a mão.

— Até — acena de volta e caminha opostamente a estação. Pelo jeito ele morava perto mesmo. Entro no carro e dou partida. Um dia tranquilo.


''Volta ligeira que eu tô te esperando

Eu te pinto um quadro

Tu me ensina um tango

Mas vem depressa que eu passei café...''O Lado Vazio do Sofá, Rodrigo Alarcon


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