NOITE DE DÚVIDAS
ANTHONY NÃO SABIA O QUE FAZER quando Celina se levantou e o deu as costas para ele, sem sequer ter deixado uma resposta para a sua pequena informação. Ele havia se precipitado? O jovem se questionou durante minutos pelo o que havia feito naquela noite e dito nesta manhã, mas parecia que o seu problema com a jovem já não era o suficiente.
Naquela mesma semana o Barão Berbrooke procurou pelo visconde para lhe contatar sobre a licença de casamento que havia conseguido para ele e a jovem Daphne. Claro que o homem negou aquilo até o final, mas sua irmã decidiu que o mais certo era aceitar aquilo, já que o seu falso cortejo com o duque tinha chegado ao seu objetivo.
Mas por mais incrível que pareça ainda nesta semana o Berbrooke havia sumido da cidade, não havia sinal se quer do homem em cada canto de Londres, tudo graças às bocas das mulheres daquela cidade.
Um escândalo havia se espalhado e acabou chegando até a Lady fofoqueira, fazendo com que o homem não tivesse outra escolha a não ser deixar a cidade e de quebra acabar com aquele compromisso que ele prendia a Srta. Daphne.
Na casa Bridgerton a tranquilidade era sempre bem-vinda, não que eles fossem uma família que andava na boca do povo, mas por serem muitos o silêncio ali era raro. Mas aquilo era de se estranhar, pois a poucos dias atrás a progenitora Bridgerton estava muito intrigada com a decisão nada espontânea de sua filha se casar com um homem de caráter duvidoso e de um momento para outro ela estar tranquilamente em sua sala bordando.
- Algo me diz que a solução para o nosso problema não surgiu de forma aleatória. - após entrar no cômodo e chegar perto o suficiente para que sua mãe o notasse, o visconde falou. - Vou lidar com as coisas de outro jeito no futuro.
- Como lidou com a Srta. Basset e a musicista? - a mais velha deixou seu bordado de lado para fitar o filho, que se mantinha de pé em sua frente. - Creio que sou capaz de cuidar dos meus filhos, já que anda muito ocupado, Anthony. - oferecendo de um sorriso doce e um olhar astuto, a mulher volta de sua atenção ao bordado.
O jovem não disse nada, não havia o que dizer, sua mãe estava certa e ele confuso demais. Apenas caminhou até o móvel onde continha bebidas e se serviu de conhaque, logo voltando a companhia da sua progenitora, sentando-se na poltrona de sua frente.
Eles ficaram em silêncio, enquanto a mais velha finalizava de seu bordado, o homem matutava tudo sobre esse último mês e meio.
Quando conheceu Celina, a primeira impressão que teve era de que ela era uma bela moça, era sempre o que pensava quando via uma jovem pela primeira vez. Na noite do jantar em que os irmãos Basset estiveram em sua casa, as suas especulações mudaram, ela era bem mais que um rosto bonito, a jovem era educada sem ser mesquinha como as outras, afiada ao responder com delicadeza e tinha o mais belo sorriso que o homem já viu.
E ele se perguntava: Como vivi todo esse tempo sem conhecer uma mulher assim?
Celina era enigmática, isso o deixava intrigado a conhecê-la ainda mais, mas talvez tenha perdido essa chance, já que não via a jovem desde o piquenique e isso já se fazia uma semana.
- Sabe qual o significado que a tulipa trás, meu filho? - a viúva tira o filho de seu raciocínio, levando de sua atenção para ela. O jovem apenas nega. - Significa amor verdadeiro e é isso que quero para vocês. - ela o informa, olhando diretamente nos olhos do jovem para que ele saiba o quão verdadeira está sendo. - Qual a flor favorita dela? - a mulher pergunta sem mencionar nomes, sabendo que seu filho entenderia a quem ela se referia.
- Magnólias, magnólias azuis. - ele se surpreende com a própria informação, jamais havia se recordado da flor favorita de alguma jovem, muito menos de Siena.
Ele havia criado de algum intenso sentimento pela jovem? E o que seria isso? Ela também estava confusa, assim como ele?
Eram muitas perguntas sem uma resposta e a pessoa que podia esclarecer isso estava a léguas de distância dali, apenas algumas ruas de distância e eles não se viam a dias. Mas naquela noite haveria um baile, ao qual ele esperava que ela fosse e se ela não o evitasse a noite inteira, gostaria de poder esclarecer as coisas com a jovem.
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Havia um baile naquela semana ao qual Celina não queria comparecer, mas com a chegada de um velho amigo à cidade, não foi difícil convencê-la a ir.
O Holmes já estava na cidade a três dias por um pedido de sua amiga, também trazendo respostas para uma coisa que o pai da jovem tinha deixado para ela: informações de sua mãe. Eles não tiveram a oportunidade perfeita para uma conversa séria, os jovens estavam muito distraídos matando a saudade que estavam um do outro, fazendo com que Celina esquecesse um pouco de sua confusão com o visconde.
Mas aquela interrogação ainda estava bem ali em sua frente e quando tentou dissipá-la ao se distrair com o corpo do Holmes, não deu muito certo.
Quando o homem a beijava durante a noite e a atiçava cada vez mais, era a ele que ela via, era a aquele malditos olhos castanhos que ela queria ali, mas ela estava tão inerte com o prazer que a estava sendo proporcionado, que ela não pensou nas consequências de seus pensamentos e no quão injusta ela estava sendo com o homem que a fazia companhia.
Ambos estavam ofegantes com a agilidade que faziam os movimentos para deixarem um ao outro satisfeitos, o arrepio que passou pela espinha da mulher era um sinal de que estava perto de seu ápice, mas foi o tremor e a contração do seu íntimo que a afirmou isso.
- Mais r-rápido... - sua fala era entrecortada pelas pausas por busca de ar. - Anthony... - ela sussurrou em um gemido no ouvido do homem, o que não era para ter acontecido
Sherlock não parou para questionar, ele não faria isso agora. Sabia que o que tinham não era nada mais do que experiências prazerosas e se a sua parceira tivesse algum fetiche, ele o realizaria. Mas querendo ou não, quando ouviu o nome daquele homem ser pronunciado, ele se sentiu tocado de alguma maneira.
Mesmo assim o homem atendeu ao pedido da jovem, os movimentos ficavam cada vez mais rápidos e bruscos, e os dois jovens não se importavam se alguém da casa Hastings ouvisse, muito menos ligavam se o irmão da moça estava em casa.
Mas Simon estava em casa, e quando passava mais cedo pelo corredor do quarto da sua irmã, acabou ouvindo um grunhido vindo de lá de dentro, mas ele continuou caminho a escada. Sabia que sua irmã era uma mulher revolucionária e não questionaria ou repreenderia por isso, ela era sua versão feminina com poucas diferenças.
E dentro daquele quarto com as cortinas fechadas, eles saciaram o desejo de saudades que tinham um do outro. Deitados lado a lado e ofegantes, eles se mantiveram assim durante alguns minutos para recuperarem as forças. Logo o homem puxou o lençol que estava jogado aos pés da cama, assim cobrindo os seus corpos desnudos e trazendo a jovem para o seu peito.
- Senti sua falta. - revelou quando deixou um beijo casto nos fios castanhos da moça, logo aspirando de seu cheiro único.
- Também senti falta disso. - a jovem levantou levemente a cabeça para encarar o moreno e lhe dar um selar de lábios. - Mas precisamos nos arrumar para o baile. - o homem franziu o nariz em contragosto com a fala de Celina e ela se pôs sentada, segurando o lençol a cobrindo até o busto. - Foi ideia sua. - se retirou da cama, levando o lençol consigo em volta do corpo, deixando um Sherlock descoberto e intrigado na cama.
O homem a observava andar pelo quarto escolhendo suas vestes para o acontecido da noite, ainda se questionando quem seria o dono do nome mencionado a minutos atrás. Eles precisariam conversar, pois se Celina estava interessada em outra pessoa, não seria o Holmes a atrapalhar a felicidade de sua amiga, mesmo que aquilo o afetasse de alguma maneira, pois era isso o que significava amar alguém.
Amar é querer ver a felicidade da outra pessoa, independente se for com você ou não.
Celina havia percebido o que falou durante seu momento com o Holmes, mas não estava pronta para falar sobre isso com ele; e o que ela falaria? Nem mesmo sabia o porquê de ter mencionado o nome do visconde, havia sido no automático, ela realmente não sabia o que estava sentindo, apenas entendia que era algo diferente de tudo que já sentiu.
Ela estava parada em frente a tina com água e Sherlock havia percebido sua repentina quietação, saiu da cama e caminhou até a jovem, tocando levemente em seu ombro e deixando um beijo ali, afastou as mechas castanhas para o lado e aspirou de seu aroma. Aquilo acalmou o nervosismo da jovem, que soltou um suspiro ao qual nem sabia que estava o prendendo, ao sentir os braços do homem segurar sua cintura e se aproximar mais de si, ela encostou a cabeça em seu ombro, aproveitando daquele momento.
- O que tanto te atormenta, Lina? - ele já tinha uma ideia, mas preferiria ouvir ela dizendo, assim era uma maneira de aliviar a tensão, falando em voz alta o que te perturbava.
- Antes era apenas uma dúvida, mas agora a curiosidade com o meu passado. - ela respirou fundo, sentindo os braços a sua volta fazerem uma leve pressão em forma de apoio. - É com você que tudo parece mais fácil.
- O que quer dizer com isso? - ele a perguntou, virando-a para ficar de frente a si.
- O nome... - ela não iria conseguir continuar, não teria coragem de magoar o amigo, mas ele a incentivou a continuar. - Anthony é uma pessoa que mexe comigo. - ela não o olhou nos olhos como de costume, quando lhe confessou isso. - Mas isso não é justo com...
- Não importa se seja justo ou não. - ele a interrompeu. - Gosta dele?
Ela não sabia responder aquela simples pergunta, que de simples não tinha nada; ela gostava do visconde? Sua companhia era agradável, sua atenção para a jovem era sempre bem vinda e aquela noite do lago havia despertado algo que ela não sabia decifrar naquele momento.
- Não sei... - ela pronunciou meio incerta de suas palavras, quando olhou naqueles lindos olhos oceânicos. - Ele me cativa de uma maneira que me deixa confusa. - a cada vez que ela negava entender o que sentia mais vontade tinha de querer saber e isso era uma verdadeira loucura. - Mas não importa, não posso te passar para trás dessa maneira.
- Apenas sua felicidade importa para mim, Celina. - ele levou uma mecha de cabelo da mulher para trás da orelha, quando a informou. - Se você gosta dele, tenta compreender o que você sente, isso vai te ajudar.
- Sherlock... - ela não sabia mais o que dizer, na realidade não tinha nada para dizer, apenas o abraçou, demonstrando tudo o que sentia naquele pequeno gesto. - Obrigado. - sussurrou ainda em seus braços.
- Estou aqui sempre que precisar, Lina. - a apertou mais em seus braços. - Lembre que eu vou sempre te amar.
E ali ela sabia que havia perdido uma parte de seu amigo, mas sabia que o Holmes ficaria ao seu lado independente de tudo, ele sempre esteve ali para ela.
Já o homem não se importaria de perder uma parte daquela mulher, se a parte que não fosse pertencer mais a ele e sim a um homem que provavelmente a faria feliz, ele abriria mão dela e de seus desejos, apenas pela felicidade da jovem.
A pergunta era: O que aconteceria naquela noite? Quais eram as informações que Sherlock tinha sobre a mãe de Celina? Havia sido uma boa escolha vim para aquela cidade a dois meses atrás?
Um capítulo pequeno, mas importante e com pequenas informações.
Temos o Holmes conosco agora!
Gente quem aqui não é xonada em um britânico de olhos azuis, em...?
Bom espero que gostem e me desculpem o pouco desenvolvimento de hoje, é que tô maratonando uns filmes e fiquei distraída durante a semana...
Enfim, tenham um bom resto de domingo e uma semana bastante proveitosa!