A família Wood finalmente está junta mais uma vez. Axel reencontrou seus pais e foi agraciado por Terence a passar um tempo junto com eles. Para Axel, as coisas parecem estar mais amenas agora que está ao lado de seus pais. Sua presença era o remédio que ele precisava para esta grande dor de cabeça que tanto o incomodava.
Eles estão dirigindo em direção à Resistência do Sul. Adel está no volante enquanto Axel e Maki estão no banco de trás. Durante todo o trajeto, não houve muita conversa. Faz muito tempo que Maki não abraça seu filho daquele jeito, ela não consegue pôr as palavras para fora. A emoção a deixa calada, fazendo-a aproveitar o momento da melhor maneira.
Axel não consegue conter o sorriso ao ser envolvido pelos braços de sua mãe enquanto repousa sua cabeça sobre seu peito, ouvindo seu coração bater. Um som confortável. O garoto não podia estar mais satisfeito. O brilho em seus olhos não desparece mais. Ele olha com tanta admiração para seu pai que está dirigindo, imaginando quando poderá deitar sobre seu peito também, para poder ouvir seu coração bater, assim como o de sua mãe.
— Esse momento me traz lembranças. — disse Adel. — Lembranças de quando a gente viajava de carro e vocês dois ficavam no banco de trás enquanto eu dirigia.
— Não se sinta mal por estar dirigindo, amor. — respondeu Maki. — Eu já devia ter tirado minha habilitação também.
— Não se preocupa com isso, querida! Eu adoro esses momentos e estou feliz por estar revivendo isso!
— Eu queria saber dirigir pra vocês dois poderem ficar no banco de trás. — comentou Axel.
Maki esfrega o cabelo de Axel e o dá um beijo na testa. — Você é uma graça, filho!
— Vamos tentar! Eu invoco um clone e deixo ele dirigir pra gente!
— Não é uma má ideia! — respondeu Adel rindo. — Tô brincando!
Axel e Maki começam a rir enquanto a viagem se prossegue.
Momentos depois, eles se aproximam da Resistência do Sul. Hiro já consegue ver o veículo se aproximando e fica pronto para recebê-los.
O veículo se aproxima, eles estacionam em frente a base, alguns metros do lado do portão. Axel sai do carro primeiro, correndo, para dar um abraço bem apertado em Hiro.
— Obrigado por ter me ajudado até aqui! Eu finalmente encontrei o papai e a mamãe!! — disse animado se segurando pra não chorar.
Hiro dá tapinhas nas costas de Axel. — Foi um prazer, cara! Queria te ver feliz o quanto antes!
— Esse é o seu amigo, Axel? — disse Maki se aproximando ao lado de Adel.
— Olá! — respondeu Hiro se aproximando. — Sou Hiro, daqui da Resistência do Sul. O filho de vocês é um moleque muito bom, parabéns por terem criado um garoto tão simpático!
— Muito obrigado, e nós te agradecemos demais por ter cuidado do Axel! — respondeu Adel apertando a mão de Hiro.
— Obrigada por ter se dedicado ao nosso filho! — disse Maki apertando a mão de Hiro. — Ele falou um pouco sobre você no caminho pra cá, é bom saber que ele pode contar com um amigo!
— Sem palavras pra esse garoto! — disse Hiro, pondo ânimo em suas palavras. — Ele é educado, inteligente, bonitão...!
— Para com isso, mermão! — disse Axel, constrangido, socando fraco o braço de Hiro.
— Hahaha! Vamos entrando, pessoal! — disse Hiro gesticulando para que eles o acompanhassem.
Hiro e Axel vão na frente, enquanto Maki e Adel vão atrás, andando mais lentamente.
Ao adentrar a sala de estar, Axel é recebido por Lucy que estava relaxando, sentada, no sofá.
— E ai moleque, tudo bem? — disse acenando.
Logo em seguida, Adel e Maki entram. Quando eles adentram a vista de Lucy, a garota, que estava folgada, com as pernas pro ar no sofá, se senta do modo correto enquanto os olha com uma expressão surpresa que, aos poucos, vai se transformado num sorriso muito animado.
Lucy dá um grito enquanto treme e constringe seus braços contra sua barriga. Levanta-se rapidamente, e corre em direção aos Wood para dar-lhes um abraço bem caloroso e emocionante.
— Meu deus!! Meu deus!! — disse Lucy emocionada, abraçando-os com toda força que tinha. — Vocês estão vivos mesmo! Eu tava com tanta, tanta saudades de vocês!
Enquanto Lucy dava as boas vindas à Maki e Adel, Axel foi com Hiro trazer Ethan e Karen que estavam conversando na sala de jantar.
Ao verem Maki e Wood, eles também se emocionam.
— Oi!! — disse Karen, prolongadamente. — Meu deus, vocês estão aqui! — Karen vai correndo abraçar os três.
— Caramba, que linda surpresa! — disse Ethan também indo abraçar os quatro.
Todos eles estão num grande abraço coletivo murmurando coisas sobre saudades e alívio.
— Isso é muito bonito, quem me dera poder ver mais momentos assim! — comentou Hiro com Axel.
— É... eu também! — respondeu Axel, sorrindo, olhando para os amigos se abraçando.
Momentos após isso, eles tomam seus lugares na sala de estar para pôr o papo em dia.
— Então, — disse Maki prosseguindo com uma conversa. — estamos morando num prédio que fica ao norte. É maior que esse aqui, inclusive!
— Ei! — disse Ethan. — O Axel foi muito bem recebido aqui, e desde que ele chegou aqui, ele não parou de falar dos pais!
— Eu agradeço mais uma vez por terem cuidado do Axel! — respondeu Maki.
— O Axel é um fofo, — comentou Karen. — igualzinho do jeito que vocês falavam pra gente lá na escola!
Adel começa a rir. — Falando na escola, eu lembro daquela vez que o sargento Jones mostrou a foto da mulher dele, na casa dele usando camisola — gargalhou. — em plenas 3 da tarde!
— o Jones era o corno conformado — complementa Lucy. — porque viu que a mulher dele tava de camisola, sozinha em casa, e deixou passar, inclusive mostrando pros alunos!
Os cinco amigos soldados gargalham.
— Ai, ai! — exclamou Ethan. — Não, mas o melhor mesmo foi o Pescocinho dizendo...
— Quem era "Pescocinho" mesmo? — perguntou Karen interrompendo a conversa.
— Era o Turner! — respondeu Maki.
— Turner...? — Karen tenta lembrar.
— Era o loirinho que tinha o pescoço grosso, sabe? — disse Lucy.
— Ahhh sim! Lembrei! — exclamou estalando os dedos. — Continua, Ethan!
— Pois é, o Pescoço mandou bem demais quando ele falou... ele falou assim...: "Ah, sargento ela mandou essa foto pro senhor só pra mostrar que tá de boa em casa, passando o tempo sozinha, sabe?" — disse Ethan que logo em seguida cede às gargalhadas. E todos gargalham igualmente.
— E o sargento matou quando disse: "Verdade né? Ela tá só relaxando em casa, não tem porque não ficar de camisola, né?" — disse Maki.
Os amigos gargalham ainda mais alto, alguns até sentem dor de barriga de tanto rir. O momento é de muita paz e diversão, algo que estas pessoas não sentiam há muito tempo.
Hiro chama Axel e eles se afastam da roda.
— Vamo dar um tempo pra eles baterem esse papo, pode ser? — disse Hiro.
— Pode. Tá tudo bem, porque eu gosto de ver meus pais e meus amigos rindo! — respondeu Axel.
— Isso ai! — disse Hiro dando um tapinha nas costas de Axel. — Vamo lá pra fora da base, quero te mostrar uma coisa interessante.
— Beleza! — respondeu Axel.
Os rapazes caminham até o local onde Hiro quer chegar.
— Eu vou te mostrar primeiro porque, caso essa coisa ataque, a gente vai poder neutralizar sem deixar ninguém correr perigo. — disse Hiro.
— Certo, e o que é essa coisa?
Os dois chegam ao lado de fora da base, Hiro vai para a esquerda e Axel o acompanha logo atrás.
Vou te mostrar agora! — disse Hiro em frente a coisa que ele se referia.
A coisa parecia ter o tamanho de um ser humano, no entanto, estava coberta com alguns sacos de lixo, enrolados em fita adesiva e uma rede de pesca.
— Nossa! — comentou Axel.
Hiro rasga o saco revelando, por fim, o que há dentro. Axel fica assustado e enojado ao ver.
— Que raios é isso?! — exclamou, Axel, perplexo.
— Pois é... foi a mesma coisa que eu disse quando dei de cara com isso no caminho de casa.
— Você achou isso por aqui?
— Encontrei com isso lá perto de Gleodônia.
Axel e Hiro olham para coisa, analisando-a.
A coisa é algo que tem a forma de um corpo humano, com os músculos bem definidos. Tem a pele de cor preta, como a do carvão. O rosto é deformado, de forma que não tenha nariz, nem boca, nem orelhas, sendo estas partes cobertas com massa orgânica deformada. Somente os olhos ainda estão inteiros, mas não possuem íris nem pupila. Por todo o corpo, tem linhas grossas que se distribuem de forma parecida com a de rachaduras, e estas linhas possuem a cor vermelha que reluz levemente. A mesma cor vermelha aparece em toda região dos globos oculares. Nos dedos das mãos e dos pés, as unhas estão grandes e com as pontas afiadas. A pele parece ter um aspecto mais rígido e grosso que a pele humana normal, lembrando a de um réptil.
— Essa coisa... fede! — disse Axel.
— Fede? Eu não sinto cheiro nenhum. — respondeu Hiro.
— Fede, mas não é aquele fedor podre... é mais um cheiro forte tipo... água sanitária ou pimenta...?
— Sei. Tipo cloro, né?
— É!
— Que estranho... eu não sinto cheiro de nada. — disse Hiro olhando para a coisa. — Tá cheirando muito forte pra você?
— Tá mais ou menos, mas dá pra aguentar. É só eu ficar com o nariz tampado. — Axel tampa o nariz. — Mas então, o que você acha que é?
— Eu não sei. Eu ia te perguntar se tu, por acaso, não lembra de ter visto algo assim antes de eu ter te resgatado.
— Hm... pior que eu não consigo lembrar de nada parecido... — disse Axel olhando fixamente para a coisa. — Essa coisa tá me dando é medo! É tão feia!
— Quando eu encontrei essa coisa no caminho, ela tava caída há alguns quilômetros de Gleodônia. Olha, ainda bem que essa coisa não tava por lá porque sabe deus o que poderia ter acontecido!
Lucy aparece do lado de fora e vê somente Axel com o nariz tampado. Hiro está do lado da parede, de forma que Lucy não possa vê-lo.
— O que vocês estão fazendo? — perguntou Lucy, sendo acompanhada pelo resto do pessoal.
Hiro aparece. — Lucy, eu tenho uma missão pra você!
Lucy se aproxima e, ao ver a coisa, ela fica com uma cara atônita. — E isso aí é o quê?!
— Tô querendo identificar também! — respondeu Hiro.
Lucy se aproxima e se ajoelha para ver de perto. — Bom... — disse, observando a coisa. — vamos levar isso pra enfermaria!
Dada a ordem, Axel e Hiro carregam a coisa. Adel e Ethan chegam para ajudar, e todos seguem Lucy até sua sala de enfermaria.
Lucy entra primeiro junto com as garotas. Elas preparam a maca, a luz e os instrumentos de análise e cirurgia. Logo após isso, os outros chegam carregando a coisa.
— Tirem todo o plástico e deitem isso na maca de... rosto... — disse, relutante, olhando a região do rosto da coisa, — pra cima. — ordenou Lucy.
Hiro segura a coisa de pé enquanto os rapazes removem todo o plástico, a fita e a rede de pesca. Depois disso, eles deitam a coisa sobre a maca.
— Vou lavar minha mão! — disse Axel indo rápido para o banheiro.
Todos na sala ficam olhando para a coisa por bastante tempo, em silêncio, observando todos os detalhes da cabeça aos pés.
— Cara, eu nunca vi uma coisa dessa na minha vida! — disse Lucy com a mão no queixo. — Tô curiosa pra saber o que é! Quero descobrir AGORA!
Lucy calça as luvas e começa a tocar a coisa com cuidado, mexendo nas mãos, nos braços, movendo-os para cima e para baixo. Observando cuidadosamente cada detalhe, pensando em alguma coisa parecida que já possa ter visto.
— Eu nunca vi essa coisa! — disse Maki intrigada.
— Eu também não. — disse Adel também intrigado.
— Hm... — pensava Lucy enquanto move os membros da coisa. — ainda não ocorreu rigor mortis, então essa coisa morreu não faz muito tempo.
Axel volta para a sala, tapando o nariz. — Ei, vocês não estão sentindo esse cheiro não?
Karen diz que não, Ethan diz que não e logo em seguida todos os outros acenam que não com a cabeça.
— Gente, caramba! Esse cheiro é muito ruim, não acredito que vocês não estão sentindo! — insistiu Axel.
Lucy olhava para Axel enquanto ele falava, até que ela chegou a uma hipótese e pretende pôr em prática nesse momento.
— Axel, o cheiro que você sente é podre? — perguntou Lucy.
— Não, é cheiro forte tipo o de cloro.
— Chega mais perto, quero te mostrar isso aqui.
Axel se aproxima de Lucy. Quando ele chega perto, ela puxa o braço da coisa para perto de seu rosto e dá uma fungada muito forte, deixando Axel indignado.
— Por que você fez isso?!! — indagou Axel enquanto Hiro e Karen riam.
— Pra te mostrar que eu realmente não sinto nenhum cheiro desse que você tá sentindo! — Lucy olha para os outros em volta. — Vocês também não sentem, né?
Todos concordam, dizendo que não sentem.
— É verdade, Axel. A gente não tá sentindo cheiro nenhum. — disse Maki.
— É. Eu tô suspeitando que o Axel sente esse cheiro porque os componentes robóticos dele reagem com alguma coisa que tem no corpo aqui da coisa! — Lucy olha de volta para a coisa. — E se eu fosse chutar, diria que é essa coisa vermelha que brilha...
— Bom, se brilha, deve emitir alguma coisa, né? — disse Karen. — E se só afeta o Axel, talvez seja algum pulso eletromagnético.
— Vamos já descobrir! — respondeu Lucy enquanto pegava o maior bisturi da mesinha.
— Quer ajuda? — perguntou Karen enquanto Lucy se preparava para cortar a coisa.
— Só segura o peito dele enquanto eu vou cortando em volta da parte vermelha. Quero coletar uma amostra.
Karen, então, segura a coisa pelo peito enquanto Lucy se aproxima da mão com seu bisturi, pronta para realizar o corte.
Lucy faz um corte vertical e, na mesma hora, a parte vermelha começa a escorrer pelo corte como água. — Ai, caramba! — exclamou Lucy. — Hiro, pega a atadura e a fita pra mim, rápido, por favor!
Hiro vai rapidamente pegar os objetos pedidos.
Enquanto isso, Maki observa que Axel já não está mais tapando suas narinas, ele está tranquilo diante da cena.
— Filho, — disse se aproximando. — o cheiro não tá te incomodando mais?
— Tá sim, mamãe. — disse Axel movimentando seu olhar para Maki. — Só um pouquinho, só que tá dando pra aguentar!
— Eu não pensava que essa coisa vermelha fosse líquida! — disse Lucy enquanto estancava o corte. — Mas, já que é assim, vamos coletar esse líquido e levar pra centrífuga!
— Vou buscar as ampolas e a seringa! — disse Ethan que, logo em seguida, foi, apressadamente, de encontro aos objetos de laboratório.
— Obrigada, Ethan! — agradeceu Lucy.
— Essa coisa é muito estranha! — comenta Adel. — Mais estranho que tudo que eu já vi nesses últimos anos. Parece até um alienígena!
— Pior que sim! — respondeu Karen pondo a mão no queixo. — Não duvido que seja um alienígena, mas, fala sério, bem mais fácil a gente imaginar que isso foi algo que o Slade criou!
Ethan volta para a sala com quatro ampolas e uma seringa. — Tá tudo aqui.
Lucy as recebe. — Valeu! Pode deixar ali do lado da centrífuga. — Lucy levanta o braço da coisa e observa seu antebraço, em seguida, se vira para Karen. — Amiga, quero que você segure o braço dessa coisa no alto porque eu vou coletar do antebraço agora. Pelo que eu to vendo, aqui perto do cotovelo tem bastante líquido vermelho, vai ser mais fácil pra mim.
— Certo. — disse Karen que, então, segura o braço, mantendo-o para cima o mais alto que puder.
Lucy pega a seringa, toma uma posição segura e introduz a agulha, levemente, na parte vermelha. Ela puxa o êmbolo devagar até preencher o cilindro com o material. Depois disso, Karen abaixa de volta o braço da coisa.
— Pronto! — disse Lucy olhando para a seringa. — Agora vamos processar pra saber o que está acontecendo aqui!
Lucy se levanta e vai a caminho do outro lado da sala onde tem uma centrífuga laboratorial. Ethan leva as ampolas e a ajuda a preparar a centrífuga para iniciar o processo da amostra.
— Mãe? — chamou Axel.
— Oi, filho?
— Eu sei que você já sabe que eu gosto muito do Hiro, mas outra pessoa daqui que eu gosto muito é a Lucy. Ela é bem divertida e dedicada.
Maki observa Lucy que está junto de Ethan fazendo os preparativos para a análise. — Ela é mesmo uma boa garota. Eu acho que ela é a mais alegre e engraçada do nosso grupo. Sempre buscando levantar o nosso astral.
— Desde sempre ela quis se... — Axel tenta buscar a palavra correta. — ela quis ser muito minha amiga! E, fora isso, parece que ela gosta do que faz aqui...
Após isso, Maki abraça Axel. — Você ficou com os melhores mesmo, meu garoto.
— Beleza, gente! Vou deixar girando aqui por 10 minutos. — disse Lucy acionando a máquina, configurando a 3000 RPM por 10 minutos. — Axel, — disse se aproximando do garoto. — você tá bem mesmo? Não quer uma máscara?
— Tô de boa! — respondeu o garoto.
— Tá certo. — Lucy se afasta de Axel, toma a atenção de todos. — Então? Vocês tem alguma ideia do que seja essa coisa?
— Se for mesmo o Slade quem fez isso, — comenta Adel. — talvez tenha algum arquivo sobre essa coisa lá na policlínica.
— Ah, é verdade! — exclamou Lucy, como se tivesse lembrado de algo importante. — Vamos usar a máquina de exame de imagem nesse bicho pra ver o que tem dentro dele! — sugeriu.
Lucy vai até seu computador e se prepara para acionar a máquina. — A máquina vai descer do teto bem embaixo da maca, então se afastem, por favor! — E, então, aciona a máquina que desce do teto.
A máquina liga sem muita demora. Ela é posicionada acima do peito da coisa e já começa a emitir sua radiação, de forma que Lucy possa ver, em seu computador, o que há por dentro da coisa. E, ao ver, ela fica espantada.
— Hahaha, eu não acredito! — disse, rindo de nervoso.
— O que tem ai? — perguntou Hiro, representando a curiosidade de todos ali.
— Venham ver! — disse Lucy, em seguida todos se aproximam dela.
— O que é isso? — perguntou Ethan, intrigado.
— Isso é um monte de... eu acho que é massa orgânica? — disse Lucy. — Cobrindo todos os órgãos! E, além disso, os órgãos são pequenos ou estão deformados, ou os dois! — Lucy aponta para onde seria o coração. — Olha isso aqui! Deve ser o coração, mas é tão pequeno e deformado, parece que tem vários tumores!
— Parece que os ossos também são menores, olha só! — disse Hiro apontando para os ossos da costela da coisa.
— Caramba, como será que essa coisa consegue se manter de pé? — indagou Karen.
— Talvez o esqueleto seja feito de algum material bem mais resistente. — pensou Lucy.
— Que nem o meu, né? — disse Axel.
— Isso! — disse Lucy. — A diferença é que o seu tem o tamanho e aparência de esqueleto normal.
— Depois eu deixo você tirar um raio-X do meu esqueleto, Lucy!
— Haha, você deixa? Valeu, Axelzinho! — disse Lucy esfregando a cabeça do garoto.
— Isso não tá te parecendo familiar, Adel? — pergunta Maki.
— Acho que sim. — respondeu Adel, pensativo. — Lucy, mostra o cérebro dessa coisa, por favor.
— Certo. — disse Lucy, movimentando a máquina até o cérebro. — Tá aí, o cérebro também é pequeno e recoberto em massa. Caramba, o cérebro é minúsculo, deve ter o tamanho pelo menos duas vezes menor que o de um humano comum.
— Ahá! Eu sabia que conhecia isso! — exclamou Maki.
— E o que é? — perguntou Hiro.
— É um novo tipo de zumbi que a Labris vinha desenvolvendo. Chamam de Bio Soldier! Temos um arquivo sobre isso lá na policlínica.
— Já que tem esse nome e é feito pela Labris, deve ser um tipo de arma biológica! — comentou Ethan.
— Meio óbvio, né, cabeção? — disse Karen, sussurrando, ao lado de Ethan.
— Não te mete! Tô tentando adicionar conteúdo na conversa! — respondeu Ethan também sussurrando.
— O arquivo explica melhor como esse bicho funciona. — disse Maki. — Não lembro de muitos detalhes, mas uma coisa importante que eu sei é que essa coisa vermelha é 9096!
— 9096 vermelho? — questionou Lucy.
— É, na verdade, eu acho que não sei exatamente. Tô fazendo uma suposição. No arquivo diz algo sobre o 9096 se alimentar de sangue ou algo do tipo. Não tinha nenhuma imagem anexa no arquivo, então essa é a primeira vez que eu to vendo. Nunca vi essa coisa de perto, também.
— Se for o caso — diz Lucy. — faz sentido essa coisa brilhar e além disso só o Axel sentir o cheiro, já que ele é meio que feito de 9096, não é? Deve ter alguma reação... — Lucy olha para a centrífuga e vê o cronômetro. — Ainda tem 5 minutos de centrífuga, vamos esperar mais um pouco.
— Axel, — chamou Maki. — enquanto isso, será que você pode ir lá na policlínica pegar o arquivo pra gente?
— Posso sim, mamãe!
— Encontra o Terence — diz Adel. — e pede pra ele te dar uma cópia do arquivo do Bio Soldier, ok?
— Tá certo! — disse Axel que, em seguida, sai da sala indo em direção ao norte.
— Me pergunto qual a intenção do Slade criando essa coisa... — indagou Lucy.
— Talvez seja pra testar a força das resistências, — disse Hiro. — mas, principalmente pra testar a força do Axel.
— Será? — questionou Lucy.
— Presta atenção. — responde Hiro. — Não é curioso essa coisa aparecer justamente no mesmo dia em que o Slade dá as caras e, também, no mesmo dia e que as duas bases de resistências se encontram?
— Verdade... acho que Slade queria que tudo isso acontecesse. — disse Adel. — Talvez ele esteja tentando estressar o Axel.
Todos os presentes ali ficam calados, pensando em alguma reposta enquanto o som da centrífuga soa pela sala.
— Só o que nos resta agora é esperar o Axel voltar com o arquivo. E a centrífuga parar. — disse Lucy, se levantando. — Vou buscar um café pra nós! — e sai da sala.
Cinco minutos se passaram. Os amigos voltaram para a enfermaria e a centrífuga laboratorial finalmente parou.
— Certo, gente! — disse Lucy, após beber seu último gole de café. — Vamos ver o que nos aguarda!
Lucy abre a centrífuga e recolhe com cuidado a sua ampola. — Opa!... — exclamou.
— O que você descobriu? — perguntou Hiro.
Lucy se vira para que os outros possam ver. — Olha, gente! A centrífuga separou o líquido! — Ela aponta para a ampola. — Aqui no fundo são as hemácias, no meio é o plasma e aqui em cima, em pouca quantidade, tem um líquido azul meio reluzente! É o 9096!
— Olha só! — exclamou Maki. — eu disse que era 9096! Vamos esperar o Axel voltar com o arquivo pra gente poder entender.
Mais alguns minutos se passaram, até que Axel finalmente voltou.
— Oi, pessoal! — disse Axel entrando na sala.
— E aí, filhão! Conseguiu o arquivo? — perguntou Adel.
— Consegui. Eu demorei um pouco porque a impressora deu problema, ela acabou imprimindo umas dez cópias!
— Haha, sei! Aquela impressora é meio velha também. — disse Adel.
Axel levanta o arquivo para que todos possam ver e, em seguida, entrega o arquivo nas mãos de Adel.
— Ei, posso ler? — pediu Maki.
— Claro que sim, amor! — respondeu Adel que entrega o arquivo nas mãos de Maki.
— Certo, meus amigos! Vou ler! — disse Maki.
Ela espera todos prestarem atenção nela, toma fôlego e inicia:
"Segue relatório escrito e impresso em modalidade ostensiva sobre "Projetos de Arma Biológica". Seu nome de apresentação é Bio Soldier. O primeiro modelo está previsto para ser produzido após a finalização e despacho da arma biológica C14102035B. O Bio Soldier é um ser vivo artificial, construído a partir da utilização de material orgânico provindo de várias fontes, principalmente seres humanos. Seu conceito lembra o de um zumbi ordinário, mas, este tipo tem capacidades motoras e raciocínio mais elevado, podendo agir como um animal selvagem que segue seus instintos. Seu cérebro tem o tamanho reduzido, sendo o espaço restante preenchido por massa orgânica. Sente necessidades básicas, em especial a fome. Sua dieta é onívora, dando prioridade a carne humana ou animal, mas, em casos de falta de alimentos, pode consumir vegetais, insetos e até mesmo cometer canibalismo. Este modelo não é capaz de falar. Seu esqueleto é projetado de forma a ter sua espessura reduzida para dar mais espaço ao material orgânico que servirá para absorver impacto. O material usado na confecção do esqueleto é o Titânio D.G-Adamantino, abreviadamente: Supertitânio, mesmo material usado na arma biológica C14102035B. A pele é totalmente carbonizada e processada com quantidades minúsculas de Fragmentos da Resiliência e Fragmentos da Força para conferir maior resistência a impactos e condições climáticas extremas. Seu combustível é o 9096 composto. Este tipo de 9096 utiliza as células de hemácias do Bio Soldier como alimento para que possa se processar e, assim, conferir as habilidades motoras e racionais ao Bio Soldier. Por causa disso, o Bio Soldier precisa, constantemente, se alimentar de qualquer nutriente para manter seu nível de hemácias sempre elevado. O 9096 composto pode causar um odor forte para outros tipos de armas biológicas como resultado de uma reação em seu sistema respiratório modificado por 9096 comum. Deduz-se que tal reação também ocorra no cérebro caso a arma biológica seja exposta a uma grande quantidade de 9096 composto."
Após esta leitura, todos ficam calados, dando a si mesmo tempo para absorver tanta informação nova, absurda e interessante.
— Então... — diz Axel. — é por isso que só vocês não conseguem sentir o cheiro...
— Tem mais alguma coisa? — perguntou Lucy.
— Não. — respondeu Maki. — É só isso.
— Esse arquivo é de quase dois anos atrás. — disse Adel. — A Labris já tinha esse projeto em mente durante todo esse tempo, mas acho que a guerra atrasou os planos dela.
— É uma pena o arquivo não ter mais coisas. — comentou Karen. — Tipo, não explica porquê o Bio Soldier é assim! Porquê precisa de tudo isso de carne, porquê dos órgãos deformados.
— Creio que a grande quantidade de carne é por causa da grande quantidade de sangue que precisa. — respondeu Ethan. — Essa coisa me parece um humano só que com uma dieta onívora, então órgãos deformados são meio que regras aqui, né?
— Além disso, — complementa Lucy. — juntar um monte de massa orgânica de seres humanos diferentes é bem provável de dar uma merda grande dessa.
— Gente, a questão não é essa! — retrucou Karen. — A questão é: por que construir algo desse tipo — aponta para o Bio Soldier. — se eles podem construir algo tipo o Axel? — aponta para Axel.
— É, agora você matou... — comentou Lucy, pensativa.
— E o sangue? A parte mais importante do funcionamento dessa coisa ficando por fora da pele, desprotegida, também não faz muito sentido, né? — comentou Ethan.
— Acho que é porque, por dentro da pele, não teria espaço? — indagou Hiro.
— O mais importante agora é saber o que é exatamente esse 9096 composto. — disse Lucy. — Eu nunca tinha ouvido falar disso!
— E esses tais fragmentos? — questiona Adel. — Vocês sabem alguma coisa sobre? Porque a gente da policlínica não encontrou nada sobre isso.
— Também não sabemos... — respondeu Lucy. — e isso é outra coisa que eu também tô querendo saber...
— Eu sei! — disse Hiro, dando um passo a frente. — Lá de onde eu vim, meu chefe falou sobre esses tais fragmentos!
— Conta pra gente, bonitão! — respondeu Lucy.
— Esses fragmentos são minerais que têm capacidades meio que mágicas, absurdas! Eles podem fazer muitas coisas poderosas, e, por causa disso, eles não deviam estar nas mãos de ninguém!
— Ainda mais na mão de alguém como o Slade! — comentou Axel.
— Pois é. Meu chefe disse que o Slade tem uma grande quantidade desses fragmentos em posse. E, também, provavelmente deve ter outras quantidades de fragmentos espalhados pelo mundo.
— Você já viu algum desses fragmentos? — perguntou Maki.
— Não. Mas eles podem ser parecidos com qualquer mineral daqui da Terra, mas dá pra saber que é um desses fragmentos, porque, quando você chega perto, pega em mãos, né? Você consegue sentir que ele exala uma energia, sabe? Não sei explicar muito bem, eu realmente nunca vi!
— Ô Hiro! — chamou Lucy.
— Oi? — respondeu Hiro.
— Por quê que durante todo esse tempo que a gente se conhece e mora junto, você nunca falou pra gente de onde veio ou quem você é? — perguntou demonstrando um pouco de indignação em seu tom de voz.
Neste momento, todo mundo olha atenciosamente para Hiro.
— Bom... — disse Hiro, sem jeito. — Eu não poderia contar tão cedo, vocês não iam entender. Mas agora que o Axel chegou e o Slade começou a agir contra a gente, vai chegar a hora de eu contar tudo pra vocês! — após isso, Hiro se aproxima e segura as mãos de Lucy que está com um olhar zangado. — Espera mais um pouco, tá bom?
Lucy e Hiro se encaram por alguns segundos, até que Lucy solta as mãos de Hiro e o agarra com muita força e grosseria pelo colarinho de seu casaco, aproximando-o de seu rosto. — Se tu continuar me enrolando assim, tu vai ver o que eu vou fazer contigo, seu merda!
— Hahaha, relaxa! — disse Hiro, erguendo as mãos. — Lucy solta Hiro.
— Eu confio em você, Hiro! — disse Axel.
Hiro sorri para Axel e agradece com um joinha.
— Mas, e aí? — diz Ethan para Adel e Maki. — Como é que vocês têm acesso a esse tipo de informação?
— É pelo fato de a nossa base ser uma policlínica. — respondeu Adel. — Tem várias coisas desse tipo lá!
— Mas como vocês conseguiram guardar tanta informação assim? — perguntou Karen. — Quando a gente chegou aqui, matamos os caras e fingimos um ataque, só que não deu tempo de salvar muita coisa.
— Quando a gente chegou lá, — diz Maki. — a gente só matou todos os cientistas rapidamente e ficamos em silêncio. E, pelo visto, a estratégia deu certo, porque quando a Labris percebeu que a policlínica não tava ativa e acionaram o protocolo de contingência, a gente já tinha feito um monte de backup.
— Caralho, a Labris é imbecil mesmo! — comentou Lucy. — E a gente devia ter feito o mesmo que vocês.
— Slade não passa de um cuzão! — comentou Ethan.
— É, no dia que aparecer alguém mais arrombado que o Slade, eu mudo o meu nome! — comentou Karen.
— Gente, o foda é que a gente realmente podia ter salvado muita coisa que poderia nos ajudar! — disse Lucy.
— Nem me fale, só de pensar já tá batendo aquela depressão! — respondeu Karen.
Lucy, Karen e Ethan se juntam e começam a bater papo.
Axel se aproxima de seus pais. — Vocês... mataram?
Maki olha para Axel e fica constrangida. — N-não... Não, Axel... a gente...
— Não. — interrompeu Axel. — Tá tudo bem... vocês não tiveram outra escolha. Eu só tenho que me acostumar com essa ideia...
Maki e Adel abraçam Axel. Ele dá um sorriso mesmo estando um pouco triste.
Adel solta Axel. — Pessoal, — disse chamando a atenção de todos. — e o Botulismo?
— Ninguém aqui tá infectado! — disse Lucy. — E... — ela começa a se dar conta de algo. — curiosamente, ninguém em Gleodônia também...
— Lá na policlínica tem alguns arquivos explicando o que aconteceu depois da guerra.
— Pior que nem disso a gente tá sabendo. — disse Ethan. — Só sabemos que o mundo tá numa merda grande.
— Deixa eu contar, então. — disse Adel. — Depois do fim da guerra dos ARCA, na noite do dia 14 de fevereiro, Slade começou a espalhar gases de Botulismo I junto com outras doenças respiratórias em volta do mundo. O objetivo era impedir o aumento do efetivo militar porque, naquele dia, foi levado a público que, realmente tudo foi planejado pela Labris, dai os países do mundo todo se uniram pra combater a Labris.
— É sério? — questionou Lucy. — Foi isso que rolou? — disse com um olhar mórbido.
— Foi.
— Se esse era o plano do Slade, — comenta Karen. — deu certo até demais, porque eu acho que só Botulismo não daria conta de impedir o aumento do efetivo militar.
— Realmente! — responde Adel. — Ele usou outras armas além do Botulismo.
— Sabia!
— Slade lançou ogivas em vários quartéis-generais, escolas militares e, até mesmo, bairros militares em volta do mundo todo. Foram muitos ataques. Milhões de pessoas morreram só pelas bombas. Graças a isso, a Labris conseguiu atacar o mundo com bastante força.
— Que corno, desgraçado, arrombado! — xingou Lucy, com muita raiva.
— Quando a gente chegou na policlínica, eles estavam recebendo todas as informações em tempo real. A gente soube disso tudo no mesmo dia. Já que o Slade lançou Botulismo I pelo mundo todo, esse evento ficou conhecido como Guerra Biológica.
— Guerra Biológica? — disse Lucy, cabisbaixa. — E vocês recebiam informação em tempo real? — perguntou, a fim de confirmar o que Adel já disse.
— Exatamente.
— Que desgraça, Karen e Ethan! — disse Lucy socando a palma de sua mão. — A gente realmente devia ter calado a boca quando matamos aqueles caras! Que ódio!! — disse grunhindo.
— Pois é, — diz Karen. — mas vida que segue, amiga! A gente reencontrou nossos companheiros depois de todo esse tempo, pelo menos, né? Eu posso me conformar com isso.
— Tem mais! — disse Adel.
— Continue! — respondeu Ethan.
— Continuamos recebendo informações durante mais ou menos duas semanas até eles acionarem o protocolo. Nesse pouco tempo, deu pra gente descobrir que já tinham matado milhões de pessoas, e que praticamente toda população mundial tinha se infectado com Botulismo.
— Isso significa que o mundo fora da Ilha dos Vales ainda tá passando pela pandemia. — concluiu Lucy.
— Isso se ainda tiver seres humanos vivos, né? — comentou Ethan.
Maki observa Axel e vê que ele está se sentindo incomodado. Essa conversa está sendo desconfortável demais para o garoto digerir, portanto, ela tenta contar outra coisa:
— Ah! — exclamou Maki.— Eu queria comentar uma coisa curiosa: Bom a gente continuou recebendo as informações em tempo real por mais ou menos duas semanas até o protocolo ser ativado, né? Nesse meio tempo, foi determinado que os Estados Unidos deveriam pagar uma indenização a China pelos danos causados em Wuhan porque esse foi o único ataque que não foi vindo da Labris!
— Mentira! — disseram Lucy e Karen, surpresas.
— Se foderam! — disse Ethan, rindo.
— Mas, gente, falando sério agora. — disse Lucy. — Vocês prestaram atenção na coisa toda? O Botulismo não chegou aqui na Ilha dos Vales! A gente não tá infectado, e das vezes que eu fui em Gleodônia eu nunca notei ninguém com sintomas ou usando máscara!
Maki percebeu que sua tentativa não foi bem-sucedida, assim sendo, ela mantém Axel em seus braços.
— Isso é estranho... — disse Adel. — Talvez todo aquele 9096 o qual a gente foi exposto durante o curso ajudou a fortalecer nosso sistema imune.
— Pode ser. — disse Karen. — Se esse for o caso, o 9096 é a cura pro Botulismo e, na verdade, o Instituto estava mais próximo da vacina do que a gente esperava...
— Mas vocês já consideraram que talvez Slade possa ter... sei la... de repente criado o Botulismo? — comenta Ethan. — Porque, na verdade, ninguém nunca conseguiu identificar se era mesmo uma espécie de toxina botulínica, e foi muita coincidência ela ter aparecido logo um tempinho antes de estourar a guerra da Labris e, além disso, ele mesmo ter usado o Botulismo como arma biológica no mundo todo.
— Rapaz... — diz Karen. — Por mais que pareça coisa de conspiração, isso faz muito sentido... tudo parece se encaixar perfeitamente, até — disse gesticulando uma caixa.
— Acho que na policlínica não tem nenhum arquivo que fale sobre porquê nós ou esse lugar não foram infectados. — disse Adel. — Não tem nada sobre a Ilha dos Vales ou sobre o Botulismo I. — Adel olha para frente com uma expressão concentrada. — Na verdade, também vimos o histórico de pacientes e diagnósticos e eu notei agora que aquela policlínica nunca chegou a tratar ninguém infectado com Botulismo!
Nesse momento todos ficam calados, pensando em alguma resposta para toda essa situação conspiratória. São alguns segundos de silêncio e concentração.
— Ô mãe! — disse Axel, em particular para sua mãe — Essa história é muito louca e pesada, eu até fiquei ruim agora...
— Você tem razão. — disse Maki. — mas — ela se abaixa e fica na altura da cabeça de seu filho. — tá tudo bem agora que você está aqui com a gente! — e beija, mais uma vez, a testa do garoto.
— Caramba, gente... — disse Lucy com o olhar vago. — quanta doideira... vamo deixar de falar de coisa séria? Aconteceu muita maluquice num dia só, e ainda nem deu meio-dia! Eu quero descansar!
— Verdade. — disse Ethan. — Parece até que eu acabei de lutar na guerra de novo! Vamo voltar pra resenha, aproveitando que a gente tá aqui de novo, que a gente ganha mais!
— Agora tu falou bonito, boyzão! — disse Karen batendo nas costas de Ethan que fica envergonhado.
— Hiro, — disse Lucy, virando-se para Hiro. — você já pode descartar esse Bio Soldier, tudo que eu preciso já tá guardado no PC.
— Beleza. — disse Hiro que carrega o Bio Soldier e caminha em direção ao lado de fora da base.
— Obrigada por ter trazido isso pra cá! O dia de hoje foi complicado, isso pelo menos me deu alguma diversão! Você é foda! — disse Lucy com um sorriso em seu rosto, agradecida.
— Aprendi contigo! — disse Hiro, mostrando o sinal de paz e amor com sua mão direita, que finalmente cruza a porta da sala
— Esse cara é incrível! — disse Lucy. — Um grande companheiro, o mais gente boa que eu conheci nos últimos anos... — Lucy mantém seu sorriso ameno em sua face.
— E aí, vai pedir pra jantar com ele quando? — disse Karen.
Axel, Maki e Adel ficam surpresos. Maki e Adel abrem um sorriso e riem discretamente.
— Sai fora!! — respondeu Lucy, revoltada. — E tu? Quando é que tu e o Ethan vão lá no motel do gato de Gleodônia?
— A gente já foi, e faz tempo! — disse Ethan. — quatro estrelas, e tal...
Lucy fica surpresa.
— Tem bidê na hidromassagem! — disse Karen.
— E o açaí é feito na hora! — disse Ethan.
Lucy fica abismada.
— As camas são king size e têm 5 velocidades de massagem!
— E eles têm todos os tipos de óleos, inclusive pra pés! — disse Ethan.
Lucy fica aterrorizada. — ... PUTA... QUE... PARIU! Meu deus do céu, vocês foram mesmo?!
Karen e Ethan ficam em silêncio por alguns segundos até que eles não se aguentam e começam a gargalhar.
— É brincadeira, pô! É claro que a gente nunca foi lá! — disse Ethan em meio aos risos.
— Ah vão tomar no cu! — disse Lucy que começa a rir junto.
Eu não entendi nada... — disse Axel, observando a cena, atônito.
— Humor de jovem, filho... — disse Maki, observando a cena, atônita.
Karen e Ethan chamam eles para irem para a sala de estar. Todos os acompanham, deixando a sala vazia. Logo depois, Lucy volta rapidamente somente para desligar a lâmpada. Depois disso, ela sai mais uma vez e fecha a porta da enfermaria.