Crônica de Spaladésia

By Akana_Lec

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Após uma terrível crueldade atingir sua cidade e sua família, Akina decide ir atrás de justiça. E durante ess... More

PRÓLOGO
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6

Capítulo 1

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By Akana_Lec

Seis meses depois...

As noites em Atlas'ésia sempre foram quietas e marcadas pelos leves sussurros dos ventos, estes que traziam o aroma da floresta que delimitava o território da Pólis.

A noite estava bem mais quieta do que de costume quando Akina passou pela porta da sua casa e cruzou as ruas em direção à entrada do bosque – local que ela encontrou para olhar as estrelas sem a intromissão das luzes da cidade.

Enquanto atravessou a rua principal, notou o grande movimento dentro do salão de reuniões da Pólis. Já sabia que o seu pai, Mago de Atlas'ésia, era o motivo para tanta quietude na cidade. Ele deveria estar dando algum aviso importante ou passando informações a respeito do rei Gerat. Mas ela não ligava para essas reuniões, nunca havia participado de nenhuma.

Quando chegou ao bosque, se deitou na grama verde que lhe era familiar, e voltou seu rosto para o céu, que naquele dia transmitia uma sensação incrível. Ela podia segurar o mundo nas costas, e de fato aquela posição lhe passava tal impressão. Gostaria de poder alcançar as estrelas, de tocar o brilho daqueles pontinhos, mas não possuía poderes para isso. A única habilidade que herdara dos inúmeros talentos do seu pai, foi a habilidade de se comunicar e sentir qualquer tipo de animal. Já sua irmã, Kayle, tinha habilidades com plantas.

Algum tempo passou, e ela continuava presa no mais puro tipo de beleza, mas logo se manteve atenta quando sentiu algo se aproximando. Levantou rápido quando foi atingida nas costas por um lobo branco enorme.

"Akinator! Você quase me matou de susto. Sabe que eu carrego uma adaga na minha bota", ela disse mentalmente quando o lobo se afastou e parou diante dela com tanta majestade e beleza que qualquer um poderia perceber que ele não era um lobo comum. Os olhos azuis safiras se abriram ainda mais quando respondeu: "Desculpe, Akina, eu só queria brincar. Acordei e vi que você não estava no quarto, então segui seu cheiro...", ele parou de falar e instantaneamente ergueu as orelhas para cima para ouvir algo que os ouvidos humanos de Akina não captavam. Mas ela percebeu que algo estava errado, pois o vento soprou de forma diferente naquele momento. Algo fétido, podre, algo que cheirava como a... morte.

Segundos se passaram, e então ela ouviu ao longe, vindo da direção da cidade, gritos; gritos de terror. Subiu nas costas de Akinator e seguiu em uma velocidade incrível para o centro da Pólis, mas toda aquela velocidade do lobo não foi suficiente para resolver qualquer problema que estivesse acontecendo. Antes de passar pelos portões da cidade, notou que havia fumaça vindo diretamente do salão de reuniões onde seu pai e sua irmã estavam.

Quando se aproximou do local, notou que o teto havia desabado, e chamas incrivelmente enormes circundavam todo o local. Não dava para ninguém entrar ou sair. Mas através do nevoeiro de fumaça, ela pode notar uma criatura muito grande que lhe fez sentir um medo que jamais havia sentido. Podia sentir o que emanava dela e o seus pensamentos... a criatura só queria matar. Mas além da ânsia de morte que havia ali, ela pode sentir e ver mais uma palavra na mente da criatura. Anthor Argent, o Mago de Atlas'ésia.

Ela pulou das costas do grande lobo branco e correu para perto das chamas. Seus lindos olhos azuis se transformaram na mais triste cachoeira quando viu que a criatura estava segurando sua irmã em uma das mãos, enquanto prendia seu pai com um dos enormes pés. Ela não conseguia ver claramente como era aquela criatura, mas podia notar que sua pele era muito escamosa e com alguns espinhos. Desconfiava do que podia ser, mas ignorar esse pensamento diminuía a probabilidade de sua desconfiança se tornar real, ou fazia ela ignorar o tamanho do medo que sentiria quando confirmasse suas especulações.

A confirmação veio quando seu pai conseguiu livrar uma das mãos e, com magia, ergueu um grande bloco que restou do local e jogou no rosto da criatura. Não fez nenhum efeito, só a deixou mais irritada. Análogo ao gesto que um dragão faz para cuspir fogo, a criatura abriu a boca para baforar alguma coisa. Não era fogo, mas uma massa de ar avermelhada que foi em direção ao seu pai. Aquilo era um Lyzinger. Uma criatura capaz de soltar um gás paralisante e mortal, que primeiro paralisava os músculos dos membros inferiores e superiores, e depois músculos involuntários com os do coração.

Akina percebeu quando seu pai começou a ficar com a respiração falha. O efeito do gás era quase que instantâneo, uma vez inalado, a sentença de morte estava assinada. Ela cobriu o nariz com a blusa e correu tentando chegar mais perto de onde sua irmã estava, mas o círculo de fogo só aumentava. Ela tentou correr para salvar a única coisa que lhe restaria, mas como um objeto leve e frágil, ela foi lançada diretamente no chão, e o barulho dos ossos de Kayle se quebrando ressoou nos ouvidos de Akina. O lobo a derrubou no chão quando ela tentou avançar para dentro das chamas. Prendeu as duas patas dianteiras no peito de Akina, impedindo-a se de mover, fazendo com que ela apenas derramasse rios de lágrimas dos olhos enquanto sentia o triunfo que emanava da criatura quando matou sua família. Naquele momento ela desejou nunca ter tido aqueles poderes. Porém, junto com a sensação de missão cumprida e satisfação que tomava conta do Lyzinger, ela teve noção do que viria, e a Pólis de Pirland sofreria a mesma dor, assim como Qnésia, Light-Cetus e Spalda. Aquele monstro tinha uma missão, e graças aos seus dons ela pode ter uma noção do que estaria por vir.

Uma nuvem de pensamentos tomou conta da mente de Akina, junto com um grande sentimento de vazio e vingança. Não pôde se despedir da sua família, e ainda os viu morrer em sua frente sem poder fazer nada, mas aquilo não ficaria assim.

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