Ressuscita-me • Min Yoongi

By Kim_BS

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:: Romance, tragédia, escuridão e talvez, esperança. Uma vida marcada. Um pequeno momento pode mudar uma vid... More

One ; Prólogo
Two ; Cara ou coroa
Three ; Lamborghini Urus
Four ; Amigos de novo
Five ; Envolver ou ignorar
Six ; Um homem sozinho
Eight ; Revelações
Nine ; Um erro
Ten ; Vulneráveis
Eleven ; Emoção versus Razão
Twelve ; Você é a minha salvação

Seven ; Despertar de um pesadelo

140 20 35
By Kim_BS

[𝚂𝚞𝚗𝚏𝚕𝚘𝚠𝚎𝚛 - 𝙿𝚘𝚜𝚝 𝙼𝚊𝚕𝚘𝚗𝚎 & 𝚂𝚠𝚊𝚎 𝙻𝚎𝚎.𝚖𝚙𝟹]

Perspectiva Min Yoongi.

Despertar de um sonho, ou no meu caso, despertar de um pesadelo, era assim que eu me sentia naquele momento.

Abri meus olhos lentamente, minhas pálpebras estavam pesadas e a claridade do ambiente contribuía para que eu tivesse dificuldade em distinguir o lugar a minha volta. Pisquei algumas vezes, até que eu finalmente conseguisse focalizar minha visão em algo.

Ouvi um som familiar, minha cabeça doía muito, tanto que parecia latejar e eu acabei gemendo de dor.

Notei estar em um sofá, me remexi no móvel e quase caí no chão.

Então, ouvi novamente aquele som tão familiar, aquela voz era bastante conhecida por mim. Minha garganta estava seca e eu me sentia muito cansado, um cansaço que não se limitava apenas ao meu físico, mas que também penetrava em minha alma.

Juntei todas as minhas forças e chamei a pessoa dona daquela voz inconfundível.

Hoseok.

Meu amigo veio imediatamente, parecia abatido e seu semblante era de enorme preocupação.

— Ah, graças a Deus você acordou, você me assustou muito. — ele disse parecendo aliviado por me ver de olhos abertos. — O médico veio aqui mais cedo, ele receitou uns medicamentos... Tsc, você ainda deve estar muito grogue, então, talvez durma de novo. — suspirou.

Ele saiu da sala, mas não se demorou muito em voltar, trazendo um copo de água em sua mão, e logo o estendendo para mim. Consegui me sentar no sofá e peguei o copo, tomando um gole generoso, em seguida.

— Ah, cara... — pigarreou, enquanto se sentava na poltrona ao lado do sofá onde eu estava.

O olhei, então, coloquei o copo na mesinha de centro.

— Me fala. — disse simples, cabisbaixo.

Ele deu de ombros e revirou os olhos.

— Não vou falar nada, Yoongi. — disse incisivo, já tinha desviado o seu olhar do meu e agora parecia fitar o chão.

Ele tinha muito o que dizer e eu sabia, ele só estava me poupando naquele momento, eu o conheço. Mas, não valeria a pena deixar essa conversa para depois.

— Hoseok... — disse quase em súplica.

— Olha, eu não entendo a sua dor, nunca passei por nada parecido a perder alguém tão próximo a mim, nunca senti o que você sentiu e continua sentindo, não posso me colocar no seu lugar, mas... eu entendo você. — suspirou, seus olhos já estavam marejados. — Yoongi, você e eu somos melhores amigos e eu sei que perder a Clarisse destruiu você, não tem nenhuma chance disso não doer. — seu rosto começou a corar, como se ele estivesse segurando o choro. — Eu sei que todo aniversário de morte dela você some, você chora, enche a cara e me preocupa, seu idiota você me preocupa muito! Ontem, eu rodei Seul inteira a sua procura, pedindo aos céus que você não fizesse uma besteira. — ele já estava chorando agora. — Hyung, eu te amo muito. Por favor, não me assuste assim... Eu não saberia o que fazer sem você comigo, sei que isso pode soar egoísta... Mas você precisa seguir em frente, como eu disse, eu não conheço a sua dor, mas conheço você, você precisa voltar a viver, por favor.

Hoseok é o tipo de pessoa que na teoria não poderia ser meu amigo, digo isso, pelo fato de termos personalidades tão opostas. Suas emoções o guiam, ele vive de uma forma muito intensa, a ponto de sempre se mostrar transparente sobre o que sente, ele não guarda nenhum tipo de sentimento ruim dentro de si, então, ele extravasa. Já eu, sou bem contrário a isso, minhas emoções estão sempre em último plano, intrínsecas em mim, estão escondidas no mais íntimo do meu ser, enraizadas em meu interior, então, por tanto guardá-las, um dia eu acabo explodindo. E esse dia era sempre na data de aniversário da morte da minha esposa, assim aconteceu na noite anterior.

— Me desculpe por ontem. — disse franco. — Você sabe que ainda é muito difícil pra mim, eu entendo sua preocupação e agradeço por sempre estar aqui, mas você sabe eu não gosto de estar com alguém em uma data assim, acabei bebendo mais do que devia e eu sinceramente não me lembro de mais nada...

Ele suspirou pesadamente e assentiu ao que eu havia dito.

— Espera! Você disse que não se lembra de nada? — ele me questionou, enquanto se levantava da poltrona e ia em direção a minha cozinha.

— Falei sim... Inclusive, minha cabeça tá doendo muito, pega um remédio pra mim? — disse enquanto massageava minhas têmporas.

Ele voltou até a sala, segurando um copo de suco e se sentou na poltrona novamente.

— Cadê o meu remédio? — disse indignado.

— Você já tomou coisa demais, não pode tomar remédio agora, aguenta a dor. — disse simples e tomou um gole do suco. — Hum, você não me disse que tinha uma nova vizinha.

Levantei meu olhar até ele.

— Hyeri? Porque meteu ela tão de repente na conversa? — questionei confuso.

— Yoon... — estreitou os olhos.

— O que? Você conhece ela?

Ele deu um sorrisinho.

— Mano, você é muito idiota. — ele gargalhou e eu apenas o olhava sem entender absolutamente nada. — Eu te encontrei na casa dela ontem, você não se lembra de estar com ela?

— O que? — arregalei os olhos surpreso. — Que história maluca é essa, Hoseok? Você pirou?

Ele se levantou indo até a cozinha novamente e dessa vez, eu o segui.

— Vou fazer algo pra gente comer, esse suco não me encheu nada. — disse ele enquanto fuçava minha geladeira.

— Me explica essa história direito, porque você disse que me achou na casa da Hyeri?

— Porque eu te achei lá mesmo, ué. — deu de ombros. — Como eu disse, passei a noite te procurando, quando não achei você em lugar nenhum, decidi vir até a sua casa porque você já poderia ter voltado depois da madrugada, era manhãzinha na verdade... — pegou a tábua de cortar e começou a picar umas verduras. — Eu buzinei aí na frente e nada, depois desci pra vir tocar sua campainha e ela saiu da casa dela, ela se apresentou e disse que tinha te achado num beco escuro, disse que te levou pra casa dela porque não achou a chave da sua casa no seu bolso, ela disse que você teve febre e delirou quase a noite inteira... — puxou os ar entre os dentes. — Pensando nisso, ela parecia muito preocupada, por sinal... — ele disse como se estivesse se lembrando da expressão da garota. — Não sabia que você tinha feito amizade com os seus vizinhos.

Eu estava em choque, o fato de estar na casa da minha vizinha era pra lá de estranho, visto que só trocamos palavras quando discutimos um com o outro.

— Nós não somos amigos. — falei quase em um sussurro.

Eu não conseguia imaginar a expressão de preocupação no semblante daquela garota, não podia imaginar aquela chatinha sendo gentil comigo, ouvir meu amigo dizendo que ela tinha cuidado de mim, tsc. Não sei explicar, era uma sensação tão estranha.

Hoseok parecia alheio aos meus pensamentos e minha confusão, ele estava bem entretido com a comida que estava fazendo.

— Ela... Ela te falou algo mais? — questionei meio hesitante.

— Hum, algo mais? Tipo oque? — meu amigo perguntou.

— Não sei, como ela me encontrou ou, você disse que ela parecia preocupada?

— Ah... — ele parou o que estava fazendo e virou para me olhar. — Parecia sim, acho que ela não deve ter dormido a noite toda pra cuidar de você, bebezão.

[...]

Mais do que eu possa admitir e explicar, minha mente só estava nela, naquela garota folgada, chatinha, marrenta, a minha vizinha. Hyeri.

Meus pensamentos vagueavam por muito longe, era desagradável e me deixava muito aborrecido.

Como diabos eu estava na casa dela?

Eu devia me apressar e tomar um banho depois que Hoseok desocupasse o banheiro, então, iria visitá-la e agradecer a ela por ter cuidado de mim, certo? Sim, era isso que eu faria.

Depois de longos minutos, meu amigo saiu do banheiro e eu entrei para tomar meu banho. A água estava morna, as gotas escorriam pelo meu corpo e a sensação de vigor começava a surgir. Em um dado momento fechei meus olhos absorto, relaxado. Então, uma imagem ilusória veio em minha mente, era ela.

Tenho certeza que ela me chamava em meio a chuva, eu parecia me apoiar nela e caminhávamos desengonçados no meio da rua... Imagens da noite anterior, suponho eu.

— Argh, minha memória deve estar voltando. — digo esfregando as palmas das mãos em meus olhos.

Sofá,
roupas alheias,
temperatura alta,
conversa,
choro,
compressa,
olhares,
beijo.

— Espera, beijo? — quase gritei. — O que? Não! Não, eu só posso estar alucinando coisas. Se liga, Yoongi. — dei um tapa em meu próprio rosto.

Sai do banheiro perplexo pelo que estava em minha mente, seria uma lembrança real? Não poderia ser.

— Você tá mais pálido do que normalmente é, tá tudo bem? — Hoseok estava largado, esparramado, na maior folga em cima da minha cama.

— Puta que pariu! — gritei.

Hoseok pulou da cama devido ao susto que eu tinha lhe dado, devido meu grito repentino.

— Você enlouqueceu, seu imbecil? — gritou desesperado.

— Acho que sim.

A essa altura o que eu havia imaginado, já tinha sido confirmado pela minha memória que voltava aos poucos.

Estava claro agora, eu a beijei.

— Caralho, eu não acredito que fiz isso! Argh. — bufei me jogando em cima da cama.

— Do que você tá falando, idiota? — Meu amigo agora de pé, me olhava sem entender absolutamente nada do meu surto.

— Hobi, acho que fiz uma coisa muito ruim. — Disse com o rosto abafado pelo travesseiro.

— Você oque? Fala direito.

— Meu Deus, eu beijei ela. — divaguei.

— Argh! — ele me puxou fazendo com que eu sentasse na cama. — Do que diabos você está falando?

— Eu a beijei! — disse de uma vez.

— O que? Tá delirando de novo? Você beijou quem?

— Minha vizinha. — sussurrei e ele me fuzilou com o olhar por não ter entendido o que eu havia dito. — Beijei minha vizinha. Eu beijei a Hyeri! — disse bem alto dessa vez.

Meu amigo sempre foi muito expressivo. Nesse exato momento, ele me olhava com os olhos arregalados e sua boca fazia um "o" perfeito, estava pasmo com que havia acabado de ouvir, eu diria até mesmo espantado.

— Você... Você acabou de dizer que beijou sua vizinha? — ele me questionou e eu assenti. Então, ele começou a rir. — Você acha que eu vou cair nessa?

— Para de ser idiota, eu tô falando sério! — o empurrei. — Hoseok... — o encarei e ele pareceu entender as entrelinhas daquele olhar, como somente um melhor amigo faria.

— Você... Puta merda, você tá fodido. — pigarreou. — Você tem certeza? — assenti. — Ok... — coçou seus cabelos. — Então, o que você vai fazer agora?

— O que eu vou fazer? Eu... — pensei. — Cara, porque eu fiz isso?

— Era o que eu ia te perguntar, eu não sabia que você tinha uma queda pela sua vizinha, ela é muito bonita mesmo mas, você nunca se interessou por ninguém desde a... — ele decidiu não completar a própria frase.

— Bonita? Puf, eu não estou interessado nela. — disse incisivo dando de ombros.

— Então, porque você a beijou?

— Eu... Caralho, eu não lembro... Não me lembro do que aconteceu pra eu beijar ela, ou o que aconteceu depois. — disse bagunçando meus fios de cabelo.

— Ela gosta de você? Sei lá, rolou um clima?

— Gosta de mim?! Tsc, muito contrário a isso, meu amigo, Hyeri me odeia. — ri.

— Hum... — ele hesitou por um instante e então resolveu perguntar: — E você, o que você sente por ela? Também a odeia?

— Nunca poderia odiá-la. — disse quase de imediato, me surpreendendo com minha própria fala. — Eu... Acho ela muito chata, essa é a verdade!

— Hum... — se limitou a dizer e logo deu um sorrisinho. — Então, gatinho, o que você pretende fazer?

— Sei lá, fugir.

E foi exatamente o que eu fiz.

[...]

Em duas semanas eu não tinha esbarrado ou visto Hyeri nenhuma vez, fugia dela quase como o diabo foge da cruz.

Não sou do tipo que posterga qualquer problema ou conversa, mas aquela situação era território desconhecido para mim, não saberia nem o que dizer a ela. Claro que, algum dia eu simplesmente não conseguiria mais escapar, mas até quando pudesse, o faria.

Eu estava em meu escritório digitando um relatório sobre o próximo processo para a equipe de marketing da empresa, quando ouço batidas na porta.

— Entre. — disse com os olhos ainda voltados para a tela do computador.

— Com licença, Sr. Min. — minha secretária adentrou minha sala e me cumprimentou, logo fechando a porta atrás de si. — O Sr. Kim teve que fazer uma viagem a negócios e pediu que o senhor se encontrasse com o Vice-presidente Lee o substituindo em uma reunião, ele lhe mandou os papéis do que se trata a pauta de hoje e quer que eu envie um e-mail com a sua confirmação, caso possa comparecer. — me entregou os papéis.

— Esse hyung... — analisei os papéis. — Mande um e-mail a ele dizendo que o substituirei e cancele o resto da minha agenda de compromissos do dia, vou focar apenas nessa reunião. — ditei e ela assentiu agradecendo e saindo.

Passei o resto da tarde lendo os papéis que Seokjin tinha me enviado, por sorte não se tratava de um assunto desconhecido por mim ou complicado, e quando me dei conta já estava no horário da reunião.

Já na sala de reuniões, Lee Kwan se sentava na ponta da mesa e os acionistas e diretores estavam nas laterais.

Depois de todas as pautas terem sido devidamente debatidas pelos presentes, a reunião finalmente chegou ao fim. Todos cumprimentaram o vice-presidente e começaram a sair da sala, eu estava terminando de recolher alguns papéis com anotações que havia levado, esperando que a multidão se dissipasse para que eu pudesse enfim ir embora.

— Min, você pode vir até aqui?

Era Lee Kwan quem me chamava, logo assenti e me aproximei do mais velho.

— Sr. Lee, tudo bem? — me curvei diante dele.

— Tudo ótimo, rapaz. Aliás, gostei bastante da sua apresentação hoje, você é muito desenvolto com as palavras.

— Agradeço muito, senhor.

— Seokjin, tinha me dito que você provavelmente iria substituí-lo hoje. — ele disse simples.

Esse hyung é tão esperto que já imaginava que eu não negaria o seu pedido, muito estratégico. Nota mental: Seokjin hyung, me deve uma.

— Oh, sim, ele me pediu que apresentasse em seu lugar.

— Desculpe por isso, eu o pedi para fazer uma viagem de última hora e ele me disse que falaria com você, fico feliz que tenha dado tudo certo afinal... — suspirou e eu assenti. — Ouça, Min, tenho um convite para fazer a você.

— Um convite para mim, senhor? Do que se trata? — questionei curioso.

— Veja, não é nada relacionado a empresa, na verdade, é algo pessoal... Esse sábado eu estarei comemorando 49 anos de casado com a minha querida esposa, será uma comemoração fechada, apenas um jantar com algumas pessoas da minha família, e eu gostaria que você fosse... — disse simples.

— Eu, senhor? — disse surpreso. — Agradeço muito o seu convite, mas, o senhor tem certeza sobre isso?

Ele riu.

— Como eu disse anteriormente, seu pai e eu somos amigos, mas ele está em Nova York, então, gostaria que você o representasse. Mas, não se sinta pressionado, se não quiser ir, eu vou entender.

— Ah, eu compreendo... Eu estarei lá, senhor. Me sinto honrado por seu convite, muito obrigado.

Nos despedimos e caminhei em direção a minha sala, busquei meus pertences e sai do prédio, indo até onde estava estacionado meu carro e logo entrando no veículo.

Antes de ligar o automóvel, pensei sobre esse convite. Eu particularmente não gosto de ser convidado para comemorações tão íntimas assim, visto que não sou o tipo sociável, mas eu não poderia dizer não ao meu chefe, ainda mais para algo tão importante. Além do mais, provavelmente será um jantar tranquilo, cheio de desconhecidos e eu vou estar seguro passando despercebido.

Não teria problema comparecer em algo assim, certo?

"Some things you just can't deny..."

🌙

Oii, amorzinhos!
Mais um capítulo pra vocês e ainda vem muita coisa por aí, não deixem de acompanhar.
Ah, tem alguns pontos da fic que estão passando despercebidos por vocês, algumas coisas podem parecer coincidência mas não são...
Façam suas teorias!
Por favor, não deixem de comentar e votar, me ajuda muito.
Amo vocês. 🖤

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