_Sinto um nó se formar em minha garganta e logo após um arder em meus olhos, o aperto no peito crescia e junto à ele uma tristeza. Saí do meu porto seguro para ajudar os anões nessa fria aventura e agora, os jogava à deriva sujeitos aos perigos noturnos...
_Legolas sai indo à encontro de seu pai e me deixa na sacada junto à luz das estrelas. Em minha cabeça só se passava um coisa: e se eu fosse agora? Me aproveitar da ausência de Thranduil e impedir que smaug os incinere, impedir que Thorin faça alguma besteira.
-agora é só você, amarïe...- repito para mim mesma, sinto um frio na barriga e nó apertar minha garganta
_continuo bebendo da taça de thranduil, apenas tentando me livrar das paranóias que rondavam minha cabeça, mas era impossível. Quanto mais se esforçava para não pensar, mais pensava. Quanto mais pensava, mais a vontade de fugir me consumia. Quanto mais esse desejo de ir embora crescia, mais pensava em meus amigos, e pensar neles me fazia querer chorar. Por que?
-deveria manerar um pouco.- o ar doce da noite conduz o som delicado de uma voz feminina, meus olhos ,a esta altura, estavam marejados, mas eu não queria chorar, não ali
-e quem é você para ditar o que devo fazer?-digo enxugando meus olhos ainda observando a vista para o céu
-me desculpe, senhora. Era apenas...um concelho, já que não me parece bem.-ela se põe ao meu lado, era a elfa de cabelos de fogo, a mesma que legolas havia mencionado outrora. Seus olhos verdes brilhavam sob a luz das estrelas, eles carregavam preocupação sob o tom esmeralda
-o que faz aqui?- digo levando a taça quase vazia aos lábios
-só...queria lhe conhecer, meu senhor Thranduil fala muito sobre você, é uma honra.-ela curva seu tronco em minha direção
-não enche. É sobre kili que quer saber? Bom, não faço ideia de onde ele possa ter ido.- vejo o brilho em seus olhos encandecer ao mencionar kili, ela dá um passo a frente nos deixando a menos de um metro de distância. O som da sua respiração pesada adentrava minhas orelhas pontudas, me causando certo nervosismo, cada movimento de tauriel me parecia arquitetado, era tudo um plano de Thranduil, ele sabe...ele sabe que eu os ajudei.
-eu sei que sabe, por favor me diga...
-por que está tão segura enquanto a isso?
-bom... deduzi que não os abandonaria, pra falar a verdade, nunca pensei que você concordaria com o meu senhor Thranduil...sabe, talvez no fim... vocês sejam mais parecidos do que pensam.
-Eu nunca os abandonei! Eu nunca o faria, mesmo que custasse minha vida, eu os dei minha palavra... ao contrário do seu senhor, eu costumo cumprir o que prometo, talvez não sejamos tão parecidos quanto pensa, Tauriel, mas também não somos tão destintos. Mesmo se soubesse o paradeiro dos anões, eu não a diria. Eu não confio em você.- Seus olhos de esmeraldas percorrem o salão com certa rapidez antes de pousarem sobre mim
-eu juro, eu não os quero fazer nenhum mal! Eu sei que vai contra as ordens do meu rei, mas eu não vou fazer parte dessa birra egoísta dele.- Sinto o toque quente de tauriel roçar a pele exposta da minha mão. A brisa do puro outono nos envolve em um vento escasso, o farfalhar das árvores faziam com que as folhas alaranjadas pendessem de seus galhos, os cabelos de tauriel dançavam no ar junto com as folhas, sob a luz das estrelas seus fios ganhavam uma coloração mais escura do que realmente era, desvio meu olhar até seu toque o que a faz apertar de leve meu pulso
-gostaria de poder ajudar, mas eu realmente não sei...cheguei até a cogitar que você os tinha tirado de lá...
-eu não o faria...eu não posso.
-até breve, Tauriel.- digo com esperanças de finalmente me livrar de seu aperto em meu punho, mas ela não o solta, seus olhos encontram os meus e sua boca se abre varias vezes antes de emitir algum som
-eu sei o quanto eles significam para você, minha senhora, então a ajudarei com isso, não se preocupe mais, eu os cuidarei.
-Eu... não sou sua senhora.- me desvencilho do toque de Taurieu e lhe dou as costas. Se isso era um jogo de thranduil, eu não sei, mas na voz de Tauriel, no olhar, no toque... eu pude sentir verdade no seu toque...
_ao sair do salão, tiro os saltos que machucavam os meus pés, logo sigo cambaleando até meus aposentos, talvez seja o vinho, finalmente, fazendo efeito. Parte de mim queria deitar ali mesmo até que o dia amanhecesse. Chego a estranhar a porta, por que ela parecia mais alta e pesada? A abro com dificuldade, ao entrar tenho a sensação de que algo mudou, me parecia maior, algo me era estranho alí
-posso ajudar?- diz Thranduil saindo de uma banheira ao canto do quarto, foi o bastante para me despertar e me deixar sóbria de vez
-a...a...eu...- sem querer mas já querendo, meus olhos passeiam pelo seu corpo pálido e molhado
-Amarië! Sentiu saudades?- Sua expressão era limpa, mas em sua voz, ah, a sua voz carregava um tom sarcástico, ácido mas sensual
-não! Quer dizer, não que eu não tenha sentido, claro que senti... digo, não dessa forma... Quer dizer, eu errei a porta... sabe como é né? Eu estou um pouco perdida...-sinto como um vulcão prestes a entrar em erupção. Por mais que tentasse desviar o olhar, sempre acabava em seu corpo, em sua pele pálida, em suas cicatrizes...
-deve estar cansada, pode ficar aqui essa noite, já que está sem condições de achar seus aposentos.- ele diz pegando um longo hobby de cetim branco que estava pendurado ali perto e cobrindo seu corpo molhado
-não, imagina... Eu não quero incomodar
-não é nenhum incomodo, a não ser que prefira continuar perdida, é claro.- meus pés pareciam petrificados
-é muita gentileza sua...mas...
-estou apenas brincando, venha, eu a levo até lá.- ele sorri e entrelaça nossas mãos, seu toque sempre tão frio quanto o inverno, seu olhar sempre tão azul quanto um lago congelado, suas ações rispidas mas ainda assim, graciosas.
subimos mais algumas escadas e em fim chegamos
-hantalë(obrigado).-digo me virando para o mesmo
-Thraduil se aproxima-saiba que a proposta estará sempre de pé, apareça quando quiser ou se perca novamente, será um prazer.- ele sussurra em meu ouvido, sua voz grave me causa arrepios-mára estë(descanse bem)- antes de se afastar novamente thranduil deposita um beijo no canto dos meus lábios e depois se vai. O vejo descer os degraus enquanto contínuo paralisada. Depois de um tempo vou para a cama com as palavras de thranduil se repetindo em minha cabeça, lembrando da sensação de quando ele me toca. Tiro toda aquela veste exagerada e acabo dormindo nua. Com todo aquele sentimento dentro de mim, me sentia nas nuvens, uma ansiedade crescia para que o dia amanhecesse logo.