hey, diário • taekook

By darkmukesx

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Embora estudassem na mesma sala, Kim Taehyung nunca tinha reparado na existência de Jeon Jungkook antes. Mas... More

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epílogo
bônus 1
bônus 2
bônus 3
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VENDA DOS LIVROS FÍSICOS

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By darkmukesx

Jungkookie 🍓: taehy… eu quero quebrar a promessa

Taehyung se engasgou com o vinho branco que tinha acabado de roubar do pai e derrubou o copo no chão, mal ouvindo o som do vidro se quebrando. Com os olhos arregalados, encarou a tela do celular de novo e releu a mensagem mais algumas vezes, tentando raciocinar direito.

Quebrar a promessa… ele queria quebrar a promessa… mas…

Taehyung se virou e correu para fora da cozinha, sentindo seu coração batendo tão forte ao ponto de fazer seu peito doer.

A promessa de continuar vivo por um mês… não, Jungkook não podia quebrar aquilo.

Fechou a porta de sua casa e correu até a casa vizinha, sem se importar de tocar a campainha. Felizmente o portão estava aberto, então apenas invadiu e entrou. Merda, merda, merda. Estavam indo tão bem. O que caralhos tinha acontecido?

— Aí, que susto, Tae! — Yuna exclamou ao vê-lo entrando de uma vez na sala.

— O Jungkook, cadê ele? — Taehyung perguntou, ouvindo o pavor bem evidente em sua própria voz.

No mesmo instante a garota arregalou os olhos e se levantou do sofá, correndo atrás do irmão mais velho. Taehyung a seguiu até o jardim dos fundos. Na metade do caminho Jinwoo surgiu, com os olhinhos arregalados e uma expressão assustada no rosto.

— Nana, o Goo tá chorando.

Já em completo desespero, Taehyung passou pelos dois e correu até o jardim. Encontrou Jungkook sentado sobre a grama, abraçando o próprio corpo e parecendo chorar baixinho. O celular estava caído ao lado dele, esquecido. Taehyung se abaixou na frente dele e o puxou para um abraço apertado, deixando um suspiro de alívio escapar. Bem, Jungkook estava bem, pelo menos fisicamente.

— Taehy… — ele murmurou, se agarrando a sua camisa com força.

— Eu tô aqui, eu tô aqui. — Taehyung beijou a testa dele e deslizou os dedos pelo cabelo tingido de azul. — O que foi? O que aconteceu?

— Eu… e-eu… — Jungkook se engasgou com o próprio choro. — Eu não s-sei. Eu só…

Taehyung sentiu vontade de chorar junto com ele. Outro ataque de ansiedade? Tentou se afastar um pouco para observar o rosto do garoto, mas ele o abraçou com mais força.

— Não… n-não… fica aqui, fica a-aqui.

— Tá tudo bem, eu não vou a lugar algum.

Jungkook se encolheu em seus braços, com o choro ficando cada vez mais alto e agoniante. O corpo dele estava tremendo e a respiração estava ofegante. Era um ataque de ansiedade, Taehyung tinha quase certeza.

— Eu tô aqui. — sussurrou novamente, vendo Yuna na porta, sem saber se devia se aproximar ou não.

Taehyung fez um sinal para que ela continuasse afastada, se sentou na grama e puxou o garoto para seu colo. Queria tentar ajudar de outra forma, com um exercício de respiração ou algo do tipo, mas Jungkook não o soltava, então talvez conseguisse ao menos distraí-lo da crise.

— Ei, vamos conversar, bebê. Tenta se concentrar só na minha voz, ok?

Taehyung respirou fundo, tentando manter a calma, mas era difícil. O choro de Jungkook quebrava seu coração em milhares de pedacinhos. Só queria poder tirar tudo aquilo dele.

— Eu gosto muito de você, sabia? — murmurou próximo ao ouvido dele. — Eu gosto tanto de você, Jungkookie. A nossa amizade é tão… tão especial pra mim. O que você acha da gente assistir Os Flintstones depois, huh? Eu continuo achando bem chato, mas com você eu assisto sem reclamar. Passar um tempo com você tá virando uma das minhas coisas favoritas do mundo.

Taehyung deslizou uma das mãos pelas costas do garoto e fechou os olhos com força, sem querer vê-lo naquele estado.

— Podemos assitir Harry Potter também, ou Naruto… eu não ligo, qualquer coisa com você é legal. Se quiser a gente pode só ficar abraçado no sofá, sem fazer nada. Vai ser especial de qualquer forma… — Taehyung sentiu um lágrima deslizando por suas bochechas, mas não se importou. — Já falei o quanto eu gosto de você? Pois é… — um risada fraca escapou por seus lábios. — Namjoon tá de olho em você, ele tá sentindo o posto de melhor amigo sendo ameaçado. Aliás ele quer te conhecer, sabia? Eu falo tanto de você que ele tá morto de curiosidade. Quando você quiser, eu posso apresentar vocês dois. Tenho certeza que vão se dar bem ou… — Taehyung riu outra vez, tendo a voz um pouco embargada. — Vocês podem sair no soco pra decidir quem vai ser meu melhor amigo. Secretamente eu vou estar torcendo por você, mas não conta pro Joonie.

O choro de Jungkook parecia diminuir aos pouquinhos, embora seu corpo ainda continuasse tremendo e a dificuldade para respirar fosse bem evidente. Parecia estar funcionando.

— Sabe o que eu mais gosto em você, bebê?

— Huh… n-não… — Jungkook fungou. Ótimo, ele estava mesmo prestando atenção.

— Nem eu. — Taehyung deixou mais uma risada fraca escapar e outra lágrima escorreu por suas bochechas. — Ainda tô tentando decidir, tô numa dúvida cruel entre o seu abraço e a sua risada. O seu abraço é o meu favorito do mundo inteirinho, sabia? Eu gosto tanto, acho que poderia passar um dia inteiro te abraçando. E a sua risada… a sua risada me faz tão b-bem, deixa meu coração quentinho. É tão bom te ver sorrindo e eu gosto tanto de ser o causador desse sorriso. — Taehyung suspirou e deixou outro beijo demorado na testa do garoto. — Ter encontrado aquele diário foi mesmo uma das melhores coisas que já aconteceu comigo, te conhecer… te conhecer f-foi incrível, Jungkook. Somos amigos a tão pouco tempo, mas você já é tão especial pra mim. Se continuar assim, eu vou ser obrigado a te pedir em casamento.

Taehyung respirou fundo outra vez, sentindo mais e mais lágrimas deslizando por suas bochechas.

— O que acha, huh? Podemos c-casar nesse jardim aqui, o Hoseok e a Yuna podem ser nossas damas de honra e a Jennie vai ser o padre.

O corpo de Jungkook tremeu um pouco, mas dessa vez foi diferente. Taehyung arregalou os olhos ao ouvir a risada baixa e curtinha preenchendo seus ouvidos. Tinha soado um pouco estranha por causa do choro, mas valia mesmo assim.

— Gostou da ideia? — Taehyung riu outra vez, ainda meio surpreso por aquilo realmente estar funcionando. — Eu com um terno verde e você com um terno vermelho, que tal? O Jinwoo, a Nayeon, o Joonie e o Yoon podem ser os nossos padrinhos.

— Bobo. — Jungkook sussurrou, exatamente como Taehyung esperava que fizesse.

Ele sempre o chamava de bobo, e voz dele sempre soava de uma maneira tão afetuosa… Era verdade, Kim Taehyung realmente era um bobão por Jeon Jungkook.

— Você ama me dar um fora, né? Mas tudo bem, uma hora eu te supero. — brincou, voltando a deslizar os dedos pelas mechas azuis do garoto. — Já disse o quanto esse cabelo combinou com você? Ficou tão lindo, mas dá próxima vez você vai pintar de verde, ok? Tenho certeza que vai ficar mais lindo ainda.

E Taehyung continuou falando e falando sem parar, inventando assuntos aleatórios e enchendo o garoto de elogios e mais carinho. Em determinado momento a respiração de Jungkook foi finalmente se normalizando e as lágrimas pararam de vir.

Taehyung suspirou, sentindo o alívio dominando seu corpo. Tentou se afastar, mas novamente Jungkook não deixou.

— Já tá escurecendo, bebê. É melhor a gente entrar, pode continuar me abraçando lá no sofá se quiser.

Ele hesitou um pouco, mas por fim assentiu e deixou que Taehyung se levantasse e o puxasse para cima também. Yuna continuava parada na porta, esperando pacientemente pelo irmão. Seoyeon tinha chegado do trabalho e estava ao lado dela, compartilhando da mesma expressão aflita. Taehyung sorriu ao passar por elas, tentando tranquilizá-las. 

Estava tudo bem.

Jungkook estava bem.

[...]

Na quarta-feira, Jungkook faltou na consulta com a psicóloga porque não conseguiu se levantar da cama.

Assim que Taehyung chegou da escola, Yuna o chamou para que tentasse convencê-lo, mas não funcionou.

— Acho que ele não consegue mesmo levantar. — Taehyung falou, aflito.

Merda, estavam indo tão bem. Ele estava sorrindo, saindo do quarto e interagindo melhor com as pessoas. Por que aquilo estava acontecendo?

— Ele tá assim desde ontem. — Yuna falou, se sentando no sofá e enfiando as mãos no cabelo rosa. — Hobi disse que deve ser uma recaída, mas… — ela respirou fundo, tentando conter as lágrimas. — ele nunca ficou assim, quero dizer…

— Era difícil, mas pelo menos ele conseguia levantar da cama… — Jennie completou, girando a chave de seu carro chique na mão, pronta para levar Jungkook a mais uma consulta. — O que a gente faz?

Taehyung suspirou, percebendo que a atenção das duas tinha se voltado para ele, esperando que tomasse a decisão ou desse alguma ideia mirabolante. 

— Se ele não consegue, então não adianta. — passou uma das mãos pelo cabelo e se levantou do sofá. — Se a gente tentar levar ele a força só vai piorar as coisas.

— É, tem razão. — Jennie murmurou, guardando a chave do carro na bolsa e indo se sentar ao lado de Yuna.

— Eu vou ficar com ele. — sem esperar por uma resposta, Taehyung se virou e correu de volta para o quarto de Jungkook.

Ao entrar, encontrou o garoto na mesma posição, deitado entre as cobertas, parecendo não ter forças nem para manter os olhos abertos. Jinwoo estava ao lado dele, com os olhinhos bem abertos, o vigiando exatamente como Jennie tinha mandado.

— Tae, o Goo…

— Tá tudo bem, Jinwoo. — Taehyung forçou um sorriso. — Ele só tá com sono, não se preocupa. Pode ir se arrumar pra escola, daqui a pouco a Ninie vai levar vocês.

O garotinho hesitou um pouco e observou o irmão mais velho, sem a menor vontade de sair de perto dele.

— Pode ir. — Taehyung se sentou na cama. — Eu vou cuidar dele.

Jinwoo assentiu, se dando por vencido, e pulou para fora da cama, correndo para se arrumar para a escolinha. Já estavam um pouco atrasados, então teria que ser rápido.

Taehyung suspirou e levou uma das mãos ao cabelo de Jungkook. Deslizou os dedos pelos fios azuis por alguns segundos, antes de tirar seus allstars amarelos e se deitar ao lado dele. Ainda estava com o uniforme da escola, mas não se deu ao trabalho de ir se trocar.

Jungkook abriu os olhos e observou seu rosto. Ao perceber que ele nem ao menos corou, Taehyung engoliu em seco, com medo. É, as coisas estavam ruins.

— Tá tudo bem, bebê. — se inclinou e deixou um beijo demorado contra a testa dele. — Se você não consegue, então tá tudo bem. Não precisa ir na psicóloga hoje, eu vou ficar aqui com você. Me abraçar você consegue?

Jungkook o encarou por mais alguns segundos, antes de finalmente se mover. Bem lentamente e com certa dificuldade, ele conseguiu passar o braço por sua cintura e se arrastou, se aproximando um pouco.

— Isso, você conseguiu. — Taehyung sorriu e acabou com a pouca distância entre eles. Abraçou o garoto com força e deixou outro beijo na testa dele. — Tá confortável assim?

— Quentinho.

— Eu sou quentinho? — Taehyung voltou a deslizar os dedos pelo cabelo do garoto.

— É…— Jungkook sussurrou. — Muito quentinho.

— Por isso gosta tanto de me abraçar? Por que eu sou quentinho?

— Huh, sim.

— Me diz, Jungkookie… — Taehyung enrolou as mechas azuis entre os dedos, querendo que ele continuasse a falar. Precisava manter a mente dele ocupada com alguma coisa. — O que você mais gosta em mim?

Jungkook ficou em silêncio por longos segundos. Quando Taehyung começou a achar que ele tinha caído no sono, a voz baixinha voltou a preencher seus ouvidos.

— Sorriso. E… abraço.

— É? Só do meu sorriso e do meu abraço?

— Seu cabelo, sua risada e…

— E…?

— Tudo. — Jungkook suspirou. — Eu… eu gosto de t-tudo em você, Taehy.

Taehyung não conseguiu conter um sorrisinho bobo. Tinha gostado daquela resposta bem mais do que deveria.

— Que coincidência, eu também gosto de tudo em você, Ggukie.

Jungkook ergueu o rosto e o encarou, parecendo surpreso.

— Tudo?

— Sim. — Taehyung se inclinou e deixou um beijo na pontinha do nariz dele, exatamente como costumava fazer com Miyeon. Jungkook arregalou os olhos e corou violentamente. — Tudo, desde o seu sorriso de coelhinho até a pontinha do seu nariz, achei que tivesse deixado isso bem claro ontem.

Ele abriu um sorriso fraco e desviou o rosto, envergonhado. Ótimo, isso sim era uma reação comum.

— Eu gosto tanto de você. — Taehyung o apertou ainda mais no abraço. — Tanto, tanto, tanto. E eu vou ficar aqui com você, vou cuidar de você, Jungkookie. Então fica comigo também, eu… eu preciso de você. — fechou os olhos e suspirou. — Você é a minha paz.

Jungkook ficou em silêncio, provavelmente sem saber o que responder. Taehyung não se importou, só queria que ele estivesse ciente daquelas coisas, porque era a mais pura verdade, não era o único que estava ajudando ali, também estava sendo ajudado.

Jeon Jungkook o fazia tão bem, era realmente o seu cantinho de paz em meio a toda aquela tortura constante de sua própria mente.

Alguns minutos depois Yuna entrou no quarto, já com o uniforme da escola e a mochila nas costas. O cabelo rosa caía em seus ombros, se destacando. Taehyung não se cansava de compará-la a uma fada, só faltava as asas.

— Estamos indo, qualquer coisa me manda mensagem, Tae.

— Pode deixar. Não precisa se preocupar, eu vou cuidar dele.

Ela assentiu, abriu um sorriso fraco e saiu. Continuaram em silêncio por mais algum tempo, até Jungkook finalmente se mover. Ele ergueu o rosto um pouquinho, escondeu em seu ombro e respirou fundo.

— Ei. — Taehyung riu, sentindo cócegas quando o nariz dele deslizou por sua pele. Jungkook respirou fundo outra vez. — Que foi? Gosta do meu perfume também? Esse eu roubei da Nayeon, é muito bom, né?

— É… — ele sussurrou, parecendo ter dificuldade para colocar as palavras pra fora. Mais dificuldade do que o normal. — Eu… eu gosto.

— Continua conversando comigo, Jungkookie. Você consegue? Pode falar bem baixinho.

— Tá bom.

— Me conta, você fez algum outro desenho? Além daquele dos alienígenas com a cara da Nana?

Jungkook levou alguns segundos para responder.

— Eu, huh, eu… não fiz, quero d-dizer…

Taehyung sorriu. Ele estava nervoso?

— Que foi? Andou desenhando o que, mocinho? — se afastou um pouco, encontrando o garoto totalmente corado.

Sem conseguir se controlar, Taehyung mordeu a bochecha avermelhada, o que pareceu piorar consideravelmente o nervosismo dele.

— Fofo. — Taehyung riu. — Me diz o que você desdenhou, fiquei curioso.

Jungkook balançou a cabeça em negação e voltou a esconder o rosto contra seu ombro.

— Huh… espera aí. — Taehyung tentou encará-lo novamente, mas o garoto continuou agarrado ao seu corpo, não deixando que se afastasse. — Foi ele? O seu ursinho? É ele que você desenhou?

Silêncio.

— Ei, não é como se eu fosse tomar seu caderno de desenhos pra bisbilhotar, Jungkookie, não se preocupa.

Taehyung estava realmente com vontade de fazer aquilo, mas iria engolir sua curiosidade outra vez.

— Foi… — Jungkook murmurou depois de alguns segundos. — Foi e-ele.

— É? E quantos desenhos dele você fez?

— Não sei. — ele suspirou. — Muitos.

Muitos? Ah, então era isso que o garoto andava fazendo enquanto o Kim estava cuidando dos outros amigos. Desenhando seu ursinho. Devia estar sendo bem útil para distraí-lo e… e…

Taehyung franziu as sobrancelhas, sentindo um incômodo estranho no peito.

— Muitos mesmo?

— É. Muitos.

Muitos com certeza era mais do que três, que era o total de desenhos que Jungkook já tinha feito de Taehyung.

— E você só desenhou ele?

— Não… a Jennie. Huh, ela me pediu um desenho pra… pra fazer uma tatuagem.

— Sério? Que legal. — Taehyung tentou esconder a leve decepção que sentiu. Mas que merda estava pensando? — E você já terminou?

— Ainda não.

— Quando terminar, faz outro desenho meu com o meu cabelão e a minha espada mágica, lutando com um monte de vampiros que querem devorar a humanidade.

— Vou adivinhar. — Jungkook deixou uma risadinha baixa escapar. — É pra desenhar os vampiros com a cara do Yoongi?

— Sim! — Taehyung riu também. — Você lembra direitinho como é a cara dele, né?

— Sim, eu… eu conheço ele. Uma vez… ele me ajudou. Com uma prova.

— Sério? — Taehyung ergueu as sobrancelhas, surpreso.

— É… foi no começo do ano. — Jungkook respirou fundo. — Era de matemática. A professora mandou… mandou ele recolher as provas, m-mas eu não tinha feito nada. Ele parou na minha mesa e… e falou todas as respostas pra mim bem rápido. Eu tirei nota máxima.

Taehyung abriu um sorriso orgulhoso. Yoongi era incrível. Totalmente incrível. Será que Jungkook sabia que tinha sido ele que o encontrou no banheiro? Provavelmente não.

— Ele é demais, sempre me ajuda também.

— Mas mesmo assim você quer matar ele em forma de vampiro.

— Ok, você tem um ponto. Mas quero o desenho mesmo assim.

Jungkook deixou outra risadinha escapar e se moveu um pouquinho, tentando chegar mais perto. Taehyung enrolou o cabelo dele entre os dedos, continuando a brincar com as mechas azuis. Sentia o corpo dele contra o seu, totalmente colados, causando uma sensação gostosa. Deixou que o silêncio reinasse pelos próximos minutos, apenas aproveitando aquele abraço de corpo inteiro. Um sorriso bobo enfeitava seus lábios.

Mas esse sorriu morreu quando um soluço baixo preencheu seus ouvidos. Taehyung arregalou os olhos.

Jungkook estava chorando.

Mas… o que?

— Jungkookie? — se afastou um pouco, vendo as lágrimas escorrendo pelas bochechas dele em uma velocidade absurda. — Ei, o que foi? O que foi, bebê?

Jungkook voltou a esconder o rosto em seu ombro, molhando sua camisa com as lágrimas. Com os olhos arregalados, Taehyung continuou a abraça-lo, sem saber o que fazer. Não sabia nem o motivo do choro repentino. As coisas pareciam estar indo bem.

— Eu… eu n-não aguento mais, Taehy. — ele murmurou, tendo a voz totalmente embargada. — Tem dias que parece que tá melhorando, mas depois volta t-tudo.

Taehyung suspirou e permaneceu em silêncio, dando espaço para que ele continuasse a falar. Outra vez tinha sido inocente demais por achar que as coisas estavam indo bem?

— Eu… eu ainda quero m-morrer.

A frase sussurrada e desesperada o atingiu de maneira violenta, fazendo as lágrimas se formarem ao redor de seus olhos também. Um soco doeria menos.

— Eu tô t-tentando… eu juro q-que tô, eu não quero quebrar a promessa, mas… m-mas… — Jungkook se engasgou com o próprio choro.

Então era isso. As coisas não estavam bem. Jungkook ainda continuava sofrendo em silêncio, se esforçando ao máximo para não machucar as pessoas ao seu redor. Se esforçando para melhorar, para continuar vivo.

— E… — Taehyung respirou fundo, tentando manter a voz firme. — E as consultas com a psicóloga, não estão ajudando?

Jungkook ficou em silêncio, parecendo não ter coragem para falar a verdade. Só aquelas últimas frases já deviam ter gastado um esforço absurdo para serem colocadas pra fora.

— Me conta, Jungkookie. Pode me contar tudo. Eu li o seu diário, lembra? Vai ser só um segredo a mais que você vai me contar.

Ele continuou em silêncio por longos minutos. Quando Taehyung já estava aceitando a derrota, a voz baixinha voltou a preencher seus ouvidos.

— Não. — ele fungou. — Não tá a-ajudando. Eu odeio. Eu o-odeio aquilo.

Ele odiava as sessões? Mas… Taehyung respirou fundo outra vez, tentando organizar seus pensamentos. Ok, se Jungkook não gostava da terapia, então tinha algum problema ali. Ele já tinha ido a várias sessões, já devia estar no mínimo se acostumando.

— Por que você não gosta, bebê? Me conta.

— Eu… eu não entendo.

— Não entende? — Taehyung continuou a deslizar os dedos pelo cabelo dele, tentando transmitir algum conforto naquele carinho simples. — O que você não entende?

— Ela só… só fica olhando pra mim e e-esperando eu falar… mas eu não… não consigo. Ela faz perguntas estranhas e fala… fala coisas que eu não e-entendo.

— E os remédios? — Taehyung perguntou, tentando manter uma pontinha de esperança. — Estão te ajudando? Me fala a verdade, Jungkookie.

— Um pouco. — ele fungou outra vez. — Mas só um p-pouco.

Taehyung suspirou, sentindo o desespero se instalando lentamente em seu corpo outra vez. Então era isso, o tratamento não estava surtindo muito efeito, o que fazia Jungkook se sentir culpado por não conseguir melhorar e consequentemente piorava ainda mais o estado dele, ao ponto de não conseguir sequer levantar da cama.

Provavelmente o psiquiatra teria que aumentar a dosagem dos remédios na próxima consulta. E a psicóloga… talvez devessem trocar.

— Você já aguentou tanto, Jungkook. — murmurou, sentindo as lágrimas escorrendo por suas bochechas, enquanto as lágrimas dele continuavam a molhar sua camisa. — Vamos dar um jeito, ok? Vamos procurar outra psicóloga e… ir no psiquiatra de n-novo. Eu sei que é difícil, mas vamos continuar com você. E… eu… eu…

Taehyung não conseguiu concluir a frase. Seu choro ficou mais alto e aflito, impossibilitando que as palavras saíssem. Tentou se acalmar, tentou parar de chorar, sabendo que aquilo só faria Jungkook se sentir ainda mais culpado, mas foi impossível parar. O medo de perdê-lo foi crescendo, até tomar conta de seu corpo por completo.

Durante alguns instantes, Taehyung desabou junto com ele.

Abraçou Jungkook com mais força, tentando mantê-lo bem ali, em segurança. Não podia perdê-lo, não daquele jeito, não naquele momento.

Continuou chorando e soluçando por longos minutos, até começar a se acalmar aos poucos. Girou na cama e puxou o garoto para cima de seu corpo. Com uma das mãos, Taehyung começou a enxugar suas próprias lágrimas; com a outra passou a enxugar as de Jungkook.

— Ei, olha pra mim. — chamou, se esforçando para colocar as palavras pra fora.

Lentamente, Jungkook ergueu o rosto e o encarou. Ao ver a expressão dele, totalmente quebrada e vulnerável, Taehyung precisou respirar fundo mais algumas vezes para conseguir conter uma nova onda de lágrimas.

— Você é muito forte, sabia? Tão f-forte, Jungkook. — deslizou os dedos pela bochecha dele de maneira carinhosa. — Eu queria tanto te ajudar, queria tanto tirar tudo isso de você. Mas a única coisa que eu posso fazer é tirar algumas pedrinhas do seu caminho, as rochas maiores são com você. Mas ainda assim eu vou continuar aqui, tentando te empurrar pra frente. Eu vou continuar com você, Jungkook. A gente vai c-conseguir, você vai ver…

Taehyung envolveu o rosto de Jungkook entre as mãos e se inclinou, deixando outro beijo demorado na testa dele.

— Vamos conseguir… — repetiu, se esforçando ao máximo para acreditar nas próprias palavras.

Jungkook assentiu com certa dificuldade e deitou o rosto contra seu peito. Taehyung voltou a abraçá-lo com força e fechou os olhos.

Só queria vê-lo bem, só isso.

Mas claro que não seria tão fácil assim.

Pelos próximos dois dias, Jungkook não conseguiu levantar da cama sozinho.

Não comeu mais do que uma refeição durante esses dias e se recusou a tomar os remédios, dizendo que não conseguia engoli-los. Taehyung e Hoseok tiveram que arrastá-lo até o banheiro algumas vezes, mas ele continuou sem tomar banho ou escovar os dentes direito, mal tinha forças para se manter de pé sozinho.

No terceiro dia, Taehyung já não aguentava mais, então quando Hoseok sugeriu que dessem um banho no garoto, aceitou sem pensar duas vezes.

O quarto dele estava uma bagunça completa, não era limpo a vários dias, então enquanto Jennie e Yuna se juntavam para arrumar o lugar, Taehyung e Hoseok tiraram Jungkook da cama e foram em direção ao banheiro. Jinwoo foi atrás, tendo uma expressão chorosa no rosto. No dia anterior ele tinha chorado e implorado para que não levassem Jungkook ao hospital de novo, porque tinha medo dele não voltar nunca mais.

Depois de darem um banho demorado no garoto, o arrastaram até a cozinha.

— Você precisa comer um pouquinho, Gguk. — Hoseok falou, observando o melhor amigo com um sorriso triste. — Eu fiz aquela macarronada que você gosta e a sua mãe fez frango assado.

Jungkook não respondeu. Ele parecia ter perdido totalmente o controle do próprio corpo e mal conseguia manter os olhos abertos. Era totalmente desesperador vê-lo naquele estado, Taehyung já não aguentava mais engolir o choro na frente dele.

Depois da confissão de Jungkook sobre o tratamento não estar ajudando em nada, a mãe dele foi atrás de outro psicólogo e marcou uma nova consulta. O retorno no psiquiatra também estava marcado para a próxima semana. Era como se estivessem recomeçando tudo de novo, mas infelizmente não tinha outra alternativa, era a única coisa que poderiam fazer no momento.

Colocaram Jungkook sentado na cadeira e Seoyeon trouxe um prato de comida, junto com um copo de suco de morango. Os olhos dela estavam vermelhos e inchados, denunciando o choro recente. A família inteira estava naquele estado, até Yuna tinha desabado no choro mais cedo.

Jungkook encarou o prato de comida com o olhar perdido. Taehyung puxou uma cadeira e se sentou ao lado dele.

— Olha o aviãozinho. — brincou, pegando uma pequena quantidade de comida e erguendo até a boca do garoto.

Com uma enorme dificuldade, Jungkook mastigou a pequena porção e engoliu com a ajuda do suco. E com mais dificuldade ainda, ele pegou a colher da mão de Taehyung e tentou comer um pouco sozinho.

Na terceira colherada, ele soltou a colher no prato e começou a chorar.

No mesmo Taehyung o puxou para um abraço. Podia ser difícil para as pessoas ao redor, mas para Jungkook estava sendo dez vezes pior.

— Taehy… — ele chamou, se agarrando a sua camisa.

Taehyung deslizou os dedos pelo cabelo do garoto e deixou que ele chorasse contra seu ombro, esperando pacientemente até que se acalmasse. Quando o choro de Jungkook foi diminuindo, Taehyung se afastou um pouco e começou a enxugar as lágrimas dele, tentando conter suas próprias lágrimas a todo custo. Estava tentando ao máximo não desabar junto com ele outra vez, aquilo só iria piorar as coisas.

— Hobi, pega um copo de água pra ele. — pediu, respirando fundo.

Hoseok, que também tinha algumas lágrimas manchando suas bochechas, correu para pegar a água na geladeira. Devia estar sendo duas vezes mais difícil para ele, afinal era a segunda vez que presenciava aquela doença maldita destruindo uma pessoa próxima.

Lentamente, Jungkook conseguiu beber a água, o que Taehyung considerou como uma vitória.

Um passo de cada vez, mesmo que sejam passinhos de tartaruga.

Ele claramente queria comer, mas não conseguia, então Taehyung voltou a levar a comida na boca dele, disposto a passar a tarde inteira naquilo se fosse preciso. Jungkook conseguiu comer metade da comida no prato, o que foi outra vitória. Quando percebeu que ele não conseguiria comer mais, Taehyung se levantou e estendeu a mão, vendo se ele conseguia se levantar sozinho. Jungkook segurou sua mão e bem lentamente, como se estivesse carregando o peso do mundo inteiro sobre seus ombros, conseguiu se colocar de pé.

Mais uma vitória.

— Quer assistir alguma coisa, bebê?

Jungkook assentiu. Taehyung o puxou em direção a sala e colocou Os Flintstones na tv. Se deitou no sofá e puxou o garoto para cima de seu corpo, deixando que ele se aconchegasse em seu peito. Minutos depois, todos se reuniram na sala também; Seoyeon e Jennie no outro sofá, e Yuna, Hoseok e Jinwoo no chão.

Enquanto os episódios chatos do desenho passavam na tv, Taehyung se concentrou apenas em fazer mais carinho no cabelo de Jungkook e distribuir mais beijinhos pelo rosto dele.

E quando ele abriu um sorrisinho pequeno e corou um pouco, Taehyung considerou como mais uma vitória.

[...]

Duas semanas depois da morte de Seulgi, o clima sombrio e pesado ainda continuava pela escola.

Quando Namjoon colocou os pés no pátio, Taehyung se apressou em passar um dos braços pelos ombros dele e abriu um sorriso tranquilizador. Nayeon e Jisoo vieram logo atrás, com os braços entrelaçados. Felizmente todos os três eram da mesma sala, então não ficariam sozinhos durante as aulas.

Infelizmente Namjoon e Jisoo ainda continuavam na mesma, totalmente destroçados e sem dar sinais de que iriam superar aquilo tão cedo. Taehyung também estava uma pilha de nervos por causa do estado de Jungkook, então do pequeno grupinho, Nayeon era a que estava melhor. Ela tinha se recuperado rápido e seguia em frente. Nayeon era assim, era praticamente impossível algo colocá-la para baixo por muito tempo. Mas Taehyung sabia bem que todas as tardes ela ia até o cemitério para levar uma flor para Seulgi. Aquele era seu jeito de lidar com o luto pela amiga.

À medida que foram andando pelos corredores, todos os olhares se voltaram para o pequeno grupinho e os cochichos começaram a se espalhar de maneira nada discreta. Taehyung cerrou os punhos, sentindo uma certa irritação se espalhando por seu corpo. Claro, já estava esperando por isso, era óbvio que iriam julgar Namjoon aos montes, como se ele mesmo já não estivesse se culpando o suficiente. Mas ainda assim era revoltante, sabia perfeitamente que a maioria daquelas pessoas nem se importavam com Seulgi de verdade, só queriam mais fofoca, como se aquela merda toda fosse alguma novela mexicana.

Taehyung acompanhou os amigos até a sala do terceiro ano, sem a menor vontade de se separar deles. Se sentou sobre a carteira de Namjoon e balançou os pés no ar. Será que algum professor iria perceber caso ficasse infiltrado ali? Poderia sentar no fundo, talvez. O cabeção daquele cara de óculos com certeza iria esconde-lo.

— Você vai se atrasar, Taehy. — Namjoon avisou assim que o sinal tocou.

Taehyung bufou, chateado.

— Pode ir, Tae. — Nayeon empurrou de leve seu ombro.

Taehyung desceu da mesa, ainda cogitando seriamente a possibilidade de se esconder atrás do cabeçudo de óculos. Mas algum chato com certeza iria dedurar para os professores. Nayeon o empurrou pelos ombros outra vez. Emburrado, Taehyung se deu por vencido e caminhou para fora da sala, sentindo alguns olhares fixos em suas costas. Assim que saiu, acabou esbarrando em alguém.

— Devia olhar por onde anda, Kim. — Hoseok falou, dando uma cotovelada de leve em seu braço. — É isso que as pessoas sempre te falam, né?

Taehyung abriu um sorriso fraco. É, já tinha perdido a conta de quantas vezes ouviu aquela frase, às vezes em um tom alegre e descontraído, outras vezes de maneira grosseira.

— Eu olho por onde ando, não é minha culpa se as pessoas se materializam do nada na minha frente. — deu um passo para o lado, abrindo espaço para que os outros alunos entrassem na sala.

Hoseok o encarou por alguns segundos e então olhou para dentro da sala, no exato lugar onde Namjoon estava, junto de Jisoo e Nayeon. No mesmo instante ele pareceu entender o que Taehyung estava fazendo ali, abriu um sorriso triste e deu um tapinha em seu ombro.

— Você cuida do meu melhor amigo e eu cuido do seu, uma troca justa, né?

Antes que Taehyung pudesse responder, ele caminhou para dentro da sala, se sentou na mesa vaga na frente de Namjoon e começou a falar sobre algum assunto aleatório. Namjoon ficou surpreso com a presença repentina do garoto, mas logo abriu um sorriso e... deu risada?

Taehyung sorriu. Sim, era realmente uma troca justa. Um pouco mais tranquilo, se virou e caminhou em direção a sua própria sala. Como esperava, as aulas se arrastaram de maneira lenta e torturante, e novamente não conseguiu prestar atenção em muita coisa, sua mente sempre se revezando entre Jungkook e Namjoon. Quando o sinal do intervalo tocou, Taehyung praticamente correu para fora da sala. Sabia que Namjoon e as meninas dificilmente apareceriam no refeitório, então seguiu para o pátio do lado de fora e se sentou sobre a grama, esperando por eles. Tirou o celular do bolso e checou as mensagens.

Nana 🌺: taeeee o gguk conseguiu levantar da cama sozinho e foi pra sala desenhar junto com o jinwoo

Taehyung arregalou os olhos e abriu um sorriso enorme, repleto de alívio. Finalmente! Mais uma vitória, e uma das grandes dessa vez. Se apressou em responder a mensagem e em seguida foi até o contato de Jungkook.

"um passarinho rosa me contou que vc tá desenhando, é o que eu tô pensando?"

Jungkookie 🍓: você lutando contra yoongi's vampiros? é kkk

O sorriso de Taehyung aumentou, quase ao ponto de rasgar suas bochechas.

"não esquece do meu cabelão, ele é a fonte de todo o meu poder, eu sou tipo a rapunzel de enrolados"

Taehyung ergueu o rosto e avistou seus amigos se aproximando. Hoseok continuava junto de Namjoon, com um braço ao redor dos ombros dele e falando sobre algo que provavelmente era muito idiota, já que Jisoo claramente estava julgando ele com os olhos. Mas Namjoon estava sorrindo.

Taehyung passou uma das mãos pelo cabelo e tentou manter seus pensamentos positivos. Ok, Jungkook tinha se levantado da cama e Namjoon estava sorrindo. Os dois ficariam bem, em algum momento.

— Ué, tá querendo engravidar a amiga dela também, Namjoon?

O sorriso de Taehyung morreu tão rápido quanto o do melhor amigo. Olhou ao redor, vendo um grupinho de três garotos a alguns metros de distância. Estavam se referindo a Jisoo, obviamente. E a toda a proximidade dos dois depois do que tinha acontecido. Taehyung guardou o celular no bolso e se levantou, caminhando apressado até onde seus amigos estavam. Uma rodinha parecia estar se formando ao redor, como se esperassem por alguma confusão. Claro, tinha sido combinado. Desgraçados.

— Olha, cara, não enche. Ninguém aqui tá com cabeça pra essa palhaçada de vocês. — Hoseok falou, sério.

— O que? Não diz que ele tá se fazendo de vítima agora? — um garoto perguntou, cruzando os braços. Taehyung o reconheceu como sendo da equipe de torcida. — Até onde eu sei foi ele que obrigou a Seulgi a fazer o aborto, deve tá bem feliz agora, né? Uma responsabilidade a menos na sua vida.

Taehyung parou ao lado do melhor amigo e cerrou os punhos. Então era essa a mentira que estavam espalhando por aí?

— Você não sabe de nada, cala a boca! — Jisoo exclamou, visivelmente magoada. — Foi uma escolha dela, ninguém obrigou nada.

— Tá dizendo que a culpa é dela então? Nossa, mas que bela amiga você, Jisoo.

A garota abriu a boca para rebater, mas acabou desabando em lágrimas. Nayeon se apressou em abraçá-la.

— Até onde eu sei… — a voz de Yoongi ecoou, alta e séria, sem nenhum resquício de tédio. Taehyung virou o rosto, vendo o amigo se aproximando em passos calmos. — A culpa foi de um desgraçado que se diz médico, que achou que seria uma boa ideia montar uma clínica sem os equipamentos certos e todo o suporte que precisa.

— Nem vem se meter, Min.

Yoongi parou ao lado de Hoseok e ergueu uma sobrancelha.

— Vocês saíram espalhando pela escola inteira que o Namjoon obrigou a Seulgi a fazer aquilo, depois espalharam que iam fazer ele pagar por isso. Estão mexendo com os meus amigos, acha que eu não vou me meter?

Yoongi ergueu um dos braços, fazendo um movimento estranho, e repetiu a mesma coisa com o outro braço. Ele estava… se alongando?

— Mas tudo bem, obrigado por isso. — Yoongi passou a mão pelo cabelo esverdeado, jogando os fios para trás, e se aproximou. — Esses últimos dias tem sido bem estressantes, eu tava mesmo precisando descarregar em alguma coisa.

No instante seguinte, ele partiu para cima de um dos garotos.

Taehyung arregalou os olhos e deu alguns passos para trás, assustado. Mas que porra…? Em questão de segundos, Yoongi deixou o garoto caído no chão e partiu para cima de outro, desferindo golpes tão rápido que era até difícil de acompanhar.

— Puta merda! — Hoseok exclamou, deixando uma risada divertida escapar.

Onde ele estava vendo graça naquilo? Era no mínimo assustador. Desde quando Yoongi era tão bom de briga? Ele devia ser só um gênio calmo e entediado! Tudo bem, ele já tinha se irritado uma única vez e batido em um cara, mas nada naquele nível. Em menos de três minutos, dois dos garotos estavam caídos no chão, com o nariz sangrando e o rosto todo machucado. Mal tinham tido tempo de reagir com o ataque repentino, então Yoongi continuava sem um único arranhão.

Quando ele estava prestes a partir pra cima do terceiro, uma voz alta e irritada preencheu o lugar.

— Mas que porra! — Jimin exclamou, se aproximando em passos furiosos. — Era aqui o banheiro que você estava vindo, Min Yoongi? O que caralhos você pensa que está fazendo?

Wow, o representante certinho da turma tinha falado dois palavrões de uma vez, aquilo também era chocante. Byun Baekhyun e Beomgyu, o irmão mais novo de Seulgi, se aproximaram também, vindo logo atrás de Jimin.

Enquanto estava distraído com a bronca de Jimin, Yoongi acabou levando um soco certeiro no rosto de um garoto aleatório, que aparentemente estava doido para entrar no meio da confusão também. Yoongi levou a mão ao queixo e cambaleou para trás. Quando o garoto se preparou para acertar outro soco, Jimin se enfiou entre eles, agarrou a mão dele e o mandou para o chão em um piscar de olhos. Outra coisa totalmente chocante, até Taehyung se lembrar de que o representante da turma era faixa preta em taekwondo. Mas continuava chocante do mesmo jeito!

— Já chega, isso é a porra de uma escola e não uma arena de gladiadores! — Jimin gritou, ainda mais furioso.

Ainda com a mão no queixo machucado, Yoongi deu um passo para trás. Jimin apontou para dois garotos próximos.

— Você e você, levem esses dois pra enfermaria. — eles hesitaram por alguns segundos. Jimin cruzou os braços e estreitou os olhos. — Agora!

A ordem nem tinha sido direcionada a ele, mas mesmo assim Taehyung ficou com vontade de obedecer, só pra ver se o representante se acalmava um pouco. Enquanto tiravam os dois garotos machucados dali, Jimin se virou para Yoongi.

— E você, seu encrenqueiro… — ele apontou para o prédio da escola. — Pra diretoria. Agora.

Yoongi ergueu as mãos em sinal de rendição, tendo um sorrisinho estranho nos lábios.

— E vocês… — Jimin elevou o tom de voz, soando ainda mais autoritário ao se dirigir a rodinha de curiosos que estavam assistindo a confusão. — Circulando, circulando. Vamos lá, a palhaçada acabou, saiam daqui! 

A rodinha começou a se espalhar bem no exato momento em que um supervisor chegou, cansado e ofegante, o que tornou a cena meio cômica. Qualquer dia desses Jimin ainda roubaria o emprego deles.

Enquanto o supervisor levava Yoongi dali, Jimin se virou para Baekhyun e Beomgyu, que estavam quietinhos no canto, provavelmente tentando fugir de alguma bronca também. Mas não funcionou.

— Vocês me acham com cara de palhaço ou o que?

— Não sei do que tá falando, Jiminie. — Baekhyun respondeu, abrindo um sorriso sem graça. — A gente só queria saber do tal deus da fertilidade e sua maldição do pinto eternamente duro, não era nenhuma distração pro Yoongi descer o cacete neles e nem nada. Foi só uma coincidência.

Pinto eternamente duro? Taehyung fez uma careta. Tinha como aquilo ficar mais bizarro? Jimin respirou fundo, parecendo contar até dez mentalmente.

— Quer saber… — ele resmungou, começando a caminhar para dentro da escola. — Vão se fuder!

Caralho, quantos palavrões ele tinha falado? Provavelmente mais do que durante sua vida inteira.

— Ele é sempre meio surtado assim? — Hoseok perguntou, rindo outra vez.

— Ei, você é amigo daquela biruta da Jennie, não tem moral pra julgar ninguém. — Baekhyun respondeu, se aproximando.

— Não fala assim do meu monstrinho, ela é um amor.

Taehyung se virou, querendo ver como Namjoon estava, mas franziu as sobrancelhas ao perceber que ele tinha se afastado. Levou alguns segundos para avistá-lo sentado sobre a grama, tentando ajudar Nayeon a acalmar Jisoo. Taehyung correu até eles, com medo da garota estar tendo outro ataque de pânico, mas aparentemente era apenas um choro baixinho e doloroso. Hoseok se aproximou também e, estranhamente, Baekhyun e o Beomgyu vieram atrás, o que deixou Namjoon em completo choque por alguns segundos, afinal eram o irmão e o melhor amigo de Seulgi. Eram duas das pessoas que mais deviam odiá-lo naquele momento. Mas nenhum dos dois garotos disse absolutamente nada; sem olhares de julgamento, sem palavras agressivas e acusatórias, sem nenhum resquício de raiva.

Estavam ocupados demais vivenciando um luto de verdade.

Minutos depois, todos estavam sentados na grama, formando uma rodinha meio torta e deixando que um silêncio triste reinasse ao redor.

[...]

Taehyung passou uma das mãos pelo cabelo, ansioso.

Dongsuk fechou a geladeira e parou ao seu lado, tendo uma taça generosa de vinho na mão. Taehyung tomou a taça e bebeu mais da metade de uma vez, recebendo um resmungo de reprovação do pai.

— Você não tem idade pra beber, as vezes eu me sinto um pai irresponsável.

O garoto abriu um sorriso fraco e devolveu a taça para ele.

— Eu só bebo seu vinho e algumas cervejas com os meus amigos, relaxa, papai. Não sou um alcoólatra em potencial.

O homem puxou uma cadeira e se sentou ao seu lado. No mesmo instante Taehyung deitou o rosto contra o ombro dele.

— Isso não faz eu me sentir melhor, se algum dia você chegar bêbado em casa antes dos dezoito anos, eu vou passar o dia inteiro gritando no seu ouvido e fazer você ter a pior ressaca da sua vida.

Taehyung riu. Podia ter soado em tom de brincadeira, mas seu pai com certeza faria algo do tipo.

— Aliás você não devia estar na casa dos Jeon? Você só vive lá agora. — ele não fez questão de disfarçar o ciúme na voz.

— Tô esperando o Jungkook chegar da consulta com o novo psicólogo.

— Por que ele tem que ir em um psicólogo?

— Depressão e ansiedade. — Taehyung deu de ombros, sem a intenção de dar mais detalhes do que isso. — Eu tô tentando ajudar ele um pouquinho, por isso não saio de lá, seu ciumento.

Dongsuk assentiu e ficou em silêncio por alguns segundos.

— Ele é seu namorado?

Taehyung riu. Ele até que estava demorando para fazer aquela pergunta.

— Não, papai. Somos amigos.

— Huh. — ele murmurou, não parecendo muito convencido.

— Mas… — Taehyung mordeu o lábio inferior e deixou que as palavras saíssem, sem nem pensar direito. — eu sou bissexual, não gosto só de garotas, então… — deu de ombros outra vez. — talvez eu namore com um garoto algum dia.

Dongsuk bebeu o resto do vinho em sua taça.

— Legal.

— Legal? — Taehyung riu e se afastou um pouco para observar o rosto do pai. — Vai falar só isso?

— O que? Eu devia fingir surpresa?

— Você sabia?

— Taehyung, você não sai da casa vizinha. Aquela diabinha da Yuna é criança, a mãe dela é velha demais pra você, então só resta o garoto. Foi só somar 1+1.

— Ei, eu já falei que somos só amigos. Só tô tentando ajudar ele.

— Não acredito em você.

Taehyung cruzou os braços, um pouco indignado.

— Por que?

— Eu vi vocês no jardim ontem, você olha pra ele com uma tremenda cara de bobo, até pegou uma das minhas rosas vermelhas pra dar pra ele. Sabe o que significa rosa vermelha?

— É a cor favorita dele! Ele tava meio pra baixo, eu só queria deixar ele mais animado.

Dongsuk o encarou com uma expressão estranha. Estava claro que não acreditava em uma única palavra que saia por sua boca.

— Você é um bocó. — ele concluiu, se levantando da mesa.

— Ei! — Taehyung o seguiu até a sala, ainda mais indignado. — Somos só amigos, é sério. Eu não teria chance com ele nem se quisesse.

— Ele também te olha com uma tremenda cara de bobo, quase desmaiou quando você deu a rosa pra ele, claro que você tem chance.

Taehyung revirou os olhos, ali estava a prova de que seu pai não tinha a mínima noção do que estava falando. Jungkook só corou e abriu um sorrisinho muito fofo, nada demais, ele sempre tinha aquela reação.

— Você não sabe do que tá falando, papai. — se sentou no sofá e deitou o rosto no colo dele, um pouco emburrado.

— Você que é meio burrinho. — Dongsuk rebateu, enfiando os dedos entre os fios vermelhos do cabelo do filho e iniciando um carinho lento. — Na sua idade eu era bem mais inteligente, não sei quem puxou. Deve ter sido a sua mãe, ela sempre foi uma anta.

Taehyung tentou fingir uma expressão irritada por causa do insulto, mas não conseguiu. Um sorriso fraco começou a brotar em seus lábios.

— Huh, mas tudo bem por você? — perguntou, apenas para ter certeza. — O fato de eu gostar de garotos também?

— Tenho preocupações maiores do que as pessoas que o meu filho anda beijando por aí. Mas toma cuidado, não precisa sair espalhando isso pra todo mundo. Eu não quero ser preso.

— Preso? — o garoto franziu as sobrancelhas, confuso.

— Se alguém algum dia te bater por causa disso, eu vou matar essa pessoa. Não me importa se for um padre, a polícia ou a sua mãe. Se te machucar, eu vou matar. Então se não quiser levar vinho pra mim na cadeia é melhor se comportar e tomar cuidado.

— Credo, pai!

— É só um aviso.

Taehyung deixou outra risada tranquila escapar. É, contar sobre sua sexualidade tinha sido até mais fácil do que esperava. Continuou deitado no colo do pai por longos minutos, esperando pacientemente até que Jungkook chegasse em casa. Queria saber pessoalmente como tinha sido a primeira sessão com o novo psicólogo. Tirou o celular do bolso, soltando um suspiro de alívio ao ver a mensagem de Jennie avisando que já estava saindo da consulta. Como ainda iam demorar um pouquinho, Taehyung continuou mexendo no aparelho por mais alguns minutos, dando uma olhada nos stories do Instagram. Estava deslizando os dedos pela tela de maneira distraída, quando um vídeo em especial chamou sua atenção.

Byun Baekhyun.

Era um vídeo curto, que parecia ter sido gravado em algum tipo de academia. Tinha vários equipamentos espalhados ao redor. Provavelmente era o lugar onde ele fazia aula de taekwondo.

Ei, galera... — a voz dele soou em um tom alto e animado. Ele estava filmando a entrada do lugar. No canto do vídeo, Taehyung notou Beomgyu parado, usando aquelas roupas típicas de quem prática artes marciais, com uma faixa branca amarrada na cintura. — Saca só quem tá de volta.

Segundos depois, quando Jimin entrou no lugar, o vídeo se tornou uma gritaria enorme. Taehyung não conseguiu conter um sorriso. É, ele devia ser realmente bom para fazerem toda aquela festa. Ou ele só era muito querido e bem vindo mesmo.

"VOLTOU PRA FAZER A LIMPA NAS COMPETIÇÕES DE NOVO" era a legenda que Baekhyun tinha colocado. No story seguinte tinha outro vídeo; nele, Jimin tinha trocado de roupa e estava com a faixa preta na cintura. O oponente dele era um homem mais velho, que também usava a faixa preta e sorria de orelha a orelha, como se tivesse acabado de ganhar na loteria.

"E ainda teve a cara de pau de dizer que tava meio enferrujado" era a legenda, que fazia bastante sentido, já que Jimin derrubou o homem no chão em um piscar de olhos, em um movimento tão rápido que Taehyung mal conseguiu acompanhar. Wow, ele era realmente bom.

Os stories seguintes de Baekhyun eram mais vídeos e fotos aleatórios dos treinos, Jimin e Beomgyu apareciam em quase todos eles. Parecia bem divertido. E claramente estava fazendo bem a eles, já que os três sorriam o tempo inteiro.

Taehyung voltou à realidade quando o celular vibrou com outra mensagem de Jennie, avisando que tinham acabado de chegar. Arregalou os olhos e se levantou do colo do pai no mesmo instante.

— Seu namorado chegou? — Dongsuk peguntou, inocentemente. — Sabe, ele parece um bom garoto, gosto muito dele. Trás ele pra almoçar com a gente no domingo.

Taehyung revirou os olhos, desistindo de negar. Pelo jeito ele tinha enfiado aquilo na cabeça pra valer. Guardou o celular no bolso e correu até a casa vizinha, ansioso para ver Jungkook. Assim que entrou na sala, encontrou o garoto sentado no sofá, com uma expressão pensativa.

— Oi. — Taehyung se sentou ao lado dele e o puxou para seus braços, algo que já estava virando um costume. — E aí? Como foi a consulta?

— Huh… foi… foi legal. — Jungkook murmurou, tendo a voz meio estranha.

Taehyung franziu as sobrancelhas e encarou Jennie, que estava no sofá ao lado. Ela parecia preocupada. Algum tempo depois, Yuna e Jinwoo chegaram da escola e Seoyeon chegou do trabalho. E quando perguntaram novamente como tinha sido a consulta, Jungkook voltou a dizer que tinha sido… legal.

Tinha algo de errado ali.

Talvez fosse a expressão pensativa do garoto, ou seu tom de voz distante, ou sua postura mais retraída do que o normal… mas tinha algo errado.

— Jungkookie, que tal a gente ir olhar as estrelas? — Taehyung sugeriu, saindo do abraço confortável.

— Estrelas? — Jungkook inclinou o rosto para o lado, confuso. Fofo.

— Aham, lá no jardim.

Tinha apenas falado a primeira coisa que veio à sua mente. Só queria ficar sozinho com o garoto por alguns minutos, para tentar descobrir o que estava acontecendo. Então, antes que ele tivesse a chance de negar, Taehyung o puxou pela mão em direção ao jardim. Lado a lado, se sentaram sobre a grama macia.

— Olha lá… — Taehyung apontou para o céu estrelado. — Aquela constelação ali é a ursinha grande.

Jungkook tentou conter uma risada.

— É? Tem certeza?

— Claro que tenho. E aquela do lado é o cãozinho pequeno.

— Uhum, entendi. — Jungkook murmurou, deixando uma risada baixa escapar.

Taehyung se deitou sobre a grama, buscando uma posição mais confortável para continuar observando as estrelas. Depois de alguns segundos Jungkook se deitou ao seu lado. O silêncio reinou por algum tempo, um pouco tenso. Jungkook com certeza sabia o motivo para estarem ali.

— Olha, aquela ali é a constelação da maçã. — Taehyung apontou para um grupo aleatório de estrelas, tendo a voz cheia de convicção. — E aquela do lado são as três joaninhas. 

— Bobo. — Jungkook riu outra vez.

— Tá duvidando dos meus conhecimentos de astronomia?

Taehyung o encarou, tentando fingir uma expressão emburrada, mas foi impossível ficar sério ao ver o sorrisinho bonito nos lábios dele. Rolou sobre a grama até parar sobre o corpo de Jungkook e o abraçou de maneira desajeitada, deitando o rosto contra o ombro dele.

— Me conta como foi a consulta com o novo psicólogo. — pediu em um sussurro. — Eu sei que tem alguma coisa errada. Pode me contar, Jungkook. Eu sou quase o seu diário, lembra?

Jungkook ficou em silêncio pelos próximos minutos. Taehyung esperou pacientemente, sabendo que ele precisava de um tempo para colocar as coisas pra fora.

— Hey, diário… — Jungkook sussurrou, tendo a voz baixinha e hesitante. — O meu novo psicólogo me disse que… que e-eu tô assim porque n-não acredito em Deus e que… que vamos rezar juntos pela m-minha recuperação.

Taehyung ergueu o rosto no mesmo instante e observou o garoto. Raiva e incredulidade tomaram conta de seu corpo. Quem era aquele desgraçado e o que ele estava fazendo com a porra de um diploma de psicologia?

— Ele disse isso? — Taehyung perguntou, tentando manter a calma. Jungkook assentiu, sem coragem para encarar seu rosto.

— Você… você acha que é v-verdade, Taehy?

— Não, claro que não. Esse idiota não sabe de nada! É só mais um doido querendo impor as crenças dele nos outros. — Taehyung respirou fundo e voltou a deitar no ombro do garoto. — Vamos procurar outro psicólogo pra você, ok? Esquece tudo que esse desgraçado te falou durante a sessão, não é verdade.

— Tá… tá bom. — Jungkook respondeu, tendo a voz um pouco embargada.

Taehyung o abraçou pela cintura e deixou um beijo rápido na bochecha dele.

— Olha lá… — apontou para o céu de novo, achando melhor mudar de assunto. — Aquela ali é a constelação Tae. E a do lado é a Kookie.

Jungkook abriu um sorriso fraco.

— E aquela ali? — ele perguntou, entrando na brincadeira.

— Huh, aquela é… — Taehyung pensou por alguns segundos, observando o grupo aleatório de estrelas.

— Parece um… um coração.

Uma brisa fraca invadiu o jardim. Taehyung abriu um sorriso enorme e segurou a mão do garoto sobre a grama.

Taekook. — concluiu, cheio de convicção. — Aquela ali é a constelação Taekook.

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