Perdão pela demora, muita coisa nova aconteceu e provavelmente vá prejudicar na data das publicações :(
Boa leitura e espero que gostem :3
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Eu não faço a mínima ideia de quantas vezes me revirei sobre a cama, incapacitada de dormir e atolada de pensamentos. Cochilei algumas poucas vezes durante a madrugada e no final sempre acabava despertando por absolutamente nada, fazendo um cansaço apossar o meu corpo instintivamente. O rosto de Sangho Choi insistia em aparecer nos meus sonhos e aquilo desencadeou uma enorme raiva em meu peito, que foi acumulando com minhas falhas tentativas de dormir. Pensei diversas vezes que ter lhe passado meu número foi uma ideia ruim, mas não pude deixar de me sentir interessada na conversa. Eu não sabia do que se tratava, mas iria descobrir.
Não me preocupei em manter a pouca velocidade nos pedais quando senti os raios solares baterem em meu rosto, desfrutando de uma pedalada calma em uma manhã fresca. Os pássaros cantarolavam de todos os lados e eu me sentia admirada com a paz que o clima matinal trazia, respirando fundo para poder desfrutar de tudo que estava ao meu alcance. Olhei de relance para as sacolas dependuradas em um dos lados do guidão e sorri com a ideia que tive mais cedo, imaginando como os meninos reagiriam ao acordarem com um belo café da manhã. Desci da bicicleta quando parei em frente a casa do ruivo e apertei meu punho para bater na porta, aguardando alguns segundos para ser recebida por Jay e seu rosto inchado.
— Bom dia. — lhe desejei baixo ao notar os meninos dormirem sobre seus futons logo atrás, abrindo um sorriso pequeno e cansado. O garoto acenou como cumprimento e deu um passo para o lado, permitindo minha passagem.
Entrei junto de minha bike e deixei-a encostada na parede ao lado da porta, tentando fazer o mínimo de barulho possível. Retirei as duas sacolas do guidão e me virei para Jay, observando-o passar as mãos no rosto. Pelo visto, acabei o acordando.
— Trouxe carne e alguns vegetais 'pra fazer. — ergui a mão com as sacolas e ditei baixinho, notando um novo brilho em seu olhar quando ouviu o que eu havia lhe dito. Sorri um pouco e caminhei sorrateiramente até a parte da cozinha, deixando as sacolas sobre o pequeno balcão e retirando as compras de dentro destas.
— Eu te ajudo. — virei meu rosto e sobre o ombro percebi Jay se aproximar, parando ao meu lado e observando o que eu havia trago. Acenei calmamente, jogando os vegetais dentro da pia para dar uma pequena lavada no que achava necessário.
Jay vestiu um avental azul marinho e eu sorri ao observa-lo pelo canto dos olhos, achando graça da sua mudança de postura. Retornei a lavar os vegetais quando ele se virou para mim e escondi meu sorriso, me sobressaltando no lugar quando percebi ele passar um outro avental sobre minha cabeça. Senti suas mãos amarrarem o tecido em minha cintura e prendi a respiração quando ele puxou o avental com uma certa força, fazendo-me cambalear e encostar minhas costas em seu peitoral.
— Desculpe. — ele pediu e apoiou suas mãos nas laterais da minha cintura, me endireitando na posição anterior. Eu balancei a cabeça e sorri, piscando algumas vezes.
Nós começamos a preparar o café da manhã, então. Cortei a carne em cubos enquanto Jay picava os legumes, incluindo pimentão e cenoura. Ele refogou tudo na frigideira e eu adicionei os pedaços de carne, juntamente do arroz que encontrei no armário do ruivo. Deixei-o no fogão enquanto lavava os utensílios, ambos em silêncio. Ouvi uma movimentação em nossas costas e virei meu rosto para enxergar os três meninos sonolentos logo atrás, passando as mãos em seus rostos e estranhando minha presença.
— Bom dia. — sorri e retornei a lavar a louça, não dando a mínima para suas expressões confusas.
— Não fiquem só olhando. Arrumem a mesa para comermos. — ouvi Jay resmungar para os amigos, sem deixar de mexer na panela.
Os meninos se apressaram a arrumar a pequena mesa e eu retirei o avental quando terminei com as louças, deixando-o sobre o balcão quando não soube onde mais pôr. Caminhei até a mesa e me sentei de frente para Minu, que elogiou o cheiro da comida. Nós conversamos um pouco até Jay aparecer com a panela e deixá-la em nossa frente, espremendo-se ao meu lado para conseguir espaço na mesa amadeirara. Os meninos admiraram o conteúdo da panela e sorriram com a fome, sem aguardar nem mais um segundo para servirem-se.
— Como será que a Mia tá hoje...? — despreocupada enquanto alongava meus músculos, olhei de relance para o ruivo ao meu lado e imediatamente encarei o chão, relembrando-me da conversa que tive com a garota. Não havia comentado com Minu e muito menos pretendia fazer isso, ele provavelmente diria que eu não podia tê-la pressionado.
— Ela tá com a Yuna. Fica tranquilo. 'Vamo focar na corrida, agora. — Dom reconfortou o amigo e apoiou sua mão no ombro deste, sorrindo para descontrair o assunto.
Eu respirei fundo e me concentrei em aquecer meus músculos antes da corrida, certificando-me caso fosse correr. Me sentia nervosa com os ciclistas ao redor e sabia que era questão de tempo até esbarrarmos com a equipe Ghost, temendo o que Minu seria capaz de fazer caso viessem nos provocar, mais uma vez.
— Ei! Que caras são essas? — virei meu rosto para notar Juhwan e sua equipe se aproximarem, percebendo seu sorriso provocativo se desmanchar ao examinar o rosto dos meninos — Briga de gangues, é? — revirei os meus olhos quando vi o sorriso se reestruturar em seus lábios, decidindo ignora-lo.
— Isso. Com os caras que tão atrás de vocês. — arregalei os meus olhos e parei o que estava fazendo, tentando enxergar a equipe por detrás do time Trident. Eles deram um passo para o lado e me permitiram finalmente vê-los, sentindo meus punhos se cerraram quase que automaticamente.
— Todos se livraram da polícia, hein? — o riso sarcástico do homem me fez lembrar da tamanha raiva que me fizeram sentir, forçando-me a respirar fundo para manter a paciência em seu devido lugar. Hwangyeon deu mais um passo em nossa direção e parou pouco mais de um metro à frente, mantendo sua graça estampada em suas expressões faciais.
— Graças a você, a gente teve tanta diversão que não deu nem 'pra praticar, imbecil. — Minu vociferou e sustentou o olhar do homem, permanecendo no mesmo lugar. Conhecendo o ruivo como conheço, ele não demonstraria inferioridade com tanta facilidade.
— Que curativo é esse? Fez uma plástica no nariz, é? — o cabeludo zombou do homem em sua frente e me olhou de soslaio, me convidando para participar da sua diversão.
— Depois daquele soco deve ter precisado, mesmo. — eu soltei um riso nasal e lhe acompanhei, cruzando meus braços. Hwangyeon trincou seu maxilar e desfez o sorriso dos lábios, fazendo-nos sentir orgulhosos pela zombaria.
— Eu realmente adoraria descer o cacete em todos vocês aqui mesmo, mas vocês nunca vão chegar na final, mesmo, então divirtam-se o quanto podem, crianças. — ele avisou, franzindo suas sobrancelhas. Eu apertei meus próprios braços e ignorei a raiva, mantendo um sorriso ladino nos lábios.
— Esse filho de uma-... — Minu ameaçou ir para cima de Hwangyeon e Dom o impediu, pondo as mãos em seu peitoral para obrigá-lo a se afastar.
— Tá afim de ser desclassificado, idiota?! — lhe repreendi baixo, não mexendo um músculo.
— Isso mesmo. Temos uma corrida hoje, então sejamos civilizados. — o homem, pelo visto, me ouviu e usou isso para provocar o ruivo, que não gostou nem um pouco.
— Civilizados? Quanta bosta. Você tem coragem de falar 'pra mim ser civilizado? — indignado, Minu elevou seu tom de voz e foi totalmente ignorado por Hwangyeon, que lhe deu as costas e saiu rindo.
A corrida logo começaria. Minu deixou claro desde o início que iria correr hoje, então nós disputamos no pedra, papel e tesoura para descobrir quem iria lhe acompanhar. Dom saiu vitorioso, no final. A missão de hoje seria uma corrida eliminatória, eliminando três dos últimos corredores a ultrapassarem a linha inicial em cada uma das três voltas da pista. Os dois se posicionaram na linha de largada, juntos dos demais corredores, e eu observei o telão com as equipes do grupo A, soltando um suspiro ao relembrar da participação de Monster. Não estava tão preocupada quanto achei que estaria. Minu e Dom precisam apenas resistir até o final, deixando energia suficiente para que não fiquem para trás na terceira volta.
A largada então foi dada. Minu e Dom permaneceram um atrás do outro e deixaram para usar suas forças quando necessário, sendo ultrapassados por um bom número de ciclistas ansiosos. Entretanto, não fiquei muito surpresa quando vi o cabeludo deixar o vácuo de Minu de lado e sair na frente, tampouco se importando com a energia que estava gastando. Eu passei as mãos no rosto e soltei um riso sôfrego, familiarizada com a falta de paciência do cabeludo. Os dois passaram pela primeira linha inicial e mantiveram uma boa distância dos últimos corredores, que foram eliminados por estarem na última colocação. Todos começaram a aumentar sua velocidade a partir dali e a tensão também não ficou para trás, uma vez que Monster também deu seus primeiros sinais de reação. O número 13 passou em disparada por Minu e fez com que o ruivo aumentasse a força nos pedais, até ficar logo atrás de Dom e apoiá-lo com o necessário. Um membro da equipe Ghost se aproximou perigosamente do cabeludo e eu logo vi que estavam tramando algo, e rezei para que Minu também percebesse isso. Prendi a respiração quando notei o ciclista ameaçar derrubar o cabeludo, que se assustou e quase se desequilibrou sobre a bike. Minu não deixou por menos e foi atrás do corredor da Ghost, protegendo o amigo quando se jogou para cima do outro. Ambos caíram e eu arregalei os meus olhos, preocupada.
— Minu! — gritei seu nome dentre a multidão de pessoas e recebi alguns olhares, desejando que o ruivo pudesse me ouvir para dar algum sinal de que estava bem. Respirei mais aliviada quando este se ergueu do chão e retornou a pedalar, sendo desclassificado logo mais à frente por ficar dentre os últimos três ciclistas.
Dom não pareceu se abalar e continuou a pedalar, mantendo o ritmo e permanecendo na primeira colocação. Esta era a última volta e ele precisava apenas manter a posição. Hwangyeon aumentou consideravelmente sua velocidade e não demorou para ultrapassar o cabeludo, que, agora, mais do que nunca, pareceu se sentir incomodado. Eles ficaram alguns segundos lutando contra a mesma posição e se surpreenderam ao serem ultrapassamos com uma rajada de vento por Monster, que roubou a primeira colocação. Dom pareceu ficar ainda mais irritado e aumentou ainda mais sua velocidade, impressionando a todos quando passou por Hwangyeon e disputou lado a lado com o número 13. Eles passaram da linha de chegada e nós comemoramos o segundo lugar, correndo a encontro de Minu, que já havia recebido os cuidados necessários.
— Seu idiota! — rodeei seu pescoço com meus braços e fechei meus olhos quando enfiei meu rosto na curvatura do seu ombro, aliviada em vê-lo. Ouvi seu riso sôfrego rente ao meu ouvido e senti suas mãos descansarem em minha cintura, retribuindo ao meu abraço apertado. Afastei minha cabeça apenas para poder enxergar seu rosto, com seus olhos semicerrados pelo sorriso grande nos lábios e o corte na testa tampado pela bandagem. Odiei encontrá-lo neste estado, mais uma vez — Aqueles hematomas de antes não eram suficientes 'pra você?!
— Fodido e fodido e meio. — ele zombou, achando graça da minha expressão facial quando eu ouvi seu comentário pateta. Nos desgrudamos quando percebemos que Dom se aproximava enquanto apoiava uma de suas mãos sobre a barriga, aparentemente enjoado após a corrida acirrada. Eu comecei a rir antes mesmo dele chegar até nós — Ótimo segundo lugar.
— Tive que retribuir a porrada que você tomou por mim. — os meninos bateram seus punhos um no outro e sorriram ao se encontrarem, felizes pela colocação do time — Tua cabeça tá legal?
— Tá sim. Foi só o corte de antes que abriu. — o ruivo assegurou, tocando com as pontas dos dedos no pisado da testa. Eu cruzei meus braços e lhe lancei um olhar depravado, sabendo que ele teve um tombo e tanto para apenas ter aberto um dos cortes anteriores.
— Segundo lugar?! Vocês dois foram demais! — June comemorou e ergueu seus braços, totalmente contente com o resultado da corrida. Eu sorri com sua animação, mas desfiz o sorriso quando notei suas feições se transformarem em surpresa.
— Monster...? — Minu mais murmurou para si mesmo, desacreditando na presença do número 13 logo mais à frente, se aproximando de nós. Eu franzi minhas sobrancelhas e observei o homem dos pés a cabeça, abismada com seu tamanho, agora, em minha frente.
— Foi uma ótima corrida, essa. — me surpreendi ao ouvir sua voz grosseira, não deixando de me sentir atordoada com sua presença autoritária. Desci meus olhos para seu braço estendido para Dom e encarei seus olhos antes de enxergar o cabeludo apertar sua mão — Aguardo ansioso pela próxima.
— Você com certeza trás uma motivação a mais. — o cabeludo abriu um enorme sorriso ao meu lado e se sentiu orgulhoso por receber um aperto de mão de Monster, que acenou e mantéu suas expressões vazias.
— Corredores 13 e 84, Monster e Dom Kang. Vocês passarão por um teste anti-doping. — um dos funcionários chamou nossa atenção e nós franzimos nossas sobrancelhas, confusos pela necessidade de um teste — Venham conosco, por favor.
— Caraca! Eles tão fazendo até antidoping? Que foda! — Minu, ao testemunhar a situação, apoiou suas mãos no ombro do amigo, animado de repente.
— Se saíram tão bem que querem fazer um exame de drogas em você. É só fazer xixi num copinho. — June, ao perceber que Dom não estava entendendo nada, explicou.
Estava tão cansada que acabei pegando no sono no caminho para casa, aproveitando a calmaria do vagão do metrô. Acordei assustada quando o encosto que apoiava minha cabeça se moveu repentinamente, fazendo-me analisar a situação e descobrir por que havia acordado. Percebi que dormia no ombro de Vinny, repreendendo-me internamente.
— Você tá babando meu ombro, imbecil! — o ruivo empurrou Dom para longe e despertou o amigo de forma brusca, visto que também dormia em seu ombro. Ao perceber que também havia me acordado, suavizou suas expressões e não soube o que dizer.
— Mas que-... — eu fui reclamar quando sua mão se apoiou na lateral do meu rosto e empurrou minha cabeça para seu ombro, novamente, fazendo-me arregalar os olhos de surpresa. Fiquei sem reação e tampouco ousei me mexer, permanecendo imóvel no lugar.
— Por que eu não posso dormir, também? — indignado, o cabeludo coçou seu olho e observou minha posição, franzindo suas sobrancelhas.
— Vai, Vinny... ajuda eu. — sem entender muito o que estava acontecendo, ouvi Minu implorar a Vinny, que ignorou tanto a ele quanto a Dom — Em troca, eu te compro uma caixa de lamen. A Yuna me arranjou um dinheiro de mesada esses dias.
— Oh! Vamos comer lamen?! — o cabeludo se exaltou do outro lado é praticamente gritou, irritando o ruivo. Ele ameaçou empurrar o amigo novamente, mas se auto impediu quando se recordou de mim em seu ombro.
— Vocês jantam sozinhos. Eu vou me encontrar com alguém... — foi a última coisa que eu ouvi Minu dizer antes de pegar no sono, mais uma vez, não dando a mínima para o assunto dos demais.
— Ah... o macarrão tá no ponto certo... — Dom gemeu contra seus hashis e fechou seus olhos ao degustar da comida, pouco se preocupando em sujar os cantos de seus lábios. Eu levei uma pequena quantidade à boca e não pude descordar do cabeludo, apreciando o bom macarrão que o ruivo sabia preparar — Olha você se arrumando todo. Vai sair com uma garota?
Engoli o lamen que estava dentro da minha boca e observei Minu sobre o ombro, erguendo minha cabeça para poder enxerga-lo em pé. Limpei os cantos dos meus lábios e examinei suas vestes, deixando um sorriso escapar quando lhe vi todo ansioso.
— Não... só vou jantar com uma amiga. — ele esfregou a própria nuca e encarou os pés, fugindo dos nossos olhares insinuosos. Enxerguei Jay logo atrás e só agora notei que ele não estava comendo conosco — Tá indo onde? — Minu se direcionou ao amigo e percebeu que ele se aproximava da porta, deduzindo que sairia.
— Comprar um caderno na livraria. — o garoto de óculos respondeu vagamente, dando um singelo e ligeiro olhar para o ruivo pelo canto dos olhos.
— Você comprou um esses dias. Já acabou todas as folhas? — confuso, Minu questionou o outro, guardando suas mãos dentro dos bolsos da calça moletom. Ergui meus ombros e me virei para a panela, novamente, sabendo o quanto Jay escreve em seus cadernos.
— Sim. — pude ouvi-lo dizer antes de sair porta afora, além do barulho desta se fechando, em seguida.
— É bom que vocês comecem a pagar o aluguel se continuarem ficando aqui. — Vinny resmungou do outro lado da pequena mesa amadeirada e mantéu seus olhos no prato de comida, firmando o tom de voz,
— Eu até carne trouxe 'pra ti comer, não pode reclamar de mim. — retruquei seu comentário, pondo mais um pouco de comida para dentro da boca — Sem contar que você é muito solitário, ruivo, tá precisando de companhia.
— E nós somos ótimas companhias! — Dom afirmou ao meu lado, permanecendo com as bochechas infladas com comida.
— Vão a merda! — ele reclamou sem muita paciência, continuando a comer.
Eu sorri por detrás de meus hashis e continuei a comer sem muita preocupação, ouvindo-os falar sobre a corrida de hoje. Minu saiu não muito tempo depois e nós arrumamos a bagunça que fizemos, depois de muita insistência — e ameaças — de minha parte. Dom ficou nos incomodando em relação a saída repentina de Minu e simplesmente nos empurrou porta afora, alegando que estava preocupado e que devíamos ficar de olho nele. Eu odiei a ideia. Nos camuflamos com bonés e máscaras descartáveis, seguindo o ruivo com nossas bicicletas um pouco mais atrás. Nos surpreendemos quando Mia se aproximou e saiu com ele pela cidade, entrando em um restaurante bem conhecido. Dom nos empurrou para dentro do estabelecimento e nos fez sentar em uma mesa, pedindo água para todos, já que era de graça. Me encolhi dentro do enorme moletom de Vinny, sentindo uma vergonha absurda.
— Relaxa, Hayan, nós estamos passando despercebidos. — o cabeludo tentou me reconfortar do outro lado da mesa e bebeu um gole da sua água, ignorando meu semblante enfurecido.
— Você realmente acha que um ruivo de quase dois metros de altura passa despercebido?! — me inclinei sobre a mesa e falei o mais baixo possível, tentando passar longe dos ouvidos de Vinny. Dom trocou os olhos dentre nós dois e ignorou o que eu havia lhe dito, virando-se para trás a fim de observar Minu e Mia um pouco mais ao longe.
— Eu sabia que ele tava aprontando alguma. Ele achou mesmo que a gente não ia perceber? — eu revirei os meus olhos e batuquei os dedos sobre a madeira da mesa, impaciente com essa perseguição toda. Vinny resmungou ao meu lado e deixou claro que estava tão irritado quanto eu, olhando feio para Dom do outro lado da mesa.
Nós aguardamos o casal terminar de comer e saímos do restaurante logo em seguida, ainda perseguindo os dois. Nos esgueiramos ao lado de um dos prédios e ficamos enfileirados para todos enxergarem os dois, observando de longe. Mia arrastou Minu até um carrinho de sorvetes e por ali ficaram, aguardando seus pedidos.
— Ei, eles tão de mãos dadas? — pasmo, Dom abaixou os óculos escuros e arregalou os seus olhos, desacreditando no que estava vendo. June confirmou o que o amigo disse e ficou um pouco mais interessado no que estávamos fazendo — Cara, aquele filho da mãe deixa a gente comendo lamen enquanto ele sai 'pra comer um monte de coisa gostosa por aí.
— Não aguento mais assistir isso. Tô fora, vei. — Vinny resmungou atrás de mim e se afastou, encostando suas costas na parede e desistindo de observar o ruivo e a garota.
— Que saco... — cruzei os meus braços e me afastei da beirada do muro, emburrada.
— Aqueles dois tão gravando uma novelinha? — Dom, que continuou a observá-los, riu ao presenciar alguma cena, deixando-me curiosa, no final.
— Se vocês tão com inveja, é só falar... — June zombou de nós três e parou para rir, voltando a olhar através da parede. Eu soltei uma risada cínica pelo nariz e virei minha cabeça para o outro lado, me negando a responder sua zombaria.
Deixei-os bisbilhotando o que os outros dois estavam fazendo e me recostei na parede para observar ao meu redor, admirando o pôr-do-sol e o finalzinho do dia. A brisa bateu contra meu rosto e eu abaixei a máscara para sentir melhor o ar puro, sorrindo naturalmente sem nem ao menos perceber. Me assustei com a inquietação e os murmúrios baixos dos meninos, sentindo minha curiosidade dobrar de tamanho. Vinny não se aguentou e foi conferir, me deixando sozinha rente ao muro. Dando-me por vencida, pulei nas costas do mais alto para conferir a cena sobre seu ombro, oprimindo um gritinho surpreso ao enxergar Minu beijando Mia. Vinny estava tão surpreso quanto eu que tampouco se importou comigo em suas costas, segurando minhas coxas por puro instinto, para me impedir de cair. Nós quatro desacreditamos no que estávamos vendo, totalmente pasmos com a atitude do ruivo. Entretanto, um sorriso contente cresceu em meus lábios. Por isso Minu preza tanto pelo bem estar de Mia, no final das contas.