Em pleno dia dos namorados, Dayane fica inerte, mergulhada em suas lembranças do passado. Há anos atrás, essa data era especial para ela e hoje não é mais. Logo de cara, descobrir que sua ex-noiva estava movendo uma ação contra ela, estava deixando-a perturbada.
Aline fica a manhã toda tentando entrar em contato com Léo, ela não acredita que justo no dia dos namorados, ficará sem notícias dele. Final de tarde no escritório, Dayane recebe a visita de seus pais, Aline abre a porta do escritório e anuncia a entrada deles.
_Pode nos deixar a sós, Aline? Obrigada! - ela diz.
Vonei, com sua postura rígida e imponente a olha com decepção.
_Você sabe o que vai me custar isso, não sabe? - Vonei diz jogando em cima da mesa a revista contendo o artigo sobre o assédio a sua antiga assistente, Mileide.
Dayane se enfurece.
_O senhor só pensa em sua candidatura? Pois fique sabendo que irei fazer de tudo para que esse assunto seja abafado.
_Você não entende a gravidade disso, Dayane?? Sempre fazendo uma merda atrás da outra. E a primeira delas foi se envolver com aquela vagabunda de quinta da Rosalinda, mas você nunca ouve a gente, não é?
_Como eu ia saber que ela não prestava? E além disso, isso é passado e esse assunto não está em discussão - Dayane diz perdendo o controle.
_Não seja severo com ela, Vonei. Nós temos que resolver isso da melhor maneira - a mãe de Dayane se intromete e logo se cala após o olhar reprovador de seu marido.
_Deveríamos era ter dado uma surra nessa menina quando ela começou com essas merdas, isso é falta de uma boa surra.
Dayane ri.
_Não sou uma criança, não me trate como se eu fosse uma - ela diz entredentes.
_Você é pior, está arruinando o nome de sua família - ele esbraveja.
_Eu não vou ficar aqui ouvindo esse monte de desaforos, sou dona da minha vida. Já arrumei o meu canto para morar e não dependo de você para porra nenhuma, não era isso que queria? Se livrar de mim? - ela se exalta, pega as chaves do carro e sai em direção à porta. Vonei a puxa pelo braço e a empurra para o sofá.
_Vai sentar aí e ouvir tudo o que tenho para dizer, agora JÁ CHEGA! A partir de hoje, se eu souber de mais alguma coisa sua, você está fora da empresa e te tiro do meu testamento. Você é uma vergonha como filha! - ele rosna e avança em Dayane.
_Vonei! Tenha calma - sua esposa diz aflita.
_Se eu souber... ou apenas suspeitar que está transando com mais alguém dessa empresa, saiba que eu vou fazer valer cada palavra que eu disse. E não brinque comigo, Dayane... Te tiro da empresa se isso acontecer novamente. - Vonei diz fuzilando-a com o olhar, abre a porta e vai embora deixando-a ali, com sua mãe.
_Não ligue para as coisas que ele disse, ele está nervoso e perdeu a cabeça - sua mãe a consola passando a mão em seus cabelos num gesto carinhoso.
_Ele só pensa nele, quando foi o dia em que veio me perguntar se estava tudo bem comigo? Nem quando eu passei aquilo tudo com a Rosalinda ele veio me apoiar, ele está sempre me criticando - ela diz chateada.
_Você está errada Dayane, não posso culpar o seu pai por isso, em certas partes ele tem razão - ela diz triste ao vê-la perdida.
_O que foi aquilo ontem à noite? Está gostando de alguém que eu não saia? - ela dá um sorriso forçado.
-Ninguém importante - ela se ajeita no sofá.
_Hum, se está gostando de alguém, é porque essa pessoa dever ser muito importante. Quem é?
_Não importa, não ouviu o que ele disse? - ela diz enfurecida, sua mãe arregala os olhos.
_Ela é daqui da empresa? Quem é? - sua mãe pergunta.
Dayane se levanta e vai até a porta para fechá-la e ela olha para sua mãe e rir.
_Do que está rindo, Dayane? Minha filha não faça nenhuma besteira, por favor. Desta vez não vou conseguir te proteger da ira de seu pai - ela sussurra.
_Me diga quem ela é?
Dayane se cala pensando se deve ou não revelar seus sentimentos, mas por fim ela diz para aliviar seu coração:
_Minha assistente - ela a olha esperando por sua reação, sua mãe leva as mãos na boca e diz espantada.
_Você está de brincadeira, não é? Você andou fazendo alguma coisa com essa moça no México? Meu Deus filha, você não tem responsabilidade?
_Não! - Dayane exclama.
_Não fizemos nada, eu juro. Além disso, ela é comprometida - ela diz cruzando os braços e se encosta no sofá ao lado da sua mãe.
_Não faça nenhuma besteira, está me ouvindo?? Se a moça é comprometida, não se meta em confusão - sua mãe diz.
_Eu gosto dela mãe, pela primeira vez, depois de achar que nunca iria encontrar alguém que mexesse comigo, finalmente ela aparece e não posso fazer nada para evitar o que sinto toda vez que estamos próximas - ela sorri.
_Ela é linda, inteligente e não tem medo de dizer o que pensa, até já me enfrentou algumas vezes - ela ri lembrando.
_É a mulher mais doce e irritante que já conheci em toda minha vida, posso até estar doida, mas acho que ela sente alguma coisa por mim.
Sua mãe sorri e lhe dá um abraço amoroso e ela consegue ver nos olhos da filha, um brilho diferente.
_Ela tem alguém, Dayane. - diz sua mãe.
_Eu não me importo, posso fazer ela me amar, não posso?
_Não agindo desse jeito, não como a velha Dayane. O que acha que ela faria se soubesse como você tem tratado as mulheres com quem se relaciona?
_Ela não tem que saber, isso faz parte do meu passado. Não quero outra mulher se não for ela - Dayane diz com sinceridade.
_Um relacionamento não se faz na base de mentiras, mas não se envolver com outras mulher, já é um bom começo. E tem muitas coisas , filha. Por exemplo: se livra dessa obsessão pela Rosalinda e volte a ser você, gentil, educada e amável...
_Tem coisas que não dá para consertar tão rápido mãe, talvez nem dê para ser consertado, mas farei de tudo para ser o melhor que puder para ela.
_Faça por você, Dayane. Terá melhores resultados e a certeza de que não sofrerá decepções - sua mãe diz e lhe dá um beijo no rosto.
_Mantenha a discrição, eu gostei muito dela, ela parece ser uma boa moça - ela diz e sai de sua sala.
Dayane se senta e pensa em tudo que sua mãe lhe disse, por longos minutos pensando em seus conselhos. Ela resolve tomar uma atitude adulta. Ela pega o celular e digita o número de Gui.
_Alô, Gui? É a Mello.
_Diga patroa, ainda não deu tempo de fazer o que me pediu, mas amanhã estará em sua mesa.
_Cancele tudo - Dayane diz.
_Como?
_É... cancele tudo, não preciso mais dessas informações.
_Tem certeza, senhorita?
_Sim, tenho uma nova estratégia - ela diz e sorri orgulhosa do que acabara de pensar.
Ela iria se livra dos problemas que a cercavam, mas ao contrário do que sempre fazia, dessa vez ela iria encará-los de frente como uma pessoa madura.
_Bom, a única coisa que me resta é esperar chegar a intimação - ela sussurra e sai de sua sala, ao passar por Aline diz:
_Tenho uma reunião com meu advogado e volto no final do dia. Se quiser pode ir, está dispensada - e sai sem esperar que ela diga qualquer coisa. Aline faz uma cara de decepção, mas logo volta sua atenção para o e-mail que escrevia.
De: Aline Mineiro
Assunto: Dia dos namorados
Data: 12 de junho de 2020 às 16:12
Para: Léo Lins.
O que houve com você? Por que não atende aos meus telefonemas? Estou preocupada! Hoje é dia dos namorados, então... Feliz dia para você!
Ela fica ali por alguns minutos, torcendo por uma resposta que não vem. Nada, nenhum sinal de Léo. Ela fica tentando imaginar o que aconteceu para que ele não entrasse em contato desde a noite no México.
_Dia ruim? - Sthe diz tirando-a de seus pensamentos.
_Argh! Nem me fale, deveria ter ficado em casa.
_Nossa, que animação em pleno dia dos namorados - ela ri.
_Bobaa, vai melhorar o seu humor - ela diz colocando sobre a mesa um cappuccino.
_Se eu tivesse um ao meu lado, não é?
_Ninguém mandou namorar um deus grego por computador - as duas riem.
_Onde está Liziane?
_Terminado o trabalho, nós vamos sair hoje à noite, quer vir?? Vamos comer pizza!
_Ah, não! Detesto segurar velas.
_ O Marcos vai estar lá, ele gostou de você. Aliás não só ele, acho que nossa chefinha está caidinha por você.
_De onde tirou essa ideia? - Aline diz alarmada.
_Na boate, só uma mulher interessada e ciumenta faria o que ela fez. Acha que nós não observamos os olhares que ela te deu? Estávamos bêbadas e não cegas - ela ri.
_Sem chances, já disse que tenho namorado e além disso, seria impossível eu gostar de alguém como ela, Rafaella me irrita em níveis diferentes. Tem horas em que desejo matá-la rapidamente, e em outras quero quer morra lentamente. Ela é insuportavelmente chata - Aline diz dando um gole em seu cappuccino.
_É... de onde eu venho, isso tem nome - Sthe diz com um sorriso no rosto.
_Isso é amor - Sthe completa.
_Credo! Nem morta - ela desdenha.
_Jamais me apaixonaria por ela, já disse.
_Tá legal - ela ri.
_Bom, feliz dia dos namorados para você e seu namorando fofo. Depois quero saber os detalhes da viagem.
_Tá - Aline ri olhando para a amiga que sai rebolando de sua sala, as horas passam e Dayane aparece.
_Ainda está aqui? Já são sete horas da noite - ela diz olhando para seu relógio de pulso.
_Já estava de saída, senhorita. Estava enviando alguns e-mails para os clientes do México, ficaram algumas pendências de documentos por isso quis adiantar.
_Certo.
Aline cora ao perceber que ela ainda a observa enquanto guarda suas coisas.
_Deseja mais alguma coisa?
_Hum, não. Quer dizer... - ela fala com as mãos no bolso da calça, encostando no batente da porta.
_Vai sair para algum lugar hoje à noite? - pergunta Dayane.
Ela a olha sem entender.
_Como?
_Ah, desculpe. É que hoje é dia dos namorados, achei que iria sair para comemorar com o seu, talvez num restaurante ou cinema. Mas vá para algum lugar que tenha wi-fi, para poder ligar o seu notebook - ela ri.
_Idiota! Não sei por que lhe dou ouvidos, eu ainda tenho um, pior você que ficará abraçada numa garrafa de uísque comendo aperitivos vendo algum filme deprimente parecido com aquele " Ela não está tão afim de você" - ela diz irritada e sai pisando forte.
Dayane sorri com sua sinceridade e resolve surpreendê-la, o que ela tem em mente, fará mudar de ideia sobre ela.
Nesse momento, Valentina e medrado aparecem.
_Uau! Ela passou por nós feito um furacão - Valentina ri.
_O que fez para ela? - medrado pergunta.
_Nada, fui sincera apenas - ela ri.
_E ai? O que vamos fazer hoje? - Valentina pergunta empolgada.
_Olha, hoje não vai dar para sair, tenho um encontro - medrado resmunga e Dayane e Valentina olham para ela perplexas.
_Encontro no dia dos namorados? - Valentina ri.
_Tá de sacanagem, né? Ela vai achar que está apaixonada e vai ficar no seu pé. Aí vão vim as cobranças: Por que não me ligou? Vai querer presentinho e bilhetinhos românticos...
_Que horror isso! - Dayane ri.
_Quem é a vítima? - Valentina pergunta curiosa.
_Jaqueline do México - ela dá de ombros.
_É só uma volta gente, credo!
_Tá, a coisa é pior que eu imaginava - Dayane solta uma gargalhada.
_Foi fisgada pela carioca! - completa Dayane.
_Idiota! E você pela assistente, acha que não vi aquele beijo na noite da tequila? - medrado dedura.
_O quê? Vocês se beijaram? - Valentina grita surpresa.
_Shhhh! Falem baixo, meu pai não pode nem sonhar com isso - Dayane sussurra.
_Falou aí! Não quero me contaminar com essa sessão boiolice de vocês duas. Vou curtir e pegar umas minas, fui! - Valentina se despede.
_Vou nessa também, day. Jaqueline está me esperando, você vai atrás da sua gatinha. - medrado brinca e vai embora.
Depois de algum tempo, Dayane também saí da empresa.
***
Já passa das nove da noite, Aline está sentada no sofá, com o celular no colo na esperança de uma ligação de Léo. Ela se entedia com o filme, pega o controle remoto e muda de canal várias vezes, por fim desiste de assistir algo na televisão.
_Não irá sair hoje? - sua mão pergunta.
_Não.
_Achei que gostaria de sair com as amigas.
_Não - Aline repete a resposta irritada.
_Hoje vai passar um filme legal na TV, podemos assistir juntas - sua mãe diz tentado animá-la.
_Não, vou dormir cedo.
A campainha toca.
_Atenda para mim Aline, estou com a lasanha no forno - ela diz se retirando para a cozinha.
_Droga! - Aline bufa.
Ao abrir a porta, toma um susto ao ver Dayane em sua frente, de vestido preto e brilhoso e em suas mãos ela carrega uma simples e linda rosa vermelha.
_Oi - sussurra e seu perfume invade o lugar junto com a leve brisa da noite.
_O que faz aqui? - Aline pergunta enquanto Dayane passa por ela sem cerimônia e entra na sala.
_Hummm, que cheiro é esse? Lasanha? - sua expressão controlada, de que está lá era normal tiravam Aline do sério.
_Posso saber o que faz aqui, senhorita Mello??
_Vim te desejar um feliz dia dos namorados e lhe entregar essa rosa - ela dá de ombros.
Aline pega a rosa de suas mãos e a joga no sofá.
_Não sou sua namorada, para que isso??
_Não vai ler o bilhete colado na rosa? Tem um bilhetinho aí - ela ri apontando para a rosa.
_Como você é cara de pau! - ela fica abismada.
_Vim assistir ao filme deprimente com você, pelo jeito também deve estar precisando - Dayane a observa vestida com seu pijama rosa.
_Arghh! Cai fora sua maluca!
_Só vim lhe entregar a rosa, sua mal educada.
_Já entregou, agora vaza.
_Senhorita Mello! - Neia entra na sala e a cumprimenta.
_Vai ficar para jantar conosco? - Neia pergunta.
_Boa noite, dona Neia, hummmm acho que sim - ela diz e automaticamente leva um soco no peito.
_Não vai não, ela já estava de saída - diz Aline a empurrando-a para fora.
_Filha!
_Cala a boca mãe! - ela se enfurece dando pontapés em Dayane, quando ela está totalmente do lado de fora, ela bate a porta.
_O que foi isso? - Neia fica intrigada.
_Nada, não foi nada - ela rosna, a vontade de Aline naquele momento era de matá-la por ser tão petulante.
Dayane caminha rindo até seu carro que está estacionado do outro lado da rua. Enquanto isso, Aline tenta compreender aquilo tudo e olha para a rosa e retira o bilhete pequeno que estava escrito a mão.
"Te ver longe de mim, me faz sentir saudades"
Aline sorri, não acreditando nas palavras contidas naquele pequeno papel. Do lado de fora, ao dar a partida no carro, Dayane vê alguém estacionar um carro preto na frente da casa de Aline. Dayane observa, assim que o homem sai do carro e caminha até a porta, ela fica curiosa.
O homem toca a capainha.
_Eu atendo - Neia diz.
_Não! Deixe que eu atendo porque dessa vez, eu chuto a bunda dela. Mesmo antes de abrir a porta, Aline começa a vociferar aos berros:
_Escuta aqui sua babaca, idiota...
Ela trava pelo susto e fica pálida assim que olha quem está na sua frente.
Léo, em carne e osso, mais carne do que osso, ela pensa. Ela bate a porta chocada e se coloca contra ela, ofegante.
_Jesus! - Ela se recompõe do susto abre a porta novamente.
_Léo?
_Feliz dia dos namorados, minha linda - ele dá um sorriso tão lindo, que ela se derrete toda, ela o olha sem acreditar no que está vendo. Seu lindo namorado, vestido com uma blusa azul escura e calça jeans marrom, uma barba pequena que o deixava ainda mais sexy do que nas imagens que trocavam quase diariamente.
Léo estava ali, na sua frente e ele era totalmente real e completamente perfeito.
_Estou esperando um abraço, pelo menos - ele ri ansioso.
Sem acreditar, Aline ri maravilhada pela surpresa e se joga nos braços de Léo e lhe dá um selinho tímido. Ela mal percebe quando são surpreendidos por Dayane.
_Humm... O amor é lindo - ela diz com sarcasmo.
_E a lasanha? Está pronta? Estou com muita fome... - ela diz entrando na sala, na maior cara de pau.
Aline engole a seco e estuda a reação confusa de Léo.
_Aquela ali não é a sua...
_Chefe! Isso mesmo - ela conclui.
_O que ela faz aqui? - ela pergunta atônito.
_Hã... Minha mãe, ela a convidou para jantar - Aline diz sem graça e morrendo de raiva da petulância de sua chefe.
_Nossa! Mal posso acreditar que está aqui! Por que não respondeu as minhas chamadas?
_Não pude minha linda, estava no avião, queria lhe fazer uma surpresa - ele diz a abraçado-a e dá um beijo em sua têmpora.
_Tenho um presente para você, está no carro. Espere que vou buscar.
Aline o observa.
Quando volta, ele lhe entrega um pequeno embrulho e um lindo buquê de rosas vermelhas.
_Obrigada - ela se emociona.
Léo sorri e leva a mão em seu rosto, acariciando-a carinhosamente.
_Você é muito linda!
Quando ele se aproxima para lhe dar um beijo, Dayane surge.
_Vão ficar aí parados na porta ou vão entrar para jantar? - ela pergunta e quase deixa transparecer seu ciúme.
Aline dá um olhar mortal em sua direção.
_Léo, entre por favor. Pode me esperar aqui enquanto resolvo uns problemas e troco de roupa?
_Claro minha linda, também quero conhecer a sua mãe, onde ela está?
_Está terminando o jantar, me aguarda aqui que volto em um minuto - ela diz e o deixa sozinho e sai carregando Dayane junto com ela.
Ela coloca as flores em cima do balcão da cozinha ao lado da rosa que havia ganhado de Dayane, colocou também o embrulho que ganhou de Léo.
Quando chegam no corredor, Aline a empurra contra a parede e diz:
_Tá fazendo o que aqui, babaca? Você é maluca?
_Não, claro que não.
_Então cai fora, pelo amor de thor!
_Negativo, esse cara pode ser um psicopata, a maluca aqui é você. Deixou um desconhecido entrar em sua casa, tá louca? - Dayane se irrita.
_Ele é meu namorado - Aline diz bufando enfurecida.
_Virtual! Viu como soa ridículo?
_Você deveria ser internada - ela quase grita.
_Tá tudo bem aí? - Neia pergunta.
_Ah, aí sua mãe, diga a ela que é loucura deixar aquele cara entrar aqui sem conhecê-lo - Dayane diz.
_Que cara?- Neia pergunta.
_Argggg! O Léo está lá na sala, mãe.
_Nãooooo! Jura? - ela se assusta.
_Não surta, por favor - ela faz uma careta engraçada.
_Dayane querida, coloca juízo na cabeça dessa menina, não quero esse cara aqui em minha casa - ela sussurra assustada.
_Vou tirá-lo daqui agora mesmo.
_Você não vai fazer nada não - Aline a empurra.
_Então ficarei aqui, para ter certeza que ele não vai usar um bisturi ou qualquer coisa do estilo para matar vocês duas - ela diz com semblante sério e Neia ri.
_Vou lá conhecer esse tal de Léo - sua mãe diz.
Ao chegar à sala, Neia analisa o belo homem sentado em seu sofá.
_Boa noite, Léo não é? - ela o cumprimenta.
_Boa noite, dona Neia. É um prazer conhecê-la - ele sorri de forma encantadora.
_Já era tempo de nos conhecermos - ela diz seca.
Aline se retira e vai até o quarto se trocar, ela coloca uma camisa grande com uma jaqueta de couro preta amarrada na cintura.
Quando volta, percebe a tensão entre Dayane e Léo.
_O jantar já está na mesa - Neia diz.
Dayane é a primeira a se levantar e seguir até a cozinha.
Léo cisma que alguma coisa está errada, ele pega Aline pelos braços de forma delicada e sussurra:
_O que há entre vocês duas? - Aline fica apreensiva.
_Como assim? - ela ri de nervoso.
_O que há entre você e a sua chefe? O que ela faz aqui?
_Não há nada entre ela e eu, de onde você tirou essa ideia Léo?
_Por que ela se comporta como se fosse algo mais, e outra, o que foi aquilo no México?
_O que tem o México? - ela se alarma.
_Eu não estou nessa de brincadeira, Aline. Não gosto de ser enrolado, se tem algo me diga, prefiro saber por você - Léo diz chateado.
Ela analisa o momento e se questiona se deve ou não contar a verdade.
_Não houve nada entre ela e eu, Dayane apenas me beijou e não significou nada para mim. Ela interpretou errado, só isso. Por favor vamos esquecer isso - Aline diz tentando acalmá-lo.
_Se ela interpretou errado é porque você deve ter dado algum motivo.
_Não dei motivo nenhum, Léo. Ela é esquisita e pirada, embora eu queira, eu não consigo me livrar dela, confie em mim - ela sussurra.
Léo a olha desconfiado, mas não taca no assunto que está lhe corroendo sobre o telefonema no México.
_Certo minha linda, eu confio em você. - ele diz e dá um beijo rápido em sua boca.
_Agora vamos jantar - ela sorri.
_Não repare, a casa é simples, porém é aconchegante.
Ao entrarem na cozinha, se deparam com Neia e Dayane rindo animadamente.
Léo olha a sua volta com curiosidade e fica intrigado ao ver o buquê de rosas que deu a Aline e uma rosa separada com um bilhete ao lado.
_Ah, filha... Coloquei suas flores no vaso, não ficaram lindas? Você tem muito bom gosto - Neia diz e percebe que Léo ficou enciumado.
_Sente-se aqui, Doutor Léo - ela diz e puxa uma cadeira ao lado de Aline para ele sentar.
_Obrigado! - ele diz sem jeito.
_Pode me chamar apenas por Léo.
_Então, Léo.... estava ansiosa para conhecê-lo, minha filha diz que é cardiologista e estava fazendo um curso em Boston.
_Sim, na verdade eu ainda estou. Pedi quatro dias de licença no hospital somente para vir conhecer minha namorada. Queria fazer uma surpresa para ela - ele enfatiza o namorada olhando para Dayane, que tem olhos atentos nele.
_Não poderia ter feito surpresa melhor, meu amor - Aline diz toda derretida.
_E ficará apenas quatro dias aqui? Quando virá em definitivo? - Neia o interroga.
_Sim, preciso voltar. Acredito que ficarei mais um mês em Boston.
_Pode me passar o vinho, por favor? - Dayane pede para Aline que come em silêncio e constrangida pela situação.
_Não sabia que vocês mantinham uma relação tão amigável. Pensei em ter ouvido Aline dizer que não a conhecia quando entrou na empresa - Léo dispara enciumado pelos olhares maliciosos de Dayane para cima de sua namorada.
_Hum... - ela diz bebericando seu vinho.
_Sim, na verdade nos conhecemos a pouco tempo, mas temos uma boa relação, patroa e empregada. Aline é ótima. É um pouco estabanada, colocou sal em meu café após uma briga que tivemos - ela ri tendo o prazer de alfinetar Léo.
No mesmo instante, Gizelly por debaixo da mesa, dá um chute em suas pernas. Dayane abafa um gemido de dor e logo se recompõe.
_É verdade, temos uma relação amigável - ela se enfurece.
_Tanto que, aproveitando que hoje era para ser meu dia de folga e fui trabalhar, quero avisar que tirarei o dia amanhã, consegui adiantar todo o meu trabalho. Então... - ela dá de ombros.
_Se está livre amanhã, podemos passar o dia juntos, o que acha amor? - Léo sorri e Dayane fica tensa.
"Maldita... Você me paga" - Dayane pensa.
_Sim, claro que pode tirar o dia de folga - ela força um sorriso.
_E sua família, Léo? Gostaria de poder conhecê-los um dia.
_É claro que sim - ela sorri.
Eles ficam por várias horas conversando no jantar, a tensão e os olhares enciumados de Dayane e Léo deixa Aline apreensiva e Neia percebe algo mais no interesse de Dayane por Aline.
Ela fica contente pela ideia de Dayane estar envolvida por ela, pois em nenhum momento ela se convenceu de que Léo era a pessoa certa para sua filha.
_O jantar estava ótimo - Léo diz.
_Bom, estou de saída também, amanhã tenho muito trabalho, já que estarei sozinha - Dayane fala e se levanta.
_Fiquem à vontade, preciso dar um telefonema, foi um prazer conhecê-lo Léo e espero vê-lo mais vezes.
_O prazer foi meu.
Neia se retira e deixa os três na sala, a tensão piora.
_Boa noite, senhorita Mello - Aline diz mostrando a porta da sala para que ela fosse embora.
_Boa noite - ela balança a cabeça.
_Eu a levo até a porta - Léo diz olhando para Dayane.
Os dois caminham lado a lado, quando estão na porta, Léo dispara enfurecido:
_Se ficar perseguindo a Aline, você morre. Se tocar nela mais uma vez, você morre. Se atender qualquer chamada minha para ela, você morre e se beijá-la de novo, você também morre.
Dayane o olha e diz com sarcasmo:
_Já estou me sentindo uma defunta, morri de tédio só de ouvir você falar e só para constar, não tenho medo de morrer - ela diz e sai deixando Léo com raiva.
Aline ao se aproximar o abraça e pergunta:
_O que foi que ela disse?
_Nada, minha linda.
Ele vira para Aline e dá seu melhor sorriso.
_Podemos dar uma volta? Quero curtir minha namorada e aproveitar cada minuto - ele diz acariciando seu rosto.
_Claro - ela sorri.
_Estou feliz por você estar aqui.
_E eu ainda mais de ter vindo - ele diz e a beija.
##################################################